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FACULDADE DE TECNOLOGIA EBRAMEC

ESCOLA BRASILEIRA DE MEDICINA CHINESA


CURSO DE FORMAÇÃO EM ACUPUNTURA
TALITA RODRIGUES PEREIRA MOREIRA

RINITE ALÉRGICA SOB A VISÃO OCIDENTAL E


ORIENTAL E O TRATAMENTO POR ACUPUNTURA

SÃO PAULO
2017
TALITA RODRIGUES PEREIRA MOREIRA

RINITE ALÉRGICA SOB A VISÃO OCIDENTAL E


ORIENTAL E O TRATAMENTO POR ACUPUNTURA

Trabalho de Conclusão de Curso de Formação


Em Acupuntura Apresentado à Faculdade De
Tecnologia EBRAMEC – Escola Brasileira de
Medicina Chinesa, sob orientação do (a)
Prof.João Carlos Felix, Co-Orientador Dr.
Reginaldo de Carvalho Silva Filho.

SÃO PAULO
2017
TALITA RODRIGUES PEREIRA MOREIRA

RINITE ALÉRGICA SOB A VISÃO OCIDENTAL E ORIENTAL E


O TRATAMENTO POR ACUPUNTURA

BANCA EXAMINADORA

___________________________________

___________________________________

___________________________________

João Carlos Felix


Orientador
Reginaldo De Carvalho Silva Filho
Co-Orientador

Talita Rodrigues Pereira Moreira

São Paulo, ____ de _____________de ___


RESUMO

Introdução: A rinite alérgica é definida como inflamação da mucosa de revestimento


nasal, mediada por IgE, após exposição a alérgenos e com os sintomas: obstrução nasal,
rinorréia aquosa, espirros e prurido nasal. As rinites podem ser classificadas com base
em critérios clínicos, frequência e intensidade de sintomas, citologia nasal, fatores
etiológicos, e segundo a sua duração, podem ser classificas em: aguda, subaguda e
crônica. Sob a visão da Medicina Chinesa (MC) a rinite alérgica corresponde à
síndrome Bi Qiu que quer dizer ¨obstrução nasal¨. Outra categoria de doença chinesa
que pode corresponder a rinite alérgica é chamada de Qiu Ti, que pode ser traduzida
como ¨obstrução nasal¨ e espirro. A rinite alérgica é resultante da deficiência dos
sistemas do Qi Defensivo do Pulmão (Fei) e do Rim (Gan), deficiência do Vaso
Governador (Du Mai) combinada com retenção de Vento crônico do nariz (GIOVANNI
MACIOCIA, 2009). Na Medicina Chinesa (MC) para o tratamento da rinite alérgica é
importante se distinguir rinite sazonal de rinite perene, sendo que na rinite perene o
tratamento é independente da estação e na rinite sazonal devemos aplicar diferentes
princípios de tratamento de acordo com a estação. Objetivo: O presente trabalho tem
como objetivo revisar as bibliografias relacionadas à compreensão da rinite alérgica, assim
como os diversos tratamentos relacionados à Medicina Chinesa (MC). Métodos: Para a
realização desde trabalho, foi feito uma revisão teórica, em livros e periódicos. Também
foi realizada uma revisão nos conceitos teóricos relacionados à rinite alérgica a partir de
livros e clássicos da Medicina Chinesa. Conclusão: Vários estudos têm mostrado a
correspondência da neuroanatomia e neurofisiologia com o mecanismo de ação da
Acupuntura. Com a prática clínica da Acupuntura nos meios médicos- acadêmicos do
mundo ocidental, um maior número de pacientes pode se beneficiar desta modalidade
terapêutica.

Palavras Chaves: Acupuntura, rinite, rinite alérgica, perene, sazonal.


ABSTRACT

Introduction: Allergic rhinitis is defined as IgE-mediated inflammation of the nasal


lining mucosa after exposure to allergens and symptoms: nasal obstruction, watery
rhinorrhea, sneezing and nasal pruritus. Rhinitis can be classified based on clinical
criteria, frequency and intensity of symptoms, nasal cytology, etiological factors, and
according to their duration, can be classified as acute, subacute and chronic. Under the
view of Chinese Medicine (MC) allergic rhinitis corresponds to Bi Qiu syndrome which
means "nasal obstruction". Another category of Chinese disease that may correspond to
allergic rhinitis is called Qiu Ti, which can be translated as "nasal obstruction" and
sneezing. Allergic rhinitis results from the deficiency of the Defensive Lung (Fei) and
Kidney (Gan) systems, deficiency of the Governing Vessel (Du Mai) combined with
chronic Wind retention of the nose (GIOVANNI MACIOCIA, 2009). In Chinese
Medicine (MC) for the treatment of allergic rhinitis, it is important to distinguish
seasonal rhinitis from perennial rhinitis, and in perennial rhinitis treatment is
independent of the season and in seasonal rhinitis we must apply different treatment
principles according to the season. Objective: This article aims to review bibliographies
related to the understanding of allergic rhinitis, as well as the various treatments related
to Chinese Medicine (MC). Methods: For the realization since work, a theoretical
revision was made, in books and periodicals. A review was also made on the theoretical
concepts related to allergic rhinitis from books and classics of Chinese Medicine.
Conclusion: Several studies have shown the correspondence of neuroanatomy and
neurophysiology with the mechanism of action of Acupuncture. With the clinical
practice of acupuncture in the medical-academic circles of the western world, a greater
number of patients can benefit from this therapeutic modality.

Key words: Acupuncture, rhinitis, allergic rhinitis, perennial, seasonal.


Sumário

1. INTRODUÇÃO ..............................................................1
2. OBJETIVO ..................................................................... 3
3. MÉTODO ....................................................................... 3
4. RESULTADOS .............................................................. 7
5. CONCLUSÃO ..............................................................11
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................12
1

1. Introdução

A rinite alérgica (RA) é uma doença inflamatória da mucosa de revestimento


nasal, desencadeada pela exposição aos alérgenos e mediada por imunoglobulinas do
tipo E (IgEs). O quadro clínico característico é de obstrução nasal, espirro, prurido e
secreção nasal. Os principais alérgenos são poeira doméstica, fungos e fragmentos de
animais.
Dados epidemiológicos sobre a RA no Brasil são raros. Dependendo da
população estudada, acomete aproximadamente 25% a 35% dos indivíduos, em especial
crianças e adolescentes. Alguns estudos mostram que na faixa etária pediátrica a RA
pode contribuir para um quadro de respiração oral predominante e levar a alterações
odontológicas, ortodônticas e de crescimento craniofacial. (MION, 2014).
Na concepção da Medicina Chinesa (MC) podem ser consideradas duas formas
de rinites: forma vazio e forma de plenitude, sendo a primeira decorrente da agressão
pelo vento-frio, com deficiência do Pulmão (Fei) e a segunda pela transformação do
vento-frio em calor ao nível do Pulmão (Fei).
Há uma categoria de doença chinesa antiga chamada de Bi Qiu, a qual, de fato
corresponde mais aproximadamente à rinite alérgica (RA). Bi Qiu quer dizer “obstrução
nasal”, sendo caracterizada por secreção nasal e espirro. Outra categoria de doença
chinesa que pode corresponder à rinite alérgica é chamada de Qiu Ti, que pode ser
traduzida como “obstrução nasal” e espirro. (GIOVANNI MACIOCIA, 2009)
A única exceção é o livro moderno A New General OutlineofChinese Medicine,
do Guangzhou Army Health Department, que atribui a patologia de rinite alérgica à
deficiência de Rim (Shen) e deficiência do Vaso Governador (Du Mai) .
As manifestações alérgicas que se localizam nas cavidades nasais e seios
paranasais são frequentes na clínica diária, e segundo Grieco,1987, a incidência é
estimada em 12%, com mais de 40 milhões de pessoas afetadas. Os principais sintomas
da RA são coriza, prurido e obstrução nasal. Qualquer um destes sintomas pode predo
minar no quadro clínico, que piora nos estados de hipersensibilidade nasal, ocorrendo
sob a forma de crises cíclicas ou exacerbações. De acordo com a gravidade de processo
alérgico nasal, outros sinais e sintomas podem aparecer como crises de espirros,
hiperemia conjuntival, prurido ocular, distúrbios do sono, roncos noturnos, sensação de
secura na cavidade oral pela manhã e irritação ao nível da faringe, sensação de peso na
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região geniana e dorsonasal, cefaleia, moleza, irritabilidade fadiga.


No diagnóstico diferencial devem ser lembradas rinites de origem não alérgicas,
que podem também provocar sintomatologia nasal semelhante, resultantes de estímulos
internos ou externos inespecíficos como anormalidades estruturais de anatomia da
cavidade nasal, corpos estranhos, induzida por medicamentos variados.
A rinite obstrutiva e a rinite alérgica devem se à Plenitude do Gan-Yang
(Fígado-Yang) com Estagnação de Qi, que, por mecanismo de dinâmica, provoca a
Plenitude de Fei Yang (Pulmão- Yang) que dirige para a região nasal, onde o Yang
(Calor) transforma a Umidade local em Umidade-Calor. Isso propicia a multiplicação
celular, dai a hipertrofia das partes moles do nariz (coanas), além do processo
inflamatório que se instala; o Calor seca as secreções e por isso a secreção nasal é
espessa e pegajosa (YAMAMURA,YSAO,YAMAMURA, MÁRCIA LIKA 2010).
A rinite alérgica (RA) é proveniente de hiper-reatividade do sistema
imunológico a determinados alérgenos. Sob o ponto de vista da Medicina Chinesa
(MC), a rinite alérgica é resultante de deficiência dos sistemas do Qi Defensivo do
Pulmão (Fei) e do Rim (Gan), deficiência do Vaso Governador (Du Mai) combinada
com retenção de Vento crônico no nariz.
A deficiência dos sistemas do Qi Defensivo do Pulmão (Fei) e do Rim (Shen) é
tanto de origem hereditária como proveniente de problemas durante a gravidez ou parto.
Invasões repetidas de Vento não tratadas adequadamente combinam-se como
deficiência preexistente dos sistemas do Qi Defensivo do Pulmão (Fei) e do Rim
(Shen), gerando retenção do que poderia ser descrito como Vento crônico no nariz,
similar ao que ocorre na asma quando o Vento é retido no tórax (GIOVANNI
MACIOCIA, 2009).
3

Fonte:http://www.hong.com.br/acupuntura-age-com-sucesso-contra-rinite-alergica/

2. METODOLOGIA UTILIZADA

Para a realização desde trabalho, foi feito uma revisão teórica, em livros e
periódicos, utilizando como termos de busca as palavras-chave acupuntura, medicina
chinesa, rinite e alergia. Nos idiomas português e inglês, em diversos bancos de dados,
tais como PubMed, Bireme, Lilacs, Periódicos Capes. Também foi realizada uma
revisão nos conceitos teóricos relacionados à rinite alérgica a partir de livros e clássicos
da Medicina Chinesa. Assim o trabalho está composto em três seções: uma primeira
abordando os conceitos clássicos de Medicina Chinesa (MC) e de Medicina Ocidental
que envolve a rinite alérgica, uma segunda seção que discorre à etiologia e patologia da
rinite alérgica sazonal e rinite alérgica perene, e uma terceira seção abordando os
diversos tratamentos relacionados à Medicina Chinesa.

3. RINITE ALÉRGICA SAZONAL E RINITE ALÉRGICA PERENE SOB A


VISÃO MEDICINA OCIDENTAL E MEDICINA CHINESA

A rinite alérgica é proveniente de uma reação antígeno-anticorpo na mucosa


nasal. Se os antígenos responsáveis são apenas partículas de polén, a doença é chamada
de rinite alérgica sazonal (febre de feno). Se os antígenos são poeira, resíduos fecais de
ácaros de poeira doméstica, esporos de fungos e eflúvio normal de pelo animal, a
doença é denominada rinite alérgica perene. Nos animais peludos como cães e gatos, a
maioria das substâncias alérgenas são as proteínas provenientes de pele, urina e saliva.
Em rinite perene, o nariz torna-se mais reativo a estímulos não específicos, tais como a
fumaça de cigarro, cheiro de gasolina, perfumes e, no caso de acupunturistas, a fumaça
de Moxa (GIOVANNI MACIOCIA, 2009).
A rinite alérgica refere-se a um processo mediado por IgE em que a exposição a
proteínas alergênicas desencadeia uma cascata inflamatória, resultando em coceira nasal
e ocular, espirros, congestão nasal e rinorréia. Os sintomas podem ter um efeito
profundo na qualidade de vida e é um fardo significativo para os cuidados de saúde. Os
desencadeadores alérgicos podem ser alérgenos perenes, como caspa de animais de
estimação, baratas e ácaros da casa, ou alérgenos sazonais, como pólen de gramíneas,
4

árvores e ervas daninha (ANN ALLERGY ASTHMA IMMUNOL, 2015).


A rinite alérgica desenvolve-se a partir do resultado de interações entre
alérgenos inalado e moléculas adjacentes de anticorpos da imunoglobulina (Ig) E. Estes
aderem à superfícies dos mastócitos que revestem o epitélio nasal mediante a primeira
exposição à agressão alérgena. Depois da primeira exposição, os mastócitos são
“sensibilizados”, isto é, níveis altos de anticorpos IgE aderem à sua superfície. Com
subsequente exposição à alérgenos, os anticorpos IgE provocam uma “explosão” nos
mastócitos com a liberação maciça de histamina. A própria histamina, por sua vez,
causa um aumento na permeabilidade do epitélio, permitindo que os alérgenos alcancem
os mastócitos IgE sensibilizados. O espirro resulta da hiperestimulação dos nervos
terminais aferentes. Iniciando-se em minutos a partir do momento em que os alérgenos
entram no nariz. Isso é seguido por um grande aumento da secreção, eventualmente,
obstrução nasal por volta de 15 a 20 min após o contato com os alérgenos. O tratamento
ocidental da rinite alérgica conta principalmente com a utilização de agentes anti-
histamínicos. Esses agentes trabalham impedindo a histamina de alcançar seu local de
ação, isto é, os receptores H, e, por isso, são chamados de bloqueadores de receptores H.
Efeitos colaterais incluem sedação, tontura, cansaço, insônia, nervosismo e distúrbios
gastrintestinais. Uma falha à resposta a anti-histamínicos é resultante do fato de outras
substâncias ativas diferentes da histamina serem liberadas nos estados alérgicos
(GIOVANNI MACIOCIA, 2009).

Reação alérgica na rinite alérgica. IgE= imunoglobulina E.


5

Fonte: Maciocia, Giovanni, A Prática da Medicina Chinesa - São Paulo: Roca 2009.

O manejo da RA está cada dia mais influenciado pela crescente compreensão de


sua fisiopatologia e pela “medicina baseada em evidencias”. A publicação do ARIA
(AlergicRhinitisand its Impacto n Asthma) mais recente, de 2008, já incorporou
alterações em 2010, trazendo as atuais recomendações para o tratamento da rinite,
levando em consideração o conceito da teoria das vias aéreas unidas. Esta atualização
considera as recomendações como fortes, quando acatadas pela maioria dos pacientes e
médicos (podendo ser indicadores de qualidade do tratamento e utilizadas na formação
de guidelines), e fracas ou condicionadas por médicos como parte da terapia somente
em casos selecionados. As recomendações também são classificadas, de acordo com o
seu nível de evidência em alto, moderado, baixo ou muito baixo.
São partes constituintes do tratamento: Informação ao paciente, terapia
medicamentosa; imunoterapia alérgeno-especifica; terapia não medicamentosa;
procedimentos cirúrgicos; outras terapias; novos medicamentos.
Os pacientes com rinite alérgica (RA) frequentemente atribuem sua fadiga
diurna a efeitos colaterais do tratamento instituído; contudo, embora algumas
medicações empregadas no seu tratamento possam ser sedativas, a RA por si só pode
produzir sonolência (J BRAS PNEUMOL 2010).
A rinite alérgica (RA) é caracterizada por dois fatores: deficiência dos sistemas
do Qi Defensivo do Pulmão (Fei) e do Rim (Shen) e retenção de Vento no nariz. Na
rinite alérgica o Rim (Shen), está mais envolvido não apenas na Raiz da doença, mas
também na Manifestação via Vaso Governador (Du Mai). O Vaso Governador (Du Mai)
emerge na região entre o Rim (Shen) e flui pela espinha para o topo da cabeça,
descendo para o nariz e lábios. Por essa razão, o Rim (Shen) é responsável não apenas
pela respiração, em virtude de sua função de reter o Qi, mas também pelos espirros. Os
espirros também estão ligados diretamente ao Rim (Shen) e não necessariamente em
decorrência apenas do Vento. “O Rim controla os espirros” (SU WEN).
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Fonte: Maciocia, Giovanni, A Prática da Medicina Chinesa - São Paulo: Roca 2009.

A hiper-reatividade de resposta imunológica da rinite alérgica é proveniente de


deficiência dos sistemas do Qi Defensivo do Rim (Shen) e do Vaso Governador (Du
Mai). Os sinais e sintomas da rinite alérgica são aqueles de Vento- Frio, uma vez que a
secreção nasal é sempre branca e aquosa. Isso indica deficiência do Qi Defensivo que é
difundido pelo Pulmão (Fei), mas tem sua raiz no Rim (Shen).
A rinite alérgica muitas vezes se inicia na infância precoce, mas também pode
começar mais tarde, com o declínio progressivo de Qi do Rim (Shen)
(GIOVANNIMACIOCIA, 2009).
A Medicina Chinesa considera que o exterior do corpo, a pele, é governada
principalmente pelo Pulmão (Fei), sendo assim, as afecções na pele possuem uma
correspondência com esse Órgão. Quando existe uma condição de Deficiência
Energética no Pulmão (Fei) o indivíduo sofrerá obstrução nasal por longos períodos e
possivelmente revelará uma postura cifótica com a cabeça anteriorizada, esse fator
altera o posicionamento craniomandibular favorecendo a respiração bucal. Esse quadro
revela um padrão de agravamento passando de uma disfunção bioenergética, para uma
disfunção funcional e estrutural do organismo fixando os mecanismos patológicos.
Na esfera psíquica, a Deficiência do Pulmão (Fei) torna a pessoa mais tímida,
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nostálgica, com dificuldade de desprender-se do passado e com tendência a abrigar


sentimentos de tristeza. Quando estamos tristes, o choro pode revelar-se através de
lágrimas e também através de coriza. Esse sintoma pode ocorrer em pessoas que não se
sentem seguras para exteriorizar os seus sentimentos, e assim, o conteúdo emocional
exterioriza-se inconscientemente através de coriza crônica (não devemos observar os
sintomas com rigidez a respeito dos seus significados, porém, a reflexão serve para
ampliar a nossa visão).
Na Medicina Chinesa (MC) o Fígado (Gan) é considerado como o “general” da
nossa imunidade. Todas as substâncias que são inaladas, ou que entram em contato com
a nossa pele, mucosas e até mesmo nossos próprios hormônios que são liberados em
função do stress diário, são metabolizadas pelo nosso Fígado (Gan). Esse Órgão pode
estar sobrecarregado e hiper-reativo, causando processos exacerbados no local onde
uma invasão patógena está ocorrendo, aumentando assim, a resposta do organismo ao
patógeno externo. Dessa forma, se o patógeno ataca a via aérea superior, será nesse
local que a manifestação ocorrerá. Nesse caso, o tratamento é enfocado no Fígado (Gan)
e nas vias aéreas é realizada apenas uma abordagem sintomática (ISAAC
GUIMARÃES JR., 2015).

4. TRATAMENTO

Vários estudos têm mostrado a correspondência da neuroanatomia e neurofisiologia


com o mecanismo de ação da Acupuntura. Com a prática clínica da Acupuntura nos
meios médicos- acadêmicos do mundo ocidental, um maior número de pacientes pode
se beneficiar desta modalidade terapêutica, entre eles os portadores de patologias
otorrinolaringológicas. Em muitos casos, o tratamento de reações alérgicas tipo I
apresentam respostas superiores ao tratamento por Acupuntura em relação a alguns
métodos de dessensibilização (LAI, 1993).
Para a Medicina Ocidental, o tratamento da rinite alérgica é realizado no sentido
de tentar afastar o paciente dos alérgenos que reconhecidamente desencadeiem crises
alérgicas. Isto significa uma mudança extrema no estilo de vida do paciente, pois a
maioria deve ser afastada da poeira de casa, dos animais domésticos, da umidade e do
mofo que possam estar presentes em casa ou no ambiente de trabalho.
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Entre as drogas disponíveis, as mais frequentemente utilizadas são os anti-


histamínicos, os descongestionantes nasais tópicos ou sistêmicos, os corticosteroides,
que também possuem seu uso tópico ou sistêmico, os anticolinérgicos, e a imunoterapia
todas com custos de tratamento e efeitos colaterais individuais, além de ações muitas
vezes relacionadas para certos sintomas específicos do quadro da rinite alérgica como o
prurido a coriza ou obstrução (CAMPOS, C.A.H & FILHO,1994).
Desde longa data os antigos Chineses têm tratado as diversas formas de rinite
com a Acupuntura. O uso da Acupuntura para tratamento do quadro da rinite alérgica
(RA) apresenta- se como mais uma opção terapêutica, em que a substituição da
medicação diminui os riscos de efeitos colaterais pelo uso destas substâncias por um
período mais prolongado visando um controle muitas vezes não eficaz das crises de
rinite alérgica (YU,S; CAO, J.; YU,Z, 1993).
Sabe-se atualmente que o principal mecanismo de ação da acupuntura faz-se
através da condução dos estímulos da agulha de Acupuntura pelas fibras A delta e C do
sistema nervoso periférico até o sistema nervoso central, advindo daí a resposta neural,
neuro-humoral ou da esfera psíquica (YAMAMURA, Y, 1995).
O potencial elétrico gerado pela agulha de Acupuntura nos pontos IG-20
(Yingxiang), M-CP-14 (Bitong), M-CP-3 (Yintang), indicados para o tratamento local
das rinites, gera potencial de ação nas fibras nervosas. Provavelmente, a frequência
desses estímulos é responsável pela harmonização de função ao nível do arco reflexo
descrito entre o sistema aferente do nervo trigêmeo e o eferente parassimpático do nervo
facial, podendo harmonizar a função das glândulas nasais refletindo-se na remissão dos
sintomas da rinite, assim como no aumento da velocidade dos cílios das células nasais.
Por outro lado, os pontos de Acupuntura localizados nas extremidades agem no quadro
de rinite através do mecanismo de ação dos nervos plurissegmentares sobre o sistema
nervoso autônomo parassimpático (XU, J, 1989).
Os pontos de Acupuntura locais para o tratamento das rinites estão
provavelmente relacionados com as aferências do nervo trigêmeo e sua resposta com
efêrencia parassimpática através do nervo facial. Ao mesmo tempo, os pontos situados à
distância estão provavelmente relacionados às funções dos nervos plurissegmentares. A
associação da concepção das rinites da Medicina Chinesa (MC) com a neurofisiologia
fornece- nos embasamento neuroanatômico da ação das agulhas de Acupuntura no
tratamento das rinites (YAMAMURA, Y ; TABOSA, A; [ NO PRELO]).
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De acordo com a Medicina Chinesa, o tratamento da rinite é direcionado para


dispersar os Excessos, de modo a clarear a cavidade nasal. Alguns pontos que podem
ser utilizados são: M-HN-3 (Yintang), IG4 (Hegu), IG-20 (Yingxiang) e M-HN-14
(Bitong). O M-HN-3 (Yintang), IG20 (Yingxiang) e M-HN-14 (Bitong) são pontos
locais situados ao redor do nariz. A Acupuntura destes pontos clareia a cavidade nasal,
enquanto a estimulação do IG4 (Hegu) dispersa o Vento e a condição Exterior. Além
disso, pelo fato deste ponto estar situado no Canal de Energia do Intestino Grosso, que
penetra o nariz, a sua estimulação contribui para abrir as passagens nasais. Fazer o uso
dos pontos em revezamento, aplicando estimulação de moderada a forte e tratar em dias
alternados, a Acupuntura é efetiva no tratamento de rinite,seja aguda ou crônica (DR
YSAO YAMAMURA, 1996).
Para tratar rinite perene, deve-se tratar a Raiz e a Manifestação simultaneamente,
pois os sintomas são evidentes durante o ano inteiro. O principio do tratamento é
Tonificar os sistemas do Qi Defensivo do Pulmão (Fei) e do Rim (Shen), fortalecer
Vaso Governador (Du Mai), consolidar Exterior e expelir Vento. Alguns pontos de
Acupuntura utilizados são B13 (Feishu), VG12 (Shenzhu), VC12 (Zhongwan), E36
(Zusanli), P7 (Lieque), P9 (Taiyuan), com método de tonificação, para tonificar o
sistema do Qi Defensivo do Pulmão (Fei). IG4 (Hegu), IG20 (Yingxiang), Bitong,
VG23 (Shangxing), com método neutro, para expelir Vento do nariz (GIOVANNI
MACIOCIA, 2009).
Na rinite sazonal, deve-se adaptar o tratamento de acordo com a estação.
Durante a estação de pólen, a atenção é direcionada ao tratamento da Manifestação, isto
é, expelindo-se Vento-Frio ou Vento- Calor. Espirro, corrimento nasal profuso com
secreção branca e aquosa, compleição pálida, obstrução nasal, cefaleia moderada,
ausência de sede, são característica de Vento- Frio. Os pontos de Acupuntura utilizados
nesse tratamento da manifestação por Vento- Frio são: B12 (Fengmen), B13 (Feishu),
P7 (Lieque), IG20 (Yingxiang), Bitong, VG23 (Shangxing), VB20 (Fengchi), Yintang.
Usar método de sedação ou método neutro. Ventosa é aplicável nos pontos B-12
(Fengmen) e B13 (Feishu). Os pontos, B12 (Fengmen), B13 (Feishu) e P7 (Lieque),
restabelecem difusão e descendência do Qi do Pulmão (Fei) e expelem Vento.
B12(Fengmen) é particularmente eficaz com aplicação de ventosa. IG-20 (Yingxiang),
Bitong e Yintang são pontos locais para expelir Vento do nariz e interromper prurido e
espirros. VG23 (Shangxing) e VB20 (Fengchi) são pontos adjacentes para expelir Vento
da cabeça. VG23 (Shangxing), em particular, expele Vento do nariz e interrompe
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secreção nasal. Espirros, corrimento nasal com secreção branca e aquosa, prurido na
garganta, olhos vermelhos e pruriginosos, sede leve, são características de manifestação
clínicas causadas por Vento- Calor. O principio de tratamento é Expelir Vento, remover
Calor, restabelecer dispersão e descendência do Qi do Pulmão (Fei). Os pontos de
Acupuntura utilizados neste caso são: B12 (Fengmen), B13 (Feishu), IG4 (Hegu), IG11
(Quchi), IG-20 (Yingxiang), Bitong, Yintang, VB20 (Fengchi). Usar método de sedação
ou neutro. Ventosa é aplicada nos pontos B12 (Fengmen) e B-13 (Feishu). B12
(Fengmen) e B13 (Feishu) restabelecem dispersão e descendência do Qi do Pulmão
(Fei), IG4 (Hegu) e IG11 (Quchi) expelem Vento e removem Calor; IG20 (Yingxiang),
Bitong e Yintang são pontos locais para expelir Vento do nariz; VB20 (Fengchi) expele
Vento (GIOVANNI MACIOCIA, 2009).
A rinite obstrutiva e a rinite alérgica devem-se à Plenitude do Gan-Yang
(Fígado-Yang) com Estagnação de Qi, o principio de tratamento é dispersar a Plenitude
do Gan- Yang (Fígado- Yang) com a técnica Shu-Mo-Yuan com B18 (Ganshu), F14
(Qimen), F3 (Taichong). Associar VB34 (Yanglingquan), acrescentar F8 (Ququan).
Harmonizar o FeiYang (Pulmão-Yang) com a técnica Shu-Mo-Yuan com B13 (Feishu),
P1 (Zhongfu), P-9 (Taiyuan) e o ponto Água, P-5 (Chize). Acrescentar P1 (Zhongfu),
VC22 (Tiantu), VC-17 (Danzhong), R-25 (Shencang) e acrescentar os pontos para o
nariz, que são IG4 (Hegu), M-CP-3 (Yintang), M-CP-14 (Bitong), IG20 (Yingxiang)
(YAMAMURA, YSAO; YAMAMURA, MÁRCIA LIKA, 2010).

Fonte: Yamamura, Ysao, Propedêutica Energética- Inspeção & Interrogatório- São Paulo- Center
2010.
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5. CONCLUSÃO

Com base nas pesquisas realizadas neste trabalho, o tratamento com Acupuntura
mostra melhora significante. Com a metodologia empregada, em relação aos parâmetros
clínicos (obstrução nasal, coriza e prurido) da rinite alérgica (RA) tratada com a
Acupuntura, havendo melhora. Portanto, a Acupuntura pode apresentar-se como mais
uma opção no controle e tratamento dos principais sintomas que acompanham o quadro
da rinopatia alérgica.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Acupuntura: um texto compreensível/ Shanghai Collegeoftraditional Medicine:


traduzido e editado para língua inglesa por John O Connor e Dan Bensky: tradução
Maria Lydia Remédio: revisão científica YsaoYamamura- São Paulo: Roca, 1996.

CAMPOS, C.A.H. & Filho, O. L. Alergia Nasal In: Filho, O L. & Campos,
C.A.H. Tratado de otorrinolaringologia. São Paulo. Ed Roca, 1994. P. 283-307.

ISAAC GUIMARÃES Jr, Epoch Times em Saúde - Medicina Tradicional


Chinesa
ARTIGO - Publicado em 27/04/2015 às 8:00 - Atualizado em 27/04/2015 às 10:26.

J BRAS PNEUMOL. 2010; 36(1): 124-133. Disponível


em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1806-
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MACIOCIA, Giovanni, A prática da medicina chinesa: tratamento das doenças


com acupuntura e ervas chinesas/ Giovanni Maciocia; prefácio de Steven Clavey:
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