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Por Cezar Britto Em 02 jul, 2019 - 7:55 Última Atualização 02 jul, 2019 - 8:12
Eu fui convidado, via WhatsApp, para participar de evento promovido pela Ordem dos
Advogados do Brasil seccional Rio de Janeiro, OAB/RJ, tendo como tema o impacto do
avanço tecnológico e o uso da robótica no mundo do trabalho. Aceitei o convite, não
antes de tirar minhas “dúvidas” pelo mesmo meio de comunicação virtual, inclusive
enviando para os organizadores o print da minha agenda também virtual. Era preciso
sincronizar o meu tempo com o dos demais palestrantes. Dias depois, o celular me
noti cava do card do evento, pedindo que o compartilhasse com os meus contatos
reservados e nas redes sociais em que participo. Cumpri a missão via um “tocar dos
dedos”. Ainda virtualmente, testei um app pré-instalado no celular que prometia uma
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que, imediatamente, enviei via wi- para o computador da sala, que “adora trabalhar
nas nuvens”.
médicos via smartpfones. Alexa, Bia, Bina, Han, Philip, Sophia, Victor, Walter e outros
computadores mais íntimos encontrarão a solução para cada um dos enigmas mais
Huxley narra a distopia futurística que imaginou – a vida será mais confortável nas
casas digitais, que calcularão a temperatura, a sonoridade, a luminosidade e todos os
mimos domésticos que possam garantir o conforto ambiental para os moradores. Até
fome. As distâncias serão encurtadas em tempo real, não raro através de meios de
locomoção que observarão a proteção ao meio ambiente. A paz social será nalmente
faciais ou através de dados automaticamente colhidos das redes sociais pelos robôs-
policiais.
velocidade da luz, com as redes sociais aproximando pessoas, conhecidas ou não, pelo
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servem para telefonar. E sem falar ainda, que se poderia acrescer os melhoramentos
Belchior, quando, diante da polêmica entre o velho e novo, vaticinou: “Mas é você que
sentimento de dor ou culpa, mesmo sendo óbvio que quanto mais a tecnologia avança
ou inimigo.
restaurantes e comerciantes que não estão vinculados aos serviços de entrega virtuais
e milhões de outras pro ssões e incontáveis empreendimentos. A advocacia e os juízes
já estão sendo trocados pela inteligência arti cial, assim como já começou o processo
de extinção de cargos como os de taquígrafos, o ciais de justiça e escreventes.
de Bolsonaro em 2018
Também não é segredo que as pro ssões e empreendimentos extintos não estão sendo
substituídos por novas fórmulas pro ssionais mais adaptadas ao tempo tecnológico. É
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massa de pessoas” excluída dos benefícios propagandeados pela Era Digital. O que se
a rma é que os excluídos são os verdadeiros culpados da própria exclusão, pois, ao não
se prepararem adequadamente para o “tempo nascente”, não merecem um lugar ao
sol.
É preciso car alerta aos sinais, fatos e constatações de que as máquinas e os avanços
motorizados.
Acredito, assim, que a questão mais adequada para analisar o tema não guarda relação
direta sobre a importância inexorável de qualquer avanço tecnológicos na
importante do que o duelo entre o velho e o novo. Até porque, como também
esclareceu Belchior no refrão seguinte da genial canção já mencionada, a humanidade
não pode concluir, outra vez, que “minha dor é perceber que apesar de termos feito
tudo, tudo, tudo o que zemos, nós ainda somos os mesmos e vivemos, ainda somos
os mesmos e vivemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”.
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Cezar Britto
Cezar Britto é advogado e escritor, autor de livros jurídicos, romances e
crônicas. Foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e da União dos
Advogados da Língua Portuguesa. É membro vitalício do Conselho Federal da
OAB e da Academia Sergipana de Letras Jurídicas.
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