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ANÁLISE ESPECTRAL DA FLUTUAÇÃO DE PONTARIA E INFLUÊNCIA DA

OSCILAÇÃO POSTURAL NO DESEMPENHO DE ATIRADORES

Marco Túlio Baptista

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-graduação em Engenharia
Biomédica, COPPE, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Engenharia Biomédica.
Orientadores: Jurandir Nadal
Liliam Fernandes de Oliveira

Rio de Janeiro
Dezembro de 2012

i
ANÁLISE ESPECTRAL DA FLUTUAÇÃO DE PONTARIA E INFLUÊNCIA DA
OSCILAÇÃO POSTURAL NO DESEMPENHO DE ATIRADORES

Marco Túlio Baptista

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO


LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA
(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA BIOMÉDICA.

Examinada por:

________________________________________________
Prof. Jurandir Nadal, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Luciano Luporini Menegaldo, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Liliam Fernandes de Oliveira, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Arthur de Sá Ferreira, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


DEZEMBRO DE 2012
ii
Baptista, Marco Túlio
Análise espectral da flutuação de pontaria e influência da
oscilação postural no desempenho de atiradores/ Marco Túlio
Baptista. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2012.
IX, 128 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Jurandir Nadal
Liliam Fernandes de Oliveira
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Biomédica, 2012.
Referências Bibliográficas: p. 88-101.
1. Tiro. 2. Controle Postural. 3. Correlação Cruzada.
4. Análise Espectral. I. Nadal, Jurandir et al.. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa
de Engenharia Biomédica. III. Título.

iii
Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus maiores incentivadores, meus pais, Arlete Barboza
Baptista e Sebastião da Silva Baptista, pelo amor incondicional e educação transmitida,
como também por vocês serem a minha luz norteadora e, principalmente pelo maior legado
que os pais podem deixar aos filhos: o exemplo.
Aos meus irmãos Marco e Renata, obrigado por sempre estarem por perto, mesmo
que distante. Suas vozes no telefone, as batidas na porta e os passos ao caminhar, tão
peculiares ... risadas, beijos, abraços e aperto de mão, sempre amáveis e carinhosos,
sinônimos de companheirismo, ternura e amor. Características que fazem de vocês, irmãos
tão especiais e amados.

iv
Agradecimentos

Aos meus orientadores, Prof. Jurandir Nadal, Profa. Liliam Fernandes de Oliveira
e Prof. Roger Gomes Tavares de Mello, por toda a dedicação e disponibilidade quando
precisei de ajuda nesses últimos três anos.
Agradeço mais uma vez a Profa. Liliam Fernandes de Oliveira e ao Prof. Roger
Gomes Tavares de Mello por serem referências em minha vida acadêmica. A Profa. Liliam
por ser a minha mentora desde o início de minha formação na área biomédica e
biomecânica. Ao Prof. Roger, por sua paciência e dedicação em orientar-me de forma tão
segura em toda análise e processamento de sinais biológicos, além de ter se tornado um
grande amigo.
Aos meus amigos do LAPIS, do IPCFEx e da CDE, que me proporcionaram um
período de mestrado gratificante tanto do ponto de vista profissional quanto pessoal, pela
sua amizade e companheirismo, em especial aos meus atletas.
Aos professores Runer Augusto Marson e Cesar Ferreira Amorim pelas sólidas
orientações sobre instrumentação biomédica.
Aos meus amigos Glauber Ribeiro Pereira e Adriane Mara de Souza Muniz, por
estarem sempre me motivando e me auxiliando nos estudos e discussões técnico-científicas.
Ao brilhante Prof. Fábio Alves Machado, meu amigo de laboratório desde a
fundação do Laboratório de Biomecânica do IPCFEx, por sua confiança e dedicação.
Ao meu irmão Marco Aurélio Baptista por seu especial companheirismo e
amizade que me ajudaram ao longo de todo curso, como também ser meu farol como
profissional, chefe e amigo. À minha encantadora irmã Renata Baptista Tognini por suas
palavras de otimismo e tranquilidade.
À Paula Gomes Pereira Bicudo, minha esposa e meu amor, por toda paciência,
carinho e compreensão que fez da minha árdua jornada acadêmica, um caminho mais leve e
seguro. Eu te amo!

v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ANÁLISE ESPECTRAL DA FLUTUAÇÃO DE PONTARIA E INFLUÊNCIA DA


OSCILAÇÃO POSTURAL NO DESEMPENHO DE ATIRADORES

Marco Túlio Baptista


Dezembro/2012
Orientadores: Jurandir Nadal
Liliam Fernandes de Oliveira
Programa: Engenharia Biomédica

O objetivo deste estudo foi analisar as diferenças técnicas entre dois níveis de
atiradores de pistola no domínio da frequência e a influência da oscilação postural sobre
a flutuação do ponto de pontaria (FPP), considerando os 10 melhores e os 10 piores
tiros. A amostra consistiu em 24 indivíduos divididos em dois grupos: Grupo A, 12
atletas de elite praticantes de tiro de pistola e Grupo B, 12 atiradores militares
praticantes de tiro de pistola de combate. Os voluntários posicionaram-se sobre a
plataforma de força e realizaram sete séries de cinco tiros utilizando um simulador de
tiro e uma pistola semi automática calibre .32. Os melhores disparos foram
caracterizados pelo menor desvio padrão da flutuação do ponto de pontaria nos eixos X
e Y (Dev_X e Dev_Y). As séries temporais de FPP e de estabilometria foram
correlacionadas por meio de técnicas de processamento de sinais, ferramentas espectrais
e análise estatística. O Dev foi inversamente proporcional à frequência mediana (FMed)
dos espectros de amplitude nos dois eixos (X e Y). Pequenos desvios em Dev_X e
Dev_Y foram caracterizados pelas maiores FMed, identificando os atiradores
experientes. Em situação oposta, maiores Dev_X e Dev_Y foram caracterizados pelas
frequências mais baixas nos eixos correspondentes, identificando os piores atiradores. A
oscilação postural e o grau de estabilidade da arma durante o período preparatório para
o tiro diferenciaram os atletas de tiro dos atiradores militares.

vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

SPECTRAL ANALYSIS OF AIMING POINT FLUCTUATION AND INFLUENCE


OF POSTURAL BALANCE ON SHOOTERS PERFORMANCE

Marco Túlio Baptista


December/2012
Advisors: Jurandir Nadal
Liliam Fernandes de Oliveira
Department: Biomedical Engineering

The aim of this study was to examine, in the frequency domain, the technical
differences between two levels of pistol shooters and the influence of the postural
balance over the aiming point fluctuation. The sample consisted of 24 subjects divided
into two groups: Group A, 12 elite pistol shooters athletes and Group B, 12 military
shooters. The volunteers were positioned on the force plate and performed seven series
of five shots each using a shooting simulator and a semi automatic pistol. The best shots
were characterized by the lower standard deviation of the aiming point fluctuation
(APF) on the X and Y (Dev_X and Dev_Y) axes. The APF time series and stabilometry
were correlated by techniques of signal processing, spectral tools and statistical
analysis. The Dev was inversely proportional to the frequency median (MdF) of the
amplitude spectral in both axes (X and Y). Small deviations in Dev_X and Dev_Y were
characterized by higher MdF values, identifying experienced shooters. On the other
hand, higher deviations in Dev_X and Dev_Y were characterized by lower frequencies
in the corresponding axes, identifying the worst shooters. The postural sway and the
degree of weapon stability during the shot preparatory period differentiated shooting
athletes from military shooters.

vii
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1
1.1. Objetivo Geral ........................................................................................... 5
1.2. Objetivos Específicos................................................................................. 6
1.3. Hipóteses. .................................................................................................. 6
1.4. Variáveis. .................................................................................................. 7
1.5. Estrutura do Trabalho. ............................................................................... 7
2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................. 8
2.1. Tiro de Pistola............................................................................................ 8
2.1.1 Fundamentos Técnicos do Tiro .................................................................. 8
2.1.1.1 Empunhadura da Pistola e Tomada da Posição de Tiro ............................... 8
2.1.1.2 Pontaria ....................................................................................................10
2.1.1.3 Controle da Respiração .............................................................................14
2.1.1.4 Acionamento do Gatilho ...........................................................................15
2.2 Simulador de Tiro .....................................................................................18
2.3 Equilíbrio Postural ....................................................................................19
2.3.1 Centro de Pressão (CP), Flutuação do Ponto de Pontaria (FPP) e
Desempenho Esportivo .............................................................................23
2.4 Tremor Fisiológico Associado ao Atirador de Pistola ................................28
2.5 Processamentos de Sinais ..........................................................................32
2.6 Interpolação ..............................................................................................35
2.7 Função de Correlação Cruzada ..................................................................36
2.8 Processamento dos Sinais do Sensor Ótico e de Estabilometria .................37
3.1 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................38
3.1. Casuística .................................................................................................38
3.2. Protocolo ..................................................................................................38
3.3. Instrumentação .........................................................................................41
3.3.1 Sistema de Aquisição dos Sinais ...............................................................41
3.3.2 Simulador de Tiro .....................................................................................44
3.3.3 Plataforma de Força ..................................................................................47
3.3.4 Acelerometria ...........................................................................................48
3.4 Sincronização dos Sensores ......................................................................48
3.5 Digitalização e Aquisição dos Sinais .........................................................49
viii
3.6 Processamento de sinais ............................................................................50
3.7 Interpolação ..............................................................................................50
3.8. Função de Correlação Cruzada ..................................................................51
3.9. Estatística .................................................................................................53
4. RESULTADOS ........................................................................................55
4.1. Comparação do desempenho dos dois grupos de atiradores em tarefa
de tiro pré-determinada, considerando todos os tiros executados ...............55
4.2. Comparação do desempenho dos dois grupos de atiradores em tarefa
de tiro pré-determinada, considerando os dez melhores e piores
disparos por atirador .................................................................................56
4.3. Resultados da frequência mediana espectral do sinal de flutuação o
ponto de pontaria............. ..........................................................................58
4.4. Variáveis clássicas da estabilometria em situação normal sem desafio ......60
4.5. Variáveis clássicas da estabilometria durante a execução do tiro ...............60
4.5.1 Variáveis clássicas da estabilometria, tendo como critério de seleção,
os melhores disparos ocorridos no Eixo_X ................................................61
4.5.2 Variáveis clássicas da estabilometria, tendo como critério de seleção,
os melhores disparos ocorridos no Eixo_Y ................................................67
4.6 Análise da correlação entre os sinais de flutuação do ponto de pontaria
nos eixos X e Y e das oscilações do CP nas direções perpendicular e
paralela à linha de tiro por meio da função de correlação cruzada
respectivamente ........................................................................................73
4.6.1 Função de Correlação Cruzada (FCC) e Determinação do Valor
Crítico ......................................................................................................73
5. DISCUSSÃO ............................................................................................74
5.1. Comparação do desempenho dos dois grupos de atiradores em tarefa
de tiro pré-determinada, considerando todos os tiros executados ...............74
5.2. Comparação do desempenho dos dois grupos de atiradores em tarefa
de tiro pré-determinada, considerando os dez melhores e piores
disparos por atirador .................................................................................75
5.3 Análise da Frequência Mediana Espectral do sinal de FPP ........................77
5.4 Variáveis clássicas da estabilometria em situação normal sem desafio ......81
5.5 Variáveis clássicas da estabilometria durante a execução do tiro ...............82
5.6 Análise da correlação entre os sinais de flutuação do ponto de pontaria
nos eixos X e Y e das oscilações do CP nas direções perpendicular e

ix
paralela à linha de tiro por meio da função de correlação cruzada
respectivamente ........................................................................................83
6. CONCLUSÃO ..........................................................................................86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................88
ANEXO 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Participação em
Pesquisa Científica.................................................................................. 102
ANEXO 2: Aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa
do Hospital da Força Aérea do Galeão .................................................... 103
APÊNDICE 1: Tabelas dos parâmetro estabilométricos e FPP .................................. 104
APÊNDICE 2: Gráficos das Funções de Correlação Cruzada Normalizada
(FCCN)...................................................................................................108

x
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A prática do tiro pode ser vista como uma atividade esportiva e laboral. Nas Forças
Armadas e Força de Segurança Pública, o tiro é considerado uma atividade rotineira e
essencial. Como esporte, ele é executado com armas longas (fuzil e carabina com calibres 22
mm, 556 mm e de ar comprimido) e curtas (pistola com calibres 22 mm, 32 mm, 38 mm e de
ar comprimido) e realizado em distâncias que variam de 10 m até 300 m e nas posições
deitada, de joelho e em pé.
O estágio atual do desenvolvimento do tiro esportivo é caracterizado pelo aumento dos
resultados esportivos, melhoria das armas esportivas e munições (ZANEVSKYY et al.,
2010). Em consequência disso, uma melhora na metodologia do treinamento do tiro se faz
necessária. Especialistas acreditam que a parte mais importante do processo de treinamento do
tiro é o treinamento técnico (ZANEVSKYY et al., 2010).
Entretanto, quando o desempenho necessita ser analisado de modo mais específico, o
foco direciona-se para a descrição do padrão de movimento (MONONEN et al., 2007). Neste
contexto, o desempenho do atirador é influenciado pelo seu equilíbrio corporal e pela
estabilidade do cano da arma (MONONEN et al., 2007).
Uma das soluções para se estudar a técnica do tiro é a investigação baseada nas
características quantitativas de cada componente que compõe a sua execução (ZANEVSKYY
et al., 2010). Estas características podem ser investigadas utilizando plataforma de força e
simuladores de tiro, os quais garantem o registro específico dos parâmetros relacionados à
variação do centro de pressão do corpo e da flutuação do ponto de pontaria, respectivamente.
A manutenção da posição em pé ereta durante a postura bipodal constitui uma tarefa
de controle, pois mesmo quando se decide ficar parado nesta situação, o corpo oscila
(DUARTE e FREITAS, 2010). Essas oscilações de baixa frequência, abaixo de 4 Hz
(DEUSCHL et al., 1998), resultam da atuação de vários sistemas fisiológicos para a
manutenção da projeção vertical do centro de massa do corpo dentro da base de sustentação.
Além destas oscilações posturais, o corpo humano apresenta naturalmente um tremor, mesmo
em repouso. (CALIL, 2009). Tremor é definido como uma oscilação rítmica e involuntária de
uma parte do corpo, podendo ser classificada de diversas maneiras (STURMAN, 2005). O
tremor fisiológico em indivíduos saudáveis é caracterizado como um tremor postural de baixa
amplitude com frequência de oscilação entre 9 e 11 Hz, não sendo observado a olho nú.
1
Quando medido em repouso, é caracterizado por uma oscilação normal de baixa amplitude,
determinada por propriedades mecânicas e cardiobalísticas do músculo (CALIL, 2009).
No tiro, a importância da estabilidade postural é mais relevante que em outros eventos
atléticos (SU et al., 2000) e pequenas alterações posturais podem levar a significantes
modificações de resultado (ERA et al., 1996). Na postura ortostática normal (AALTO et al.,
1990) e também durante a execução do tiro (ERA et al., 1996; KONTTINEN et al., 1999), as
oscilações do corpo, identificadas pela análise do seu centro de pressão (CP), são menores em
atiradores altamente treinados quando comparados com atiradores menos experientes (ERA et
al., 1996). Entre os atiradores inexperientes, o equilíbrio postural apresenta oscilações
significativamente maiores nos piores tiros, quando comparado com os melhores disparos
(ERA et al., 1996). Entretanto, nenhuma associação entre os parâmetros supracitados foi
encontrada entre os atiradores de alto nível técnico (ERA et al., 1996; BALL et al., 2003a).
No presente estudo, foi adotado o conceito de SCHOLZ et al. (2000) para definir
estabilidade no sentido teórico de controle, como sendo a capacidade de um sistema restaurar
o seu estado após uma perturbação temporária que o distancia de sua situação inicial. Esta
definição sugere que, após o atirador sofrer uma inquietação, por exemplo, o momento de
levantar o braço para atirar, existam forças e momentos que tendem a trazer o corpo de volta a
sua posição inicial, a qual pode ser considerada estaticamente estável. No caso do atirador, a
garantia da estabilidade está diretamente relacionada ao equilíbrio postural, controle e
segurança da posição de tiro (ERA et al., 1996; KONTTINEN et al., 1999; AALTO et al.,
1990; VIITASALO et al., 1999).
O sucesso no tiro depende fundamentalmente de alguns parâmetros cinemáticos
(SCHOLZ et al., 2000), sendo que a postura assumida pelo atirador deva proporcionar a
maior estabilidade possível para o sistema atirador-arma. AALTO et al. (1990) descreveram
que os atiradores de pistola apresentaram maiores intervalos de oscilação do corpo em
comparação com os atiradores de fuzil. Treinadores acreditam que o atirador de elite deve
desenvolver uma estratégia ótima de fixação do centro de pressão do corpo a fim de
minimizar movimentos indesejáveis (TANG et al., 2008) e sua interferência sobre a
estabilidade do membro superior. Em termos de tarefa prática, a movimentação do espaço
articular é excessiva, onde sete graus de liberdade de movimento (GLM) articular no membro
superior que sustenta a arma são necessários para controlar a orientação angular da arma com
alvo (SCHOLZ et al., 2000). Destes sete GLM, três são atribuídos ao ombro (abdução-
adução, flexão-extensão e rotação interna e externa do úmero em relação ao tronco), dois

2
GLM correspondem à flexão-extensão e prono-supinação e o punho apresenta dois GLM
referentes aos desvios ulnar-radial e flexão-extensão (BIRYUKOVA et al., 2000).
O movimento voluntário do braço realizado pelo indivíduo em pé tem sido
frequentemente usado para estudar ajustamento postural antecipatório (ARUIN e LATASH,
1996). Este tipo de movimento é similar ao utilizado pelo atirador no momento que o mesmo
estende o braço à frente do corpo a fim de realizar a pontaria. Tais movimentos induzem a
perturbações posturais dinâmicas por causa do acoplamento articular, as quais estão
associadas a ajustes posturais antecipatórios, em particular, reflexo da mudança na atividade
bioelétrica do músculo do tronco e dos membros inferiores, bem como do deslocamento do
centro de pressão do corpo (ARUIN e LATASH, 1996). Cabe ressaltar que a magnitude da
perturbação está diretamente relacionada à magnitude da ação motora realizada pelo indivíduo
(LEE et al., 1990). Deste modo, quanto mais vigorosa for a ação de levantar e estender o
braço para atirar, maior será a instabilidade provocada.
Vibrações adicionais também foram identificadas nos músculos da mão. Durante a
força de preensão manual para segurar e sustentar a arma, o dedo indicador é retirado das
tarefas motoras de preensão e sustentação em proveito do fino movimento de acionar o
gatilho, resultando em uma reação de antecipação de 0,1 a 0,2 s antes do tiro (ZANEVSKYY
et al., 2010) e causando, possivelmente, um desvio angular na pontaria. Somando-se a este
fator, GOODMAN et al. (2009) afirmam que o acionamento do gatilho interfere na pontaria e
distorce a precisão do tiro. Tecnicamente, YUREV (1993) destaca que a posição do dedo
sobre o gatilho também é capaz de provocar um desvio angular na linha de pontaria.
Assim, as vibrações do segmento corporal envolvido na sustentação da arma são
resultados de todos os movimentos acima mencionados. A localização do ponto de impacto
sobre o alvo e, consequentemente, o desempenho do próprio atleta, dependem da amplitude
dessas vibrações, assim como da posição e da direção do cano da arma no momento do tiro
(ZANEVSKYY et al., 2010) e também do desvio angular provocado pela posição e força de
ação do dedo indicador sobre o gatilho (YUREV, 1993; ANTAL, 1989).
Conforme estudos de TANG et al. (2008), NORMAN et al. (1999) e LAKIE (2010)
acelerômetros são utilizados para estimar variáveis cinemáticas relacionadas às vibrações
oriundas do tremor, visando descrever os movimentos dos segmentos corporais durante o tiro.
Por isso, é usual a utilização de sistemas optoeletrônicos, tais como os simuladores de tiro,
para avaliar a flutuação do ponto de pontaria.

3
Estes simuladores, além de retratar a execução da prova e proporcionar informações
técnicas sobre o tiro (ZANEVSKYY et al., 2010), permitem extrair os dados temporais de
projeção da pontaria em coordenadas cartesianas (X, mediolateral; Y, vertical). Contudo,
algumas informações não são facilmente identificáveis no domínio do tempo
(NASCIMENTO, 1981). Deste modo esforços têm sido realizados para identificar padrões
espectrais destas projeções de pontaria dos atiradores de elite (TANG et al., 2008; LAKIE,
2010; ZATSIORSKY e AKTOV, 1990; PELLEGRINI et al., 2004).
Estas identificações ocorrem através da comparação entre energias nas mesmas bandas
de frequências, entretanto há pouco (TANG et al., 2008) relato sobre a distribuição de energia
em diferentes bandas. Compreender como os piores e melhores tiros e os diferentes níveis de
atiradores se relacionam com a vibração corporal poderá ajudar na adoção de estratégias
específicas de controle motor fino pelo atirador.
No que diz respeito à relação entre precisão no tiro e comportamento motor do atirador
durante esta atividade, estudos recentes têm sido baseados na análise inter-individual
(MONONEN et al., 2007; BALL et al., 2003a; BALL et al., 2003b). Sabe-se que são muitas
as variáveis que compõem o tiro e que influenciam o resultado esportivo ou laboral, e que elas
coexistem simultaneamente, tais como a posição de tiro e os correspodendentes parâmetros
estabilométricos (GIANIKELLIS e DURA, 2001), estabilidade postural e os índices de
flutuabilidade do ponto de pontaria (ANTAL, 1989; TANG et al., 2008; PELLEGRINI e
SCHENA, 2005; ERA et al., 1996), o acionamento do gatilho e a respectiva força e
progressividade deste acionamento (ANTAL, 1989; YUREV, 1993; ZATSIORSKY e
AKTOV, 1990), dentre outros.
Porém, a relação entre estas variáveis que descrevem um tiro depende de duas formas
de análise. A primeira delas, a análise isolada da variável, representa o nível de domínio que o
atirador exerce sobre cada uma delas separadamente e a segunda diz respeito ao
comportamento simultâneo destas variáveis e a relação entre estas ao longo dos tiros de cada
indivíduo (MONONEN et al., 2007). Algumas destas variáveis geram uma influência sobre o
resultado ou o comportamento de outros parâmetros técnicos de tiro. Evidencia-se deste
modo, que as duas formas de análise das variáveis são independentes uma da outra. Contudo,
é importante analisá-las simultaneamente.
A análise simultânea da similaridade de dois sinais temporais independentes e
possivelmente correlatos é usualmente realizada pela função de correlação cruzada. A análise
de correlação cruzada avalia o quão bem um dado sinal está correlacionado com outro em um

4
momento no passado, presente e futuro (WINTER, 2009). Este tipo de função é mais usado
para determinar o tempo de atraso entre dois sinais eletromiográficos (KAMEN e GABRIEL,
2010). A força e polaridade desta relação são dadas pelo coeficiente de correlação e pelo sinal
respectivamente. Os valores mais altos indicam a força desta correlação, enquanto o sinal
indica se as variáveis “x” e “y” estão aumentando e decrescendo juntas (correlação positiva)
ou se uma delas está diminuindo enquanto a outra está decrescendo (correlação negativa). O
coeficiente de correlação é um número adimensional normalizado, variando entre -1 e +1
(WINTER, 2009). A correlação cruzada entre a flutuação do ponto de pontaria do sensor
óptico e a oscilação postural identificada no estabilograma para cada tiro executado de cada
atirador, além do atraso correspondente ao pico desta correlação, considerado como o
estimador da latência entre estes dois sinais, possibilitará verificar uma possível peculiaridade
técnica por atirador, por grupo amostral e por eixo (X e Y).
As posturas mecanicamente instáveis adotadas pelos atiradores são consequências de
seus constantes ajustes para alinhar os olhos nas miras da pistola e devem refletir,
possivelmente, em diferenças no CP e variações da flutuação do ponto de pontaria. Contudo,
não se pode restringir em apenas aceitar esta diferença. É imprescindível analisar as variáveis
biomecânicas que diferenciam os níveis de desempenho e, por conseguinte, transformar estas
diferenças em novos conceitos para o treinamento do tiro e na forma de analisar e interpretar a
ação motora.
Outro importante fator a respeito da análise de sinais das variáveis biomecânicas, tais
como estabilometria e tremor, é que técnicas de processamento de sinais e de reconhecimento
de padrões motores não se adaptam satisfatoriamente a quaisquer estruturas de dados, o que
dificulta o seu uso e propicia a ocorrência de erros na interpretação dos resultados (QUISPE,
2005).
Deste modo, fez-se necessário um estudo acerca do uso de uma ferramenta espectral
como variável de identificação de atiradores de elite, bem como dos seus melhores
desempenhos. Para tanto, julga-se necessário identificar os melhores e piores disparos de cada
atirador, considerando a projeção da pontaria nos eixos X (Dev_X) e Y (Dev_Y) sobre o alvo
e investigar a correlação dos sinais estabilométricos nas direções perpendicular e paralela à
linha de tiro com os sinais de flutuação do ponto de pontaria nos eixos X e Y respectivamente.

1.1 - OBJETIVO GERAL


O objetivo deste estudo foi validar a frequência mediana espectral do sinal de
flutuação da pontaria como variável de identificação de atiradores de elite, bem como dos
5
seus melhores desempenhos e investigar a influência dos sinais estabilométricos sobre os
sinais de flutuação do ponto de pontaria.

1.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS


- Comparar o desempenho dos dois grupos de atiradores em tarefa de tiro pré-
determinada;
- Investigar a frequência mediana espectral do sinal de flutuação do ponto de pontaria
como variável de identificação do nível dos atiradores e como variável de desempenho no
tiro;
- Caracterizar as variáveis clássicas da estabilometria em situação normal sem desafio e
em situação de tiro;
- Analisar, simultaneamente, os sinais oriundos das projeções cartesianas das flutuações
do ponto de pontaria nos eixos X e Y e das oscilações do CP nas direções perpendicular e
paralela à linha de tiro respectivamente por meio da função de correlação cruzada entre estes
sinais.

1.3 - HIPÓTESES
Como o foco do estudo em questão está direcionado para a descrição do padrão de
movimento do atirador, estima-se que isto possa ser realizado por meio da frequência mediana
espectral do sinal de flutuação da pontaria.
Admite-se que durante o momento de estabilização da pontaria, todos os movimentos
corporais do atirador estejam sendo transferidos para a arma e que seja possível a ocorrência
de diferenças na distribuição de energia em diferentes bandas de frequência entre os piores e
melhores tiros e entre os diferentes níveis de atiradores.
Segundo TANG et al. (2008), o atirador deve se esforçar para minimizar os movimentos
indesejáveis do corpo como um todo e de seus segmentos. Neste contexto, o balanço da arma
não é apenas um resultado das movimentações das articulações do punho e do ombro, mas
também da estabilidade do corpo. Este balanço pode ser uma consequência mecânica do
aumento do atraso de correlação entre oscilação do ponto de pontaria e do deslocamento do
CP na tentativa de controlar a postura. Espera-se ainda que esta correlação entre os sinais
ocorra em planos longitudinais, ou seja, que o estabilograma paralelo à linha de tiro exerça
uma influência sobre a flutuabilidade da pontaria na direção do eixo Y do alvo e o

6
estabilograma perpendicular à linha de tiro exerça alguma influência sobre a flutuabilidade da
pontaria no eixo X do alvo.

1.4 - VARIÁVEIS
Considerando que o objetivo do estudo é validar a frequência mediana espectral do
sinal de flutuação do ponto de pontaria como variável de identificação de atiradores de elite,
como também de seus desempenhos e correlacionar os sinais estabilométricos aos sinais de
flutuação do ponto de pontaria, foram estabelecidas as seguintes variáveis:
- Sensor Óptico: flutuação da pontaria nos eixos X e Y no domínio do tempo e da
frequência:
 Amplitude de movimento da flutuação da pontaria quantificada como o desvio-
padrão (Dev) da série temporal de deslocamentos nos eixos X e Y,
respectivamente Dev_X e Dev_Y.
 Frequência mediana espectral da flutuação da pontaria nos eixos X e Y,
respectivamente, FMed_X e FMed_Y.
- Estabilométricas: parâmetros de movimento do CP quantificados na série temporal nas
direções perpendicular à linha de tiro (CPx) e paralela à linha de tiro (CPy).

1.5 - ESTRUTURA DO TRABALHO


O capítulo 2 apresentará uma revisão de literatura sobre os fundamentos técnicos do
tiro de pistola, sobre o mecanismo de regulação do equilíbrio corporal na posição de tiro, bem
como os sinais de flutuação da pontaria.
O capítulo 3 será dedicado à instrumentação utilizada, ao protocolo experimental e à
análise e processamento de sinais registrados. O processamento de sinais foi realizado a partir
das ferramentas matemáticas de função de correlação cruzada, da magnitude da transformada
discreta de Fourier e da frequência mediana espectral (FMed).
No capítulo 4, os resultados serão apresentados a fim de serem discutidos no capítulo
seguinte, acompanhado das conclusões e sugestões de continuidade.

7
CAPÍTULO 2

REVISÃO DE LITERATURA
Este capítulo é dedicado à revisão de literatura onde serão apresentados os conceitos
relevantes sobre os fundamentos técnicos de tiro, o sensor óptico, a estabilometria, o tremor
fisiológico e a interação entre os sinais extraídos da plataforma de equilíbrio e o sensor
optoeletrônico.

2.1 - Tiro de Pistola


O tiro é um esporte olímpico com mais de 15 diferentes categorias (BALL, 2003) além
de ser uma prática comum e essencial nas Forças Armadas e Polícias Militar, Civil e Federal.
O foco principal dos estudos de tiro é a identificação dos determinantes do seu sucesso e para
isso é necessário conhecer os padrões motores do tiro, identificando a natureza da
instabilidade postural e sua influência sobre o desempenho.
O disparo com uma arma de fogo é uma tarefa complexa e multifacetada, sendo
influenciada pelo meio-ambiente (TANG et al., 2008; BACA e KORNFEIND,2010), pelas
variações dos equipamentos (BACA e KORNFEIND, 2010; READING et al., 1994) e pelas
qualidades físicas (BACA e KORNFEIND, 2010, KRASILSHCHIKOV et al., 2007),
psicológicas (TREMAYNE e BARRY, 2001) e cognitivas do atirador (GOONETILLEKE et
al., 2009).

2.1.1 - Fundamentos Técnicos do Tiro


O desempenho no tiro depende do desenvolvimento de seus fundamentos técnicos. Os
fundamentos básicos citados por YURYEV (1985) são divididos em: empunhadura da pistola
e tomada da posição de tiro, pontaria, controle da respiração e acionamento do gatilho.
Todas as etapas que envolvem o tiro de pistola devem ser executadas sem prejudicar o
alinhamento das miras (KONTTINEN et al., 1998; MONONEN et al., 2003; GIANIKELLIS,
2000). Esta sequência combinada de ações faz do tiro uma modalidade atlética ou atividade
profissional complexa que requer o domínio de todas estas etapas.

2.1.1.1 - Empunhadura da pistola e Tomada da posição de tiro


A tomada da posição de tiro tem por objetivo atingir um nível ótimo de estabilidade do
corpo e da pontaria. Muitos pesquisadores, com o intuito de melhor compreender os

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mecanismos básicos relacionados à habilidade do tiro, identificaram que a estabilização
postural (ERA et al., 1996; MINVIELLE e AUDIFFERN, 2000; BALL et al., 2003a) e a
estabilização do armamento (KONTTINEN et al., 1998; BALL et al., 2003a; PELLEGRINI e
SCHENA, 2005) são fatores determinantes para o êxito na precisão do disparo.
A adequada adoção da posição de tiro propicia menor instabilidade do cano da arma
(YURYEV, 1985). O grau desta estabilidade permite discriminar os tiros de elevada e baixa
pontuação entre os atiradores de elite e os novatos (KONTTINEN et al., 1998; MONONEN et
al., 2003).
A empunhadura é um dos mais importantes fundamentos do tiro (HEADQUARTER,
2003). A arma deve tornar-se uma extensão da mão, isto é, o atirador deve sentir a arma como
parte integrante de seu corpo. A pegada que envolve a pistola deve ser firme e a distribuição
de força uniforme. A pegada no tiro de combate é diferente do tiro esportivo. Para se obter
maior estabilidade de pontaria em combate, o atirador, primeiramente, segura com uma das
mãos (mão direita para o destro) (Figura 2.1.a) e depois a mão esquerda sobre a anterior
(Figura 2.1.b). Contudo, atiradores esportivos, limitados pela regra, são obrigados a empunhar
a pistola com apenas uma das mãos, conforme se pode identificar também na Figura 2.1.a.

Figura 2.1.a - Empunhadura com uma das mãos para o atirador destro, usada em tiro esportivo. b - Empunhadura
do atirador de combate.

As posições de tiro devem ser naturais e para isso, sessões práticas são conduzidas a
fim de se tornarem uma ação motora habitual, de rápida execução e sem esforço consciente. A
tomada de posição de tiro equilibrada permitirá ao atirador desenvolver uma pontaria ótima
(Figura 2.2).

9
Figura 2.2 - Posição de tiro em competição de Fogo Central: pernas afastadas e joelhos não-flexionados e com a
direção anteroposterior do corpo alinhada com a direção de tiro.

A tomada da posição de tiro deve ser suficientemente boa a fim de minimizar os


efeitos deletérios da transferência da instabilidade postural para a arma. A habilidade de
manter a estabilidade do cano do armamento tem sido considerada como um dos mais
importantes determinantes do desempenho no tiro (KONTTINEN et al., 1998;
ZATZIORSKY e AKTOV, 1990). Esta estabilidade do cano facilita a realização da pontaria e
a minimização do desalinhamento das miras.

2.1.1.2 - Pontaria
Após realizada a tomada da posição de tiro e tendo empunhado corretamente a pistola,
o próximo passo é direcionar a pistola para o alvo a fim de realizar a pontaria. Pontaria é o
alinhamento do olho com as miras (Figura 2.3) e estas com o alvo (CARKEET et al., 1996).
O tempo total de pontaria é definido como o tempo do primeiro momento que o ponto
de pontaria da arma vai de encontro ao alvo até o momento do disparo (BALL, 1999).

Figura 2.3 – Esquema do enquadramento e alinhamento das miras em horizontalidade e verticalidade: alça de
mira e maça de mira.

10
Um dos pré-requisitos para o sucesso no tiro é o mínimo movimento do cano da arma
durante a fase de pontaria (ZATZIORSKY e AKTOV, 1990; BALL et al., 2003b;
MONONEN et al., 2003).
As pistolas a serem utilizadas neste experimento possuem um sistema de miras
chamada de mira aberta (Figura 2.4), cujo mecanismo de pontaria é baseado no alinhamento
das extremidades da pistola com a centralização da maça de mira na alça de mira (Figura 2.5).

Figura 2.4 - Pistola Walther com alça e maça de mira representando um sistema aberto de pontaria.

Estas duas peças, alça de mira e maça de mira, que constituem o sistema de pontaria
são solidárias ao armamento e permanecem imóveis durante a execução do tiro (Figura 2.3).
A alça de mira está localizada na parte de trás do armamento e a maça de mira na parte da
frente. As armas esportivas, tal como o modelo exemplificado na Figura 2.5, permitem a
calibração da pontaria em todo o plano dos eixos vertical e horizontal. As miras devem estar
alinhadas horizontal e verticalmente a fim de promover o direcionamento em lateralidade e
elevação, respectivamente, e formar a linha de mira. A linha de mira é a linha imaginária que
une o olho à maça de mira, passando pela alça. Ela é responsável pelo alinhamento do
armamento com a direção de tiro. Qualquer erro de desalinhamento provoca um desvio
angular do ponto de impacto no alvo em relação ao ponto visado durante a pontaria
(EXÉRCITO BRASILEIRO, 2003).

11
Figura 2.5 – Enquadramento do mecanismo de pontaria da pistola Walther.

O alinhamento do olho com as miras (alça de mira e maça de mira) é conhecido


tecnicamente como linha de mira e o alinhamento da linha de mira com o alvo é a linha de
visada (Figura 2.6), quer esteja este conjunto sobre ou sob o alvo.
Este curto raio de visão da pistola, representado pela distância entre a alça e maça de
mira (HEADQUARTER, 2005), dificulta a estabilização mais precisa da pontaria, quando
comparado ao fuzil.

Figura 2.6 – Esboço da Linha de visada: alinhamento das vistas do atirador com as miras e com o alvo.

Percebe-se pela Figura 2.7 que o desalinhamento das miras pode ser vertical ou
horizontal, provocando um deslocamento acima ou abaixo e a esquerda ou a direita do alvo
respectivamente. O desalinhamento das miras pode ser em elevação ou em horizontalidade
(Figura 2.7). A magnitude do desvio de pontaria é de 150 vezes sobre o alvo na distância de
50 m para o tiro de pistola (HEADQUARTER, 2003), isto é, um erro de 0,1 polegada (0,254

12
mm) corresponde a um desvio de pontaria suficiente para errar o alvo, cujo raio externo é de
38,1 cm.

Figura 2.7 - Resultado do desalinhamento vertical e horizontal das miras sob o alvo.

Este tipo de erro pode causar um efeito letal no tiro executado por um militar (Figura
2.8) ou de perda de posições no pódio, quando o disparo é efetuado por um atleta. No caso da
prova de pistola de ar, cuja distância para o alvo é de 10 m e a munição utilizada tem um
calibre de 4,5 mm, o desvio angular superior a 0,016º provoca um desvio linear sobre alvo de
5 mm, que corresponde a um tiro fora da zona do dez (ZATSIORSKY e AKTOV, 1990).

Figura 2.8 - Resultado do desalinhamento horizontal das miras sob o alvo.

Em alguns casos, estes desalinhamentos são provocados pela estratégia de pontaria, ou


em alguns casos, são resultados da flutuação excessiva da pontaria causada por inexperiência
do atirador, falta de força isométrica ou erro no acionamento do gatilho. Quando se realiza
uma estratégia de interceptação do alvo e o atleta não for experiente pode provocar um
acionamento do gatilho irregular e, consequentemente, o desalinhamento das miras. Neste
sentido, ZATSIORSKY e AKTOV (1990) constataram que, quanto maior o nível de
habilidade do atirador, menor será a flutuação da pontaria do fuzil.

13
Há duas variantes possíveis para realizar a pontaria sobre o alvo: pela fixação da linha
de mira no alvo logo antes do tiro (“estratégia de fixação") e pelo tempo correto do
movimento, onde o gatilho será pressionado apenas no momento em que a linha de visada
intercepta o centro do alvo (“estratégia de interceptação") (ZATSIORSKY e AKTOV, 1990).
ZATSIORSKY e AKTOV (1990) afirmaram que os atiradores altamente qualificados
utilizam alguma "estratégia de fixação". Por outro lado, atiradores menos hábeis usam uma
"estratégia de interceptação". A estratégia de interceptação do alvo pode provocar uma ação
mais brusca de desalinhar as miras ao acionar o gatilho e consequentemente, de desvio de
pontaria.
Uma das grandes dificuldades do tiro recai no momento de realizar a pontaria ou o
alinhamento olho-miras-alvo (CARKEET et al., 1996). O alinhamento das miras é essencial
para a precisão do tiro, principalmente para as provas com armas curtas, como é o caso da
pistola. Isto de se deve por causa do curto raio de visão, diferentemente do fuzil, que possui
maior raio de visão (HEADQUARTER, 2005). Este raio de visão é representado pela
distância entre a alça e maça de mira.

2.1.1.3 - Controle da respiração


Após a adoção de uma postura de tiro equilibrada e tendo iniciado o processo de
pontaria, o disparo ocorre no momento em que a flutuação do ponto de pontaria é minimizado
e a linha de mira é projetada sobre o local desejado do alvo. Para tal fim, o ritmo respiratório
deve ser reduzido paulatinamente até ser bloqueado momentos antes do disparo.
O correto método de respirar é uma parte essencial do sistema de controle do tiro.
Uma técnica de respiração incorreta tem um efeito adverso sobre a pontaria, especialmente se
a concentração é perturbada por detecção da necessidade de respirar (U.S. ARMY, 1979). A
respiração é acompanhada pelo movimento rítmico do tórax, abdômen e ombros. Isso faz com
que a pistola se movimente excessivamente, o que torna quase impossível produzir um tiro
preciso. Portanto, não se deve, simultaneamente, respirar e tentar disparar, mas deve-se
esforçar para conter a respiração por um curto período de tempo (U.S. ARMY, 1979). Os
olhos estão entre os primeiros órgãos a notar a falta de oxigênio (Canadian Armed Forces,
2001) ou hipóxia. Como o dióxido de carbono acumula-se nos pulmões, parar de respirar por
um período superior a seis segundos (U.S. ARMY, 1979) ou oito a dez segundos
(EXÉRCITO BRASILEIRO, 2003) desencadeia uma resposta respiratória que gera sensações
desagradáveis no atirador (U.S. ARMY, 1979). Esta hipóxia afeta os músculos lisos e os

14
músculos ciliares dos olhos e de maneira excessiva reduz a capacidade de acomodação dos
olhos (ANTAL, 1989).
O acionamento do gatilho deve sair no momento da pausa respiratória existente entre a
expiração e a inspiração do ciclo respiratório. Neste momento, o diafragma estará mais
relaxado e diminuirá a oscilação do armamento. A respiração deve ser retida e este processo
se inicia no término da fase expiratória, quando então ao prolongar-se um pouco mais esta
fase, se realiza o acionamento do gatilho (Figura 2.9).

Figura 2.9: No ciclo respiratório, o disparo deve ocorrer no prolongamento da pausa respiratória.

Reforçando a idéia do controle da respiração e sua importância para o tiro, SILVA


(1997) realizou a análise espectral do CP medido em plataforma de força e verificou que os
movimentos corporais influenciados pela respiração constituem uma perturbação importante
para o sistema de controle postural e parecem não ser compensados totalmente pelo quadril e
tornozelo, pois os picos espectrais durante a respiração controlada são evidentes no eixo Y. O
eixo Y no estudo acima equivaleria, em nosso estudo, à direção paralela a linha de tiro.

2.1.1.4 - Acionamento do Gatilho


O movimento da pontaria e a sua posição descrevem a qualidade do desempenho no
tiro (KONTTINEN et al., 1998). O movimento da pontaria é determinado pela qualidade da
empunhadura, pela capacidade de sustentação do armamento e pela variabilidade da
frequência cardíaca e respiratória (MASON e BOND, 1989). Estes dados sugerem que quanto
mais deficiente for a empunhadura e a força isométrica de sustentação do armamento, maior
será a flutuação do ponto de pontaria. A posição da pontaria sobre o alvo é que indicará o
exato momento da puxada do gatilho e o consequente ponto de impacto. Observa-se que um

15
excessivo movimento no alinhamento das miras e a incapacidade de sustentação da pistola
dificultarão a escolha do momento mais adequado ao disparo.
Como pôde se observar, todas as ações motoras pregressas ao disparo influenciam o
acionamento do gatilho. Caso o acionamento seja muito brusco (MONONEN et al., 2003) e o
posicionamento do dedo sobre o gatilho seja muito prolongado ou insuficiente, como
mostrado na Figura 2.10, ocorrerá um desvio da pontaria sobre a linha do alvo. Por este
motivo, muitos especialistas (YURYEV, 1985; U.S. ARMY, 1979) afirmam que, dentre os
fundamentos do tiro, o mais importante é o acionamento do gatilho.

Figura 2. 10 – Região do dedo que traciona o gatilho para trás (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2003).

A pressão sobre o gatilho deve ser progressiva, suave, sem movimentos bruscos dos
segmentos corporais, para a retaguarda e na mesma direção do cano da arma (sem vetores
laterais). Recomenda-se que o dedo indicador toque a parte central da tecla do gatilho com a
região entre a parte média da falange distal e a sua interseção com a falange média (Figura
2.10).
A força isométrica de sustentação da pistola ajudará a manter a empunhadura firme
durante a compressão do gatilho. Isto possibilitará que o indicador movimente-se totalmente
independente da empunhadura, em consequência a posição estável será mantida sem desfazer
a pontaria (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2003).
Comparando-se com o tiro rápido, no tiro de precisão, o acionamento do gatilho é
precedido por um período maior de preparação, durante o qual são realizados ajustes finais na
fase que antecede o disparo. Um dos fatores mais importantes nesta fase é a habilidade do
atirador para alcançar e manter um estado de atenção e constância até a puxar o gatilho
(KONTTINEN et al., 1998). Há um consenso de opinião que este tipo de alerta não só

16
desempenha um papel importante no desempenho do tiro (KONTTINEN et al., 1998), mas
também reflete as diferentes estratégias entre atiradores altamente qualificados e menos
qualificados (KONTTINEN et al., 2000).
É comum nos segundos iniciais de ajuste da pontaria uma maior flutuação do ponto de
pontaria (PELLEGRINI e SCHENA, 2005). Contudo, o decréscimo na amplitude da flutuação
deve ser buscado para que o disparo ocorra. Este decréscimo é decorrente da estabilização do
complexo atirador-arma (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2003; U.S. ARMY, 1979; MONONEN
et al., 2003). Caso o disparo não ocorra em período inferior a 10 s de pontaria ocorrerá o
aumento na amplitude da oscilação corporal e na flutuação da pontaria como resultado do
processo de fadiga muscular e da apnéia excessiva (U.S. ARMY, 1979).
Analisando a Figura 2.11, pode-se depreender que a flutuação do ponto de pontaria
monitorado pelo sensor óptico varia ao longo do tempo nos eixos X e Y. O decréscimo na
amplitude da oscilação próximo a 1,5 s anterior ao disparo é resultado de uma menor
instabilidade do sistema motor do atirador e a obtenção de maior precisão na pontaria. É
necessário esperar uma redução da flutuação da pontaria para iniciar a ação sobre gatilho.

Figura 2.11 – Esquema básico da flutuação do ponto de pontaria acompanhando as variações nos eixos X (em
vermelho) e Y (em azul) ao longo de 3.7s antes do disparo extraído do programa de simulador de tiro NOPTEL.

Deste modo, foram destacados os principais aspectos constituintes dos fundamentos


técnicos do tiro e a associação destes com o tiro de pistola. Para obter o alinhamento correto
da pontaria, é necessário que o atirador empunhe a pistola de uma forma que garanta
segurança para iniciar a pressão sobre o gatilho. O delicado equilíbrio de alinhamento da
pontaria e a flutuação mínima de seu movimento podem ser facilmente perturbados se o

17
gatilho for acionado com pressão excessiva. Estes fundamentos técnicos podem ser
regularmente aperfeiçoados e avaliados com o uso do simulador de tiro.

2.2. Simulador de Tiro


Simulação é definida como um método técnico que possibilita representar
artificialmente uma atividade ou um evento real, por meio de um modelo (BE11-11). A
simulação possibilita levar ao usuário condições bem próximas do real com menor custo de
investimento, reproduzindo-a por meio de um sistema eletrônico, mecânico, hidráulico ou da
combinação destes (BE11-11).
Os treinamentos em simuladores de tiro são usados pelo Exército norte-americano
para desenvolver habilidades básicas e avançadas nos atiradores iniciantes e de elite e também
para monitorar o progresso e manter as habilidades técnicas adquiridas (PLATTE, 2008). Por
este motivo, os sistemas ópticos são bastante aplicados para simular o tiro e compreender a
influência das diversas alterações do corpo humano sobre a variabilidade da flutuação do
ponto de pontaria e o correspondente desempenho técnico-operacional (KONTTINEN et al.,
1995; HELIN et al., 1987).
Os sistemas de treinamento em simuladores são largamente usados em diferentes
modalidades esportivas de tiro para analisar e incrementar a estabilidade da arma e a precisão
da pontaria (ZANEVSKYY et al., 2009).
Outra vantagem destes sistemas é que eles possibilitam a seleção do trecho que se
deseja analisar. Por este motivo é possível encontrar estudos com diferentes tempos de
aquisição anterior ao disparo: 1 s (BALL et al., 2003), 2,5 s e 5 s (VIITASALO et al., 2001),
3 s (MONONEN et al., 2003; BALL et al., 2003), 4 s (GOODMAN et al., 2009), 5 s (BALL
et al., 2003; ZATSIORSKY e AKTOV et al., 1990), 7,5 s (ERA et al., 1996), e até mesmo 20
s (PELLEGRINI e SCHENA, 2005a).
BACA e KORNFEIND (2010) analisaram a estabilidade do processo de pontaria de
biatletas de elite por meio de simulador de tiro e equipamento de cinemetria para a
reconstrução da flutuação da pontaria em 2-D. Os autores explicam que a principal vantagem
do método a laser é que ele está diretamente relacionado ao resultado de tiro, enquanto no
método baseado em vídeo a vantagem está em dispensar os sensores ou dispositivos anexados
ao rifle ou ao atleta.
A utilização do simulador de tiro é muito variada e sua aplicação ao esporte e às forças
de segurança pública é essencial para o desenvolvimento técnico. Existem inúmeros modelos

18
e marcas de simulador de tiro e de empresas ligadas a produção de realidade virtual aplicada
ao tiro. Contudo, alguns programas, por limitação de seus recursos técnicos, não
disponibilizam a extração dos dados no formato ”txt” ou em extensões similares para que
sejam exportados para um ambiente computacional que permita o tratamento estatístico e a
análise no domínio da frequência, ou ainda, impossibilitam a seleção do trecho que se deseja
analisar, restringindo-se apenas à apresentação de dados parametrizados da série temporal.

2.3 - Equilíbrio Postural


Os simuladores de tiro são essenciais para o aperfeiçoamento da flutuação da pontaria.
Contudo, aperfeiçoar a pontaria do atirador sem se preocupar com o balanço corporal pode ser
um grande erro técnico, pois o equilíbrio corporal e a estabilidade do cano da arma são
componentes vitais que interagem entre si e influenciam no desempenho (MONONEN et al.,
2007).
Balanço é um termo comum, frequentemente usado por profissionais de saúde de
inúmeras especialiadades clínicas (POLLOCK et al., 2000). A palavra balanço é geralmente
associada a termos tais como estabilidade e controle postural (POLLOCK et al., 2000). A
avaliação do balanço corporal é normalmente efetuada em pacientes com déficits
neurológicos, desequilíbrios ortopédicos, desordens vestibulares (POLLOCK et al., 2000;
OLIVEIRA, 1993), geriátricas e farmacológicas (OLIVEIRA, 1993) e atletas (PERRIN et al.,
2002).
O termo equilíbrio, como usado em mecânica, é definido como o estado de um objeto
quando a resultante das forças (F) e momentos (M) de forças aplicadas sobre ele é igual a zero
(ΣF=0 e M=0) (POLLOCK et al., 2000). As forças que atuam sobre o corpo podem ser
classificadas em forças externas e forças internas (DUARTE e FREITAS, 2010). As forças
externas mais comuns que agem sobre o corpo humano são a força gravitacional e a força de
reação do solo que, durante a postura ereta, atua sobre os pés. As forças internas podem ser
perturbações balistocardíacas e respiratórias, ou ainda aquelas geradas pelas atividades
musculares, cuja função é a manutenção da postura ou a execução de alguma tarefa motora
(DUARTE e FREITAS, 2010).
O equilíbrio pode ser estático e dinâmico. O equilíbrio estático é a habilidade de
manter a base de suporte estável com o mínimo de movimento (HRYSOMALLIS, 2011). O
equilíbrio dinâmico pode ser considerado como a capacidade de executar uma tarefa,
mantendo ou recuperando uma posição estável (HRYSOMALLIS, 2011), ou a capacidade de

19
manter ou recuperar o equilíbrio em uma superfície instável (PAILLARD e NOE, 2006), com
movimentos mínimos e irrelevantes (HRYSOMALLIS, 2011).
A manutenção da postura em pé durante a posição bípede é uma tarefa exigente e
quando a base de suporte é reduzida e a massa corporal a ser controlada é relativamente
grande, a oscilação corporal tende a se acentuar (ERA et al., 1996). A habilidade de um
objeto balançar em situação estática está relacionada à posição do centro de gravidade e a área
da base de suporte daquele objeto (HALL, 2000). Segundo BARIN (citado por ERA et al.,
1996), são mais de 700 músculos com aproximadamente 200 graus de liberdade que devem
ser controlados durante a postura ortostática humana. Além disso, durante a posição normal
bípede e com os pés posicionados lado a lado, as oscilações de postura ocorrem
principalmente nos tornozelos. Se a oscilação corporal é maior ou, se a base de suporte é
estreita, é necessário alterar a base de suporte alterando o ângulo da articulação dos quadris
(ERA et al., 1996).
A manutenção do equilíbrio e da postura é o resultado das interações entre os sistemas
fisiológicos (SU et al., 2000). A informação sensorial acerca da postura é importante para a
manutenção e controle do equilíbrio. As principais fontes para esta informação são os
sistemas vestibulares, visual, proprioceptivo e somatosensorial (ERA et al., 1996). Estes
mecanismos de estabilização e manutenção postural exigem o gerenciamento da orientação
corporal no espaço pelo processamento central da visão, aferências somatocinestésica e
vestibular (HORAK, 2006). Por este motivo, dependendo da tarefa motora proposta, a
contribuição de cada um destes sistemas pode variar (ERA et al., 1996).
O sistema vestibular detecta as sensações de equilíbrio estático e dinâmico
(MARTINS, 2010). Os equilíbrios dinâmico e estático possuem as suas respectivas áreas
anatômicas de responsabilidade. Os canais semicirculares, parte funcional dos labirintos
membranosos, são os responsáveis pelo equilíbrio dinâmico e são denominados conforme a
sua orientação horizontal, vertical anterior e posterior (COSTA et al., 1994). Os órgãos
otolíticos, localizados nas vesículas, utrículo e sáculo, contribuem para a regulação do
equilíbrio estático do corpo e não apresentam praticamente o fenômeno da adaptação
(COSTA et al., 1994).
A informação sensorial sobre o controle postural e suas mudanças de equilíbrio
estático para dinâmico é abundante. Uma das formas mais comum de se investigar o controle
postural é avaliar o comportamento do corpo durante a postura ereta quieta, ou seja, a sua

20
oscilação (DUARTE e FREITAS, 2010). Esta avaliação pode ser qualitativa, pela observação,
e quantitativa, quando se faz uso de instrumentos de medição (DUARTE e FREITAS, 2010).
Os testes de equilíbrio envolvem diferentes desafios visuais (olhos abertos e fechados,
realidade virtual e imagens diferenciadas), táteis (base postural sob superfície dura ou sob
espuma), com variação de inclinação e acompanhados de variação na base de suporte (pés
unidos, afastados, unipodal e lado a lado) (VISSER et al., 2008).
A técnica utilizada para medir o sistema vestibular (BASTOS et al., 2005; RUBIRA et
al., 2010) e a oscilação corporal (DUARTE e FREITAS, 2010; VISSER et al., 2008) é a
posturografia. Esta técnica é dividida em posturografia estática, quando a postura ereta quieta
do voluntário é analisada e posturografia dinâmica, quando o intuito é analisar a resposta do
indivíduo diante de uma perturbação que lhe foi aplicada (DUARTE e FREITAS, 2010).
A medida posturográfica mais utilizada na avaliação do controle postural é o centro de
pressão (CP), que é o ponto de aplicação da resultante das forças verticais agindo sobre a
superfície de suporte (DUARTE e FREITAS, 2010; MOCHIZUKI e AMADIO, 2003). O CP
diferencia-se do centro de gravidade (CG) pelo fato do CP ser uma combinação da resposta
neuromuscular ao deslocamento do CG e da própria posição do CG (DUARTE e FREITAS,
2010).
O equipamento mais utilizado para mensurar o CP e extrair as suas variáveis é a
plataforma de força (DUARTE e FREITAS, 2010). A avaliação pode ser em plataforma de
força estática (estabilometria ou estatocinesiometria), dinâmica (posturografia dinâmica) e em
tapetes de baropodometria (DUARTE e FREITAS, 2010; MOCHIZUKI e AMADIO, 2003).
As principais variáveis utilizadas na investigação do controle postural extraídas do CP são
deslocamento da oscilação total, desvio-padrão, valor RMS (Root Mean Square), amplitude
de deslocamento do CP, velocidade média, área e velocidade média total (DUARTE e
FREITAS, 2010).
Estudos (SILVA et al., 2006; MELLO, 2009) sugerem que a velocidade é o parâmetro
mais adequado para representar a contribuição visual na postura ereta. Esta afirmação se
justifica pelo fato da informação sensorial fornecer informações mais precisas sobre a
velocidade do corpo do que sobre sua posição ou aceleração (KIEMEL et al., 2002).
A velocidade média de oscilação do CP é definida como sendo a distância percorrida
por unidade de tempo durante o tempo de amostragem, cuja frequência (fs) é igual à razão do
número de pontos (N) amostrados pelo período (T) (N/T). Nas equações (2.1), (2.2) e (2.3) os
índices xi e yi são as localizações do deslocamento do CP a cada ponto amostrado (i) nas

21
direções perpendicular e paralela à linha do alvo respectivamente. As equações da velocidade
de oscilação nas direções Vely (perpendicular à linha de tiro), Velx (paralela à linha de tiro) e
Velxy (velocidade média no plano xy) são obtidas pelas seguintes expressões (adaptado de
SILVA, 2005):

∑√

∑√

∑√

A estabilometria avalia o equilíbrio postural por meio da quantificação das oscilações


posturais na posição ortostática e envolve a monitorização dos deslocamentos do centro de
pressão (CP) nas direções lateral (X ou mediolateral) e anteroposterior (Y) (BASTOS et al.,
2005). Por sua vez, a baropodometria é uma técnica posturográfica que avalia os parâmetros
de equilíbrio e permite registrar variáveis associadas à pressão plantar (BASTOS et al., 2005).
O equilíbrio pode ser analisado por meio de parâmetros temporais e espectrais. Os
parâmetros temporais analisados pela estabilometria baseiam-se nas variáveis cinemáticas do
sinal (amplitude e velocidade de deslocamento) e os espaciais envolvem a quantificação da
área produzida pelas oscilações do centro de pressão do corpo sobre a base de suporte
projetado na plataforma de força (PRIETO et al., 1996). Sobre a análise postural por via
espectral, SOAMES e ATHA (1982) relataram que mais de 90% da energia nos movimentos
do CP durante a postura estável em pé está abaixo 2 Hz (SOAMES e ATHA, 1982). Cabe
ressaltar ainda que as entradas somatossensorial e proprioceptiva dos pés e tornozelos assim
como da visão (DIENER et al., 1984), são conhecidas por influenciar a postura sobretudo em
frequências de oscilação inferiores a 1 Hz (JEKA e LACKNER, 1994).
Dados experimentais mostraram que a postura adotada por atletas é mecanicamente
instável, sendo esta uma consequência das interações entre os segmentos do corpo
(GIANIKELLIS, 2000). Por este motivo a sintonia fina dos movimentos nas diferentes

22
articulações é necessária a fim de equilibrar a postura e minimizar as pequenas oscilações
corporais.
Em alguns esportes, os atletas de elite têm mostrado possuir capacidade de equilíbrio
superior aos atletas menos experientes (HRYSOMALLIS, 2011). Atiradores de nível
internacional de rifle apresentaram equilíbrio estático bípede superior aos atiradores de nível
nacional que por sua vez foram superiores aos atiradores iniciantes (NIINIMAA e McAVOY,
1983; ERA, 1996; KONTTINEN et al.,1999).
Compreendendo a importância desta variável, AALTO et al. (1990) avaliaram o CP
em equilíbrio estático sobre a plataforma de força durante aproximadamente 30 s em situação
de olhos abertos e fechados e com e sem vestimenta de competição. O equilíbrio estático de
atiradores de fuzil de elite (oito homens e duas mulheres) foi comparado com um grupo
controle (vinte e sete indivíduos) e encontrou níveis superiores de estabilidade corporal na
posição bípede para os atiradores de elite e melhor ainda quando eles utilizaram os trajes de
competição pesando 7-13,5 kg e calçados específicos de tiro.

2.3.1 - Oscilação do Centro de Pressão (CP) Corpo, Flutuação do Ponto de Pontaria (FPP) e
desempenho esportivo
Neste item serão descritos vários estudos que relacionam o CP e a FPP das armas
pistola e fuzil, mesmo sabendo que a postura de tiro adotada pelo atirador de pistola é
diferente para o atirador de fuzil. O intuito com este procedimento é enriquecer o conteúdo
para as análises e interações visando discussões complementares com o tiro de pistola.
Os parâmetros estabilométricos geralmente analisados nos estudos relacionados ao
atirador são deslocamento total, anteroposterior e mediolateral (SATTLECKER et al., 2007) e
velocidade média e máxima (BALL, 1999). Por sua vez, os parâmetros da flutuação do ponto
de pontaria monitorados por sensores ópticos, geralmente recaem sobre a amplitude total e
área (ZATZIORSKY e AKTOV, 1990). Porém, MONONEN et al., (2003) analisaram, por
meio de análise de componentes principais, 16 variáveis de desempenho e variabilidade
extraídas do simulador de tiro caracterizando as fases de estabilidade e precisão da pontaria,
acionamento do gatilho e tempo de pontaria sobre o alvo.
Estudos indicam que a estabilidade postural é um dos mais importantes fatores que
influenciam no desempenho (PERRIN et al., 2002), embora AALTO et al. (1990) tenham
sugerido que o balanço corporal é um parâmetro sem importância para o tiro de pistola e que
outras habilidades motoras exercem maior influência sobre o rendimento esportivo. Por vários

23
especialistas considerarem a estabilidade postural importante, prescreve-se que a primeira
tarefa dos atiradores esportivos seja identificar uma orientação do corpo que maximize o
controle postural, a estabilidade da pontaria e a progressividade do acionamento do gatilho
(HAWKINS e SEFTON, 2011).
A estabilidade postural durante o processo de pontaria é considerada como a
consequência da interação da gravidade com as propriedades mecânicas do sistema locomotor
do atirador (GIANIKELLIS et al., 2001). Atiradores e arqueiros tentam fazer uma postura
mais estável, passando a carga mecânica para as estruturas e elementos passivos do sistema
locomotor a fim de limitar a intervenção muscular (GIANIKELLIS et al., 2001).
Além do fator estabilidade postural, um dos pré-requisitos para o sucesso no tiro é o
movimento mínimo do cano da arma durante a fase de pontaria (ZATZIORSKY e AKTOV,
1990; BALL et al., 2003b; MONONEN et al., 2003; MASON et al., 1990; KONTTINEN et
al., 1998). A medida da estabilidade do mecanismo de pontaria, além de ser considerada
como um bom indicador de desempenho, parece explicar 80% dos resultados de um atirador
(HEINULA, 1996).
Neste contexto, vários estudos checaram a influência da oscilação corporal sobre o
desempenho de atiradores de fuzil, pistola e tiro com arco fazendo uso da plataforma de força
(NIIMA e McAVOY, 1983; MASON e PELGRIM, 1986; MASON et al., 1990; AALTO et
al., 1990; ERA et al., 1996; VIITASALO et al., 1999; BALL 1999; KONTTINEN et al.,
1999; SU et al., 2000; GIANIKELLIS et al., 2001; BALL et al., 2003a; BALL et al., 2003b;
MONONEN et al., 2007; HAWKINS e SEFTON, 2011) ou compararam a oscilação postural
de atletas de diversas modalidades desportivas (PERRIN et al., 2002; HRYSOMALLIS,
2011).
Alguns estudos realizaram a comparação da capacidade do equilíbrio corporal entre os
diferentes níveis de atletas de tiro. NIINIMA e McAVOY (1983) analisaram atletas de tiro de
fuzil (quatro homens), biatletas experientes (quatro homens), biatletas novatos (quatro
homens) e grupo controle (quatro homens). Todos os atletas foram submetidos ao teste
estabilométrico estático na postura ostóstatica na situação de repouso, durante a fase de
pontaria com 60 s de duração, antes e depois de 4 min de atividade extenuante. Todas as
medidas estabilométricas foram tomadas sobre plataforma de força, onde avaliaram o CP.
Atiradores experientes tiveram um equilíbrio superior aos atletas menos experientes nas
situações de repouso, durante a posição de tiro na fase de pontaria e também depois do
exercício exaustivo.

24
ERA et al. (1996) avaliaram atiradores de fuzil nível internacional (6 homens e 3
mulheres), nacional (8 homens) e novatos (7 homens). Todos os atletas foram submetidos ao
teste estabilométrico estático e também na situação de tiro. O balanço postural durante a série
de tiro foi extraído nos tempos correspondentes a 1,5 s e 7,5 s anterior ao disparo. Os
atiradores de nível internacional tiveram melhores resultados de equilíbrio que os demais
grupos e os atiradores de nível nacional obtiveram nível superior de equilíbrio quando
comparados aos atiradores novatos em todas as tomadas estabilométricas. KONTTINEN et al.
(1999) avaliaram a estabilometria estática e dinâmica (durante a fase de pontaria 6 s anterior
ao disparo) de atletas internacional (6 homens) e nacional (6 homens) e também concluíram
que os atiradores de nível internacional obtiveram melhores resultados de equilíbrio que os
atiradores de nível nacional.
Estes estudos sugerem que quanto melhor for o nível técnico do atirador de fuzil,
melhor será o equilíbrio em postura bípede estática (AALTO et al., 1990; NIINIMAA e
McAVOY, 1983) e dinâmica durante a fase de pontaria (ERA et al., 1996; KONTTINEN et
al., 1999). Adicionalmente, ERA et al. (1996) associaram o balanço corporal ao desempenho
no tiro e concluíram que, entre atiradores inexperientes de fuzil, o balanço postural avaliado
por ocasião da execução dos piores tiros foi significativamente inferior quando comparados
ao balanço postural analisado durante a execução dos melhores tiros (ERA et al., 1996).
Contudo, nenhuma associação foi encontrada entre os atiradores experientes (ERA et al.,
1996; BALL et al., 2003a).
Outros estudos buscaram associar a capacidade do equilíbrio corporal durante o tiro de
fuzil com a flutuação do ponto de pontaria monitorado por simulador de tiro e o desempenho
atingido por atiradores experientes e novatos (BALL et al., 2003a; MONONEN et al., 2007).
BALL et al. (2003a) avaliaram a estabilidade postural estática bipedal e dinâmica durante a
fase de pontaria (5 s, 3 s e 1 s anterior ao disparo), determinando o CP de seis atiradores de
fuzil (quatro homens e duas mulheres) sobre plataforma de equilíbrio e a FPP. Os resultados
sugerem que o equilíbrio corporal correlacionou-se ao resultado esportivo de quatro atletas e a
FPP de todos os seis atiradores. Contudo, MONONEN et al. (2007) concluíram que o
equilíbrio corporal correlacionou-se ao desempenho esportivo e com a FPP dos 58 atiradores
novatos avaliados durante a prova de tiro de fuzil, o mesmo não ocorrendo entre a FPP e
equilíbrio corporal. Para a avaliação do equilíbrio dinâmico foi considerado o tempo de 5 s
anterior ao disparo durante a fase de pontaria e a análise foi realizada intra-indivíduo e inter-

25
indivíduo. A principal constatação foi a de que o equilíbrio postural e a estabilidade do fuzil
foram relacionados à pontuação tiro, mas apenas ao nível inter-individual.
MASON et al. (1990) relataram que o grau de estabilidade do cano da arma permitiu
discriminar os tiros de elevado desempenho dos tiros de baixo desempenho tanto para os
atiradores novatos quanto para os atiradores de elite de fuzil, corroborando com outros
resultados (KONTTINEN et al., 1998; MONONEN et al., 2001; MONONEN et al., 2003).
Neste mesmo estudo, porém para o tiro de pistola, o balanço corporal foi responsável por 53%
da variabilidade no tiro de precisão de atiradores de elite (MASON et al., 1990). Para os
atiradores de elite, o balanço postural e a estabilidade da arma parecem ser fatores
relativamente independentes para explicar a precisão no tiro (MASON et al., 1990;
VIITASALO et al., 1999). Contudo, os atiradores de elite foram mais hábeis na manutenção
da estabilidade do fuzil durante a fase de pontaria que os atiradores novatos (VIITASALO et
al., 1999; KONTTINEN et al., 2000; MONONEN et al., 2003).
Observando a posição de estabilidade dos atiradores de pistola e de fuzil, não será
difícil entender a vantagem mecânica (relação entre braço de força e braço de resistência) dos
atiradores de arma longa e a consequente diferença da FPP entre o tiro de pistola e fuzil
(Figura 2.12).
A estabilização da arma para atiradores de pistola envolve a utilização de apenas um
braço, que se estende horizontalmente na parte frontal do corpo. Atiradores de fuzil adotam
uma posição de tiro com duplo apoio (os dois braços) e a arma pode ser bloqueada no peito,
ombro e braço. Além disso, muitos atiradores de fuzil adotam a posição do corpo mais
compacto e estável possível, com as partes do corpo interligadas e pressionando o cotovelo na
frente e na lateral do tronco. Isso efetivamente reduz os graus de liberdade do sistema corpo /
arma.
Isto reforça a afirmação de AALTO et al. (1990) que descreveram que os atiradores de
pistola apresentaram maiores intervalos de oscilação do corpo em comparação com os
atiradores de fuzil e sugere que a posição de tiro de pistola é menos estável, envolve mais
articulações e segmentos capazes de se moverem, permitindo maior movimento da arma e,
portanto, maior flutuação do ponto de pontaria. Adicionalmente, o tempo de pontaria pode
estar relacionado com esta posição também. Atiradores de fuzil são capazes de estabilizar
eficientemente a mesma posição por longos períodos. Atiradores de pistola, que se baseiam
mais na contração muscular sobre o braço para sustentar a pistola, podem não ser capazes de
manter esta posição de espera por longos períodos de tempo sem a produção de fadiga

26
muscular e o tremor torna-se um fator de qualidade durante esta fase de estabilidade da
pontaria (BALL, 1999).

Figura 2.12 – Esquema básico da posição de tiro com fuzil e pistola. Observa-se que o pistoleiro possui mais
graus de liberdade no sistema corpo / arma para controlar. (Modificado de Canadian Forces, 2001)

Estudos sobre a variabilidade do tiro de pistola são mais raros, quando comparado às
investigações acerca do tiro de fuzil. Geralmente, os estudos que focam a flutuação do ponto
de pontaria para a pistola, fazem associações ao estudo do tremor fisiológico. Há poucos
estudos que examinam a relação entre balanço postural e flutuação do ponto de pontaria
durante o tiro de pistola.
No estudo de BALL et al. (2003b), o foco do treinamento e pesquisa em tiro de pistola
centrou-se nas áreas de oscilação do corpo e tem como objetivo o ponto de flutuação da
pontaria. Neste estudo, cinco atiradores de elite pistola realizaram 20 disparos semelhantes às
condições de competição. Para cada tiro, parâmetros da oscilação corporal e de FPP foram
quantificados no último segundo anterior ao disparo. Os autores descobriram que o balanço
postural dos atiradores estava relacionado à precisão do tiro e a estabilidade da pontaria,
sendo que para os pistoleiros de elite, a precisão de tiro explicada a partir do equilíbrio
postural e da estabilidade da arma era individual, variando de 19% a 50%.
Nestas condições motoras mais difíceis aos pistoleiros, é evidente que os pequenos
movimentos do corpo e do complexo braço-pistola apresentam durante a fase de pontaria
pode desenvolver uma influência maior sobre o desempenho do tiro de pistola. Sob esta
hipótese seria interessante obter um melhor conhecimento dos padrões de movimento do
complexo antebraço-braço-pistola (PELLEGRINI e SCHENA, 2005).

27
PELLEGRINI e SCHENA (2005) inseriram marcadores reflexivos em cinco pontos
anatômicos (pescoço, ombro, cotovelo, punho e arma) e mediram o deslocamento horizontal e
vertical em quatro trechos (pescoço-ombro; ombro-cotovelo; cotovelo-punho; punho-arma)
em dois grupos de atiradores divididos segundo a sua habilidade técnica por meio da análise
cinemática. Observaram que todos os atiradores apresentaram maiores oscilações laterais
quando comparados aos verticais nos trechos considerados. Este fato sugeriu-lhes que o
complexo tronco-braço-pistola se move como se fosse uma peça rígida enquanto o atleta está
realizando a pontaria para o alvo. A amplitude de movimento foi quantificada como o desvio
padrão da série temporal do deslocamento. Este parâmetro forneceu uma medida de dispersão
em torno do valor médio e ofereceu uma estimativa de magnitude mais sólida que o simples
cálculo da média, a qual é influenciada pelos picos. Outro dado importante deste estudo foi
que, para caracterizar os parâmetros de FPP foi utilizado o método da análise espectral, a fim
de permitir caracterizar separadamente as diferentes oscilações dos tremores que estão
relacionadas a diferentes mecanismos.

2.4 - Tremor fisiológico associado ao atirador de pistola


O atirador na posição ortostática assume a posição de tiro com a mão que empunha a
arma afastada do corpo e sustentada pelo braço numa posição ortogonal à força da gravidade.
A mão realiza pequenos movimentos finos que requerem prática e habilidade e são
frequentemente dificultados por uma frequente e incontrolável agitação. Em um indivíduo
saudável, essa agitação é conhecida como tremor fisiológico (NICKEL, 1985). Tremor é um
movimento involuntário oscilatório rítmico de partes do corpo (DEUSCHL et al., 1998), com uma
frequência e amplitude relativamente fixa, o qual pode ser observado em indivíduos
saudáveis, bem como em pacientes com várias doenças (JAKUBOWSKI et al., 2001).
O tremor natural do corpo está presente em todos os indivíduos e ocorre seja em
repouso ou durante a manutenção postural (CALIL, 2009). Basicamente, há duas categorias
de tremores, o tremor normal e o tremor anormal. O tremor normal ou fisiológico, que está
presente em pessoas saudáveis, é assintomático e pode ser desencadeado pela exacerbação de
mecanismos fisiológicos durante períodos de fadiga ou pela excitação muscular ou medo,
sendo o resultado de inúmeros fatores, que incluem os batimentos cardíacos, as propriedades
do músculo estriado esquelético, o acionamento do neurônio motor e o ajuste por feedback do
fuso neuromuscular.

28
Existem outras maneiras de classificar os tremores, conforme a etiologia,
fenomenologia, freqüência e localização. Entretanto, o sistema de classificação mais
conhecido e aceito é o da Consensus Statement of the Movement Disorder Society (DEUSCHL et al., 1998). O
principal objetivo da declaração é estabelecer uma nomenclatura consistente sobre a
classificação de tremor, promovendo pesquisas com populações claramente definidas. O
tremor é classificado em três tipos: (1) de repouso; (2) de ação, que se subdivide em tremores
posturais, cinéticos e isométricos; e (3) combinados.
O tremor de ação ocorre durante a contração dos músculos envolvidos num
determinado gesto, o tremor de ação postural surge quando a ação muscular mantém uma
posição contra a gravidade e o tremor isométrico aparece quando o segmento afetado está
com a musculatura contraída sem que ocorra o deslocamento desse segmento corporal
(DEUSCHL et al. 1998). Os tremores postural e isométrico do atirador estão associados às
condições normais e exacerbadas comuns de ambientes competitivos e têm sido considerados
fisiológicos e descaracterizados de condições patológicas. Outros tipos de tremores, tais como
os de repouso, os combinados, os de ação cinética, o tremor intencional e o tremor de tarefa-
específica, apesar de surgirem em situações gestuais com características semelhantes à do
atirador, não serão considerados pelo fato de serem decorrentes de acometimentos patológicos
(DEUSCHL et al. 1998). Deste modo, o tremor específico característico do gesto motor do
atirador foi classificado em tremor de ação postural e isométrico, tendo em vista as
características do gesto motor do atirador.
O tremor fisiológico ocorre na frequência de 8-13 Hz (MATTOS, 1998; GRIMALDI e
MANTO, 2010) ou entre 7-11 Hz (TIMMER, 2000) e depende do tamanho da mão
(TIMMER, 2000). Esta faixa vibratória é justificada por refletir o ritmo do balistocardiograma
(MATTOS, 1998). Entende-se por balistocardiograma como sendo a vibração passiva dos
tecidos do corpo produzida pela atividade mecânica do coração (MATTOS, 1998). O tremor
fisiológico em indivíduos saudáveis pode ser sub-classificado considerando a presença de
picos espectrais nas séries temporais de EMG (TIMMER, 2000). Por este motivo, considera-
se que o batimento cardíaco estimula a mão em uma frequência em torno de 1 Hz (TIMMER,
2000).
Algumas partes do corpo são afetadas pelo tremor e listadas como sendo clinicamente
significativa por descrever a sua topografia: cabeça (queixo, face, língua e palato), membros
superiores (ombro, cotovelo, punho e dedos), tronco e membros inferiores (quadril, joelho,

29
articulação do tornozelo e dedos) (DEUSCHL et al., 1998). O tremor é classificado em
frequência baixa (4 Hz), média (4-7 Hz) e alta (> 7Hz) (DEUSCHL et al., 1998).
Embora existam classificações para os tipos de tremor e suas correspondentes faixas
de frequência em Hz, as frequências e amplitudes podem diferir substancialmente e, deste
modo, não é critério suficiente para um diagnóstico confiável para as diferentes doenças
relacionadas ao tremor (DEUSCHL et al., 1996). O tremor é intensificado consideravelmente
pela excitação ou esforço físico (DEUSCHL et al., 1996) e devido às numerosas etiologias
para tremor, uma classificação etiológica prática ou fisiológica não está válida (DEUSCHL et
al., 1998). Portanto, o padrão-ouro para a pesquisa do tremor permanece sendo a classificação
clínica dada pelo especialista após sucessivos exames e análises (DEUSCHL et al., 1998).
O tremor estabelece limites naturais para os movimentos de contração muscular da
mão, podendo impedir o posicionamento adequado deste segmento anatômico e dos dedos
variando os níveis de força em diferentes momentos do dia e de pessoa para pessoa (NICKEL,
1985). O tremor é uma manifestação flutuante e dependente do contexto, deste modo sugere-
se que a medição do tremor, se possível, seja realizada em ambiente que faça parte do
cotidiano do indivíduo e não em um laboratório de neurofisiologia (SPIEKER et al., 1998).
A capacidade de disparar está comprometida pelo movimento involuntário oriundo do
tremor fisiológico. A amplitude do tremor tem uma correlação inversa com o desempenho
apresentado no tiro (LAKIE, 2010) e, consequentemente, é importante identificar os fatores
que afetam este tremor. O aquecimento muscular local e a tensão aumentam a amplitude do
tremor, enquanto o resfriamento muscular local reduz. Os mecanismos fisiológicos por trás
dessas mudanças não são bem compreendidos, mas eles têm o potencial de afetar o
desempenho de tiro em indivíduos que se exercitam muito e / ou estão expostos a ambientes
extremos (LAKIE, 2010).
O tremor é frequentemente mensurado com a eletromiografia (EMG), acelerometria
(NORMAN et al., 1999) e por meio de giroscópio (GRIMALDI e MANTO, 2010). O uso de
EMG em vez de acelerometria tem uma vantagem decisiva: é possível não apenas quantificar
o tremor, mas também investigar o padrão de ativação dos músculos antagonistas, como os
extensores e flexores do antebraço (SPIEKER et al., 1998). O registro de tremor com
transdutores de deslocamento e velocidade é raramente citado, embora as tecnologias que
permitam esta precisa análise sejam disponíveis (NORMAN et al., 1999).
Alguns estudos utilizaram acelerômetros para estimar variáveis cinemáticas
relacionadas ao tremor, visando descrever os movimentos dos segmentos corporais durante o

30
tiro (TANG et al., 2008; LAKIE, 2010). Mesmo com baixo componente inercial e grande
largura de banda (CLEEVES, et al., 1987), os acelerômetros são menos sensíveis do que os
sistemas optoeletrônicos para captar os componentes de alta frequência (BEUTER e
EDWARDS, 1999). A filtragem passa-alta em acelerômetros piezoresistivos reduz
significativamente os desvios lentos (GRIMALDI e MANTO, 2010). A necessidade de uma
segunda integração para obter os valores de deslocamento e a necessidade de calibração
periódica são também considerados aspectos negativos. Outra desvantagem é o fato de que os
acelerômetros medem aceleração linear, enquanto que movimentos articulares são baseadas
principalmente em rotações de articulações (GRIMALDI e MANTO, 2010). Os dados
extraídos dos acelerômetros constituem uma combinação de aceleração linear, gravidade e
ruído (LUINGE e VELTINK, 2005).
NORMAN et al. (1999) compararam o funcionamento de quatro sistemas para analisar
o tremor em Parkinsonianos e verificaram que as medidas com acelerômetro não
corresponderam aos dados obtidos pelos outros dispositivos (sistema laser transdutor de
velocidade-LV; sistema laser transdutor de deslocamento-LD; Eletromiógrafo-EMG).
Notaram também que a amplitude medida pelos sistemas a laser apresentou alta correlação e
que o acelerômetro não foi capaz de capturar os componentes de baixa frequência do tremor
fisiológico dos pacientes avaliados. Além disso, cabe ressaltar que o acelerômetro é
normalmente contaminado pelas baixas frequências do balanço postural (FERDJALLAH et
al., 1999) e para cada integração realizada é preciso aplicar um filtro (CHERAGHIZANJANI
et al., 2011), o que pode conduzir à perda de algumas informações.
Além disso, foi observado que as variáveis deslocamento e velocidade trazem
informações relevantes de teor fisiológico, bem como sobre o tremor patológico, ao contrário
da aceleração (NORMAN et al.,. 1999). Por isso, é usual a utilização de sistemas
optoeletrônicos, tais como os simuladores de tiro, para avaliar a flutuação do ponto de
pontaria.
O processo de controle da arma deve interligar todos os elementos de técnica de tiro:
postura, controle da respiração e do acionamento do gatilho. No momento da estabilização
corporal e da pontaria, todos os movimentos mecânicos e fisiológicos do corpo do atirador
estão sendo transferidos para a arma. Estes movimentos são o tremor fisiológico da mão que
segura a arma e é reflexo do movimento de vibração do atleta e das partes de seu corpo que
surgem como resultado da contração de vários grupos musculares. Este reflexo motor ocorre
por conta da tentativa de equilibrar a ação das forças externas que atuam sobre o corpo

31
durante a fase de pontaria (ZANEVSKYY, 2010). Adicionalmente, durante a contração do
dedo indicador sobre a tecla do gatilho, vibrações oriundas da retirada da participação de
músculos da mão na tarefa de manter a arma em equilíbrio estático resultam em reação de
antecipação de 0,1 a 0,2 s com relação ao disparo (ZANEVSKYY, 2010).
Deste modo, as vibrações transmitidas para a arma são o resultado de todos os
movimentos acima mencionados. A localização do impacto sobre o alvo e, consequentemente,
o desempenho atlético, depende da amplitude destas vibrações, como também da posição e
orientação do cano da arma no momento do disparo (ZANEVSKYY, 2010).
READING et al. (1984) afirmam que um tremor típico de frio envolve todas as partes
do corpo, mas principalmente as extremidades. Devido à importância de realizar atividades
militares em ambiente de baixa temperatura e fazendo uso de armamento, estes pesquisadores
analisaram um grupo de militares (seis homens) realizando seis séries de dez tiros em
condições ambientais de baixa temperatura e condição neutra. Foram analisados os valores de
impacto sobre o alvo, desvios de pontaria nos eixo X e Y por meio de um simulador de tiro e
atividade eletromiográfica. Os resultados sugeriram que o tremor exibido pelos indivíduos
não geraram um efeito adverso no resultado do tiro e sobre o desvio da flutuação da pontaria
no eixo Y. Contudo, sobre a FPP no eixo X o tremor causado pelas baixas temperaturas gerou
influência negativa. Segundo os autores, o treinamento específico que os militares recebem
para realizar o treinamento militar operacional favorece o desempenho positivo na prova de
tiro.

2.5. Processamentos de sinais


O objetivo de usar métodos de análise de série temporal de dados sequenciais é obter
informações sobre a natureza do sistema de geração de dados (CHALLIS e KITNEY, 1991).
No presente estudo, o interesse reside em analisar o controle da pontaria medido pelo sensor
óptico, interagindo com o balanço corporal medido pela plataforma de equilíbrio. Assim,
pretende-se compreender a natureza da coordenação do atirador em realizar o movimento fino
de pontaria simultâneo à necessidade de controle do balanço postural.
A série temporal é uma sequência de observações sobre uma variável de interesse.
Esta variável é observada em pontos temporais discretos e geralmente espaçadas
equidistantemente (XUAN, 2004). A descrição do comportamento temporal deste fenômeno
gera uma sequência de variáveis aleatórias (XUAN, 2004) que permitem a análise por
diferentes métodos nos domínios do tempo e da frequência.

32
O primeiro passo em todas as abordagens de análise no domínio do tempo é verificar a
estacionaridade, porque, se o dado é estacionário, em seguida, muitas hipóteses
simplificadoras podem ser feitas. Em termos gerais, utiliza-se o conceito de estacionariedade
no sentido amplo (SHIAVI, 1999), em que uma série de tempo é dita estacionária se não
houver mudança sistemática na média (sem tendência) e variância (largura igual). Mais
especificamente, se a série temporal é estacionária, pode ser mostrada que a sua função de
valor médio é uma constante e a autocorrelação entre quaisquer dois pontos no tempo da série
depende apenas da distância entre elas (XUAN, 2004).
Diferentes medidas no domínio do tempo podem caracterizar o sinal, tais como a
média, variância, desvio padrão e valor RMS (root mean square). Estas medidas são usadas
em procedimentos matemáticos que enfatizam o comportamento periódico dos sinais. Estes
procedimentos são a média coerente, as funções de correlação cruzada e a autocorrelação
(ANDRADE, 1998).
Para a análise quantitativa de sinais biológicos geralmente se utiliza a análise
espectral, pois este tipo de método permite a visualização de características que não são
notáveis em sinais no domínio do tempo (VASCONCELOS, 2007). A estimação espectral de
sinais aleatórios ou determinísticos é frequentemente realizada por procedimentos baseados
na transformada rápida de Fourier (FFT) (BOKEHI et al., 1994) e por DFT (Transformada
Discreta de Fourier). A FFT é uma técnica que possibilita avaliar DFT de forma mais rápida e
com menor esforço computacional (ENGIN, 2007).
A transformada dicreta de Fourier (DFT) deve ser usada para sinais constituídos por
dados amostrados em intervalos espaçados. Este sinal contínuo pode ser reconstruído sem
perda de informação se a frequência de amostragem for maior do que o dobro do componente
de maior frequência do sinal (Teorema de Nyquist), para evitar o efeito aliasing (GRIMALDI
e MANTO, 2010).
A FFT pressupõe sempre que os dados sejam periódicos e como consequência, a FFT
pode se tornar imprecisa à medida que se aproxima das extremidades positiva e negativa do
eixo das frequências. O sinal analisado por FFT é linearmente decomposto em combinação de
senos e cossenos. A relação entre o tempo de resolução e frequência deste método pode não
mostrar a presença de oscilações locais no sinal, o que pode omitir informações importantes
para a compreensão do sinal biológico de interesse (GRIMALDI e MANTO, 2010).
Normalmente, os métodos de análise espectral baseados no emprego direto da FFT
sobre os sinais no tempo se utilizam de técnicas de janelamento do sinal, para redução do

33
efeito de truncamento do sinal para a análise. Adicionalmente, utilizam-se médias de vários
espectros, a fim de reduzir a variância das estimativas espectrais. Um espectro de potência é
obtido a partir do quadrado de espectro de magnitude de cada FFT obtida, para então se obter
o espectro médio (SHIAVI, 1999). Assim, uma forma de se reduzir a variabilidade estatística
da estimação espectral via FFT é aplicá-la ao sinal completo em segmentos de curta duração.
Contudo, a redução da variabilidade obtida por este procedimento implica na perda de
resolução espectral. Adicionalmente, para se reduzir o efeito do espalhamento de energia
pelas componentes espectrais vizinhas decorrentes da segmentação, pode-se aplicar janelas
"anti-leakage" (decaimento suave) (BOKEHI et al., 1994).
Alternativamente, a determinação do espectro de potência pode ser obtida pela FFT da
função de autocorrelação ou por modelagem autorregressiva. O método paramétrico
autorregressivo (AR) é assim denominado uma vez que relaciona o valor do sinal em um dado
instante de tempo com seus valores em momentos anteriores (LOPES DA SILVA e MARS,
1987, apud BOKEHI et al., 1994). Os métodos modernos de estimativa espectral baseados em
modelagem autorregressiva, podem ser vantajosos, pois são mais adequados para sinais de
curta duração (SHIAVI, 1999).
Quando o estudo envolve fenômenos não estacionários, nos quais espera-se que as
características espectrais do sinal variem ao longo do tempo, a análise pode ser efetuada por
meio de métodos de análise tempo-frequência, que fornece informações interessantes e
significativas para a prática clínica diária (GRIMALDI e MANTO, 2010).
Sinais oriundos de sensores diversos podem ser analisados por qualquer método capaz
de evidenciar, dentro de um contexto específico, as características de interesse destes sinais. A
utilização de métodos paramétricos na análise do sinal permite a detecção de uma variedade
de características (BOKEHI et al., 1994). Nesse sentido, alguns esforços foram feitos para
identificar padrões espectrais das oscilações que caracterizasse a pontaria em atiradores de
elite (TANG et al., 2008; LAKIE, 2010; ZATSIORSKY e AKTOV, 1990; PELLEGRINI e
SCHENA, 2004). Da mesma forma, estudos relacionados à análise do sinal de tremor
fisiológico foram realizados por métodos no domínio da frequência.
A análise espectral do sinal do tremor fisiológico tem sido utilizada porque o conteúdo
de informações extraído por via espectral é mais rico em informações do que a forma de onda
original (GRIMALDI e MANTO, 2010). Além da FFT, outra técnica que pode fornecer
informações úteis para o tremor humano é a análise de segmentos curtos de dados que pode

34
ser realizada pelo método de autorregressivo da análise espectral, pois a maioria dos tremores
não é periódica (GRIMALDI e MANTO, 2010).
Para a análise do tremor humano, alguns parâmetros são normalmente extraídos.
Dentre estes pode-se citar a forma do espectro com a identificação de múltiplos picos ou
apenas um; o pico de frequência; frequência mediana; densidade do espectro de frequência
(PSD), particularmente em bandas de 1-20 Hz e 1-33 Hz com identificação da intensidade de
pico, potência em bandas de frequência específica (banda : 8-13 Hz, ß1: 13-20 Hz, ß2: 20-26
Hz, ß3: 26-33 Hz); Fator de Crista (frequência de pico/RMS); frequência central (F50); índice
harmônico; e frequência de oscilação (GRIMALDI e MANTO, 2010). A atividade de tremor
pode ser decomposta em duas componentes: uma determinística ou não aleatória e outra
estocástica.
Tem havido tentativas para separar estes tremores com técnicas objetivas através da
medição da aceleração das mãos e da aplicação de características simples da descrição
espectral convencional - valor de pico e frequência de pico da função densidade espectral de
potência (PSD) (JAKUBOWSKI et al., 2001). No entanto, não há uma clara separação do que
estes métodos são capazes de encontrar, ou seja, nenhum destes parâmetros auxilia na decisão
de qual tipo de forma de tremor patológico está presente (TIMMER et al., 1993). A tarefa
natural é, então, dupla: explorar outras características PSD e aplicar descrições matemáticas
extraindo novas informações a partir de dados existentes (JAKUBOWSKI et al., 2001).

2.6. Interpolação
O método matemático da interpolação é uma ferramenta empregada em sinais
discretos, com o objetivo de ampliar o número de amostras por um fator de comprimento pré-
determinado. Usualmente, utiliza-se a técnica de interpolação por splines cúbicas. Este
método leva em consideração vários polinômios de grau três, cada um definido em um
subintervalo, os quais se conectam por suas extremidades. Esses polinômios são calculados de
forma que as sua duas derivadas coincidam nas extremidades dos subintervalos adjacentes,
possibilitando suavizar o sinal obtido (CARVALHO et al., 2002). De posse dos vários
polinômios, o sinal analisado pode ser reamostrados com a taxa desejada. A mesma técnica é
utilizada para a comparação de séries temporais que originalmente foram obtidas com
freqüências de amostragem diferentes, para criar novos sinais com períodos de amostragem
fixos (LATHI, 2007). A disponibilidade de sinais igualmente espaçados possibilita a
determinação da máxima correlação cruzada normalizada (normalized cross-correlation

35
function – NCCF) positiva e negativa mais próxima do zero ou ainda de seu valor de pico. O
atraso correspondente ao pico de correlação negativo ou positivo mais próximo do zero ou do
valor de seu pico entre estes dois sinais é empregado como um estimador de latência entre tais
sinais (SHIAVI, 1999).

2.7. Função de Correlação Cruzada (FCC)


A função de correlação cruzada de duas formas de onda é um gráfico da semelhança
entre duas formas de onda como uma função do deslocamento de tempo entre estes dois sinais
(ANSTEY, 1966). Esta técnica de correlação é mais poderosa se os sinais estão sendo mais
correlacionados em muitos ciclos (ANSTEY, 1966). Esta função reflete o quanto os
fenômenos biológicos ou os processos analisados estão correlacionados entre si.
A correlação cruzada é uma medida de associação que faz a junção da variável x com
a variável y após “n” intervalos de tempo. A correlação cruzada quando não normalizada é
chamada pelos estatísticos de covariânça (GALHARDO, 2010). A FCC de duas formas de
onda contém apenas aquelas frequências que são comuns a ambas formas de onda (ANSTEY,
1966).
A FCC, denominada como C(n), é utilizada quando se deseja comparar
quantitativamente dois sinais diferentes, x1(n) e x2(n), a fim de avaliar a similaridade entre as
funções em instantes de amostragem arbitrários t1 e t2. Para estabelecer esta análise,
recomenda-se a subtração prévia da média e de qualquer tendência linear dos sinais. A função
de correlação cruzada entre os processos x1(n) e x2(n) é definida pela equação (2.4)
(GALHARDO, 2010):

A correlação entre os sinais estudados existirá se o coeficiente de correlação for maior,


em módulo, ao valor crítico da função de correlação cruzada estabelecido. O valor crítico de
uma correlação pode ser determinado por simulação de Monte Carlo (MELLO, 2009) ou
transformação Z de Fisher (MELLO, 2003).

36
2.8. Processamento dos Sinais do Sensor Óptico e de Estabilometria
O processamento de sinais é uma das ferramentas mais poderosas utilizadas em
reconhecimento de padrões (QUISPE, 2005). Técnicas de processamento de sinais e de
reconhecimento de padrões motores não se adaptam satisfatoriamente a quaisquer estruturas
de dados, o que dificulta o seu uso e propicia erros na interpretação dos resultados (QUISPE,
2005). Surpreendentemente, não foram encontrados relatos sobre a análise simultânea de
sinais estabilométricos e de FPP. Apenas foram identificadas correlações destas variáveis
envolvendo dados parametrizados (BALL, 1999; BALL et al., 2003a; BALL et al., 2003b;
ERA et al., 1996). Esta situação motiva a buscar soluções mais específicas para a situação do
atirador e suas interações com o controle da pontaria e equilíbrio corporal por meio de
processamento de sinais.
Atualmente, o que tem sido feito sobre o estudo com o tremor associado à FPP do
atirador é a comparação entre energias nas mesmas bandas de frequências, entretanto há
poucos relatos (TANG et al., 2008) sobre a distribuição de energia em diferentes bandas.
Alguns autores utilizaram a transformada rápida de Fourier (FFT) para comparar estas bandas
e tentar identificar um padrão espectral relacionado à FPP em atiradores de elite (NICKEL,
1985; TANGF et al., 2008; LAKIE, 2010; PELLEGRINI e SCHENA, 2005),
Compreender como os piores e melhores tiros e os diferentes níveis de atiradores se
relacionam com a vibração corporal poderá ajudar na adoção de estratégias específicas de
controle motor fino pelo atirador.
Deste modo, este capítulo buscou evidenciar a importância dos fundamentos técnicos
de tiro e como os sensores ópticos e de força, tal como a plataforma, podem ser úteis para
identificar possíveis interações.

37
CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 - Casuística
Participaram deste estudo 24 indivíduos saudáveis, ativos e destros, sem antecedentes
de lesão do aparelho locomotor ou qualquer desordem neurológica e cardiológica. Os
indivíduos foram divididos em dois grupos: Grupo A, 12 atletas de elite (dez homens e duas
mulheres) praticantes de tiro de pistola modalidades Fogo Central e Pistola de Ar,
caracterizados pelas seguintes medidas antropométricas (média ± desvio padrão): 39,0 ± 3,5
anos de idade, massa corporal 82,9 ± 14,4 kg e estatura 181,3 ± 6,5 cm; Grupo B, 12
atiradores militares praticantes de tiro de pistola de combate 37,6 ± 5,7 anos de idade, massa
corporal 83,2 ± 13,9 kg e estatura 175,5 ± 7,2 cm, sendo todos do sexo masculino. Os
atiradores foram orientados a absterem-se de bebidas alcoólicas e a jejuarem pelo menos três
horas antes da avaliação. O protocolo experimental foi aprovado pelo CEP local e todos
assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (CAAE – 0011.0.463.000-11).

3.2 - Protocolo
Os voluntários não utilizaram a vestimenta e o calçado específicos para o tiro, pois
sabe-se que a vestimenta específica do atirador auxilia na manutenção do equilíbrio (BALL et
al., 2003) e atiraram com a mesma arma que é adequada para a prova de Fogo Central: pistola
semi-automática calibre .32 (WALTHER, Alemanha), cuja massa com o carregador vazio é
aproximadamente 0,970 kg (Figura 3.1).

Figura 3.1 – Instrumentação da pistola com sensor óptico e acelerômetro

38
O experimento foi realizado em duas etapas e em até 48h após a familiarização com os
procedimentos do protocolo de aplicação da prova de tiro e equipamentos, sendo dividido em
até dois dias por atirador. Antes de iniciar a coleta de dados, os atiradores do Grupo B
(atiradores militares) realizaram um dia de treino de adaptação ao simulador de tiro.
O primeiro dia teve como objetivos a realização da estabilometria a fim de determinar
as variáveis clássicas deste teste, a calibração do sistema óptico do simulador de tiro e a
realização de uma série de tiros de ensaio para familiarização do atirador ao set experimental.
No teste estabilométrico (Figura 3.2), os indivíduos permaneceram de pé sobre a plataforma
de força na posição bípede ortostática, braços ao longo do corpo, olhos abertos e olhando
fixamente para um ponto fixado a 6 metros de distância e a 1,50 metros de altura do solo.
Mesmo ponto onde o alvo da prova de tiro foi fixado. O tempo de teste foi de 60 s (MELLO
et al., 2002) na situação de olhos abertos e com a base de sustentação com os pés em 30º e os
calcanhares separados em 7 cm aproximadamente, de acordo com um modelo padrão em
acrílico que era retirado antes do início do teste.

Figura 3.2 – Os pés no teste estabilométrico estão posicionados com abertura em 30º e os calcanhares estão
separados em 7 cm aproximadamente e balizados por um modelo padrão em acrílico que era retirado antes do
início do teste.

Durante a calibração do simulador de tiro, o atirador recebeu um feedback visual do


disparo efetuado com o auxílio de um monitor de computador colocado a 1 m de distância.
Nenhum tipo de correção do ponto de impacto sobre o alvo foi efetuado de forma mecânica
no armamento ou de forma digital no simulador de tiro. Pois, se as miras estiverem calibradas
e os atiradores posicionarem corretamente suas miras consistentemente para um ponto abaixo
da marca de pontaria, então erros sistemáticos de alinhamento poderão não afetar o

39
desempenho no tiro de pistola (CARKEET et al., 1996). A série de tiro de ensaio foi de,
aproximadamente, 30 minutos com quantidade livre de disparos.
No segundo dia, os atiradores executaram sete séries de cinco tiros de precisão em
posição de preferência (Figura 3.3), mas sustentando o armamento com apenas uma das mãos,
sem apoio, na posição em pé e sobre a plataforma de força, de frente para o alvo posicionado
a 6m de distância. Os disparos foram realizados sem munição real e com o uso do sistema de
simulação de tiro, tendo cada série uma duração máxima de cinco minutos, intermediada por
um tempo de três minutos de descanso.

Figura 3.3 – Posição de Tiro: os atiradores executaram os disparos em posição de preferência, sustentando o
armamento com apenas uma das mãos, sem apoio, na posição em pé e sobre a plataforma de força.

Para classificar os disparos, foram utilizados os 10 melhores e os 10 piores tiros de


cada indivíduo, dentre os 35 disparos realizados, com base nos dados de desvio padrão nos
eixos X e Y da flutuação do ponto de pontaria (Dev_X e Dev_Y). Os melhores disparos foram
caracterizados pelo menor desvio padrão das oscilações da pontaria, como efetuado por ERA
et al. (1996). Outro motivo que reforçou a escolha do desvio padrão como critério de
classificação foi a execução de muitos tiros com pontuação máxima nos atiradores do Grupo
A, inviabilizando a ordenação dos mesmos. Além disso, um atirador pode apresentar uma

40
pontaria estável, mas não conseguir alinhar o ponto de pontaria no centro do alvo por falta de
experiência ou capacidade técnica.
Observando a Figura 3.4, nota-se no alvo da direita que o atirador foi capaz de manter
o controle da oscilação do armamento apontando-o para o centro do alvo e,
consequentemente, foi capaz de obter um elevado desempenho. Esta situação é comum para
os atletas experientes. O contrário à situação anterior e exemplificado no alvo da esquerda, o
atirador menos experiente foi capaz de realizar o mesmo controle da oscilação do armamento,
porém realizando a pontaria distante do centro do alvo não obtendo o mesmo desempenho que
o atirador experiente. Deste modo, sendo o objetivo verificar o controle motor fino de
atiradores, os dois tiros seriam selecionados, pois o fator desempenho técnico expresso em
pontos (escores) foi descartado.

Figura 3.4 - Alvo da esquerda: o atirador foi capaz de realizar o controle da oscilação do armamento, porém
realizando a pontaria distante do alvo. Alvo da direita: o atirador foi capaz de manter o controle da oscilação do
armamento apontando-o para o centro do alvo.

3.3 – Instrumentação
As medições foram realizadas no Laboratório de Biomecânica do IPCFEx em um
ambiente especialmente preparado para o tiro, onde as interferências visuais e sonoras foram
minimizadas. Foi utilizada uma plataforma de força e um acelerômetro biaxial sincronizados
no sistema de aquisição de sinais (SAS) e um sistema optoeletrônico de simulação de tiro, que
serão descritos a seguir.

3.3.1. – Sistema de Aquisição de Sinais


O sistema de aquisição de sinais foi composto por um computador (Pentium - 200
MHz) e um conversor analógico-digital (EMG System do Brasil Ltda, São José dos Campos,
SP, Brasil) de 8 canais, de 12 bits e faixa dinâmica de ± 5V. Dos oito canais disponíveis, três
41
foram habilitados para a utilização do canal 1 (sincmouse: dispositivo sincronizador), do canal
2 (acelerômetro eixo X) e do canal 3 (acelerômetro eixo Y), com saída entre 0 a 20mV e
alimentado por bateria LI-ION +- 12V e 2,2 A/h como se pode observar na Figura 3.5.

Figura 3.5 - Dos oito canais disponíveis do SAS, três foram habilitados para a utilização do canal 1 (sincmouse:
dispositivo sincronizador), do canal 2 (acelerômetro eixo X) e do canal 3 (acelerômetro eixo Y).

Foram utilizadas outras duas unidades centrais de processamento de dados. À unidade


central de processamento de dados 1 (CPD-1) estava conectada a plataforma de equilíbrio e o
Sincmouse sincronizador, ambos os sensores na unidade USB.
A unidade central de processamento de dados 2 (CPD-2) apresentava-se conectada ao
módulo de aquisição de sinais com o conversor analógico-digital (EMG System do Brasil
Ltda, São José dos Campos, Brasil) de 8 canais, conforme descrição técnica anterior. No canal
1 estava colocado o dispositivo sincronizador (Sincmouse), no canal 2 o eixo Y e no canal 3 o
eixo X do acelerômetro. O Sincmouse é um mouse (periférico auxiliar para a entrada de dados
computacionais) comum; contudo, além do cabeamento USB, ele foi instrumentado com
outro cabo de nove pinos (entrada DB-9) conectado ao SAS, cuja finalidade era,
simultaneamente, dar início ao programa que monitora a plataforma de força e enviar um
pulso a CPD-2 a fim de indicar o momento da aquisição do sinal da plataforma. Deste modo,
a sincronização dos sistemas permite a determinação do tempo de atraso entre os dispositivos
eletrônicos (Figura 3.6).
A unidade central de processamento de dados 3 (CPD-3) estava conectada ao sistema
de simulação de tiro (SST). O sistema de sincronização de sinais pode ser observado na

42
Figura 3.7, onde se nota que as unidades de processamento de dados encontram-se
interligadas e habilitadas a realizarem a leitura dos sinais simultaneamente.

Figura 3.6 –Sincronização dos sensores Sincmouse e acelerômetro inseridos no conversor AD.
a. Canal 1 (C1_Sinc): Pulso oriundo do mouse sincronizador que dá início à aquisição dos
dados na plataforma de força.
b. Canal 3 (C3_Eixo X do Acelerômetro): Momento que ocorre o disparo e identificado
pelo acelerômetro.

Figura 3.7 – Representação da sincronização e instrumentação dos sensores: composto por plataforma de
equilíbrio, acelerometria e simulador de tiro.

43
3.3.2. – Simulador de Tiro
O simulador de tiro emprega uma unidade óptica fixada na parte inferior do cano da
pistola que mede a projeção da pontaria da arma sobre a superfície do alvo antes e depois do
disparo. Este sistema emprega um laser alinhado com o cano da arma, um alvo
instrumentalizado para detectar a posição da pontaria no alvo (Figura 3.8) e uma unidade
óptica composta por um sistema de vibração para detectar o momento do impacto.

Figura 3.8 – Constituição do pacote que compõe o simulador de tiro, destacando um dos alvos reflexivos e a
unidade óptica.

O alvo utilizado foi constituído por 11 círculos concêntricos, para identificar a


pontuação de 1 a 10, e mais o círculo central, conforme as regras da União Internacional de
Tiro (Figura 3.9). As dimensões do alvo foram adaptadas proporcionalmente em relação à
distância do experimento.

Figura 3.9 – Alvo utilizado constituído por 11 círculos concêntricos, sendo que as dimensões do alvo foram
adaptadas proporcionalmente em relação à distância do experimento.

44
A flutuação do ponto de pontaria foi medida por meio do simulador de tiro da marca
NOPTEL e o aplicativo NOS Sport versão 4.208 (Noptel Oy, Finlândia), similar ao utilizado
em outros estudos (MONONEN et al., 2003; BALL et al., 2003a; GOODMAN et al., 2009;
ZATSIORSKY e AKTOV, 1990). A precisão deste sistema informada pelo fabricante é de ±
0,1 mm, e seu período de amostragem é igual a 15 ms. A frequência de amostragem de 66,67
Hz é fixada pelo fabricante.

Figura 3.10 – O sinal infra-vermelho emitido pela unidade ótica na direção do alvo instrumentado é refletido na
direção do receptor óptico, a fim de ser processado pelo sistema de interpretação de sinal codificado pelo
fabricante.

O sistema inclui vários alvos instrumentados com refletor óptico calibrado de fábrica e
uma unidade óptica pesando 140 g e que contém um transmissor-receptor. Os alvos reflexivos
estão calibrados para serem utilizados em distâncias específicas de treinamento. Estes alvos
detectam o raio infra-vermelho emitido pela unidade óptica que o reflete à mesma unidade, a
fim de serem processados em sistema de interpretação de sinais codificado (Figura 3.10). A
localização do sinal infra-vermelho focado sobre o alvo corresponde à flutuação do ponto de
pontaria da arma (Figura 3.11). O receptor óptico detectou o ponto de acerto sobre o alvo por
meio da vibração abrupta produzida pela arma quando disparada. Esta forte vibração ocorre
quando as partes móveis do mecanismo de disparo da pistola se chocam contra o fundo da
pistola após o acionamento do gatilho.

45
Figura 3.11 – Representação do sistema optoeletrônico de tiro com feedback imediato

O alvo do simulador de tiro disponibilizado pelo programa NOS 4.2 é programado no


software pelo usuário e apresenta, além do impacto identificado por um ponto circular branco,
a flutuação do ponto de pontaria representada por uma série de linhas contínuas, interligadas e
com colorações distintas e o centro da oscilação do movimento captado nos últimos 1,5
segundos anterior ao disparo identificado por uma cruz preta (Figura 3.12).

Figura 3.12 - Exemplo de impacto do disparo sobre o alvo com a respectiva flutuação do ponto de pontaria
medida pelo sensor óptico.

Das séries temporais da flutuação do ponto de pontaria, a amplitude de movimento do


cano da arma foi quantificada como o desvio padrão (Dev) da série temporal de

46
deslocamentos (PELLEGRINI e SCHENA, 2005a). O parâmetro Dev, definido como a
unidade de medida dos desvios padrão da distância entre dois círculos consecutivos do alvo, é
fornecido pelo programa de simulação de tiro e descreve a extensão do movimento do sensor
óptico nos eixos X (Dev_X) e Y (Dev_Y) em termos absolutos (MONONEN et al., 2003).
Este parâmetro, segundo FISCHER (apud PELLEGRINI e SCHENA, 2005a) fornece uma
medida de dispersão em torno do valor médio e oferece uma estimação da magnitude mais
sólida contra os picos de uma faixa de cálculo.
O sistema NOS disponibiliza a escolha do tempo total de aquisição dos dados e o
tempo destinado ao ajuste da pontaria. O tempo total de aquisição utilizado foi de 10
segundos, tempo este suficiente para o atirador estabilizar os segmentos corporais envolvidos
na tarefa e realizar o ajuste da pontaria. Por sua vez, o tempo de ajuste da pontaria adotado foi
de 1,5 s anterior ao disparo pelo fato desta duração corresponder aos ajustes motores finos de
pontaria e acionamento do gatilho. YUREV (1985) recomenda que este tempo deva ser de 1,5
a 2,5 s anterior ao disparo, enquanto MASON e COWAN (1990) identificam o último
segundo como fase importante para a realização da pontaria e precisão do disparo e
GOONETILLEKE et al. (2009) julgam que 2 s é um tempo adequado para a fase de pontaria.
Outro motivo que balizou esta escolha foi que dentre os tiros executados por todos os
atiradores, o de menor duração foi o disparo com o tempo de 1,5 s. A escolha deste tempo é
identificado no programa como statistical time e é utilizado para caracterizar o desvio-padrão
(Dev) da série temporal de deslocamentos.

3.3.3. – Plataforma de Força


As oscilações posturais foram quantificadas por meio do deslocamento do centro de
pressão (CP) do corpo durante a posição de tiro sobre uma plataforma de força vertical,
desenvolvida especialmente para este estudo (erro de calibração de fábrica igual 0,02 cm),
com dimensões de 1 x 1 m modelo Biomec400 (EMG System do Brasil Ltda, São José dos
Campos, Brasil). Os eixos da plataforma foram orientados de tal modo que o eixo Y (direção
anteroposterior) ficasse paralelo à linha de tiro e o eixo X (direção mediolateral) ficasse
perpendicular a esta. A plataforma de força foi composta por quatro células de carga nas
extremidades, sendo medida a força vertical aplicada em cada uma. A aquisição dos sinais foi
realizada com frequência de amostragem (Fs) de 100 Hz e com resolução de 16 bits.
SOAMES e ATHA (1982) relataram que mais de 90% da energia nos movimentos do CP
durante a postura estável em pé está abaixo 2 Hz. Pelo teorema de Nyquist, a taxa de

47
amostragem mínima deve ser pelo menos duas vezes a maior frequência observada no sinal.
Deste modo, uma taxa de amostragem de100 Hz sugere ser adequada no presente estudo.
Os sinais do CP foram filtrados digitalmente por um filtro Butterworth passa-baixa de
quarta ordem e com frequência de corte de 10 Hz.
Das séries temporais dos deslocamentos do centro de pressão, quatro variáveis foram
calculadas para descrever o balanço postural e utilizadas nas análises:
- Área elíptica (cm2): a área elíptica de deslocamento do CP englobou
aproximadamente 85,35% das oscilações corporais e foi calculada pelo método estatístico de
análise de componentes principais (OLIVEIRA et al., 1996).
- Deslocamento total (DT) (cm): o deslocamento total é o comprimento da trajetória do
CP sobre a base de suporte.
- Amplitude (cm): amplitude do deslocamento do CP nas direções perpendicular à
linha de tiro (ACPx) e paralela à linha de tiro (ACPy). A amplitude do CP (ACP) foi calculada
como sendo o valor máximo de deslocamento do CP em cada direção.
- Velocidade média (cm/s): A velocidade do CP foi calculada pela divisão do
deslocamento total em cada direção pelo período total selecionado para o experimento (1,5 s)
(VCPx e VCPy).
Os resultados foram fornecidos pelo aplicativo da plataforma.

3.3.4. – Acelerometria
Para a monitoração do momento do disparo foi utilizado um acelerômetro biaxial da
marca Sparkfun modelo Gyro Breakout Board – IDG500 Dual 500º/s, 2.0mV/º de
sensibilidade e dimensões de 4x5x1,2mm. O acelerômetro foi usado para sincronizar os dados
da plataforma de força com o momento do disparo. Os dados foram amostrados a 100 Hz.
Os eixos X e Y do acelerômetro foram utilizados com o objetivo de determinar o
momento que ocorreu o disparo. Como o sinal do eixo X foi mais proeminente no momento
do disparo, este foi usado como marcador deste evento. O acelerômetro possibilitou
identificar o momento limite da série temporal que balizou a extração dos sinais da plataforma
de força no trecho de 1,5 s anterior a cada disparo (Figura 3.6).

3.4 – Sincronização dos sensores


Os programas de aquisição do SAS e do SST iniciavam seguidamente e,
obrigatoriamente antes de se iniciar a aquisição da plataforma de força.

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A plataforma de força foi sincronizada com o SAS por meio de um pulso elétrico
emitido pelo Sincmouse que dava início à gravação dos dados de estabilometria por meio do
software. Ou seja, o botão esquerdo do mouse quando pressionado iniciava o processo de
aquisição dos dados da plataforma e simultaneamente enviava um pulso ao canal 1 do SAS. O
acelerômetro, conectado ao sistema de aquisição de sinais (CPD-2), foi usado para sincronizar
os dados da plataforma de força (CPD-1) com o momento do disparo (CPD-3). O sistema da
CPD-2 (SAS) e CPD-3 (Simulador de Tiro) estavam sincronizados pela vibração produzida
pela pistola no momento do disparo. Esta vibração é detectável simultaneamente tanto pelos
eixos X e Y do acelerômetro, quanto pelo sensor óptico.

3.5 – Digitalização e Aquisição dos Sinais


A frequência de amostragem da plataforma de força foi 100 Hz e do sensor óptico foi
66,67 Hz, com conversor analógico-digital (A/D) e programa de aquisição específico e
independente. Os sinais oriundos do sensor óptico foram decompostos nos eixos X e Y e os
do estabilograma nas direções mediolateral (ML) e anteroposterior (AP). Contudo, pelo fato
dos atiradores adotarem livre posição de tiro sobre a plataforma de força, a direção AP, que se
encontra paralela à direção de tiro, foi adotada a designação Y e para direção ML, que se
encontra perpendicular à direção de tiro, foi adotada a designação X.
Os arquivos oriundos do programa NOS 4.2 foram salvos na extensão HTML e
exportados em formato texto (txt) para posterior processamento com o programa MATLAB
versão 7.11.0 (The Mathworks, EUA).
O período de amostragem de 15 ms do sensor óptico foi representado numa série
temporal discreta como x={Xn} e y={Yn}, sendo n=1, 2, ..., N. Deste modo, o vetor da posição
do ponto de pontaria no sistema de coordenadas foi definido como z(t)=(x(t), y(t)). Para cada
tiro foi estabelecido um tempo t limite de aquisição de 10 s anterior ao disparo (-10, -9, ..., 0),
caracterizando uma contagem de tempo contínua e reversa, caracterizando o N máximo obtido
de até 667 pontos.
Do tempo t limite de aquisição de 10 s, utilizou-se para análise o período de 1,5 s
anterior ao disparo. Deste modo, um trecho de 101 amostras imediatamente anterior ao
disparo foi selecionado. Para melhor visualização das funções densidade espectral de potência
dos sinais do sensor óptico de cada indivíduo, foi calculada a magnitude da transformada
discreta de Fourier, após a remoção da média e tendência linear para o trecho selecionado. Em
seguida, a frequência mediana espectral (FMed) foi calculada como a raia espectral que divide
a energia do espectro em metades inferior e superior.
49
Para cada tiro, considerando a janela de 1,5 s, 150 amostras foram selecionadas para a
determinação dos parâmetros estabilométricos e para a análise de correlação cruzada.
Os estabilogramas foram salvos e exportados em formato texto para posterior
processamento com o programa MATLAB versão 7.11.0. (The Mathworks, Natick, EUA).

3.6 – Processamentos de sinais


Séries temporais com mesma duração de tempo foram extraídas do sensor
opticoeletrônico (SO) e da plataforma de força. Os sinais oriundos do SO foram compostos
por três colunas, sendo a primeira a de tempo e as demais são indicativas de deslocamentos da
flutuação do ponto de pontaria nos eixos X e Y. Foram extraídas da plataforma de força sinais
de deslocamentos do CP nas direções paralela a linha de tiro (Y) e perpendicular à linha de
tiro (X), tradicionalmente conhecidos como ântero-posterior e médio-lateral respectivamente.
Depois de obtidas as séries temporais de FPP por eixo e de estabilometria por direção
e da realização do pré-processamento destas séries, foi preciso quantificar a atividade de
controle de pontaria e de balanço corporal. Para tal, foram utilizadas técnicas de
processamento de sinais nos domínios do tempo e da frequência.

3.7 – Interpolação
Como as frequências de amostragem da plataforma e do sensor óptico foram
diferentes, foi necessária uma interpolação do sinal FPP para a frequência de amostragem de
100 Hz (LATHI, 2007). Para tal fim, utilizou-se a técnica de interpolação splines cúbicas no
domínio do tempo a fim de que os pontos dos sinais se tornassem equidistantes e tivessem o
mesmo número de amostras. Deste modo, o sinal extraído do sensor óptico foi expandido de
um fator de comprimento de 150 amostras, conforme se exemplifica na Figura 3.13. O sinal
representado nesta figura corresponde a um tiro executado e aleatoriamente separado. Deste
sinal foi extraído o eixo X da flutuação do ponto de pontaria, sendo que na parte inferior da
Figura 3.13 observa-se o sinal não interpolado contendo 100 amostras e na parte superior da
mesma figura o sinal interpolado para 150 amostras em uma janela de 1,5 s (264,4 s até o
trecho de 265,9 s).
Este procedimento matemático foi realizado para todos os 35 tiros de cada indivíduo e
para cada eixo de flutuação do ponto de pontaria.

50
60
FPP Interpolado X (mm)

40
X: 265.9
Y: 22.9
X: 264.4
20 Y: 12.4

-20
264 264.2 264.4 264.6 264.8 265 265.2 265.4 265.6 265.8 266
Tempo (s)

60
FPP Não Interpolado X (mm)

40
X: 0
Y: 22.9
X: -101
20 Y: 12.4

-20
-120 -100 -80 -60 -40 -20 0
Amostras

Figura 3.13: Exemplo de um tiro, cujo sinal foi extraído do sensor óptico em seu eixo X. Observa-se na parte
inferior o sinal não interpolado contendo 100 amostras e na parte superior da mesma figura o sinal interpolado
para 150 amostras em uma janela de 1,5 s (264,4 s até o trecho de 265,9 s).

3.8 – Função de Correlação Cruzada


A interpolação possibilitou a determinação da máxima correlação cruzada normalizada
(normalized cross-correlation function – NCCF) positiva e negativa mais próxima do zero e o
correspondente atraso entre os dois sinais estudados. Por isso, para cada tiro, considerando a
janela de 1,5 s, 150 amostras foram selecionadas para a determinação da correlação cruzada
das séries temporais do estabilograma na direção paralela à linha de tiro com o eixo Y do
sensor óptico e da correlação cruzada do estabilograma na direção perpendicular à linha de
tiro com o eixo X do sensor óptico.
A função de correlação cruzada reflete o quanto os fenômenos biológicos ou os
processos analisados estão correlacionados entre si, além de medir as latências entre sinais
correlacionados (SHIAVI, 1999).
O termo Rxy(k) na equação 3.1 é a média de um produto relacionado e define a
Função de Correlação Cruzada entre os sinais y(n) e x(n) para uma diferença temporal (kT). A
variável k define o número de unidades de tempo que o sinal y(n) está atrasado ou adiantado e
relação a x(n). Por este motivo, kT é também chamado de lag time (defasagem de tempo)
SHIAVI (1999). Segundo SHIAVI (1999), a definição mais convencional é:

51
Os sinais de estabilometria e flutuação do ponto de pontaria sincronizados dos 24
indivíduos foram usados no processamento da função correlação cruzada. O objetivo foi
investigar se o balanço corporal induz a uma alteração do atraso da correlação entre o
estabilograma e a flutuação do ponto de pontaria. A ocorrência deste fenômeno pode indicar a
existência dos ajustes posturais em planos longitudinais com a direção de tiro, reconhecendo o
sistema atirador-arma como um corpo rígido e único.
Na Figura 3.14 é apresentado um exemplo típico, cujos sinais de estabilometria na
direção perpendicular à linha de tiro e FPP no eixo X foram analisados no domínio do tempo
em uma janela de 1,5 s. No primeiro gráfico é mostrado o sinal de equilíbrio e no segundo o
sinal do sensor óptico. Desta interação foi gerada a NCCF positiva e negativa mais próxima
do zero e extraído o atraso correspondente ao pico de correlação negativo e positivo mais
próximo do zero, o qual foi considerado o estimador da latência entre estes dois sinais. Atraso
positivo indica que o movimento do sensor óptico está atrasado em relação ao ajuste postural
do atirador e atraso negativo o contrário, ou seja, a movimentação do sensor óptico precede ao
ajuste postural.
Estabilometria ML (cm)

8.5

8.4

8.3
262.4 262.6 262.8 263 263.2 263.4 263.6 263.8 264 264.2

50
FPP x (mm)

-50
262.4 262.6 262.8 263 263.2 263.4 263.6 263.8 264 264.2
Tempo (s)
0.5
FCCN - Eixo x

tempo:-0.160 tempo:0.460
0
xcor:0.230 xcor:-0.408

-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Figura 3.14: Exemplo de um tiro, cujos sinais de estabilometria na direção perpendicular à linha de tiro e FPP
no eixo X foram analisados no domínio do tempo em uma janela de 1,5 s.

Nesta figura, se observa no primeiro gráfico o sinal de equilíbrio e no segundo gráfico


o sinal da flutuação do ponto de pontaria. No terceiro gráfico são expostas duas linhas
tracejadas nas cores verde e vermelha, respectivamente a linha que marca o valor crítico
52
positivo e negativo com os correspondentes picos de correlação mais próximos do zero
evidenciados por um marcador verde e da interação destes sinais foi gerada a NCCF.
Em seguida, após a seleção dos dez melhores disparos, analisou-se a frequência
relativa (FRel) de NCCF positiva e negativa e dos respectivos atrasos positivo, negativo e
zero por atirador a fim de se verificar uma possível tendência por grupo amostral e por eixo
(X e Y). Utilizou-se deste expediente, pois não seria possível determinar um valor médio
entre correlações positivas e negativas, como também para os valores de latência com sinais
diferentes.

3.9 - Estatística
Inicialmente, a fim de se caracterizar a diferença de nível técnico entre os grupos de
atiradores, as médias dos desvios padrão da flutuação do ponto de pontaria (Dev_X e Dev_Y)
de todos os tiros realizados foram comparados pelo teste t para amostras independentes. A
comparação entre os grupos A e B foi realizada dentro de cada eixo.
Após isto, foi aplicada a análise de variância (ANOVA) de três fatores (fator grupo: A
vs. B; fator qualidade: Melhores Tiros vs. Piores Tiros; fator eixo: Eixo X vs. Eixo Y) com
medidas repetidas para comparar as médias dos desvios padrão da flutuação do ponto de
pontaria (Dev_X e Dev_Y), as médias da frequência mediana espectral (FMed_X e FMed_Y),
bem como para as médias dos parâmetros estabilométricos. Foi utilizado ANOVA devido ao
grande espaço amostral (24 voluntários e 120 medidas por indivíduo) e robustez na análise
estatística (MAROCO, 2011; VAN HECKE, 2010).
Para caracterizar o balanço corporal dos grupos de atiradores em situação normal sem
desafio, foram comparadas as médias dos parâmetros estabilométricos entre os grupos A e B
por meio do teste t para amostras independentes.
Para estabelecer os valores críticos positivo e negativo do pico da NCCF foi realizada
inicialmente a transformação Z de Fisher (MELLO, 2003). Este procedimento foi adotado
porque a função densidade de probabilidade da variável Z é aproximadamente Gaussiana.
Desta forma, o intervalo de confiança de 99% foi calculado para a variável Z multiplicando os
valores críticos da distribuição Gaussiana padrão pelo desvio padrão de Z e média µ = 0
(expressão 3.2), da seguinte forma (adaptado de MELLO, 2003):

53
√ (3.2)

onde n é o número de amostras (150) dos sinais utilizados no cálculo da NCCF.


A expressão de Fisher transforma o coeficiente “r” em variável aleatória que segue a
normalidade Z de Fisher:

Em seguida, a variável Z de Fisher foi convertida novamente para o valor do pico de


correlação utilizando a seguinte expressão (3.3) (modificado de KING et al., 2011; MELLO,
2003).

Foram extraídos para análise os valores de pico positivo e negativo da NCCF com
atraso mais próximo de zero, sendo descartados os atrasos referentes aos casos nos quais o
pico da NCCF não foi significativo.
Com o intuito de checar a predominância de correlação positiva ou negativa e dos
períodos de latência dentro de cada grupo de atirador foi realizada a contagem da quantidade
de eventos de valores positivos e negativos dos picos da NCCF e dos atrasos correspondentes
(positivo, negativo e zero) por atirador. Para tal fim, empregou-se o teste t para amostras
dependentes para comparar as médias entre a quantidade de valores positivos e negativos dos
picos da NCCF e ANOVA para a comparação das médias da frequência relativa dos atrasos
(positivo, negativo e zero).
O nível de significância adotado foi 0,01 pelo fato de se ter exigido um maior rigor nas
análises e com a intenção de elevar a determinação do valor crítico da NCFF. As análises
estatísticas foram realizadas por meio do programa Statistica 7.0 (Statsoft, EUA).

54
CAPÍTULO 4

RESULTADOS

No início deste capítulo é apresentada a comparação de desempenho dos grupos de


atiradores em tarefa de tiro pré-determinada, seguida pela validação da FMed como uma
ferramenta de identificação do nível dos atiradores e da qualidade dos tiros. A seguir, efetua-
se a comparação os resultados dos parâmetros estabilométricos e da flutuação do ponto de
pontaria, considerando o nível dos dois grupos de atiradores e da qualidade dos tiros. É
apresentada também a comparação das variáveis clássicas da estabilometria em situação
normal sem desafio e em situação de tiro entre os grupos em questão, bem como a análise da
correlação entre os sinais de flutuação do ponto de pontaria nos eixos X e Y e das oscilações
do CP nas direções perpendicular e paralela à linha de tiro, respectivamente, por meio da
função de correlação cruzada.
Nas figuras que demonstram o tratamento estatístico aplicado, as colunas verticais
foram usadas para representar a média das variáveis estudadas. Os whiskers sobrepostos em
cada coluna identificaram o desvio-padrão em torno do ponto médio.

4.1 - Comparação do desempenho dos dois grupos de atiradores em tarefa de tiro pré-
determinada, considerando todos os tiros executados
A partir das séries temporais da flutuação do ponto de pontaria (FPP), a amplitude de
movimento do cano da arma foi quantificada como o desvio-padrão (Dev) da série temporal
de deslocamentos. Este parâmetro descreveu a extensão do movimento do sensor óptico nos
eixos X (Dev_X) e Y (Dev_Y) e permitiu classificar os tiros dos indivíduos dos grupos A
(atiradores de elite) e B (atiradores militares).
Inicialmente apresenta-se a diferença entre as médias do resultado de todos os tiros
executados pelos dois grupos. A amplitude de movimento da flutuação do ponto de pontaria
(FPP) encontra-se resumida na (Figura 4.1). Foram considerados 28 tiros por indivíduo, tendo
em vista a falha em alguns disparos e por ter sido a menor quantidade de tiros identificada por
um dos atiradores. O critério de corte dos tiros excedentes foi a eliminação dos três tiros
iniciais e quatro tiros finais da série de 35 tiros para ambos os grupos. O teste t para amostras
independentes mostrou que a hipótese nula de que as médias não são diferentes deve ser
rejeitada (p < 0,001), tanto no eixo X, quanto para o eixo Y. Deste modo, o grupo de

55
atiradores militares apresentou flutuação do ponto de pontaria (FPP) da pontaria nos eixos X e
Y significativamente maior do que o grupo de atiradores de elite.
A diferença entre as médias do resultado de todos os tiros executados pelos dois
grupos referentes à amplitude de movimento da flutuação do ponto de pontaria (FPP) dos 24
indivíduos após o teste de tiro encontram-se na Tabela A.1 do Apêndice.

2.2

2.0

1.8

1.6
Dev (mm)

1.4

1.2

1.0
*
*
0.8

Dev_X
0.6
Dev_Y
Gp_A Gp_B

Figura 4.1: Desempenho dos grupos de atiradores considerando a FPP nos eixos X e Y para todos os 28 tiros
realizados.

4.2 - Comparação do desempenho dos dois grupos de atiradores em tarefa de tiro pré-
determinada, considerando os dez melhores e piores disparos por atirador
Foram analisados 120 tiros (10 tiros x 12 atiradores) para cada índice qualitativo
(Melhores Tiros e Piores Tiros), bem como por eixo cartesiano (X e Y) e por grupo de
atirador (Grupo A: GpA e Grupo B: GpB). O desempenho na prova de tiro balizado pelos
parâmetros Dev_X e Dev_Y é apresentado na Tabela A.2 do Apêndice, onde nota-se o maior
deslocamento do ponto de pontaria na direção vertical do alvo (Eixo Y) tanto para os
melhores quanto para os piores tiros nos dois grupos de atiradores. A amplitude de flutuação
da pontaria nos dois eixos do GpA (Dev_X = 0,50 mm; Dev_Y = 0,59 mm) foi,
aproximadamente, a metade da amplitude do GpB (Dev_X = 0,99 mm; Dev_Y = 1,20 mm).
O desempenho dos grupos A e B, baseado nos índices Dev_X e Dev_Y, diferiu
significativamente entre os dez melhores (M) e dez piores (P) tiros de cada grupo de atirador
(M_GpA < M_GpB), bem como dentro dos grupos (M_GpA < P_GpA; M_GpB < P_GpB)
56
(Figura 4.2) e também entre os eixos para cada grupo de atirador (Dev_X_GpA <
Dev_X_GpB; Dev_Y_GpA < Dev_Y_GpB) (p < 0,001) (Figura 4.3).

2.8
*
2.6

2.4

2.2
*

2.0

1.8

1.6
Dev (mm)

1.4

1.2 *
*
1.0

0.8

0.6

0.4

0.2
MT PT MT PT Dev_X
Dev_Y
Gp_A Gp_B

Figura 4.2: Médias do desvio padrão da flutuação da pontaria dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) nos
eixos X e Y de ambos os grupo de atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à comparação de médias dos tiros
executados dentro de cada grupo de atiradores.

2.8
*
2.6

2.4

2.2 *
2.0

1.8

1.6
Dev (mm)

1.4 *
1.2 *
1.0

0.8

0.6

0.4

0.2
Gp_A Gp_B Gp_A Gp_B Dev_X
Dev_Y
Melhores Tiros Piores Tiros

Figura 4.3: Médias do desvio padrão da flutuação da pontaria dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) nos
eixos X e Y de ambos os grupo de atiradores. * p < 0,01 em relação à qualidade de tiros executados pelos grupos
A e B.

57
4.3 - Resultados da frequência mediana espectral do sinal de flutuação do ponto de
pontaria
No domínio da frequência, a frequência mediana do sinal de flutuação do ponto de
pontaria foi a variável considerada para identificar o nível dos atiradores e classificar a
qualidade dos disparos, como também analisar os tremores oriundos da tarefa específica de
tiro.
Aplicando o teste t para amostras dependentes, as médias de FMed dentro dos grupos
foram comparadas e os melhores tiros em X no Gp_A foram maiores do que em Y
(p = 0.009), o mesmo ocorrendo no Grupo B de atiradores (p < 0,001).
A Figura 4.4 apresenta exemplos da FMed de um dos melhores tiros e um dos piores
tiros de um atirador do Grupo A. Nota-se que o tiro classificado entre os melhores é
caracterizado pelo deslocamento da raia espectral na direção das altas frequências e com
pequena área espectral, se comparado ao tiro considerado ruim.

Figura 4.4: Exemplo de um dos melhores tiros (Bom Tiro) e um dos piores tiros (Tiro Ruim) visto no domínio
da frequência no Eixo X.

Na Tabela A.3 do Apêndice é apresentada a FMed do trecho de 1,5 s correspondente


aos melhores e piores tiros por grupo de atiradores e para ambos os eixos.

58
A ANOVA permitiu verificar que a FMed dos melhores tiros foi maior no grupo A,
tanto no eixo X (p = 0,0008), quanto no eixo Y (p < 0,001). Contudo, quando analisadas as
diferenças entre os piores tiros de cada grupo de atirador, notou-se que esta diferença ocorreu
somente no eixo Y (p = 0,0004), distintamente do eixo X (p = 0,0216). Esta informação pode
ser vista na Figura 4.5.

3.0
*
2.8

*
2.6

2.4

2.2 *
FMed (Hz)

2.0

1.8

1.6

1.4

1.2
Gp_A Gp_B Gp_A Gp_B FMed_X
FMed_Y
Melhores Tiros Piores Tiros
Figura 4.5: Médias da FMed dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) nos eixos X e Y de ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à qualidade de tiros executados pelos grupos A e B.

No Grupo A, a FMed dos melhores tiros foi significativamente maior do que a dos
piores tiros no eixo X e no eixo Y (p < 0,001). O mesmo ocorreu para o Grupo B no eixo X (p
= 0,0001) e eixo Y (p = 0,0015), como pode ser observado na Figura 4.6.

59
3.0
*
2.8

*
2.6 *

2.4

2.2
*
FMed (Hz)

2.0

1.8

1.6

1.4

1.2
MT PT MT PT FMed_X
FMed_Y
Gp_A Gp_B
Figura 4.6: Médias da FMed dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) nos eixos X e Y de ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à comparação de médias dos tiros executados dentro de cada grupo de
atiradores.

4.4 - Variáveis clássicas da estabilometria em situação normal sem desafio


Das séries temporais dos deslocamentos do centro de pressão, quatro variáveis foram
empregadas para descrever o balanço postural usando o sinal do CP e utilizadas para a análise
dos dados em situação normal, sem desafio e com tempo de aquisição de 1 min:
- Área elíptica (Área) (cm2);
- Deslocamento total (DT) (cm);
- Amplitude média (cm): amplitude média do deslocamento do CP nas direções
perpendicular à linha de tiro (ACPx) e paralela à linha de tiro (ACPy); e
- Velocidade média (cm/s): nas mesmas direções VCPx e VCPy.
As tabelas A.4 e A.5 do Apêndice apresentam as médias dos parâmetros
estabilométricos avaliados para ambos os grupos analisados. Todos os parâmetros
estabilométricos não foram diferentes entre os grupos analisados. Deste modo, o teste t para
amostras independentes mostrou que a hipótese nula de que as médias dos parâmetros
estabilométricos não são diferentes deve ser aceita considerando =0,01 (Tabela A.5 do
Apêndice).

60
4.5 - Variáveis clássicas da estabilometria durante a execução do tiro
Os mesmos parâmetros estabilométricos considerados na avaliação do equilíbrio em
situação normal foram analisados para os grupos A e B durante a execução do tiro.
As médias dos parâmetros estabilométricos correspondentes aos melhores e piores
tiros foram selecionadas e, inicialmente comparadas, levando em consideração o eixo X da
flutuação do ponto de pontaria e depois, apresentamos as médias dos parâmetros
estabilométricos correspondentes aos melhores tiros levando-se em conta o eixo Y. O intuito é
observar se o parâmetro estabilométrico selecionado é diferente entre os grupos A e B em
duas situações distintas (melhores e piores tiros). Para tal fim, a ANOVA para medidas
repetidas foi aplicada para comparar estas médias ( = 0,01).

4.5.1 - Variáveis clássicas da estabilometria, tendo como critério de seleção, os melhores


disparos ocorridos no Eixo_X.
 Área elíptica: o Gp_A apresentou área significativamente menor que Gp_B, tanto no
momento dos melhores tiros (p < 0,0003) quanto dos piores tiros (p < 0,001) (Figura
4.7). Contudo, comparando os melhores (MT) e piores tiros (PT) dentro dos grupos,
não ocorreu diferença significativa da área no Gp_A (p = 0,6418) e no Gp_B
(p =0,6625) para os tiros selecionados (Figura 4.8).

0.30

0.28

0.26

0.24

0.22

0.20

0.18
Área_X (cm2)

0.16

0.14
*
0.12

0.10
*
0.08

0.06

0.04

0.02
Gp_A Gp_B Gp_A Gp_B
Mean
Mean±0.99 Conf. Interval
Melhores Tiros Piores Tiros

Figura 4.7: Médias da Área dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo X para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à qualidade de tiros executados pelos grupos A e B.

61
0.30

0.28

0.26

0.24

0.22

0.20

0.18
Área_X (cm2)

0.16

0.14

0.12

0.10

0.08

0.06

0.04

0.02
MT PT MT PT
Mean
Mean±0.99 Conf. Interval
Gp_A Gp_B

Figura 4.8: Médias da Área dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo X para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à comparação de médias dos tiros executados dentro de cada grupo de
atiradores.

 Deslocamento total (DT): o Gp_A apresentou DT significativamente menor que


Gp_B, tanto no momento dos melhores tiros (p < 0,001) quanto dos piores tiros
(p < 0,001). Contudo, comparando os melhores e piores tiros dentro dos grupos, não
ocorreu diferença significativa da área no Gp_A (p = 0,4999) e no Gp_B (p = 0,9769)
para os tiros selecionados.

62
1.3

1.2

1.1

1.0
DT_X (cm)

*
0.9

*
0.8

0.7

0.6
Gp_A Gp_B Gp_A Gp_B
Mean
Mean±0.99 Conf. Interval
Melhores Tiros Piores Tiros

Figura 4.9: Médias do DT dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo X para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à qualidade de tiros executados pelos grupos A e B.

1.3

1.2

1.1

1.0
DT_X (cm)

0.9

0.8

0.7

0.6
MT PT MT PT
Mean
Mean±0.99 Conf. Interval
Gp_A Gp_B
Figura 4.10: Médias do DT dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo X para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à comparação das médias dos tiros executados dentro de cada grupo de
atiradores.

 Amplitude média (ACPx): o Gp_A apresentou ACP significativamente menor que


Gp_B, tanto no momento dos melhores tiros quanto dos piores tiros (p < 0,001) na

63
direção paralela a linha de tiro (ACPy). O mesmo comportamento dos parâmetros
ocorreu na direção perpendicular à linha de tiro (ACPx) para os melhores e piores tiros
(p < 0,001). Contudo, comparando os melhores e piores tiros dentro dos grupos, não
ocorreu diferença significativa da ACP no Gp_A na direção paralela a linha de tiro
(p = 0,5102) e no Gp_B (p =0,2337) para os tiros selecionados. O mesmo
comportamento dos parâmetros ocorreu para a ACP no Gp_A na direção perpendicular
a linha de tiro (p = 0,9133) e no Gp_B (p =0,2149).

0.55

0.50

0.45

0.40 *
*
0.35
A CP_X (cm)

0.30

0.25 *

0.20 *

0.15

0.10
Gp_A Gp_B Gp_A Gp_B ACPy
ACPx
Melhores Tiros Piores Tiros
Figura 4.11: Médias de ACP dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo X para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à qualidade de tiros executados pelos grupos A e B.

64
0.55

0.50

0.45

0.40

0.35
A CP_X (cm)

0.30

0.25

0.20

0.15

0.10
MT PT MT PT ACPy
ACPx
Gp_A Gp_B

Figura 4.12: Médias de ACP dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) tiros no eixo X para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à comparação das médias dos tiros executados dentro de cada grupo de
atiradores.

 Velocidade média: nas mesmas direções (VCPx e VCPy): o Gp_A apresentou VCP
significativamente menor que Gp_B, tanto no momento dos melhores tiros quanto dos
piores tiros (p < 0,001) na direção paralela a linha de tiro (VCPy). O mesmo
comportamento dos parâmetros ocorreu na direção perpendicular à linha de tiro
(VCPx): melhores tiros e piores tiros (p < 0,001). Contudo, comparando os melhores e
piores tiros dentro dos grupos, não ocorreu diferença significativa da V CP no Gp_A na
direção paralela a linha de tiro (p = 0,4199) e no Gp_B (p =0,6294) para os tiros
selecionados. O mesmo comportamento dos parâmetros ocorreu para a V CP no Gp_A
na direção perpendicular a linha de tiro (p = 0,5563) e no Gp_B (p =0,62294).

65
0.60

0.55

0.50

*
0.45

*
VCP_X (cm/s)

0.40

*
0.35

*
0.30

0.25

0.20
Gp_A Gp_B Gp_A Gp_B VCPY_X (cm/s)
VCPX_X (cm/s)
Melhores Tiros Piores Tiros

Figura 4.13: Médias de VCP dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo X para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à qualidade de tiros executados pelos grupos A e B.

0.60

0.55

0.50

0.45
VCP_X (cm/s)

0.40

0.35

0.30

0.25

0.20
MT PT MT PT VCPY_X (cm/s)
VCPX_X (cm/s)
Gp_A Gp_B

Figura 4.14: Médias de VCP dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo X para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à comparação das médias dos tiros executados dentro de cada grupo de
atiradores.

66
4.5.2 - Variáveis clássicas da estabilometria, tendo como critério de seleção, os melhores
disparos ocorridos no Eixo_Y.
 Área elíptica: o Gp_A apresentou área significativamente menor que Gp_B, tanto no
momento dos melhores tiros (p < 0,001) quanto dos piores tiros (p = 0,002) (Figura
4.15). Contudo, comparando os melhores (MT) e piores tiros (PT) dentro dos grupos,
não ocorreu diferença significativa da área no Gp_A (p = 0,1802) e no Gp_B
(p =0,8117) para os tiros selecionados (Figura 4.16).

0.30

0.28

0.26

0.24

0.22

0.20

0.18
Área_Y (cm2)

0.16

0.14

0.12 *
0.10 *
0.08

0.06

0.04

0.02
Gp_A Gp_B Gp_A Gp_B
Mean
Mean±0.99 Conf. Interval
MT PT

Figura 4.15: Médias da Área dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo Y para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à qualidade de tiros executados pelos grupos A e B.

67
0.30

0.28

0.26

0.24

0.22

0.20

0.18
Área_Y (cm2)

0.16

0.14

0.12

0.10

0.08

0.06

0.04

0.02
MT PT MT PT
Mean
Mean±0.99 Conf. Interval
Gp_A Gp_B

Figura 4.16: Médias da Área dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo Y para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à comparação de médias dos tiros executados dentro de cada grupo de
atiradores.

 Deslocamento total (DT): o Gp_A apresentou DT significativamente menor que


Gp_B, tanto no momento dos melhores tiros (p < 0,001) quanto dos piores tiros
(p = 0,0006) (Figura 4.17). Contudo, comparando os melhores e piores tiros dentro
dos grupos, não ocorreu diferença significativa da área no Gp_A (p = 0,1566) e no
Gp_B (p =0,2716) para os tiros selecionados (Figura 4.18).

68
1.3

1.2

1.1

1.0
DT_Y (cm)

0.9
*
*
0.8

0.7

0.6
Gp_A Gp_B Gp_A Gp_B
Mean
Mean±0.99 Conf. Interval
MT PT

Figura 4.17: Médias do DT dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo Y para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à qualidade de tiros executados pelos grupos A e B.

1.3

1.2

1.1

1.0
DT_Y (cm)

0.9

0.8

0.7

0.6
MT PT MT PT
Mean
Mean±0.99 Conf. Interval
Gp_A Gp_B
Figura 4.18: Médias do DT dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo Y para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à comparação das médias dos tiros executados dentro de cada grupo de
atiradores.

 Amplitude média (ACPy): o Gp_A apresentou ACP significativamente menor que


Gp_B, tanto no momento dos melhores tiros (p < 0,001) quanto dos piores tiros

69
(p < 0,001) na direção paralela a linha de tiro (ACPy). O mesmo comportamento dos
parâmetros ocorreu na direção perpendicular à linha de tiro (ACPx) para os melhores
tiros (p < 0,001) e piores tiros (p = 0,0013) (Figura 4.19).

0.60

0.55

0.50

0.45

0.40
*
*
A CP_Y (cm)

0.35

0.30

0.25
* *
0.20

0.15

0.10
Gp_A Gp_B Gp_A Gp_B ACPY_Y (cm)
ACPX_Y (cm)
MT PT

Figura 4.19: Médias de ACP dos melhores tiros (M) e piores tiros (P) no eixo Y para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à qualidade de tiros executados pelos grupos A e B.

Contudo, comparando os melhores e piores tiros dentro dos grupos, não ocorreu
diferença significativa da ACP no Gp_A na direção paralela a linha de tiro (p = 0,1760) e no
Gp_B (p =0,6371) para os tiros selecionados. O mesmo comportamento dos parâmetros
ocorreu para a ACP no Gp_A na direção perpendicular a linha de tiro (p = 0,8746) e no Gp_B
(p =0,6466) (Figura 4.20).

70
0.60

0.55

0.50

0.45

0.40
A CP_Y (cm)

0.35

0.30

0.25

0.20

0.15

0.10
MT PT MT PT ACPY_Y (cm)
ACPX_Y (cm)
Gp_A Gp_B

Figura 4.20: Médias de ACP dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo Y para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à comparação das médias dos tiros executados dentro de cada grupo de
atiradores.

 Velocidade média: nas mesmas direções (VCPx e VCPy): o Gp_A apresentou VCP
significativamente menor que Gp_B, tanto no momento dos melhores tiros (p < 0,001)
quanto dos piores tiros (p = 0,0002) na direção paralela a linha de tiro (VCPy). O
mesmo comportamento dos parâmetros ocorreu na direção perpendicular à linha de
tiro (VCPx): melhores tiros (p < 0,001) e piores tiros (p = 0,0062) (Figura 4.21).

Contudo, comparando os melhores e piores tiros dentro dos grupos, não ocorreu
diferença significativa da VCP no Gp_A na direção paralela a linha de tiro (p = 0,1811) e no
Gp_B (p =0,3332) para os tiros selecionados. O mesmo comportamento dos parâmetros
ocorreu para a VCP no Gp_A na direção perpendicular a linha de tiro (p = 0,2517) e no Gp_B
(p =0,2020) (Figura 4.22).

71
0.60

0.55

0.50

0.45
*
VCP_Y (cm/s)

*
0.40

0.35
* *
0.30

0.25

0.20 VCPY_Y (cm/s)


Gp_A Gp_B Gp_A Gp_B
VCPX_Y (cm/s)
Fator_Qlidade: MT Fator_Qlidade: PT

Figura 4.21: Médias de VCP dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo Y para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à qualidade de tiros executados pelos grupos A e B.

0.60

0.55

0.50

0.45
VCP_Y (cm/s)

0.40

0.35

0.30

0.25

0.20 VCPY_Y (cm/s)


MT PT MT PT
VCPX_Y (cm/s)
Fator_Gp: Gp_A Fator_Gp: Gp_B

Figura 4.22: Médias de VCP dos melhores tiros (MT) e piores tiros (PT) no eixo Y para ambos os grupo de
atiradores (A e B). * p < 0,01 em relação à comparação das médias dos tiros executados dentro de cada grupo de
atiradores.

72
4.6 - Análise da correlação entre os sinais de flutuação do ponto de pontaria nos eixos X
e Y e das oscilações do CP nas direções perpendicular e paralela à linha de tiro por meio
da função de correlação cruzada respectivamente.

4.6.1 – Função de Correlação Cruzada e determinação do valor crítico


Foi observado um equilíbrio entre a quantidade de valores positivos e negativos dos
picos da NCCF e dos atrasos correspondentes. Deste modo, evidencia-se a não predominância
da correlação positiva ou negativa ou mesmo dos períodos de latência destas correlações.
Na Tabela A.7 do Apêndice A, é descrita a distribuição de frequências das médias dos
picos de correlação positiva e negativa e dos respectivos atrasos positivos, negativos e nulos
encontrados nas NCCF para os grupos A e B para os melhores tiros.
Como não ocorreu uma predominância de sinal entre as correlações para ambos os
grupos de atiradores, foi calculado o módulo das NCCF entre os sinais estudados e em
seguida a média. Os valores absolutos médios de correlação são apresentados na Tabela A.8
do Apêndice.
Os valores em módulo dos picos das NCCF foram superiores ao valor crítico (|NCCF|
> 0,188927). Com o intuito de exemplificar as NCCF estabelecidas no presente estudo,
apresentaram-se no Apêndice B as correlações estabelecidas somente para o melhor tiro por
eixo de cada atirador.

73
CAPÍTULO 5

DISCUSSÃO

Após a sincronização dos sinais para captar, simultaneamente, a flutuação do ponto de


pontaria e o deslocamento do centro de pressão do corpo, foi conduzida uma série de
avaliações a fim de comparar o desempenho dos atiradores e estudar possíveis NCCF entre as
variáveis propostas.
Inicialmente, foi comparado o desempenho dos dois grupos de atiradores em tarefa de
tiro pré-determinada a fim de confirmar a diferença entre eles. Após isto, os melhores e piores
tiros de cada grupo de atirador foram separados por índice de desempenho. Esta etapa teve
como objetivo separar qualitativamente os tiros e averiguar a possibilidade de validar a
frequência mediana espectral do sinal de flutuação do ponto de pontaria como variável de
identificação do nível do atirador (atiradores de elite e atiradores comuns) e da qualidade dos
tiros (melhores e piores tiros).
O resultado destas comparações impeliu a buscar possíveis explicações para as
diferenças encontradas em duas situações. Primeiramente, procedeu-se a caracterização das
variáveis clássicas da estabilometria em situação normal sem desafio, comparando-as entre os
grupos de atiradores e analisando se, naturalmente, os referidos grupos possuem níveis de
equilíbrio distintos. Após esta fase, observou-se se durante a tarefa de tiro as mesmas
variáveis estabilométricas apresentavam o mesmo comportamento do teste anterior.
Checadas todas as etapas anteriores, faltava verificar a existência da influência do
balanço corporal sobre a flutuação do ponto de pontaria. Deste modo, foi investigada a NCCF
dos sinais oriundos das projeções cartesianas das FPP nos eixos X e Y e das oscilações do CP
nas direções perpendicular e paralela à linha de tiro respectivamente por meio da função de
correlação cruzada.

5.1 - Comparação do desempenho dos dois grupos de atiradores em tarefa de tiro pré-
determinada, considerando todos os tiros executados.
Inicialmente, foi comparado o desempenho dos dois grupos de atiradores em tarefa de
tiro pré-determinada, a fim de confirmar a diferença entre eles. Considerando todos os tiros, o
resultado médio encontrado da amplitude de movimento do cano da arma, quantificada como
o desvio-padrão (Dev) da série temporal de deslocamentos e analisados em cada eixo

74
indicaram que a maior dispersão dos tiros encontra-se no sentido do eixo Y para os dois
grupos de atiradores (Tabela A.1) e que o Gp_B apresentou aproximadamente o dobro de
flutuação do ponto de pontaria em relação ao Gp_A. Deste modo, os atletas de tiro
mostraram-se mais hábeis que os atiradores militares na minimização dos movimentos da
pistola durante os últimos 1,5 s anteriores ao disparo e confirmaram a diferença de nível
técnico entre os grupos.

5.2 - Comparação do desempenho dos dois grupos de atiradores em tarefa de tiro pré-
determinada, considerando os dez melhores e piores disparos por atirador
Os parâmetros Dev_X e Dev_Y, utilizados como balizadores do desempenho dos
atiradores, indicaram maior deslocamento do ponto de pontaria na direção vertical do alvo
(Eixo Y) tanto para os melhores quanto para os piores tiros nos dois grupos de atiradores. A
amplitude de flutuação da pontaria nos dois eixos do Gp_A (Dev_X = 0,50 mm; Dev_Y =
0,59 mm) foi, aproximadamente, a metade da amplitude do Gp_B (Dev_X = 0,99 mm;
Dev_Y = 1,20 mm). Estes resultados ratificam a diferença entre o nível técnico dos grupos
analisados em cada eixo da flutuação do ponto de pontaria.
Contrariando esses resultados, alguns estudos (PELLEGRINI e SCHENA, 2005;
BALL et al., 2003a) observaram maiores deslocamentos na direção lateral. Os valores
encontrados no presente estudo foram menores que os resultados encontrados por MASON et
al. (1990) e BALL et al. (2003b). Para quantificar a flutuação do ponto de pontaria estes
autores utilizaram como tempo de aquisição anterior ao disparo o trecho de 1 s e como fator
de desempenho a amplitude (distância horizontal e vertical do impacto a partir do centro do
alvo) e o comprimento total da FPP (distância total da trajetória da FPP em X e Y). MASON
et al. (1990) encontraram valores de amplitude de 7,0 mm (X) e 8,7 mm (Y), próximos aos
descritos por BALL et al. (2003b) nos eixos X (6,7 mm) e Y (5,9 mm), porém com
predominância de deslocamento da pontaria na direção vertical do alvo, tal como corroborado
no presente estudo. Nota-se, portanto, que os estudos divergem quanto à predominância da
direção da flutuação do ponto de pontaria.
Confrontando os atuais resultados com os estudos mencionados anteriormente, nota-se
considerável diferença na magnitude dos valores. Talvez, isso se deva por conta do parâmetro
de desempenho escolhido, desvio padrão, e também por causa da modalidade da prova de tiro,
da distância de execução do teste e do tamanho do alvo utilizado. Nesses estudos, a
modalidade de tiro escolhida foi a pistola de ar, na distância de 10 m e com alvo 2 cm menor

75
(proporcionalmente) de diâmetro. A pistola de ar é uma prova tecnicamente mais difícil de
executar, pois o tamanho do alvo somado a uma maior distância de tiro dificulta o
desempenho e gera maior dispersão no alvo, pois a distância entre os olhos e o campo visual
parece afetar a estabilidade postural (PRADO et al., 2007) e, esta por sua vez, presume-se
refletir sobre o controle da pontaria. Nestas condições de maior distância de tiro, as
informações visuais, somatosensitivas e proprioceptiva, provavelmente tornam-se mais
decisivas (ERA et al., 1996).
PELLEGRINI e SCHENA (2005) utilizaram a técnica de cinemetria para analisar a
flutuação do ponto de pontaria e adotaram o tempo de aquisição de 14 s e o desvio padrão da
série temporal como fator de desempenho. Estes autores reforçaram a predominância de
deslocamento no eixo X (aproximadamente 3,25 mm) em relação ao eixo Y
(aproximadamente 0,60 mm) em atiradores de pistola de ar, portanto com valores mais
próximos daqueles aqui relatados. Talvez, a maior concordância se deva ao fato desses
autores terem utilizado também os valores de desvio padrão como fator de desempenho.
PELLEGRINI e SCHENA (2005) descreveram que os pontos de referência colocados
na mão e na pistola sugeriram um padrão de movimento diferente ao longo da direção
vertical, pois a amplitude do movimento aumentava nesta direção movendo-se dos segmentos
proximais para os distais, levando a hipotetizar um comportamento mecânico mais complexo
nesta direção. Por outro lado, os movimentos laterais permaneciam inalterados entre os
segmentos corporais analisados, sugerindo que o complexo arma-atirador move-se como uma
peça rígida durante a fase de pontaria nesta direção. Enquanto os deslocamentos laterais
parecem ser originados por um movimento coerente dos segmentos, um aumento do grau de
liberdade da cadeia cinética pode ser hipotetizado para a direção vertical (PELLEGRINI e
SCHENA, 2005). Uma possível explicação para o aumento da complexidade do padrão de
deslocamento na direção vertical pode ser dada considerando os efeitos da gravidade
(PELLEGRINI e SCHENA, 2005).
Dois fatores contribuem para a maior quantidade de movimento dos segmentos distais
na direção vertical. Inicialmente, estando o membro estendido à frente do corpo, os momentos
que agem nos segmentos proximais são maiores na região distal dos segmentos em relação ao
proximal (PELLEGRINI e SCHENA, 2005). Além disso, os movimentos dos segmentos
proximais são amplificados nos segmentos distais como consequência do posicionamento do
braço (PELLEGRINI e SCHENA, 2005; TANG et al., 2008). TANG et al. (2008) acreditam
que o grupo de atiradores de elite consegue desenvolver uma estratégia de coordenação

76
mecânica mais vantajosa que atiradores de outro nível técnico para aumentar o controle do
complexo arma-mão na direção vertical.
TANG et al. (2008) utilizaram cinco acelerômetros para mensurar a amplitude de
movimento dos atiradores de pistola de ar na pistola, na mão, no antebraço e no braço em dois
grupos de atiradores: elite e pré-elite. Neste estudo, os autores utilizaram como tempo de
análise da amplitude de movimento nas direções lateral, vertical e anteroposterior, o
correspondente aos últimos três segundos que antecederam ao disparo. Quanto à
predominância de direção de movimento, somente no grupo pré-elite ocorreu a predominância
do valor RMS do movimento da mão e da pistola na direção lateral. Os autores também
observaram uma correlação inversa entre amplitude de movimento e pontos obtidos na série
de tiros. No período selecionado, a amplitude de movimento da série temporal foi analisada
por meio da determinação do valor RMS nos eixos X, Y e anteroposterior e nos quatro pontos
anteriormente mencionados. Comparando as médias das amplitudes nestes segmentos e entre
os grupos de atiradores, concluíram que o valor RMS da pistola e da mão do grupo elite é
inferior ao outro grupo nas três direções analisadas. Esta menor amplitude de movimento para
os atiradores de elite reforçam os presentes achados.

5.3 - Análise da frequência mediana espectral do sinal de flutuação do ponto de pontaria


Esta etapa teve como objetivo separar qualitativamente os tiros e analisar a FMed do
sinal de FPP como variável de identificação do nível do atirador (atiradores de elite e
atiradores comuns) e da qualidade dos tiros (melhores e piores tiros). Para tal fim foi
necessário interpretar os valores de FMed encontrados e analisá-los com os dados existentes
na literatura.
Como não foi utilizado o tiro real ou contabilizado os escores obtidos em cada disparo,
não foi possível associar desempenho esportivo com as variáveis FPP e FMed. Porém,
puderam-se inferir comentários acerca do controle motor fino do atirador e da qualidade do
disparo.
Os resultados indicaram que a FMed e o desvio padrão do deslocamento do sensor
óptico apresentaram respostas inversamente proporcionais entre os grupos de atiradores, tal
como encontrado por NICKEL (1985) e TANG et al. (2008), bem como entre os melhores e
piores tiros nas direções X e Y. Resultados inversamente proporcionais também foram
encontrados por ERA et al. (1996), contudo esta relação foi entre a amplitude do CP e
frequência dos sinais estabilométricos em atiradores de fuzil. Esta relação para ambos os

77
estudos sugere que quanto menor a movimentação da pistola, mais rápidos são os ajustes
efetuados pelo sistema nervoso a fim de reposicionar o membro na direção desejada. Ou
ainda, quando ocorreu uma maior solicitação de precisão na tarefa de pontaria, maior controle
ativo foi exercido sobre os segmentos corporais, resultando em um aumento geral na
amplitude do tremor, particularmente nas bandas de 2,72 Hz (FMed_X no Gp_A), 2,43 Hz
(FMed_Y no Gp_A), 2,35 Hz (FMed_X no Gp_B), 1,93 Hz (FMed_Y no Gp_B).
A análise espectral revelou que para ambos os grupos houve predominância de
maiores FMed no eixo X (tremor lateral da FPP) para os melhores tiros (Tabela A.3 do
Apêndice). O Gp_B, em relação ao Gp_A, apresentou FMed mais baixas em ambas as
direções, tanto para os piores quanto para os melhores disparos. Enquanto as amplitudes de
movimento representadas pelo Dev permitiram avaliar a magnitude da excursão do ponto de
pontaria sobre o alvo, a frequência mediana espectral representa a dimensão do tremor ou
vibração corporal transmitida para a pistola durante o processo de pontaria no intervalo de 1,5
s anterior ao disparo. Estes dados sugerem que os melhores atiradores foram capazes de
realizar menores amplitudes de movimento com correções de pontaria mais rápidas.
Neste sentido, os dados sugerem que o grupo de atiradores de elite possui a habilidade
de realizar uma menor excursão sobre o alvo, ao mesmo tempo em que é capaz de corrigir
rapidamente a pontaria. Esta habilidade técnica, possivelmente, proporcionará ao grupo de
atletas de tiro uma menor dispersão dos impactos sobre o alvo, quando comparados ao grupo
de atiradores militares, tal como sugerido por NICKEL (1985). O parâmetro de FPP
nominado como Dev não é capaz de identificar o controle de estabilidade da pontaria, pois
este parâmetro indica apenas a magnitude de variação no alvo e não a rapidez de correção e
recolocação da arma na direção do alvo. Portanto, os parâmetros Dev e FMed, juntos, podem
constituir uma ferramenta útil na identificação da capacidade de controle e correção da
pontaria de atiradores, assim como na detecção de talentos nas provas de tiro.
A dificuldade de controlar a pontaria e às magnitudes de FMed relacionadas aos piores
tiros têm sua origem no tremor fisiológico da mão que segura a arma (PELLEGRINI e
SCHENA, 2005), na oscilação do indivíduo (PELLEGRINI et al., 2004) e dos seus
segmentos corporais (TANG et al., 2008), além de receber influência da sustentação de peso
adicional sobre a articulação do punho (MORISSON e NEWELL, 2000), do feedback visual
(McAULEY et al. 1999; HWANG e WU, 2006) e do acoplamento mecânico da articulação
metacarpo-falangeana (HWANG e WU, 2006).

78
A causa mais simples do tremor é chamada de tremor mecânico de extremidade
(MORISSON e NEWELL, 2000). Assumindo uma atividade muscular de espectro
praticamente inalterada, algumas das fibras musculares são ativadas pela frequência de
ressonância da mão (MORISSON e NEWELL, 2000). Esta frequência de ressonância é
diferente em distintas porções do corpo (25 Hz para os dedos, 6-8 Hz para as mãos, 3-4 Hz
para os cotovelos e 0,5-2 Hz para a articulação dos ombros) e pode ser diminuída pela adição
de algum peso ou incrementada pelo aumento da rigidez muscular (MORISSON e NEWELL,
2000).
DEUSCHL et al. (2001) reforçam os dados anteriores ao evidenciarem uma frequência
baixa modificando a linearidade do espectro de EMG. DEUSCHL et al. (2001) observaram
por meio da análise espectral, a vibração da mão através de eletromiograma dos extensores e
flexores de punho, estando a mão estabilizada e estendida. Quando a mão passou a sustentar
uma carga de 1 Kg, foi observada uma mudança brusca no espectro eletromiográfico dos
músculos estudados para uma frequência mecânica em torno de 2 Hz. Estes dados coincidem
com a faixa de frequência inferior a 4 Hz destacada em outro estudo (HWANG e WU, 2006)
e próxima a 2 Hz encontrada nos grupos A e B da presente investigação.
Existem algumas hipóteses para a origem do tremor na faixa de 2 a 3 Hz encontradas
no presente trabalho. Segundo PELLEGRINI et al. (2004), as duas principais hipóteses para a
origem da vibração de baixa frequência são que os picos de 2-4 Hz originam-se da
transmissão passiva ao longo do braço que se movimenta livremente a partir das vibrações de
tremor nas articulações de proximais para distais (RAETHJEN et al., 2000) e que um
componente voluntário pode estar envolvido como resultado de algumas influências neurais
mediando a oscilação do braço (MORRISON e NEWELL, 2000).
Consistente com os atuais achados, alguns estudos (PELLEGRINI e SCHENA, 2005;
TANG et al., 2008; LAKIE, 2010) revelaram que os movimentos laterais alcançaram maiores
magnitudes de frequência que os movimentos verticais. PELLEGRINI e SCHENA (2005)
relataram que o componente do tremor nas direções vertical e horizontal, analisado pela
função de coerência espectral, mostrou que a relação entre os segmentos adjacentes do
complexo corpo-arma ocorreu em duas bandas de frequência distintas (em torno de 1,5 Hz e
5-7 Hz). Esses autores concluíram que o movimento do complexo braço-pistola é causado
principalmente pelo balanço postural do corpo. Isto é notadamente observado na direção
lateral, onde o complexo pistola-braço parece mover-se como um bloco, enquanto na direção
vertical isto poderia ser identificado pela influência do tremor fisiológico, levando o braço a

79
mover-se em torno do ombro na frequência de 1,5 Hz e em torno do punho na frequência de 7
Hz. Estas duas bandas de frequência são compatíveis com o reportado na literatura
(MORISSON e NEWELL, 2000), sendo a frequência de 1,5 Hz mais próxima às frequências
encontradas no presente estudo (FMed_Y no Gp_B = 1,93 Hz).
TANG et al. (2008) mediram a amplitude de tremor da pistola em atiradores de elite e
pré-elite por meio de acelerômetros e analisaram separadamente este movimento em duas
bandas de frequência (4-7 Hz e 8-12 Hz) em três pontos de referência: pistola, mão e
antebraço. Observou-se que as maiores amplitudes de movimento eram dos atiradores pré-
elite em ambas as bandas de frequência, assim como destacado na presente investigação. Para
ambos os grupos de atiradores, enquanto na banda mais alta predominava o deslocamento na
direção lateral, na banda de frequência mais baixa predominava o deslocamento vertical.
Relação semelhante entre habilidade técnica do tiro e tremor postural foi relatada em alguns
estudos (BALL et al., 2003b;. NIINIMAA e McAVOY, 1983; PELLEGRINI e SCHENA,
2005) ao sugerirem que, em atiradores menos habilidosos, o balanço do corpo transmite
maiores oscilações ao membro superior. Estas informações reforçam os nossos achados ao
relatar-se que maiores valores de NCCF foram evidenciadas no Gp_B.
LAKIE (2010) realizou análise semelhante, também utilizando acelerômetro. A
análise espectral consistiu em dividir o espectro em diversas bandas de frequência (3,6-4,9
Hz; 5-6,2 Hz; 6,3-7,4 Hz; 7,5-8,8 Hz; 8,9-9,9 Hz) e mostrou que os atiradores experientes
tiveram a metade da amplitude de tremor do grupo de não-atiradores e ratificadas no presente
estudo, porém em bandas de frequência distintas.
SALENIUS et al. (1997) sugerem que as atividades de segmentos corporais com
movimentos trêmulos são considerados de possível significância funcional, uma vez que estes
estão relacionados implicitamente com controle manipulativo de movimentos de precisão.
Complementar a esta idéia, TANG et al. (2008) explicam que o período destinado à pontaria
durante o tiro de pistola é crítico, e durante este tempo, o sistema de controle motor precisa
controlar os graus de liberdade das articulações de todo o corpo a fim de direcioná-lo numa
posição mais precisa e estável (ERA et al., 1996), logrando minimizar os movimentos
oscilatórios do centro de pressão do corpo. Estes movimentos nos segmentos corporais estão
sujeitos a diversos mecanismos fisiológicos que resultam em atividades rítmicas de diversas
bandas de frequência. As baixas frequências (2–4 Hz) de oscilação destes segmentos estão
possivelmente associadas com as propriedades mecânicas de ressonância dos membros mais
proximais (HWANG e WU, 2006).

80
Outra possível hipótese para a origem do tremor na faixa de 2 a 3 Hz encontradas no
presente trabalho está relacionada com a influência visual e a busca do alvo com feedback.
Alguns pesquisadores consideram que a faixa de tremor de 2-3 Hz é influenciada pela
informação visual, posto que o pico espectral nesta faixa é coerente com o perfil de
deslocamento sacádico durante o rastreamento visuo-manual (McAULEY et al. 1999).
HWANG e WU (2006) investigaram o controle neuromotor nos membros superiores durante
a posição estável e com tarefa mecânica de atingir o alvo com um sistema laser. Estes autores
justificaram que a redução da potência espectral relativa de oscilação do membro na faixa de
2-4 Hz se deve ao fato dos indivíduos disporem de feedback visual.
Outra hipótese que reforça as magnitudes espectrais de frequência encontradas é o
acoplamento mecânico da articulação metacarpofalanegeana. A faixa de frequência de 2-4 Hz
também é compatível com o acoplamento mecânico da articulação metacarpofalangeana
durante o rastreamento da posição do segmento em busca do alvo, tal como caracterizado pela
correlação do movimento de tremor entre o dedo e esta região, segundo HWANG e WU
(2006).

5.4 - Variáveis clássicas da estabilometria em situação normal sem desafio


A diferença encontrada no controle da flutuação do ponto de pontaria entre os grupos
estudados conduz a questionar se esta diferença pode ser oriunda de uma situação de
equilíbrio corporal, para a qual o atirador de elite seja naturalmente vocacionado ou tenha
convergido por meio de treinamento. Deste modo, primeiramente, procedeu-se a
caracterização das variáveis clássicas da estabilometria em situação normal sem desafio,
comparando-as entre os grupos de atiradores.
Todos os parâmetros estabilométricos do grupo de atletas de tiro (Gp_A) não foram
diferentes aos do grupo de atiradores militares (Gp_B). Surpreendentemente, somente um
estudo (AALTO et al., 1990) comparou atiradores com níveis atléticos diferentes e também
somente um estudo (HERPIN et al., 2010) foi encontrado comparando a capacidade do
equilíbrio de atiradores de pistola com atletas de outra modalidade (esgrima). AALTO et al.
(1990), avaliaram o equilíbrio de atiradores de fuzil, de pistola (n = 10) e do grupo controle (n
= 27) durante 27 s em postura estática, com olhos abertos, fechados e com e sem roupa de
competição. Os atiradores de melhor nível técnico apresentaram melhor controle do equilíbrio
em situação estática com olhos abertos e sem vestimenta que o grupo controle. Porém,
HERPIN et al. (2010) testaram o balanço corporal em diversas situações, sendo que na

81
posição estática e com olhos abertos não foi encontrada diferença significativa nos parâmetros
estabilométricos na direção anteroposterior entre os atletas de tiro, esgrima e grupo controle,
tal como evidenciado no presente estudo.
Porém, em alguns esportes, os atletas de elite têm mostrado possuir capacidade de
equilíbrio superior aos atletas menos experientes (HRYSOMALLIS, 2011). Atiradores de
nível internacional de rifle apresentaram equilíbrio estático bípede superior aos atiradores de
nível nacional, que por sua vez foram superiores aos atiradores iniciantes (NIINIMAA e
McAVOY, 1983; ERA et al., 1996; KONTTINEN et al., 1999).

5.5 - Variáveis clássicas da estabilometria durante a execução do tiro


AALTO et al. (1990) sugeriram que o balanço corporal é um parâmetro sem
importância para o tiro de pistola e que outras habilidades motoras exercem maior influência
sobre o rendimento esportivo. Contudo, contrapondo esta afirmação, há uma visão comum
entre especialistas em tiro, de que a habilidade do atirador em controlar o movimento do
corpo é o fator mais decisivo no desempenho do tiro (KONTTINEN et al., 2000). Por este
motivo, o principal problema da técnica esportiva em desportos de precisão consiste em
manter a orientação relativa dos segmentos corporais, tão estável quanto possível
(GIANNEKELLIS, 2000).
O presente estudo indicou que a postura durante a fase de pontaria foi mais estável
entre os atletas de tiro. Como resultado disto, durante a execução dos disparos, o Gp_A
apresentou todos os parâmetros estabilométricos significativamente menores que o Gp_B,
tanto nos momento dos melhores e piores tiros, quanto nas direções paralela e perpendicular à
linha de tiro. Contudo, comparando os melhores (MT) e piores tiros (PT) dentro dos grupos,
não ocorreu diferença significativa em nenhum parâmetro estabilométrico nos Gp_A e Gp_B
para os tiros selecionados tal como encontrado por ERA et al. (1996) com os atiradores de
fuzil. Estes dados sugerem que o equilíbrio postural durante a tomada da posição de tiro pode
diferenciar o nível dos atiradores, mas parece não diferenciar a qualidade dos tiros.
No presente estudo, os diferentes parâmetros estabilométricos calculados levaram em
consideração os dados do CP, sendo possível observar que estes parâmetros se comportaram
da mesma forma para ambos os grupos de atiradores e nas duas direções estabilométricas
estudadas. Poder-se-ia esperar que estes parâmetros se comportassem de forma distinta, tendo
em vista que os atiradores posicionaram-se livremente sobre a plataforma e com direção de
tiro individualizada, mesmo considerando que a direção geral de tiro fosse a mesma para

82
todos eles. Diferente do teste estabilométrico, onde todos os atiradores foram obrigados a
adotar a mesma posição ereta sobre a plataforma de força, seria coerente esperar maior
velocidade do CP na direção paralela à linha de tiro, uma vez que o conjunto
osteomioarticular do atirador necessita compensar o peso do braço estendido a frente do corpo
a fim de minimizar a oscilação do centro de pressão, tal como encontrado por ERA et al.
(1996) com os atiradores de fuzil. WINTER (1995) reforça esta teoria ao relatar que um
momento flexor de ombro resulta em uma resposta no balanço posterior do centro de massa,
enquanto um momento extensor do ombro resulta em uma resposta no balanço anterior.
Os resultados dos testes estabilométricos nas duas situações (estática sem desafio e
situação de tiro) sugerem que o tempo de prática e a experiência adquirida pelo Gp_A tenham
favorecido o desenvolvimento de algumas habilidades especiais, uma vez que não foi
observada diferença entre os parâmetros estabilométricos em situação estática normal sem
desafio, como visto no item 5.4. Dentre estas habilidades, estima-se que os atiradores de elite
consigam liberar alguns pequenos movimentos e aumentar os acoplamentos articulares, a fim
de explorar melhor a destreza técnica de controle motor de toda a posição de tiro e minimizar
os efeitos da instabilidade postural de tiro sobre o desempenho nos disparos efetuados.
Estes achados dão suporte aos resultados encontrados em outros estudos (NIINIMAA
e McAVOY 1983; ERA et al., 1996; KONTTINEN et al. 1998; KONTTINEN et al., 2000) e
se configura em uma importante ferramenta na diferenciação de atiradores. Foi observado que
a oscilação postural e o grau de estabilidade da arma durante o período preparatório para o
tiro diferenciam significativamente os atiradores experientes ou de elite dos menos
experientes e dos atiradores militares. A metodologia adotada possibilitou, a priori, identificar
os indivíduos que foram mais hábeis em estabilizar a postura, indicando ser um teste
interessante a ser usado durante a fase inicial de treinamento em que se busca a melhor
posição de tiro para os atiradores.

5.6 - Análise da correlação entre os sinais de flutuação do ponto de pontaria nos eixos X
e Y e das oscilações do CP nas direções perpendicular e paralela à linha de tiro,
respectivamente, por meio da função de correlação cruzada.
O movimento voluntário do braço realizado pelo atirador em pé tem sido
frequentemente usado para estudar ajustamento postural antecipatório (ARUIN e LATASH,
1996; ERA et al., 1996; WINTER, 1995). Este tipo de movimento é similar ao utilizado pelo
atirador no momento que o mesmo estende o braço a frente do corpo a fim de realizar a

83
pontaria. Tais movimentos induzem a perturbações posturais dinâmicas por causa do
acoplamento articular e estão associadas à ajustes posturais antecipatórios, em particular,
reflexo da mudança na atividade elétrica do músculo do tronco e das pernas, bem como do
deslocamento do centro de pressão do corpo (ARUIN e LATASH, 1996). Contudo, qual ação
motora ocorre primeiro, o ajuste postural para possibilitar maior equilíbrio corporal para
posteriormente ajustar a pontaria, ou o inverso, onde, inicialmente, o indivíduo reduz a
flutuação do ponto de pontaria para em seguida, progressivamente minimizar a instabilidade
postural? Qual estratégia neuromotora é adotada pelo atirador?
Para responder a este questionamento sobre a interação entre os sinais de equilíbrio e
de flutuação do ponto de pontaria, foi realizada a função de correlação cruzada normalizada
(normalized cross-correlation function – NCCF) positiva e negativa mais próxima do zero e o
correspondente atraso entre os dois sinais estudados. Foram determinados os valores de
NCCF positivo e negativo mais próximo do zero e verificou-se que não houve uma
predominância das correlações positiva ou negativa ou mesmo dos períodos de latência destas
correlações (item 4.6.1 e Tabela A.7).
Contudo, as médias dos valores de correlação cruzada encontradas para os grupos A e
B nos piores e melhores tiros (Tabela A.8) nos dois eixos estudados foram superiores ao valor
crítico (0,1889). Estes dados sugerem que ocorreu uma correlação moderada (entre 0,4 e 0,69)
(BRYMAN e CRAMER, 2005; DANCEY e REIDY, 2006; COHEN, 1988) entre os sinais de
estabilometria e do sensor óptico. Os dados sugerem que os sinais estabilométricos e de FPP
estão correlacionados, contudo não se pode afirmar qual ação motora está antecipada em
relação à outra. Caso o equilíbrio postural precedesse ao ajuste da pontaria, certamente o
aperfeiçoamento no treinamento proprioceptivo aumentaria a estabilidade corporal e
minimizaria a flutuação da pontaria.
Estas correlações sugeriram que a oscilação corporal na direção perpendicular à linha
de tiro está associada com a FPP no eixo X, o mesmo ocorrendo com a oscilação corporal na
direção paralela a linha de tiro e a FPP no eixo Y, tal como apresentado por MASON et al.
(1990) e BALL et al., (2003b). De acordo com MASON et al. (1990), o movimento corporal
total durante a prova de tiro influencia na variabilidade da precisão dos atiradores em 30% (r
= 0,55). Os mesmos autores sugerem que o movimento corporal total, juntamente com a
movimentação total da pistola são responsáveis por 53% de toda a variabilidade na precisão
do tiro e que o deslocamento do CP na direção paralela a linha de tiro é responsável por 40%
do deslocamento do tiro na direção vertical (r = 0,63).

84
Um aspecto que não se pode deixar de comentar neste momento decorre da
estacionariedade do sinal como sendo uma característica obrigatória para prosseguir para uma
análise espectral por meio da FFT. Esta característica não estacionária do sinal oriundo do
sensor óptico pode representar um problema para a análise em frequência. Inicialmente, foi
verificada a estacionariedade do sinal através do algoritmo “revarr_test” no programa
Matlab®. Notou-se que esta característica variava entre os tiros, pois alguns tiros mostravam-
se totalmente estacionários e outros, parcialmente estacionários. Esta situação não definida
motivou a analisar o perfil espectral deste sinal por meio da FFT, mas com o compromisso de
prosseguir em um estudo futuro usando técnicas de análise tempo-frequência adequadas para
sinais não-estacionários.

85
CAPÍTULO 6

CONCLUSÃO

Foi possível observar a diferença técnica entre os grupos de atiradores por meio dos
parâmetros estabilométricos durante a tarefa de tiro, como também através dos índices de
flutuação do ponto de pontaria no domínio do tempo (Dev) e no domínio da frequência
(FMed). Ressalta-se ainda que a FMed foi eficiente na distinção da qualidade dos tiros.
Identificou-se uma correlação moderada entre os sinais de estabilometria e do sensor óptico,
contudo, sem discriminar qual sinal está adiantado em relação ao outro. Para isto, a
metodologia de processamento de sinais adotada mostrou-se eficaz para a proposta
estabelecida, apesar da limitação de não-estacionariedade do sinal do sensor óptico.
A comparação do desempenho dos dois grupos de atiradores em tarefa de tiro pré-
determinada, considerando todos os tiros executados, confirmou a diferença entre o nível
técnico dos grupos de atiradores e foi ratificada ao se considerar os dez melhores e piores
disparos por atirador. O parâmetro Dev indicou que maior deslocamento do ponto de pontaria
ocorreu na direção vertical do alvo (Eixo Y) tanto para os melhores quanto para os piores tiros
nos dois grupos de atiradores. Acredita-se que esta tendência seja por conta de um padrão de
movimento diferente ao longo da direção vertical e, soma-se a isto, os efeitos da gravidade,
levando a hipotetizar um comportamento mecânico mais complexo nesta direção. Por outro
lado, nos movimentos laterais, acredita-se que o complexo arma-atirador se mova como uma
peça rígida durante a fase de pontaria. Desta forma, o Gp_A foi mais capaz para desenvolver
uma estratégia de coordenação mecânica mais vantajosa que o Gp_B para aumentar o controle
do complexo arma-mão na direção vertical.
Considerando as variáveis clássicas da estabilometria em situação normal sem desafio,
observou-se que todos os parâmetros estabilométricos do grupo de atletas de tiro (Gp_A) não
foram diferentes aos do grupo de atiradores militares (Gp_B). Porém, quando em situação de
tiro os dados sugerem que o equilíbrio postural pode diferenciar o nível dos atiradores, mas
parece não diferenciar a qualidade dos tiros.
Uma relação causal foi observada entre a amplitude do tremor identificada pela FMed
e a flutuação do ponto de pontaria. Esta relação insinua que quanto menor a movimentação do
segmento ou do CP, mais rápidos são os ajustes efetuados pelo sistema nervoso a fim de
reposicionar o membro na direção desejada. Estes dados indicam que os melhores atiradores

86
são capazes de realizar menores amplitudes de movimento com correções de pontaria mais
rápidas. Os parâmetros Dev e FMed, juntos, podem constituir uma ferramenta útil na
identificação da capacidade de controle e correção da pontaria de atiradores.
As magnitudes de FMed determinadas no estudo encontraram suporte teórico nas
explicações sobre o tremor fisiológico da mão que segura a arma, na oscilação postural do
indivíduo e dos seus segmentos corporais, além de receber influência da sustentação da arma
sobre a articulação do punho, do feedback visual e do acoplamento mecânico da articulação
metacarpo-falangeana.
A metodologia adotada possibilitou identificar os indivíduos que foram mais hábeis
em estabilizar a postura, indicando ser adequada para uso durante a fase inicial de
treinamento, em que se busca a melhor posição de tiro para os atiradores. Como também, este
processo de análise da estratégia motora adotada pelo atirador pode ser aplicado na detecção
de talento esportivo para o tiro e no treinamento desportivo do controle motor fino de
pontaria.
Embora tenha ocorrido uma NCCF moderada entre os sinais da plataforma de força e
do sensor óptico, não foi possível determinar a predominância de correlação positiva ou
negativa ou mesmo do período de latência.
A incerteza quanto à estacionariedade do sinal oriundo do sensor óptico impele ao
prosseguimento de estudos futuros usando técnicas específicas para avaliar sinais não
estacionários a fim de comparar as FMed obtidas por meio da FFT.
Outros estudos relacionados à validação da FMed como ferramenta de identificação da
qualidade de disparos e diferenciação do nível técnico de atiradores, como também
investigações acerca da acurácia e precisão dos disparos durante a execução de tiros reais
poderão ser implementados.
Outra questão que poderia ser investigada versa sobre o emprego da curva ROC
(Receiver Operating Characteristic) a fim de se estudar a variação da sensibilidade e
especificidade para diferentes valores de corte propostos para a NCCF.

87
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101
ANEXO 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA
PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA CIENTÍFICA
Pesquisador Responsável: Marco Túlio Baptista
Instituição: Instituto de Pesquisa da Capacitação Física do Exército
Você foi selecionado a participar do projeto de pesquisa, desenvolvida no Instituto de
Pesquisa da Capacitação Física do Exército (IPCFEx), que investiga a influência da variação
do centro de pressão do corpo sobre a variabilidade da flutuação do ponto de pontariado tiro
com pistola e sobre o desempenho técnico em atiradores militares.
Esta coleta de dados esta sendo realizada como parte da dissertação de mestrado do
aluno Marco Túlio Baptista do Programa de Engenharia Biomédica da UFRJ - COPPE. O
respectivo estudo é realizado sob orientação do professor Jurandir Nadal e da professora
Liliam Fernandes de Oliveira.
O objetivo deste estudo será investigar a influência da variação do centro de pressão
do corpo sobre a variabilidade da flutuação do ponto de pontaria do tiro com pistola e sobre o
desempenho técnico em atiradores militares.
Declaração e assinatura
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações sobre o estudo
acima ditado que li ou que foram lidas para mim. Eu discuti com o pesquisador Marco Túlio
Baptista sobre a minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são
os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as
garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que
minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento hospitalar
quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar
meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades,
prejuízo ou perda de qualquer benéfico que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento
nesta instituição.
Nome do participante da pesquisa: ___________________________________
Assinatura:______________________________________________________
Data:____/____/_____
Nome do pesquisador responsável: Marco Túlio Baptista
Assinatura:_______________________________________________________
Data:____/____/_____
102
ANEXO 2

APROVAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA PELO COMITÊ DE


ÉTICA EM PESQUISA DO HOSPITAL DA FORÇA AÉREA DO
GALEÃO (HFAG)

103
APÊNDICE A

TABELAS DAS MÉDIAS DOS PARÂMETROS ESTABILOMÉTRICOS, DA


FLUTUAÇÃO DO PONTO DE PONTARIA, DA FREQUÊNCIA MEDIANA
ESPECTRAL, DO p VALOR DO TESTE t E DOS VALORES DE MÁXIMA
CORRELAÇÃO CRUZADA NORMALIZADA MAIS PRÓXIMA DO ZERO E DAS
RESPECTIVAS LATÊNCIAS

104
Tabela A.1: Médias do resultado de todos os tiros
executados pelos dois grupos
Dev_X Dev_Y
Grupo
mm±DP mm±DP
A 0,75 ± 0,27 0,83 ± 0,35
B 1,49 ± 0,80 1,85 ± 0,81

Tabela A.2: Desempenho dos atiradores baseado no desvio padrão (Dev) (mm) da série
temporal de deslocamentos do sensor óptico sobre o alvo
Variável n µ Mín Máx s
B_DevX_M 120 0,99 0,17 2,26 0,50
B_DevY_M 120 1,20 0,46 2,22 0,40
A_DevX_M 120 0,50 0,08 0,86 0,16
A_DevY_M 120 0,59 0,31 1,05 0,18
B_DevX_P 120 1,99 0,94 5,06 0,82
B_DevY_P 120 2,44 1,16 6,42 0,87
A_DevX_P 120 1,01 0,61 1,55 0,24
A_DevY_P 120 1,14 0,63 2,51 0,41
B: GpB; A: GpA; X: Eixo X; Y: Eixo Y; Dev: desvio padrão da componente analisada; M:
Melhores Tiros; P: Piores Tiros; n: quantidade de tiros; µ: média (mm); s: desvio padrão (mm);
Mín: mínimo (mm); Máx: máximo (mm).

Tabela A.3: Frequência Mediana Espectral (Hz) do trecho de 1,5 s correspondente aos melhores
e piores tiros por grupo de atiradores
Variável n µ Mín Máx s
B_FMedX_M 120 2,3542 0,66 4,62 0,8673
B_FMedY_M 120 1,9251 0,66 4,62 0,8054
A_FMedX_M 120 2,7249 0,66 4,62 0,8193
A_FMedY_M 120 2,4333 1,32 4,62 0,8348
B_FMedX_P 120 1,8921 0,66 4,62 0,9603
B_FMedY_P 120 1,5731 0,66 3,96 0,8900
A_FMedX_P 120 2,1738 0,66 4,62 0,9264
A_FMedY_P 120 1,9761 0,66 4,62 0,8449
B: GpB; A: GpA; X: Eixo X; Y: Eixo Y; FMed: Frequência Mediana da componente analisada;
M: Melhores Tiros; P: Piores Tiros; n: quantidade de tiros; µ: média (Hz); s: desvio padrão (Hz);
Mín: mínimo (Hz); Máx: máximo (Hz).

105
Tabela A.4: Parâmetros estabilométricos do Gp_A em situação normal sem desafio
Variável n µ Mín Máx s
ACPx (cm) 12 1,485 0,80 2,40 0,5172
ACPy (cm) 12 1,9575 1,03 2,92 0,6344
DT (cm) 12 40,85 25,55 70,04 14,0478
2
Área (cm ) 12 2,0475 0,56 3,89 1,12
VCPx (cm/s) 12 0,4275 0,23 0,81 0,166
VCPy (cm/s) 12 0,4375 0,25 0,68 0,153
ACPx: Amplitude média do deslocamento do CP em X; ACpy: Amplitude do CP em Y; DT:
deslocamento total; VCPx: velocidade do CP no eixo X; VCpy: velocidade do CP no eixo Y; n:
número de indivíduos; µ: média; s: desvio padrão; Mín: mínimo; Máx: máximo.

Tabela A.5: Parâmetros estabilométricos do Gp_B em situação normal sem desafio


Variável n µ Mín Máx s
ACPx (cm) 12 1,4933 0,52 2,48 0,5334
ACPy (cm) 12 2,1083 1,32 3,3 0,6092
DT (cm) 12 51,0558 24,57 83,2 17,5
2
Área (cm ) 12 2,1958 0,55 3,8 1,0519
VCPx (cm/s) 12 0,5092 0,2 0,75 0,1676
VCPy (cm/s) 12 0,5708 0,31 1,05 0,2271
ACPx: Amplitude média do deslocamento do CP em X; ACpy: Amplitude do CP em Y; DT:
deslocamento total; VCPx: velocidade do CP no eixo X; VCpy: velocidade do CP no eixo Y; n:
número de indivíduos; µ: média; s: desvio padrão; Mín: mínimo; Máx: máximo.

Tabela A.6: p valor do teste t aplicado para a


comparação das médias dos parâmetros
estabilométricos nos grupos A e B
Gp_A x Gp_B
n p valor
Variável
ACPx (cm) 12 0,9694
ACPy (cm) 12 0,5585
DT (cm) 12 0,1297
2
Área (cm ) 12 0,7412
VCPx 12 0,2433
VCPy 12 0,1057
Nível de significância considerado:  = 0,01

106
Tabela A.7: Tabela de frequência das médias da correlação positiva e negativa e dos
respectivos atrasos positivo, negativo e zero encontrados nas NCCF para os grupos A e B
somente para os melhores tiros.
Correlação Atraso
Positiva Negativa Positivo Negativo Zero
Gp_A_X 46.7% 53.3% 48.3% 37.5% 14.2%
Gp_A_Y 51.7% 48.3% 49.2% 40.8% 9.2%
Gp_B_X 39.2% 60.8% 35.8% 50.0% 14.2%
Gp_B_Y 58.3% 41.7% 49.2% 38.3% 12.5%
A: GpA; B: GpB; X: Eixo X; Y: Eixo Y.

Tabela A.8: Média dos valores absolutos de correlação cruzada encontrada para os
grupos A e B nos momentos de piores e melhores tiros
Grupos µ Mín Máx s
AeB
Gp_A_Y_M 0,4345 0,1918 0,8377 0,1611
Gp_A_Y_P 0,4551 0,1889 0,92 0,1726
Gp_A_X_M 0,4019 0,1892 0,7588 0,146
Gp_A_X_P 0,4793 0,1914 0,8795 0,1796
Gp_B_Y_M 0,448 0,1948 0,8379 0,1728
Gp_B_Y_P 0,5365 0,2047 0,8864 0,1850
Gp_B_X_M 0,4154 0,1919 0,8772 0,1613
Gp_B_X_P 0,4793 0,1893 0,9323 0,1825
A: GpA; B: GpB; X: Eixo X; Y: Eixo Y; M: melhores tiros; P: piores tiros; µ: média;
s: desvio padrão; Mín: mínimo; Máx: máximo.

107
APÊNDICE B

GRÁFICOS DAS FUNÇÕES DE CORRELAÇÃO CRUZADA NORMALIZADA


(FCCN) MAIS PRÓXIMA DO ZERO DO MELHOR TIRO DE CADA ATIRADOR
ENTRE OS SINAIS DE ESTABILOMETRIA (AP OU PARALELO À LINHA DE
TIRO) E DO SENSOR ÓPTICO (EIXO Y) E ENTRE OS SINAIS DE
ESTABILOMETRIA (ML OU PERPENDICULAR A LINHA DE TIRO) E DO
SENSOR ÓPTICO (EIXO X) E RESPECTIVA LATÊNCIA DE CADA INDIVÍDUO

108
APÊNDICE B – PARTE 1

FCCN mais Próxima do Zero do melhor tiro de cada atirador entre os sinais de
estabilometria (AP ou paralelo à linha de tiro) e do sensor óptico (eixo Y).

Grupo_A: Atletas de Tiro

109
Indivíduo 1
-3.7

Estabilometria AP (cm)
-3.8

-3.9

-4

-4.1
75.6 75.8 76 76.2 76.4 76.6 76.8 77 77.2 77.4

50
Sensor Otico y (mm)

-50

-100
75.6 75.8 76 76.2 76.4 76.6 76.8 77 77.2 77.4

0.5 tempo:0.300
xcor:0.391
FCCN - Eixo y

0
tempo:0.000
xcor:-0.303
-0.5

-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 2
0.4
Estabilometria AP (cm)

0.35

0.3
14 14.2 14.4 14.6 14.8 15 15.2 15.4 15.6 15.8 16

20
Sensor Otico y (mm)

-20

-40
14 14.2 14.4 14.6 14.8 15 15.2 15.4 15.6 15.8 16

0.5 tempo:0.330
xcor:0.420
FCCN - Eixo y

tempo:-0.110
-0.5 xcor:-0.470

-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 3
-13.2
Estabilometria AP (cm)

-13.25

-13.3

-13.35

-13.4
64.6 64.8 65 65.2 65.4 65.6 65.8 66 66.2

100
Sensor Otico y (mm)

50

-50
64.6 64.8 65 65.2 65.4 65.6 65.8 66 66.2

1
tempo:-0.270
FCCN - Eixo y

0.5 xcor:0.560

-0.5 tempo:-0.010
xcor:-0.637
-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

110
Indivíduo 4
-2.75

Estabilometria AP (cm)
-2.8

-2.85

-2.9
101 101.2 101.4 101.6 101.8 102 102.2 102.4

50
Sensor Otico y (mm)

-50

-100
101 101.2 101.4 101.6 101.8 102 102.2 102.4

0.5 tempo:0.000
xcor:0.415
FCCN - Eixo y

tempo:-0.270
-0.5
-1.5 -1 -0.5 xcor:-0.494 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 5
10.6
Estabilometria AP (cm)

10.55

10.5

10.45

10.4
188.5 189 189.5 190

-20
Sensor Otico y (mm)

-30

-40

-50

-60
188.5 189 189.5 190

0.5 tempo:-0.140
xcor:0.364
FCCN - Eixo y

-0.5 tempo:0.350
xcor:-0.562

-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 6
-0.85
Estabilometria AP (cm)

-0.9

-0.95

-1

-1.05
151 151.2 151.4 151.6 151.8 152 152.2 152.4 152.6 152.8 153

20
Sensor Otico y (mm)

-20

-40

-60
151 151.2 151.4 151.6 151.8 152 152.2 152.4 152.6 152.8 153

0.5

tempo:-0.250
FCCN - Eixo y

xcor:0.209
0

tempo:0.020
-0.5 xcor:-0.434
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

111
Indivíduo 7
3.8

Estabilometria AP (cm)
3.6

3.4

3.2

3
106.8 107 107.2 107.4 107.6 107.8 108 108.2 108.4

60
Sensor Otico y (mm)

40

20

-20
106.8 107 107.2 107.4 107.6 107.8 108 108.2 108.4

0.5
tempo:0.510
FCCN - Eixo y

xcor:0.266

tempo:0.000
xcor:-0.292
-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 8
-11.3
Estabilometria AP (cm)

-11.4

-11.5

-11.6

-11.7
10 10.2 10.4 10.6 10.8 11 11.2 11.4 11.6 11.8 12

350
Sensor Otico y (mm)

300

250

200

150
10 10.2 10.4 10.6 10.8 11 11.2 11.4 11.6 11.8 12

0.5 tempo:-0.170
xcor:0.403
FCCN - Eixo y

-0.5 tempo:0.430
xcor:-0.590

-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 9
-3
Estabilometria AP (cm)

-3.05

-3.1

-3.15
28.4 28.6 28.8 29 29.2 29.4 29.6 29.8 30 30.2

50
Sensor Otico y (mm)

-50
28.4 28.6 28.8 29 29.2 29.4 29.6 29.8 30 30.2

1
tempo:-0.010
FCCN - Eixo y

0.5
xcor:0.512

0
tempo:0.340
-0.5 xcor:-0.336

-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

112
Indivíduo 10
-0.2

Estabilometria AP (cm)
-0.3

-0.4

-0.5

-0.6
161.2 161.4 161.6 161.8 162 162.2 162.4 162.6 162.8 163 163.2

50
Sensor Otico y (mm)

-50

-100
161.2 161.4 161.6 161.8 162 162.2 162.4 162.6 162.8 163 163.2

1
tempo:0.120
xcor:0.758
FCCN - Eixo y

0.5

0
tempo:-0.210
-0.5 xcor:-0.402

-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 11
-4.28
Estabilometria AP (cm)

-4.3

-4.32

-4.34
204.8 205 205.2 205.4 205.6 205.8 206 206.2 206.4

50
Sensor Otico y (mm)

-50
204.8 205 205.2 205.4 205.6 205.8 206 206.2 206.4

1
FCCN - Eixo y

0.5 tempo:-0.220
xcor:0.358
0

-0.5 tempo:-0.580
xcor:-0.680
-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 12
4.6
Estabilometria AP (cm)

4.5

4.4

4.3
44.6 44.8 45 45.2 45.4 45.6 45.8 46 46.2

-100
Sensor Otico y (mm)

-120

-140

-160
44.6 44.8 45 45.2 45.4 45.6 45.8 46 46.2

0.5
tempo:-0.430
xcor:0.322
FCCN - Eixo y

tempo:0.050
-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 xcor:-0.499 0.5 1 1.5
Atraso (s)

113
APÊNDICE B – PARTE 2

FCCN mais Próxima do Zero do melhor tiro de cada atirador entre os sinais de
estabilometria (AP ou paralelo à linha de tiro) e do sensor óptico (eixo Y).

Grupo_B: Atiradores Militares

114
Indivíduo 13
-6.2

Estabilometria AP (cm) -6.3

-6.4

-6.5
26.8 27 27.2 27.4 27.6 27.8 28 28.2 28.4 28.6 28.8

60
Sensor Otico y (mm)

40

20

-20
26.8 27 27.2 27.4 27.6 27.8 28 28.2 28.4 28.6 28.8

0.5 tempo:0.100
xcor:0.448
FCCN - Eixo y

tempo:-0.250
xcor:-0.366
-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 14
-1.6
Estabilometria AP (cm)

-1.7

-1.8

-1.9

-2
186 186.2 186.4 186.6 186.8 187 187.2 187.4 187.6 187.8 188

100
Sensor Otico y (mm)

-100

-200

-300
186 186.2 186.4 186.6 186.8 187 187.2 187.4 187.6 187.8 188

0.5 tempo:0.200
xcor:0.444
FCCN - Eixo y

tempo:-0.220
-0.5 xcor:-0.422
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 15
1.3
Estabilometria AP (cm)

1.2

1.1

0.9
29.2 29.4 29.6 29.8 30 30.2 30.4 30.6 30.8 31

0
Sensor Otico y (mm)

-50

-100

-150

-200
29.2 29.4 29.6 29.8 30 30.2 30.4 30.6 30.8 31

1
tempo:0.050
FCCN - Eixo y

0.5 xcor:0.530

-0.5 tempo:-0.230
xcor:-0.537
-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

115
Indivíduo 16
-0.05

Estabilometria AP (cm) -0.1

-0.15

-0.2

-0.25
92.2 92.4 92.6 92.8 93 93.2 93.4 93.6 93.8

100
Sensor Otico y (mm)

50

-50

-100
92.2 92.4 92.6 92.8 93 93.2 93.4 93.6 93.8

0.5 tempo:0.350
xcor:0.477
FCCN - Eixo y

0
tempo:0.000
xcor:-0.220

-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 17
-3.4
Estabilometria AP (cm)

-3.6

-3.8

-4

-4.2
41 41.2 41.4 41.6 41.8 42 42.2 42.4 42.6 42.8

150
Sensor Otico y (mm)

100

50

-50
41 41.2 41.4 41.6 41.8 42 42.2 42.4 42.6 42.8

0.4
tempo:0.010
FCCN - Eixo y

0.2 xcor:0.248

tempo:-0.610
-0.2
xcor:-0.206
-0.4
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 18
-4.2
Estabilometria AP (cm)

-4.4

-4.6

-4.8

-5
140 140.2 140.4 140.6 140.8 141 141.2 141.4 141.6 141.8 142

150
Sensor Otico y (mm)

100

50

0
140 140.2 140.4 140.6 140.8 141 141.2 141.4 141.6 141.8 142

0.4 tempo:0.000
xcor:0.350
FCCN - Eixo y

0.2

-0.2
tempo:-0.900
-0.4 xcor:-0.362
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

116
Indivíduo 19
11.5

Estabilometria AP (cm) 11.45

11.4

11.35

11.3
45.8 46 46.2 46.4 46.6 46.8 47 47.2 47.4 47.6

50
Sensor Otico y (mm)

-50

-100

-150
45.8 46 46.2 46.4 46.6 46.8 47 47.2 47.4 47.6

0.4
tempo:0.710
FCCN - Eixo y

0.2 xcor:0.244

-0.2 tempo:0.180
xcor:-0.213
-0.4
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 20
-8.7
Estabilometria AP (cm)

-8.75

-8.8

-8.85

-8.9
77 77.2 77.4 77.6 77.8 78 78.2 78.4 78.6

100
Sensor Otico y (mm)

-100

-200
77 77.2 77.4 77.6 77.8 78 78.2 78.4 78.6

1
FCCN - Eixo y

tempo:0.040
0.5
xcor:0.515

tempo:-0.530
-0.5 xcor:-0.395
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 21
-4.2
Estabilometria AP (cm)

-4.4

-4.6

-4.8

-5
102.2 102.4 102.6 102.8 103 103.2 103.4 103.6 103.8

0
Sensor Otico y (mm)

-50

-100

-150
102.2 102.4 102.6 102.8 103 103.2 103.4 103.6 103.8

1
tempo:0.240
FCCN - Eixo y

xcor:0.669
0.5

tempo:-0.120
-0.5 xcor:-0.384
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

117
Indivíduo 22
-1.3

Estabilometria AP (cm)
-1.4

-1.5

-1.6

-1.7
124 124.2 124.4 124.6 124.8 125 125.2 125.4 125.6 125.8

-100
Sensor Otico y (mm)

-150

-200

-250
124 124.2 124.4 124.6 124.8 125 125.2 125.4 125.6 125.8

1
FCCN - Eixo y

0.5 tempo:-0.090
xcor:0.377
0

-0.5
tempo:0.320
xcor:-0.774
-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 23
-10.6
Estabilometria AP (cm)

-10.7

-10.8

-10.9

-11
36 36.2 36.4 36.6 36.8 37 37.2 37.4 37.6 37.8

0
Sensor Otico y (mm)

-50

-100

-150
36 36.2 36.4 36.6 36.8 37 37.2 37.4 37.6 37.8

0.4
tempo:-0.270
FCCN - Eixo y

0.2 xcor:0.244

-0.2 tempo:-0.620
xcor:-0.276
-0.4
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 24
9
Estabilometria AP (cm)

8.5

7.5
97.2 97.4 97.6 97.8 98 98.2 98.4 98.6 98.8

-20
Sensor Otico y (mm)

-40

-60

-80

-100
97.2 97.4 97.6 97.8 98 98.2 98.4 98.6 98.8

tempo:-0.020
FCCN - Eixo y

0.5 xcor:0.561

0
tempo:0.640
xcor:-0.324
-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

118
APÊNDICE B – PARTE 3

FCCN mais Próxima do Zero do melhor tiro de cada atirador entre os sinais de
estabilometria (ML ou perpendicular à linha de tiro) e do sensor óptico (eixo X).

Grupo_A: Atletas de Tiro

119
Indivíduo 1

Estabilometria ML (cm)
6.3
6.2
6.1
6
5.9

172.2 172.4 172.6 172.8 173 173.2 173.4 173.6 173.8

50
Sensor Otico x (mm)

-50

-100
172.2 172.4 172.6 172.8 173 173.2 173.4 173.6 173.8
Tempo (s)

0.5 tempo:-0.540
xcor:0.440
FCCN - Eixo x

tempo:-0.030
xcor:-0.336
-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 2
-4.95
Estabilometria ML (cm)

-5

-5.05

-5.1

-5.15
7.6 7.8 8 8.2 8.4 8.6 8.8 9 9.2 9.4

40
Sensor Otico x (mm)

20

-20
7.6 7.8 8 8.2 8.4 8.6 8.8 9 9.2 9.4
Tempo (s)

1
tempo:-0.010
FCCN - Eixo x

0.5 xcor:0.603

0
tempo:0.390
-0.5 xcor:-0.409

-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 3
-1.8
Estabilometria ML (cm)

-1.85

-1.9

-1.95
245.6 245.8 246 246.2 246.4 246.6 246.8 247 247.2 247.4 247.6

20
Sensor Otico x (mm)

-20

-40
245.6 245.8 246 246.2 246.4 246.6 246.8 247 247.2 247.4 247.6
Tempo (s)

0.5
tempo:-0.230
FCCN - Eixo x

xcor:0.254

tempo:0.020
-0.5 xcor:-0.436
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

120
Indivíduo 4
1.4

Estabilometria ML (cm)
1.2

0.8

275.6 275.8 276 276.2 276.4 276.6 276.8 277 277.2 277.4 277.6

40
Sensor Otico x (mm)

20

-20

-40
275.6 275.8 276 276.2 276.4 276.6 276.8 277 277.2 277.4 277.6
Tempo (s)

0.5 tempo:0.000
xcor:0.397
FCCN - Eixo x

-0.5 tempo:0.330
xcor:-0.537

-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 5
8.5
Estabilometria ML (cm)

8.45

8.4

8.35

8.3
262.4 262.6 262.8 263 263.2 263.4 263.6 263.8 264 264.2

60
Sensor Otico x (mm)

40

20

-20
262.4 262.6 262.8 263 263.2 263.4 263.6 263.8 264 264.2
Tempo (s)

0.5

tempo:-0.160
FCCN - Eixo x

xcor:0.230
0

tempo:0.460
-0.5 xcor:-0.408
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 6
0.75
Estabilometria ML (cm)

0.7

0.65

0.6

0.55
116.8 117 117.2 117.4 117.6 117.8 118 118.2 118.4

60
Sensor Otico x (mm)

40

20

0
116.8 117 117.2 117.4 117.6 117.8 118 118.2 118.4
Tempo (s)

0.4 tempo:-0.130
xcor:0.329
FCCN - Eixo x

0.2

-0.2 tempo:0.380
xcor:-0.238
-0.4
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

121
Indivíduo 7
-2.9

Estabilometria ML (cm)
-3

-3.1

-3.2

-3.3
20.6 20.8 21 21.2 21.4 21.6 21.8 22 22.2 22.4 22.6

20
Sensor Otico x (mm)

-20

-40
20.6 20.8 21 21.2 21.4 21.6 21.8 22 22.2 22.4 22.6
Tempo (s)

0.5 tempo:-0.060
xcor:0.472
FCCN - Eixo x

-0.5 tempo:0.200
xcor:-0.566

-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 8
-13.4
Estabilometria ML (cm)

-13.6

-13.8

-14
59.2 59.4 59.6 59.8 60 60.2 60.4 60.6 60.8 61

0
Sensor Otico x (mm)

-20

-40

-60
59.2 59.4 59.6 59.8 60 60.2 60.4 60.6 60.8 61
Tempo (s)

0.4
tempo:-0.250
xcor:0.286
FCCN - Eixo x

0.2

-0.2 tempo:0.400
xcor:-0.216
-0.4
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 9
3.4
Estabilometria ML (cm)

3.2

2.8

2.6
105.4 105.6 105.8 106 106.2 106.4 106.6 106.8 107

-150
Sensor Otico x (mm)

-160

-170

-180
105.4 105.6 105.8 106 106.2 106.4 106.6 106.8 107
Tempo (s)

tempo:0.000
FCCN - Eixo x

0.5 xcor:0.561

0
tempo:-0.500
xcor:-0.314
-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

122
Indivíduo 10
3.4

Estabilometria ML (cm)
3.2

2.8

2.6
53.6 53.8 54 54.2 54.4 54.6 54.8 55 55.2 55.4

80
Sensor Otico x (mm)

60

40

20

0
53.6 53.8 54 54.2 54.4 54.6 54.8 55 55.2 55.4
Tempo (s)

0.5

tempo:-0.260
FCCN - Eixo x

xcor:0.239
0

tempo:0.250
-0.5 xcor:-0.476
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 11
-3.25
Estabilometria ML (cm)

-3.3

-3.35

-3.4
68.2 68.4 68.6 68.8 69 69.2 69.4 69.6 69.8

200
Sensor Otico x (mm)

180

160

140

120
68.2 68.4 68.6 68.8 69 69.2 69.4 69.6 69.8
Tempo (s)

0.5 tempo:0.320
xcor:0.415
FCCN - Eixo x

tempo:-0.030
xcor:-0.333
-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 12
0.8
Estabilometria ML (cm)

0.6

0.4

0.2
35.5 36 36.5 37

150
Sensor Otico x (mm)

100

50
35.5 36 36.5 37
Tempo (s)

0.5 tempo:0.430
xcor:0.448
FCCN - Eixo x

tempo:0.820
-0.5 xcor:-0.4811
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1.5
Atraso (s)

123
APÊNDICE B – PARTE 4

FCCN mais Próxima do Zero do melhor tiro de cada atirador entre os sinais de
estabilometria (ML ou perpendicular à linha de tiro) e do sensor óptico (eixo X).

Grupo_B: Atiradores Militares

124
Indivíduo 13
8

Estabilometria ML (cm)
7.9

7.8

7.7

7.6
13.8 14 14.2 14.4 14.6 14.8 15 15.2 15.4 15.6 15.8

240
Sensor Otico x (mm)

220

200

180

160
13.8 14 14.2 14.4 14.6 14.8 15 15.2 15.4 15.6 15.8
Tempo (s)

0.5
tempo:-0.410
xcor:0.369
FCCN - Eixo x

0
tempo:-0.100
xcor:-0.214

-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 14
11
Estabilometria ML (cm)

10.8

10.6

10.4
186 186.2 186.4 186.6 186.8 187 187.2 187.4 187.6 187.8 188

250
Sensor Otico x (mm)

200

150

100
186 186.2 186.4 186.6 186.8 187 187.2 187.4 187.6 187.8 188
Tempo (s)

0.4
tempo:-0.040
xcor:0.262
FCCN - Eixo x

0.2

tempo:-0.350
-0.2
xcor:-0.201

-0.4
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 15
-9.95
Estabilometria ML (cm)

-10

-10.05

-10.1

-10.15
29.2 29.4 29.6 29.8 30 30.2 30.4 30.6 30.8 31

0
Sensor Otico x (mm)

-50

-100

-150
29.2 29.4 29.6 29.8 30 30.2 30.4 30.6 30.8 31
Tempo (s)
tempo:0.290
0.5
xcor:0.480
FCCN - Eixo x

-0.5
tempo:-0.220
xcor:-0.671
-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

125
Indivíduo 16
-0.5

Estabilometria ML (cm)
-0.6

-0.7

-0.8

-0.9
64 64.2 64.4 64.6 64.8 65 65.2 65.4 65.6 65.8

150
Sensor Otico x (mm)

100

50

-50
64 64.2 64.4 64.6 64.8 65 65.2 65.4 65.6 65.8
Tempo (s)

0.5
tempo:0.250
xcor:0.368
FCCN - Eixo x

tempo:-0.360
xcor:-0.267
-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 17
7
Estabilometria ML (cm)

6.8

6.6

6.4

6.2
11.4 11.6 11.8 12 12.2 12.4 12.6 12.8 13

300
Sensor Otico x (mm)

200

100

-100
11.4 11.6 11.8 12 12.2 12.4 12.6 12.8 13
Tempo (s)

0.5 tempo:0.000
xcor:0.435
FCCN - Eixo x

tempo:0.280
-0.5 xcor:-0.417
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 18
4.6
Estabilometria ML (cm)

4.4

4.2

3.8
140 140.2 140.4 140.6 140.8 141 141.2 141.4 141.6 141.8 142

100
Sensor Otico x (mm)

50

-50
140 140.2 140.4 140.6 140.8 141 141.2 141.4 141.6 141.8 142
Tempo (s)

0.5 tempo:0.010
xcor:0.474
FCCN - Eixo x

tempo:-0.370
-0.5 xcor:-0.399
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

126
Indivíduo 19
9

Estabilometria ML (cm) 8.5

7.5
47 47.2 47.4 47.6 47.8 48 48.2 48.4 48.6 48.8

0
Sensor Otico x (mm)

-50

-100

-150
47 47.2 47.4 47.6 47.8 48 48.2 48.4 48.6 48.8
Tempo (s)

1
tempo:-0.430
FCCN - Eixo x

0.5
xcor:0.518

-0.5 tempo:0.100
xcor:-0.558
-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 20
-9.4
Estabilometria ML (cm)

-9.5

-9.6

-9.7

-9.8
44.6 44.8 45 45.2 45.4 45.6 45.8 46 46.2

200
Sensor Otico x (mm)

-200

-400
44.6 44.8 45 45.2 45.4 45.6 45.8 46 46.2
Tempo (s)

1
FCCN - Eixo x

0.5 tempo:-0.310
xcor:0.404

0
tempo:-0.030
xcor:-0.294
-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 21
3
Estabilometria ML (cm)

2.8

2.6

2.4

2.2
76.2 76.4 76.6 76.8 77 77.2 77.4 77.6 77.8 78

200
Sensor Otico x (mm)

100

-100
76.2 76.4 76.6 76.8 77 77.2 77.4 77.6 77.8 78
Tempo (s)

tempo:-0.020
FCCN - Eixo x

0.5 xcor:0.603

tempo:0.550
-0.5 xcor:-0.457
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

127
Indivíduo 22
2.1

Estabilometria ML (cm)
2

1.9

1.8

1.7
124 124.2 124.4 124.6 124.8 125 125.2 125.4 125.6 125.8

-60
Sensor Otico x (mm)

-80

-100

-120

-140
124 124.2 124.4 124.6 124.8 125 125.2 125.4 125.6 125.8
Tempo (s)

0.5
tempo:0.260
FCCN - Eixo x

xcor:0.254

tempo:-0.040
xcor:-0.376
-0.5
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 23
0.2
Estabilometria ML (cm)

0.1

-0.1

-0.2
27.8 28 28.2 28.4 28.6 28.8 29 29.2 29.4 29.6 29.8

20
Sensor Otico x (mm)

-20

-40

-60
27.8 28 28.2 28.4 28.6 28.8 29 29.2 29.4 29.6 29.8
Tempo (s)

0.4
tempo:-0.370
FCCN - Eixo x

0.2 xcor:0.248

-0.2 tempo:0.190
xcor:-0.259
-0.4
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

Indivíduo 24
-13
Estabilometria ML (cm)

-13.2

-13.4

-13.6
69 69.2 69.4 69.6 69.8 70 70.2 70.4 70.6

80
Sensor Otico x (mm)

60

40

20

0
69 69.2 69.4 69.6 69.8 70 70.2 70.4 70.6
Tempo (s)

0.5 tempo:-0.420
xcor:0.466
FCCN - Eixo x

-0.5 tempo:0.090
xcor:-0.603

-1
-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5
Atraso (s)

128

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