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A Transformada de Laplace
Como vimos, a resolução de um problema de valor inicial pela transformada de Laplace se reduz a
achar a transformada inversa de uma função F(s). Na prática, tais inversas são obtidas usando o
método das frações parciais para converter F(s) a uma forma em que sua inversa pode ser
reconhecida através das fórmulas da tabela.
Até agora vimos exemplos de equações diferenciais em que a solução pode ser obtida facilmente
por outros métodos. Para conseguirmos aplicações em que a transformada de Laplace possa mostrar
seu poder real temos que estabelecer mais alguns resultados das transformadas
Se L[f] = F(s) para algum s > so, então L[eat f(t) ] = F(s – a) para s − a > so.
+∞ +∞
D] L[e at f ( t )] = ∫ e − st e at f ( t )dt = ∫ e − (s − a ) t f ( t )dt = L[f ( t )](s − a ) = F(s − a )
0 0
Exemplo: Como aplicação imediata deste resultado podemos deduzir as seguintes transformadas
da tabela:
s s+2
1) L[e−2t cos3t] = F(s + 2 ), sendo F(s) = L[cos3t] = . Logo, L[e−2t cos3t] =
s2 + 9 (s + 2) 2 + 9
s−a
Generalizando: L[e at cos( wt )] =
(s − a ) 2 + w 2
1 1
2) L[teat] = F(s – a), sendo F(s) = L[ t ] = . Logo, L[teat] =
s2 (s − a ) 2
2
0; se t < a
u a (t ) = a≥0
1; se t ≥ a 1
Exemplos:
0; se t < a
Mais geralmente, a função f ( t ) = u a ( t )g ( t − a ) = descreve a função obtida
g(t − a); se t ≥ a
“transladando” a função g(t) a unidades para a direita e depois anulando a parte à esquerda de a.
Tais funções aparecem na prática como impulsos com retardamento em sistemas físicos, isto é,
impulsos ocorrendo no instante t = a, e não t = 0.
0; se t < 1
Exemplo: f ( t ) = ⇒ f(t) = ( t – 1) u1(t)
t − 1; se t ≥ 1
g(t) = t
→
1
1
3
e −as
Exercício: Mostre que L[ ua(t) ] =
s
Solução: L[ua(t)] =
+∞
− st
+∞
− st e −st b e −sb e −sa e −sa
∫ e u a ( t )dt = ∫ e dt = lim [− ]a = lim [− + ]= se s > 0
0 a b → +∞ s b → +∞ s s s
A função degrau pode ser usada para escrever funções definidas por várias sentenças de forma
compacta:
g( t ) se 0 ≤ t < a
• Se f ( t ) = então f(t) = g(t) − g(t) ua(t) + h(t)ua(t)
h(t) se t ≥ a
0; se 0 ≤ t < a
• Se f ( t ) = g(t); se a ≤ t < b então f(t) = g(t) ( ua (t) – ub(t) )
0; se t ≥b
2; 0≤t<3
1) f ( t ) =
− 2; t ≥3
0; se 0 ≤ t < a k
2) f ( t ) = k; se a ≤ t < b ( pulso retangular )
0; se t ≥b a b
3)
4
3
f(t) = n + 1, se n < t < n+1
2
1 2 3 4
Solução: f(t) = uo(t) + u1(t) + u2(t) + …. ⇒ L[f(t)] = L[uo(t) + u1(t) + u2(t) + ….] =
A expressão entre parênteses acima corresponde à soma de uma PG infinita de razão e–s.
Teorema: Deslocamento sobre o eixo t: Seja f(t) = ua(t) g(t − a), a ≥ 0 uma função
contínua por partes e de ordem exponencial. Então L [ f ] = e −as L[ g(t)]
+∞ +∞
D] L[f ] = ∫ e − st f ( t )dt = ∫ e − st g( t − a )dt . Fazendo a substituição: t − a = u; dt = du, obtemos:
0 a
+∞ −sa +∞ −su
L[f ] = ∫ e −s ( u +a ) g( u )du = e ∫e g( u )du = e −sa L[g]
a 0
Observações:
• Por motivos físicos, o fator e−as é chamado de fator de retardamento
• A substituição em f(t) de t por t − a corresponde aproximadamente à multiplicação da
transformada F(s) por e−as
5
1) f ( t ) = ( t − 2)u 2 ( t )
1
Solução: Neste caso a função g(t − a) = g( t − 2) = t − 2. Logo, g(t) = t e L[g( t )] = L[ t ] = .
s2
1
Aplicando o Teorema do deslocamento L [ f ] = e − as L[ g(t)] = e −2s
s2
2) f ( t ) = e t−1u 1 ( t )
3) f ( t ) = sen ( t − π) u π ( t )
4) f ( t ) = e 2 t u 1 ( t )
Solução: Neste caso devemos deslocar a função exponencial f ( t ) = e 2 t de uma unidade para
aplicarmos a Tabela. Assim,
1
e L[g( t )] = L[e 2 t ] = . Aplicando o Teorema do deslocamento L [ f ] = e −as L[ g(t)] =
s−2
1 e 2−s
L[e 2 .e 2( t −1) u 1 ( t )] = e 2 e −s =
s−2 s−2
6
t; se 0 ≤ t < 2
5) f ( t ) =
0; se t ≥2
L [ua(t) g(t − a)] = e −as L[ g(t)] ⇒ ua(t) g(t − a) = L–1 [e −as L[ g(t)] ] ⇒
Exercício: Encontre f(t), sabendo que F(s) = L[f(t)] nos seguintes casos:
e −s
1) F(s) =
s(s + 2)
1 1 − e −2 t –1 e −s
Solução: Neste caso a = 1 e G(s) = = L[ ] . Temos que L [ ] =
s(s + 2) 2 s(s + 2)
1 − e −2 t 1 − e −2( t −1)
u1(t)g(t – 1), sendo g(t) = . Logo, f(t) = u1 ( t )( ) que pode ser reescrita como
2 2
0; 0 ≤ t ≤1
uma função de duas sentenças, f ( t ) = 1 − e −2( t −1)
; t >1
2
e −2 s
2) F(s) =
s 2 (s + 4)
1 1
Solução: Neste caso a = 2 e G(s) = 2
. Seja g ( t ) = L−1[ 2
] . Para encontrarmos g(t)
s (s + 4 ) s (s + 4)
usamos o método das frações parciais:
7
1 A B C
2
= + 2 + ⇒ 1 = As(s + 4) + B(s + 4) + Cs 2 . Por comparação de coeficientes ou
s (s + 4) s s s+4
1 1 1
atribuindo-se valores a s encontramos A = − , B= e C= .
16 4 16
1 1 1 1 1 1 1 t e −4 t
g ( t ) = L−1[− + + ] = − + + .
16 s 4 s 2 16 s + 4 16 4 16
e −2 s 1 t e −4 t
Logo f(t) = L−1[ ] = g( t − 2)u 2 ( t ) , sendo g ( t ) = − + + .
s 2 (s + 4) 16 4 16
e −2 s 1 t − 2 e −4 ( t − 2 )
Assim, L−1[ ] = − + + u 2 ( t )
s 2 (s + 4) 16 4 16
(3s + 3)e − πs
3) F(s) =
s 2 + 2s + 2
3s + 3 3s + 3
Solução: Neste caso a = π e G(s) = 2
. Seja g ( t ) = L−1 [ 2
].
s + 2s + 2 s + 2s + 2
3(s + 1)
g ( t ) = L−1 [ 2
] . Usando Tabela no 16 obtemos g ( t ) = 3e − t cos t .
(s + 1) + 1
O Teorema a seguir serve para reduzir o cálculo da transformada de Laplace de uma função
periódica ao cálculo da integral num intervalo finito.
+∞ p 2p ( n +1) p
D] L[f] = ∫ e − st f ( t )dt = ∫ e − st f ( t )dt + ∫ e − st f ( t )dt + ... + ∫ e − st f ( t )dt + ...
0 0 p np
Fazendo t = x + np na (n+1)-ésima integral da série acima ficamos com
8
( n +1) p p p
∫ e − st f ( t )dt = ∫ e − s( x + np) f ( x + np)dx = e − snp ∫ e − sx f ( x )dx ( Usamos o fato que f é
np 0 0
periódica de período p, logo f(x+np) = f(x) )
Usando este fato em cada uma das integrais acima, ou seja, para n = 0, 1, 2, etc..., obtemos: L[f] =
p p p p
− sx f ( x )dx + e − sp e − sx f ( x )dx + ... + e − snp e − sx f ( x )dx + ... = (1 + e − sp + e − 2sp + ...) e − sx f ( x )dx =
∫e ∫ ∫ ∫
0 0 0 0
A expressão que está entre parênteses corresponde à soma da série geométrica de razão e–sp que é
p
− st f ( t )dt
∫e
1
dada por , o que resulta L[f ] = 0 .
1 − e − sp 1 − e − ps
Exercícios:
a)
1 2 3 4 5
2
− st f ( t )dt
∫e
Solução: f é periódica de período 2, então L[f ] = 0 =
1 − e − 2s
1
− st dt
∫e
1 1 1 e − st 1 1 1 − e −s 1
0 = ( ∫ e − st dt ) = [− ]0 = [ ]=
1 − e − 2s 1 − e − 2s 0 1 − e − 2s s 1− e − 2s s s(1 + e − s )
b)
1 2 3 4 5
–1
9
2
− st f ( t )dt
∫e
Solução: f é periódica de período 2, então L[f ] = 0 =
1 − e − 2s
1 2
− st dt − e − st dt
∫e ∫
1 1 2 1 e − st e − st 2
0 1 = ( ∫ e − st dt − ∫ e − st dt ) = ([− ]10 − [− ] =
1 − e − 2s 1 − e − 2s 0 1 1 − e − 2s s s 1
1 1 − e −s e − s − e − 2s 1 1 − 2e − s + e − 2s 1 (1 − e − s ) 2 1 − e −s
([ ]−[ ]= ( )= =
1 − e − 2s s s 1 − e − 2s s 1 − e − 2s s s(1 + e − s )
Solução: A equação para a carga em um capacitor, em um circuito em série RC, é dada por
dq 1
R + q = E( t )
dt C
Substituindo os valores dados e observando que E(t) = 5 u3(t) obtemos:
25 dq 1 dq
+ q = 5u 3 ( t ) ⇔ + 5q = 2u 3 ( t ) ( I )
10 dt 8.10 − 2 dt
Suponhamos que a transformada da solução q(t) seja L[q(t)] = Q. Usando que q(0) = 0 e que
L(q´) = sL[q] – q(0), obtemos L[q´] = sQ
Aplicando a transformada nos dois lados da equação (I):
e −3s e −3s e −3s
L[q´] + 5L[q] = 2L[u3(t)] ⇒ sQ + 5Q = 2 ⇒ (s+5)Q = 2 ⇒Q= 2
s s s(s + 5)
A questão agora é, a partir de Q, obter a transformada inversa, ou seja, q(t).
2 1 − e −5 t
Considerando G (s) = e usando a Tabela no 21: g ( t ) = 2
s(s + 5) 5
10