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Aula 09

Indução eletromagnética
Parte A

F328: Física Geral III


1º semestre, 2020
Indução
Aprendemos que:
Uma espira condutora percorrida por uma corrente i na
presença de um campo magnético sofre ação de um torque:

espira de corrente + campo magnético → torque


Será que...
Uma espira sem corrente ao girar no interior de uma região
onde há um campo magnético B, faz aparecer uma corrente
i na espira? Isto é:
torque + campo magnético → corrente?
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Dois Experimentos de Faraday
As respostas a essas questões foram dadas por Faraday. Ele
observou que o movimento relativo de um conjunto de ímãs e
circuitos metálicos fechados fazia aparecer nestes últimos correntes
transientes.
Primeiro experimento:
Espira conectada a um galvanômetro –
não há bateria! Observa-se que:
1- se houver movimento relativo ímã-
espira, aparecerá uma corrente no
galvanômetro;
2- quanto mais rápido for o movimento
corrente induzida
relativo, maior será a corrente na espira.
Ver: https://phet.colorado.edu/sims/html/faradays-law/latest/faradays-law_pt_BR.html
E: https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/generator
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Experimentos de Faraday
Segundo experimento:
Figura ao lado: duas espiras condutoras próximas uma da
outra, mas sem se tocarem.
Fechando-se S (para ligar a corrente na
espira da direita) aparece um pico
momentâneo de corrente no galvanômetro G.
Abrindo-se S (para desligar a corrente),
aparece um pico momentâneo de corrente no
galvanômetro, no sentido oposto à da anterior.
Embora não haja movimento das espiras, temos uma corrente
induzida ou uma força eletromotriz induzida (fem).
Nesta experiência, uma fem é induzida na espira somente
quando o campo magnético que a atravessa estiver variando.
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A Lei de Faraday da Indução
Fluxo do campo magnético:

𝜙𝐵 = න 𝐵. 𝑛𝑑𝐴

𝑆
A unidade SI para fluxo é o
weber (Wb)
1weber = 1Wb = 1T.m2

A intensidade da fem induzida 𝜀 é igual à taxa de variação temporal


do fluxo do campo magnético :
O sinal negativo indica que a
𝑑𝜙𝐵
𝜀= − (Lei de Faraday) fem deve se opor à variação
𝑑𝑡 do fluxo que a produziu.
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A Lei de Lenz
“O sentido da corrente induzida é tal que o campo que ela produz se
opõe à variação do fluxo magnético que a produziu”

Oposição ao movimento Oposição à variação do fluxo


atrás atrás
frente frente

+
i

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Variação do fluxo do campo magnético

O fluxo de 𝐵 pode ser variado de três


formas para gerar uma fem:
1) Mudando a magnitude 𝐵 do campo
que atravessa a espira (p. ex., tendo
um 𝐵 dependente do tempo);
2) Mudando a área total da espira, ou a
parte da área da espira que é
atravessada pelo campo magnético (p.
ex., movendo a espira como na figura
ao lado);
3) Mudando o ângulo entre a direção de
𝐵 e o plano da espira (p. ex., girando a
espira, como na figura ao lado).
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Questão 1

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Indução e gerador de corrente senoidal

Espira sendo rodada numa região de campo 𝐵


com velocidade angular 𝜔 constante. Como
𝜙𝐵 = 𝜙𝐵 (𝑡), aparece uma fem induzida na
espira. Temos:

𝜙𝐵 = න 𝐵. 𝑛𝑑𝐴
ො = න 𝐵 cos 𝜃 𝑑𝐴
𝑆 𝑆

𝜙𝐵 = 𝐵𝑎𝑏 cos 𝜃 ; 𝜃 = 𝜃0 + 𝜔𝑡. Se 𝜃0 = 0 ⇒ 𝜃 = 𝜔𝑡


𝑑𝜙𝐵
𝜀=− = 𝐵𝑎𝑏𝜔 sin 𝜔𝑡
𝑑𝑡
𝜀(𝑡) 𝐵𝑎𝑏𝜔
𝑖 𝑡 = = sin 𝜔𝑡
𝑅 𝑅

∴ 𝑖 é uma corrente que varia senoidalmente com 𝑡.


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Questão 2

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Indução e transferência de energia
Espira sendo deslocada para direita com velocidade constante 𝑣.
Ԧ
Como o fluxo está diminuindo, aparece uma fem
e portanto uma corrente induzida na espira.

𝜙𝐵 = 𝐵𝐿𝑥 ⇒ 𝜀 = 𝐵𝐿𝑣 ∴
𝜀 𝐵𝐿𝑣
𝑖= = (sentido horário)
𝑅 𝑅
Forças sobre a espira:
𝐹Ԧ𝑎𝑝𝑙 (não mostrada), 𝐹Ԧ1 , 𝐹Ԧ2 e 𝐹Ԧ3
𝐵2 𝐿2 𝑣
𝑣 = constante 𝐹Ԧ𝑎𝑝 + 𝐹Ԧ1 = 0 ou 𝐹𝑎𝑝 = 𝐹1 = 𝑖𝐿𝐵 =
𝑅
𝐵2 𝐿2 𝑣 2
Potência aplicada: 𝑃𝑎𝑝 = 𝐹Ԧ𝑎𝑝 ⋅ 𝑣Ԧ = 𝐹𝑎𝑝 𝑣 =
𝑅
Taxa de aparecimento de energia térmica na espira:
2
2
𝐵𝐿𝑣 𝐵2 𝐿2 𝑣 2
𝑃 = 𝑅𝑖 = 𝑅 = (igual à potência aplicada)
𝑅 𝑅
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Questão 3

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Força de Lorentz e fem induzida
Barra metálica movendo-se transversalmente numa região de
campo 𝐵 com velocidade 𝑣Ԧ constante.

(similar ao
efeito Hall)

𝐹Ԧ𝐸 = 𝑞𝐸 e 𝐹Ԧ𝐸 = 𝑞𝑣Ԧ × 𝐵 ⟹ 𝐹Ԧ = 𝑞𝐸 + 𝑞𝑣Ԧ × 𝐵


No equilíbrio, a força elétrica é oposta à força magnética:
𝑞𝐸 + 𝑞𝑣Ԧ × 𝐵 = 0 ⟹ 𝐸 = 𝑣𝐵
Por outro lado, temos que:

𝜀 = න 𝐸 ∙ 𝑑 𝑙Ԧ = 𝐵𝐿𝑣
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Campos elétricos induzidos
Seja um anel de cobre de raio r numa região onde há um campo
magnético variável no tempo (com módulo crescendo à taxa dB/dt).
A variação temporal de B faz aparecer uma corrente no anel.
Portanto, aparece um campo elétrico induzido no anel.
Pode-se então dizer que: um campo
magnético variável no tempo produz um campo
elétrico (Lei de Faraday reformulada). 𝐸
𝐸

𝐸
As linhas do campo elétrico induzido 𝐸
𝐵
são tangentes ao anel, formando um conjunto
de circunferências concêntricas.
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Questão 4
A corrente em um solenoide infinitamente longo cresce linearmente com o tempo, no sentido indicado na
figura, e produz um campo magnético com o sentido indicado. O campo elétrico induzido no interior do
solenoide é:

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Campos elétricos induzidos
Calcularemos agora o campo elétrico produzido com anel
por uma distribuição cilíndrica de campo magnético de cobre
(um solenoide muito longo por exemplo).
O trabalho sobre uma partícula com carga q0,
movendo-se ao redor de uma circunferência de raio
r é dado por:
Δ𝑊 = ‫𝐹 ׯ‬Ԧ ⋅ 𝑑 𝑙Ԧ = 𝑞0 ‫𝑙𝑑 ⋅ 𝐸 ׯ‬Ԧ (1)
Mas, também: Δ𝑊 = 𝑞0 𝜀 (𝜀 = fem induzida) (2)
sem anel
Igualando (1) e (2): ε = ‫𝑙𝑑 ∙ 𝐸 ׯ‬Ԧ de cobre
Ԧ 𝑑𝜙𝐵
Ou: ‫ = 𝑙 𝑑 ∙ 𝐸 ׯ‬− (Lei de Faraday)
𝑑𝑡

Note que não se pode associar um potencial


elétrico ao campo elétrico induzido!
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Campos elétricos induzidos
Lei de Faraday reformulada:
𝑑𝜙𝐵 𝑑 Na figura abaixo, 𝐵
𝜀 = ර 𝐸 ⋅ 𝑑 𝑙Ԧ = − =− න 𝐵 ⋅ 𝑛𝑑𝐴
ො aumenta com o tempo
𝑑𝑡 𝑑𝑡 e aponta para dentro
𝐶 𝑆 do papel. As linhas
circulares indicam o 𝐸
A superfície S é qualquer superfície subtendida pelo caminho C. induzido.
Se o ângulo entre 𝐵 e 𝑛ො é 𝛼, então:
𝑑𝐵
𝜀 = ර 𝐸 ⋅ 𝑑 𝑙Ԧ = − න cos 𝛼 𝑑𝐴
𝑑𝑡
𝐶 𝑆

Similar à lei de Ampère (circuitação de 𝐵 em um caminho


fechado se relaciona com a corrente através da área
subtendida pelo caminho), a circuitação de 𝐸 em um
𝑑𝜙
caminho fechado se relaciona com a variação de 𝜙𝐵 ( 𝐵)
𝑑𝑡
e1 = e 2 > e 3 > e 4 = 0
através da área subtendida pelo caminho.
Se não há variação de 𝜙𝐵 através de S, a circuitação de 𝐸 em C é zero ⇒ 𝜀 = 0.
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Exemplo 1:
Para a figura do slide anterior, adotar dB/dt = 0,13 T/s e R = 8,5 cm.
Determinar as expressões da intensidade do campo elétrico induzido para r < R e
r > R . Obtenha os valores numéricos para r = 5,2 cm e r = 12,5 cm.

a) r < R:
𝑑𝜙𝐵 𝑑𝐵 𝑟 𝑑𝐵
ර 𝐸. 𝑑 𝑙Ԧ = − 2
⇒ 𝐸 (2𝜋𝑟) = (𝜋𝑟 ) ⇒𝐸=
𝑑𝑡 𝑑𝑡 2 𝑑𝑡

5,2×10−2 m T
Para r =5,2 cm: 𝐸 = 0,13 = 3,4 mV/m
2 s

b) r > R:
𝑑𝜙𝐵 𝑑𝐵 𝑅 2 𝑑𝐵
ර 𝐸. 𝑑 𝑙Ԧ = − ⇒ 𝐸 (2𝜋𝑟) = (𝜋𝑅2 ) ⇒𝐸=
𝑑𝑡 𝑑𝑡 2𝑟 𝑑𝑡
Gráfico de E(r)
(8,5×10−2 m)2 T
Para r =12,5 cm: 𝐸 = 0,13 = 3,8 mV/m
2×12,5×10−2 m s

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Freio Magnético
Um magneto em queda livre dentro de um tubo atinge uma velocidade
terminal devido ao campo induzido por uma corrente nas paredes do tubo.
Uma dada secção transversal do tubo pode ser
a) b)
vista como uma pequena espira. Durante a queda
do magneto duas situações se apresentam:
a) magneto se aproxima da “espira”
b) magneto se afasta da “espira”

Em ambos os casos a Lei de Faraday e a Lei


de Lenz nos ensinam que aparecerá um campo
magnético induzido, opondo a variação de
fluxo (conforme direções indicadas na figura
ao lado), tendendo a frear seu movimento.

Freio magnético
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Informações Complementares

Aulas gravadas:

JA Roversi Youtube (Prof. Roversi)


ou
UnivespTV e Youtube (Prof. Luiz Marco Brescansin)

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Dínamo de Faraday
Como exemplo, discutiremos o dínamo de Faraday,
usado para gerar uma fem induzida num disco
metálico em rotação. A rotação produz um campo
elétrico que depende da velocidade em cada ponto
do disco, ou seja:

𝑞𝐸 + 𝑞 𝑣Ԧ × 𝐵 = 0 ⟹ 𝐸(𝑟) = 𝜔𝑟𝐵

Dessa forma, a diferença de potencial será:


+ +

𝜀 = − න 𝐸 ∙ 𝑑 𝑙Ԧ = − න (−𝑣Ԧ × 𝐵) ∙ 𝑑 𝑟Ԧ
− −

1
𝜀 = න 𝐸(𝑟) ∙ 𝑑𝑟Ԧ = 𝜔𝑅2 𝐵
Ilustração do dínamo de Faraday 2
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