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Carta de Intenções – Educação Infantil 1° Semestre

Agrupamento: Mini Grupo A/B – Professoras: Francielly e Karina

São Paulo, 06 de Março de 2020.

Às nossas crianças,
Sabemos que esses meses iniciais causaram um turbilhão de sentimentos em vocês: ansiedade, saudade, conhecimento,
compartilhamentos e um novo “ser”. Mas, nós professoras, juntamente com toda equipe, estivemos e estamos aqui para auxiliá-los
e acolhe-los nesse novo momento. No primeiro dia de aula organizamos um momento de roda de conversa, juntamente com seus
pais, para que conhecessemos um pouco da história de vocês. Segundo a pedagoga Sonia Kremer, infância é o período da
história de cada um, e esta é construída individual e coletivamente. Concordamos com ela porque acreditamos que somos frutos
de nossas raízes e histórias, são elas que constituem o nosso “eu”, que deve ser compreendido em suas múltiplas dimensões. E é
assim que desejamos começar essa carta, saindo um pouco do papel de educadora de todos os dias, para vocês conhecerem um
pouco sobre as nossas vidas. Então, vamos me conhecer um pouquinho?!
Me chamo Francielly, tenho 25 anos, sou solteira e moro sozinha. Sou graduada em Comércio Exterior e em Pedagogia.
Gosto bastante de viajar, procuro sempre estar em um lugar que eu possa sentir a natureza por perto. Quando era criança dizia
que queria ser juíza, mas na verdade, em minhas brincadeiras eu sempre protagonizava o papel da mulher do banco que recebia
aqueles envelopes de fazer depósitos e passava o cartão com a pergunta: “Débito ou crédito?”. O tempo passou e eu entrei na
faculdade, e foi cursando uma graduação totalmente diferente da pedagogia que descobri que queria mesmo era ser professora.
Faz 4 anos que estou na área da educação, e tive o privilégio de passar por alguns níveis e agrupamentos escolares. A educação
infantil me mostrou que uma criança tem o dom por si só, de ao mesmo tempo que aprende, ensina. É frágil, mas também é capaz
de resolver desafios. Questiona, mas nos traz respostas. Enfim, a educação infantil me mostrou que os dias para os professores
são, dia após dia, de surpresas e aprendizagens.
A Educação Infantil tem ganhado uma certa atenção especial nesses últimos anos, uma vez que esta é uma das mais
importantes etapas de formação da criança. Dada a importância e o real reconhecimento dessa etapa na formação do cidadão de
modo integral, a Secretaria Municipal de Educação criou um documento chamado “O Currículo da Cidade de São Paulo para
Educação Infantil”, documento este que tem como proposta orientar o trabalho na Unidade Educacional, e especificamente, auxiliar
na reflexão de nossas ações em sala de aula. Portanto, estamos norteando o nosso trabalho através dos diversos princípios e
diretrizes que estão materializados ao longo das duzentas e dezesseis páginas do Currículo.
Antes de explicarmos nesta carta a intencionalidade do nosso trabalho para o segundo semestre, queremos relatar que o
Currículo em seu total conteúdo guiou o nosso trabalho, porém, especificamente, o capítulo 3, onde aborda sobre a Reinvenção da
ação docente na educação infantil, que nos fez parar para refletir em cada peça do quebra-cabeça que compõe a educação: qual o
nosso papel como educadoras e como organizaríamos essas peças para que quando se encaixassem, resultassem em uma
educação que ampliasse as experiências e descobertas de vocês?! E foi através desta reflexão, e nas observações realizadas
individual e coletivamente, que reinventamos o nosso papel docente, pensando nos interesses, preferências e curiosidades que
vocês manifestam em nosso cotidiano.
A proposta que trazemos é de integrar ao nosso cotidiano a possibilidade do conhecimento de si e do mundo, promovendo
trocas de experiências externas e internas. Criar um ambiente acolhedor para que mesmo com as especificidades de cada um,
juntos vocês participem dos momentos propostos.
Através das histórias, sejam elas contadas por nós e até mesmo recontadas e encenadas por vocês, desejamos que
aprimorem seus vocabulários, desenvolvendo a linguagem oral, o gosto pela leitura e o uso da imaginação.
Sabemos que a brincadeira é a linguagem universal de vocês, é através dela que aprendem, se desenvolvem, simulam
hipóteses e expressam suas alegrias, frustrações, habilidades e dificuldades. Desejamos que se exponham para o mundo e
comuniquem suas realidades através do brincar. Portanto, planejamos (e faremos) com que as brincadeiras façam parte de todo o
nosso cotidiano, seja no trajeto da sala até o refeitório, na missão de aprender calçar os sapatos, ou em qualquer lugar que
estivermos da escola. As brincadeiras serão permanentes na nossa prática, integradas nas atividades do projeto, nos cantos
reproduzidos, e até mesmo nos momentos das propostas artísticas com tintas, tecidos, músicas, dança, recorte, colagem,
desenhos, teatros, pintura, e nos movimentos corporais como subir, descer, correr, pular e passar de um lado para outro. Através
do nosso olhar e escuta para a forma como vocês brincam, usaremos no momento de realizarmos as propostas planejadas, o
máximo de sinônimos possíveis: mudar, recriar, alterar, modificar e adaptar, para que de fato, vocês vivenciem brincadeiras lúdicas
que possibilitem o faz de conta e a criação e recriação de situações vivenciadas. Em algumas brincadeiras e atividades que
propusemos em grupo, percebemos que alguns de vocês ainda trazem consigo o conceito de individualidade e egocentrismo,
principalmente nos momentos de compartilhar brinquedos e materiais. Portanto, aquela ideia de recriar o nosso planejamento tem
sido cada vez mais necessária, principalmente para que se faça intervenções visando melhorar estas questões. A partir deste
apontamento do segundo semestre, estamos trazendo propostas para incentivá-los e ajudá-los a aprender a trabalhar juntos.
Disponibilizaremos a vocês uma multiplicidade de materiais estruturados e principalmente os não-estruturados, para que
aprendam a construir, explorar, sentir, inventar e movimentar, com a proposta que experimentem as várias possibilidades do
brincar e desenvolvam seus aspectos emocionais, psicomotor e cognitivo. Trabalharemos para resgatar e permitir que vocês
vivenciem um pouco da infância que nós tivemos a felicidade de vivenciar, propondo que vocês brinquem e realizem atividades
dirigidas utilizando água, pedras, areia, barro, folhas, ou até mesmo aprendam a pular uma simples amarelinha desenhada com giz
no chão.
Sabemos que somos uma figura de referência a vocês, temos o papel de mediar a aprendizagem e orientá-los na
construção de seus próprios valores, conceitos, atitudes e identidade. Mas, não somos detentoras do conhecimento, queremos
manter uma relação recíproca, onde construímos e aprendemos juntos. Desejamos dar significado a potência de suas infâncias,
ajudando-os a terem confianças em si mesmos e no reforço de lembrá-los que vocês são protagonistas na construção de suas
próprias histórias, e nós, incentivadoras nesta fase.
Terminamos essa carta desejando ser para vocês, como o tempo é para as borboletas. São necessários quatro ciclos para
que a larva se transforme em borboleta, e aproximadamente, oito meses para que aconteça esse processo. O tempo é necessário
durante todo este estágio para que a lagarta se desenvolva em todas as suas particularidades e por fim, quando completamente
formada, saia do casulo e voe em forma de borboleta. O tempo não obriga, não impõe, não apressa e não cobra, só se dá, e é por
si só, essencialmente necessário. Que sejamos o tempo para vocês, sendo presentes e incentivadoras para que se desenvolvam,
se transformem em borboletas e voem pelos ares que lhes fizerem felizes.
Sua professora,
Francielly

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