Você está na página 1de 13

 

ADVOCACIA­GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA­GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES
­ SEDE 
COORDENAÇÃO DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO 
SAUS, QUADRA 6, BLOCO H, 6º ANDAR, ALA NORTE ­ BRASÍLIA/DF ­ CEP 70.070­940 ­ (61) 2312­2062

 
PARECER n. 00134/2017/PFE­ANATEL/PGF/AGU
 
NUP: 53500.005645/2015­59
INTERESSADOS: LEIA PEREIRA DA SILVA PINHO
ASSUNTOS: INQUÉRITO / PROCESSO / RECURSO ADMINISTRATIVO
 
EMENTA:  Dúvida  jurídica.  Controle  do  Ato  Administrativo.  Ampla  revisibilidade  do  ato
administrativo. Recursos. Princípio do informalismo. Princípio da verdade material. Princípio da
segurança  jurídica.  Critérios.  Princípio  da  Dialeticidade.  Processo  administrativo  sancionador.
Informe  complementar  nº  84/2016/SEI/UO0001/SFI.  Discordância.  Pela  admissibilidade  do
terceiro  recurso  interposto.  Respostas  aos  questionamentos  constantes  do  Memorando  nº
4/2017/SEI/IF.
 
1. RELATÓRIO
1.1 Instauração  e  instrução  do  Procedimento  para  Apuração  de  Descumprimento  de  Obrigações  ­
Pado 
1. Trata­se de procedimento administrativo instaurado em face de LEIA PEREIRA DA SILVA PINHO,
executante  não  outorgada  do  serviço  de  radiodifusão  em  frequência  modulada,  na  cidade  do  Gama/DF,  pelo  uso  não
autorizado de radiofrequência.
2. A parte assinou o Auto de Infração produzido nos autos.
3. No Relatório de Fiscalização alegou a infratora que não seria a responsável pela emissora de Rádio e
que  apontaria  os  supostos  responsáveis  pela  instalação  e  manutenção  dos  equipamentos  utilizados  na  atividade
clandestina  na  peça  de  defesa.  Alegou  ainda  ter  pouca  escolaridade  e  não  ter  a  intenção  de  realizar  a  atividade  de
forma clandestina.
4. Na  defesa,  fls.  32/35,  sustentou  a  infratora  que  teria  começado  suas  atividades  em  28/02/2015,  e  que
operava  a  rádio  clandestina  por  duas  horas  diárias,  pagando  a  quantia  de  R$  300,00  (trezentos  reais)  pelo
desenvolvimento desta atividade ao Sr. Ricardo Lúcio da Silva, que supostamente teria a outorga da atividade.
5. O  Informe  nº  46/2015  –  UO001F12/UO001  de  02/06/2015,  fls.  44/47,  sugeriu  a  aplicação  de  multa  no
valor de R$ 2.152,87 (dois mil, cento e cinquenta e dois reais e oitenta e sete centavos).
6. A infratora apresentou suas Alegações Finais, fls. 50/53.
7. O Despacho nº 5.846, de 20 de julho de 2015, acolheu a sugestão do valor da multa calculado pela área
técnica em R$ 2.152,87 (dois mil, cento e cinquenta e dois reais e oitenta e sete centavos), fls. 58.
1.2 Recurso 1 
8. Após  notificada  da  decisão  prolatada,  a  infratora  apresentou  o  primeiro  recurso,  em  que  reiterou  os
argumentos já constantes na defesa apresentada, fls. 64/66.
9. No Informe nº 154/2015­ UO001 F12/UO001, de 19/11/2015, fls. 73/74, a área técnica opinou pelo não
conhecimento do recurso em face da ausência do requisito de admissibilidade relativo à tempestividade.
10. O recurso interposto pela infratora assim não foi conhecido, por meio do Despacho nº 10.358, de 19 de
novembro de 2015, do Gerente da Unidade Operacional da Anatel do Distrito Federal Substituto.
1.3 Recurso 2
11. Após  a  notificação  da  decisão,  por  meio  do  Ofício  nº  306/2014­UO001F12/UO001­  Anatel,  de
27/11/2015, fls. 78, houve a interposição do segundo recurso, protocolizado em 15/12/2015.
12. Destacou  a  área  técnica  ser  intempestivo  este  recurso  e  também  não  atender  ao  requisito  da
regularidade  formal,  por  conter  apenas  pedido  de  reforma  da  decisão  que  considerou  o  primeiro  recurso  intempestivo.
Na verdade, a infratora teria apresentado no Recurso 2 cópia que contém indicação de protocolo de apresentação junto à
Agência  datado  de    07/08/2015,    data  diferente  da  que  foi  considerada  no  opinativo  da  área  técnica  para  analisar  a
tempestividade do primeiro recurso, qual seja, 10/08/2015.
1.4 Recurso 3
13. Por  meio  do  Despacho  Decisório  nº  164/2016/SEI/FIGF/SFI,  o  Superintendente  de  Fiscalização  da
Agência Nacional de Telecomunicações decidiu por não conhecer do Recurso 2, por intempestividade.
14. Da decisão proferida houve notificação da parte.
15. Houve também a notificação de Ricardo Lúcio da Silva, que, como alega a infratora, supostamente teria
a  outorga  da  atividade,  tendo,  contudo  transcorrido  o  prazo  sem  qualquer  manifestação,  conforme  certidão  juntada  ao
SEI.
16. A  parte  interpôs  o  Recurso  3  em  07/06/2016,  considerado  tempestivo  pela  área  técnica,  tendo  esta
sugerido, por meio do Informe nº 79/2016/SEI/UO001/SFI que, por não assistir razão à infratora em suas impugnações,
deveria lhe ser negado provimento.
17. Logo  em  seguida,  por  meio  do  Informe  complementar  nº  84/2016/SEI/UO0001/SFI,  a  área  técnica
retificou  o  Informe  anterior  acima  mencionado,  alterando  seu  entendimento  e  sua  conclusão,  a  fim  de  que  não  fosse
conhecido  o  recurso  por  ausência  do  requisito  de  admissibilidade,  relativo  à  regularidade  formal,  porque  lhe  faltaria
a exposição clara e completa das razões de inconformidade da recorrente.
1.5 Conselho Diretor ­ dúvida jurídica
18. Após  ter  sido  encaminhado  o  Recurso  3  para  análise  do  Conselho  Diretor,  foi  encaminhado
Memorando pelo Conselheiro Igor Vilas Boas a este órgão jurídico, para que se manifeste em caráter geral sobre dúvida
jurídica, in verbis:
Nesse sentido, outros questionamentos, sobre os quais seria relevante obter manifestação dessa
PFE, foram suscitados,  a seguir:
1.  Considerando­se  o  princípio  do  formalismo  moderado  ou  informalismo,  seria  possível  se
aplicar, ao juízo de cognoscibilidade dos recursos interpostos nos processos administrativos, o
mesmo  rigor  exigido  para  a  admissibilidade  dos  recursos  interpostos  nos  processos  judiciais
cíveis, exigindo­se dos administrados a obediência ao princípio da dialeticidade? Há sentido em
se  permitir  que  o  próprio  administrado  exerça  o  seu  direito  de  defesa,  sem  que  se  lhe  exija
representação  por  advogado  e,  ao  mesmo  tempo,  dele  se  demandar  conhecimentos  jurídicos
aprofundados, tais como a observância ao princípio da dialeticidade, para que tenha seu recurso
conhecido pela Agência?
2. Em eventual conflito entre o princípio da verdade material e o princípio da dialeticidade, qual
deve prevalecer?
3. A observância do princípio da dialeticidade deve necessariamente ensejar o não conhecimento
do Recurso Administrativo e consequentemente o não enfrentamento das questões de mérito por
ventura suscitadas na peça recursal?
19. É o breve relatório. Passa­se ao opinativo.
 
2. FUNDAMENTAÇÃO
20. A tramitação do processo ocorreu em conformidade com os dispositivos legais e regulamentares, sendo
observados os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
21. Quanto  ao  último  recurso  interposto,  a  área  técnica  propôs  que  não  fosse  conhecido,  por  ausência  do
requisito de admissibilidade relativo à regularidade formal, porque lhe faltaria a exposição clara e completa das razões
de inconformidade da recorrente, inobservando­se o princípio da dialeticidade.
22. Após  o  recurso  ter  sido  remetido  ao  Conselho  Diretor  para  análise,  o  Conselheiro  Igor  Vilas  Boas
remeteu  os  autos  para  consulta  a  este  órgão  jurídico,  diante  da  recente  aprovação  do  Parecer  nº  506/2016/PFE­
ANATEL/PGF/AGU, a fim de que a Procuradoria esclareça a aplicabilidade do princípio da dialeticidade nos processos
administrativos  no  âmbito  desta  Agência,  tendo  em  vista  também  a  revogação  do  Parecer  nº  380/2010/CBS/PGF/PFE­
Anatel.
23. Passa­se, então, ao exame da questão.
 
2.1 Princípio da dialeticidade
24. Este  órgão  jurídico  foi  instado  a  se  manifestar  sobre  o  princípio  da  dialeticidade,  visto  que  surgiram
algumas dúvidas no âmbito da Agência após a prolação do Parecer n. 00506/2016/PFE­ANATEL­SEDE/PGF/AGU. No
mencionado  opinativo,  esta  Procuradoria  afirmou,  em  síntese,  a)  que  o  conhecimento  de  recurso  administrativo  não  se
sujeita ao excessivo rigor que impera no processo civil; b) não se vislumbrar irregularidade no fato de o recorrente, em
sua  peça  recursal,  apenas  reiterar  argumentos  já  apresentados  em  fases  processuais  anteriores;  c)  a  necessidade  de
revogação  do  Parecer  nº  380/2010/CBS/PGF/PFE­Anatel,  em  razão  da  superação  de  entendimento,  sugestão  aprovada
pelo Procurador­Geral da Anatel.
25. O  princípio  da  dialeticidade,  próprio  do  processo  judicial,  tem  o  sentido  de  que  o  recurso  deve  conter
todas  as  razões  de  inconformismo  do  recorrente,  impugnando­se  especificamente  todos  os  fundamentos  adotados  na
decisão recorrida.
26. Confira­se  a  seguir  precedente  jurisprudencial  em  que  revela  o  sentido  do  princípio  da  dialeticidade
aplicável aos recursos judiciais, in verbis:
ADMINISTRATIVO.  MANDADO  DE  SEGURANÇA.  CONCURSO  PÚBLICO.
MAGISTÉRIO SUPERIOR. ATRASO DE MEMBRO DA COMISSÃO EXAMINADORA NA
REALIZAÇÃO  DA  PROVA  ESCRITA.  AUSÊNCIA  DE  PREJUÍZO.  SEGURANÇA
CONCEDIDA.  APELAÇÃO  DA  UNIVERSIDADE  FEDERAL  DE  MATO  GROSSO.
AUSÊNCIA  DE  IMPUGNAÇAO  ESPECÍFICA.  VIOLAÇÃO  AO  PRINCÍPIO
DA  DIALETICIDADE.  NÃO  CONHECIMENTO  DO  RECURSO.  DEFERIMENTO  DO
PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA.
[...]
3. Não se conhece de recurso que não impugna especificamente os fundamentos da decisão
recorrida, limitando­se a relatar os fatos ocorridos no certame que culminaram com a sua
anulação e a realização de novo concurso público.
4. A omissão da parte em impugnar especificamente os fundamentos da sentença recorrida
viola  o  princípio  das  dialeticidade  e  acarreta  o  não  conhecimento  do  recurso.  Precedentes
deste Tribunal.
[...] [Grifos nossos].
[TRF/1ª  Região.  AMS  00045282520134013600,  Rel.  Des.  Federal  Néviton  Guedes,  Quinta
Turma, e­DJF1 de 1.12.2015, p. 1.258].
 
27. A  previsão  legal  para  a  exigência  do  princípio  da  dialeticidade  está,  entre  outros  dispositivos
normativos, nos seguintes artigos do Novo Código de Processo Civil, in verbis:
Art. 932.  Incumbe ao relator:
[...]
III  ­  não  conhecer  de  recurso  inadmissível,  prejudicado  ou  que  não  tenha  impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
 
Art. 1.021.  Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.
§ 1o  Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da
decisão agravada.
 
28. A leitura levada a cabo pelo Poder Judiciário ao seu funcionamento, a realçar seu entendimento sobre o
próprio  alcance  do  princípio  da  dialeticidade  naquela  esfera,  pode  ser  exemplificada  pelo  que  está  materializado  na
súmula  283  do  Supremo  Tribunal  Federal,  que  impõe  excessivo  rigor  ao  conhecimento  dos  recursos  extraordinários
encaminhados àquela corte constitucional: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta
em  mais  de  um  fundamento  suficiente  e  o  recurso  não  abrange  todos  eles".  Ou  seja,  na  esfera  judicial,  o  recorrente
deve impugnar especificamente todos os fundamentos em que se funda cada capítulo de sentença ou decisão.
29. Como  se  vê,  a  aplicação  desse  princípio  no  processo  judicial  tem  grande  rigidez.  Porém,  no  processo
civil,  a  atuação  judicial  depende  de  provocação  das  partes,  de  modo  que  o  órgão  judicante,  em  regra,  somente  pode
julgar  dentro  dos  estritos  limites  estabelecidos  pelos  pedidos  dos  litigantes.  No  processo  administrativo,  ao  contrário,
a  Administração  Pública  possui  liberdade  para  decidir  além  do  que  pedido  pelos  interessados.  Assim,  mesmo  que
determinado  aspecto  no  processo  não  seja  levantado  pelo  administrado,  à  Administração  lhe  é  permitida  tomar  as
correspondentes providências.
30. Portanto,  o  princípio  da  dialeticidade  não  pode  ser  transposto  para  o  processo  administrativo  com  a
mesma  conotação  inerente  aos  recursos  judiciais.  No  processo  administrativo,  sobretudo  no  processo  sancionador,  o
princípio  da  dialeticidade  deve  ser  encarado  como  um  simples  diálogo  com  o  processo,  de  forma  que  o  recurso
apresentado pelo interessado tenha coerência com a matéria tratada nos autos.
31. No processo administrativo vige, também, o informalismo procedimental, segundo o qual "no silêncio da
lei  ou  de  atos  regulamentares,  não  há  para  o  administrador  a  obrigação  de  adotar  excessivo  rigor  na  tramitação  dos
processos  administrativos,  tal  como  ocorre,  por  exemplo,  nos  processos  judiciais"  (CARVALHO  FILHO,  José  dos
Santos. Manual de Direito Administrativo. 25. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Atlas, 2012, p. 968).
32. Ademais, segundo o art. 3º, inc. IV, da Lei de Processo Administrativo ­ LPA (Lei nº 9.784, de 1999), o
administrado  tem  o  direito  de  "fazer­se  assistir,  facultativamente,  por  advogado,  salvo  quando  obrigatória  a
representação,  por  força  de  lei".  Não  é  crível,  portanto,  permitir  ao  administrado  defender­se  diretamente  perante  a
Administração, sem a assistência de um advogado, mas lhe exigir o cumprimento de diversos requisitos não expressos
nas leis administrativas vigentes, cujos detalhamentos e complexidades só seriam exigíveis de conhecimento por parte
de um especialista.
33. Segundo  preconiza  o  art.  6º  da  LPA,  regra  repetida  pelo  Regimento  Interno  da  Anatel  (art.  41),  todo
requerimento do interessado deve conter alguns dados, dentre eles, "a formulação do pedido, com exposição dos fatos e
de seus fundamentos".  No  parágrafo  único  do  referido  dispositivo,  veda­se  à  Administração  recusar  imotivadamente  o
recebimento de documentos, devendo o interessado ser orientado quanto à necessidade de suprir eventuais falhas. Não
consta  do  comando  legal  a  necessidade  de  o  recurso  impugnar  especificamente  todos  os  fundamentos  adotados  pela
decisão recorrida. Exigível do recorrente é a existência, em sua peça recursal, da formulação de pedido, com exposição
dos fatos e fundamentos que entenda como suficientes para ter seu pleito avaliado.
34. Considerando que sequer se exige do administrado que se faça representar por advogado, não há de se
empregar  rigor  nessa  análise  de  juízo  de  admissibilidade.  Ao  contrário,  pode­se  dizer  que  o  não  conhecimento  de
recurso por não observância de tais requisitos deve ser excepcional, apenas em casos extremos, em que, por exemplo, a
parte simplesmente seja incompreensível ou que se manifeste de maneira claramente dissociada do objeto do processo.
Assim, basta que a petição tenha relação com a matéria tratada no respectivo processo para que ela seja conhecida.
35. O  Regimento  Interno,  no  art.  116,  dispõe  sobre  os  requisitos  para  permitir  o  conhecimento  de  recursos
pela  Administração  e,  no  art.  120,  determina  a  observância  do  disposto  no  art.  41.  Portanto,  deve­se  exigir  do
administrado, ao interpor seu recurso, a observância desses requisitos para conhecimento da sua irresignação, não sendo
recomendável  à  Administração  fazer  maiores  digressões  sobre  eles,  sob  pena  de  dificultar  ou,  até  mesmo,  impedir  o
direito de defesa do interessado.
36. Vale  salientar  que  o  recurso  administrativo  encontra  suporte  jurídico  no  direito  de  petição,  previsto  no
art. 5º, XXXIV, "a", da Constituição Federal, que é um dos meios de controle administrativo previsto no ordenamento
jurídico, não podendo os recorrentes encontrar obstáculos extremamente formalistas para sua interposição.
37. Por outro lado, também vige no processo administrativo sancionador o princípio da verdade material, que
tem  como  finalidade  a  busca  da  verdade  real  pela  Administração,  de  modo  a  lhe  permitir,  além  de  trazer  à  tona  as
questões  de  ordem  pública,  decidir  de  acordo  com  os  fatos,  e  não  apenas  com  as  provas  produzidas  e  argumentos
trazidos pelo administrado. Desse modo, ainda que o recorrente não alegue determinado fato ou fundamento que lhe seja
favorável,  a  Administração  deve  considerá­lo  no  momento  de  decidir  o  processo,  se  for  de  seu  conhecimento,
obviamente, buscando­se, com isso, a concretização da verdade material.
38. Acerca  do  princípio  da  verdade  material  no  processo  administrativo,  confira­se  o  seguinte  precedente
jurisprudencial, in verbis:
DIREITO  TRIBUTÁRIO.  PROCESSO  CIVIL.  SALDO  NEGATIVO  DE  IRPJ  E  CSLL.  ERRO
NO  PREENCHIMENTO  DE  DOCUMENTOS  FISCAIS.  COMPENSAÇÃO  NÃO
HOMOLOGADA.  PROCESSO  ADMINISTRATIVO.  AÇÃO  ANULATÓRIA  DE  DÉBITOS
FISCAIS.  PROVAS  E  DOCUMENTOS.  ESCRITURAÇÃO  CONTÁBIL.  AUTENTICAÇÃO.
PRINCÍPIO  DA  BOA­FÉ  DAS  PARTES  LITIGANTES.  PERÍCIA.  APURAÇÃO.
ILEGALIDADE  DO  IMPEDITIVO  ADMINISTRATIVO  AO  RECONHECIMENTO  DA
COMPENSAÇÃO POR MERO EQUÍVOCO NO PREENCHIMENTO DAS INFORMAÇÕES
AO FISCO. RECURSO DE APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL DESPROVIDOS. 
1.  Rejeita­se  a  preliminar  de  não  conhecimento  do  recurso  por  ofensa  ao  princípio
da  dialeticidade  defendido  pela  apelada,  quando  verificado,  nas  razões  recursais,  que  a  parte
apelante impugnou os fundamentos da sentença, aduzindo argumentos para reformá­la.
2.  Um  dos  princípios  que  norteiam  o  processo  administrativo  é  o  da  verdade  material,  de
forma que o administrador deve perseguir a verdade real, mediante o exame dos fatos, não
limitando sua atuação à mera verificação de formalidades do processo. A busca pela verdade
real não se resume às situações de constituição do crédito tributário, mas estende­se a todo
processo  administrativo  fiscal,  inclusive  os  casos  de  restituição  e  compensação.  Nesse
contexto, o contribuinte tem o direito de ver o seu requerimento apreciado para permitir a
realização  da  restituição  ou  compensação  de  direito,  caso  seja  constatada  a  existência  de
crédito  em  seu  favor  (saldo  negativo),  valendo­se  da  interposição  de  recurso
administrativo cabível ou da medida judicial adequada. Não se deve privilegiar o excesso de
formalismo em detrimento dos princípios da instrumentalidade das formas, da verdade real e
da efetividade da tutela jurisdicional (arts. 244 e 250, parágrafo único, do CPC/1973).
[...] 
7. Recurso de apelação e remessa oficial desprovidos. [Grifos nossos].
[TRF/3ª Região. APELREEX 1712115, Rel. Des. Federal Antônio Cedenho, Terceira Turma, e­
DJF3 de 31.5.2016].
 
39. Em  razão  do  princípio  da  verdade  material,  bem  como  da  informalidade  e  da  ampla  revisibilidade  dos
recursos  administrativos,  a  apresentação  de  recurso  pelo  administrado,  ainda  que  não  contenha  fundamentos  que
ataquem  diretamente  a  decisão  impugnada,  mas  tratem  da  matéria  veiculada  no  processo,  impõe  à  Administração  o
dever de analisar o recurso interposto, bem como todos os fatos e argumentos constantes dos autos, a fim de decidir em
consonância com a verdadeira realidade dos fatos. Nesse ponto, vale lembrar que matérias de ordem pública, a exemplo
da prescrição, devem ser enfrentadas pelo órgão julgador independentemente de provocação do administrado.
40. Seguindo  essa  linha  de  raciocínio,  o  recurso  apresentado  pelo  administrado  não  deve  deixar  de  ser
conhecido se houver, em suas razões recursais, motivação com conexão à matéria tratada nos autos, salvo se existirem
outras hipóteses para o não conhecimento do recurso (art. 116 do Regimento Interno).
41. Após  essas  primeiras  ponderações  acerca  do  princípio  da  dialeticidade,  passa­se  a  seguir  a  fazer
algumas  considerações  sobre  os  princípios  administrativos  que  embasam  o  entendimento  exposto  acima,  bem  como  no
Parecer n. 00506/2016/PFE­ANATEL­SEDE/PGF/AGU.
 
2.2 Princípios ­ informalismo, verdade material, segurança jurídica
42. Por meio dos recursos do administrado, o pleito pela revisibilidade do ato é levado ao conhecimento da
Administração. Para tanto, o recurso  deve atender a alguns requisitos, a fim de que possa ser conhecido e analisado em
seu  mérito,  conforme  previsão  no  art.  56  da  Lei  nº  9.784,  de  1999,  e  nos  arts.  115  e  116  do  Regimento  Interno  da
Anatel, in verbis:
Lei do Processo Administrativo
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito.
 
Regimento Interno da Anatel
Art.  115.  Das  decisões  da  Agência,  quando  não  proferidas  pelo  Conselho  Diretor,  cabe
interposição de recurso administrativo por razões de legalidade e de mérito, independentemente
de caução.
§ 1º O recurso administrativo será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, que:
a) decidirá sobre o seu conhecimento, nos termos do art. 116;
b)  na  hipótese  de  conhecimento,  caso  não  se  retrate,  o  encaminhará  à  autoridade
hierarquicamente superior.
§ 2º Caberá recurso contra decisão que não conhecer do recurso administrativo, na hipótese
prevista  na  alínea  “a”  do  parágrafo  anterior,  que  deverá  ser  encaminhado  à  autoridade
hierarquicamente superior à que proferiu a decisão.
§  3º  A  reforma  da  decisão  sobre  admissibilidade  do  recurso  administrativo  ensejará,  na
mesma decisão, a deliberação sobre o mérito do recurso originalmente interposto.
§ 4º Salvo disposição em contrário, a autoridade imediatamente superior àquela que proferiu a
decisão  será  competente  para  analisar  o  pedido  de  concessão  de  efeito  suspensivo,  quando
houver.
(negritou­se)
 
Art. 116. O recurso, dentre outras hipóteses, não será conhecido quando interposto:
I ­ fora do prazo;
II ­ por quem não seja legitimado;
III ­ por ausência de interesse recursal;
IV ­ após exaurida a esfera administrativa;
V ­ quando contrariar entendimento fixado em Súmula da Agência.
Parágrafo único. O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício
o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa.
 
43. Conforme lição trazida por Diogo de Figueiredo Moreira Neto, tratam­se os recursos de instrumentos de
controle  administrativo  dos  atos  e  processos  suspeitos  de  defeitos  de  legalidade  ou  de  mérito  nos  processos
administrativos:
“São instrumentos do controle administrativo os atos e os processos, previstos em lei, destinados
a suscitar e a realizar o reexame de atos suspeitos de defeitos de legalidade ou de mérito.
(...)
Recursos em processos administrativos
Ainda  com  assento  constitucional,  no  art.  5º,  LV,  os  recursos  são  garantidos  aos  litigantes  em
processo administrativo, não importa que os regule. 
Recursos  administrativos  são  os  pedidos  formais  de  reexame  de  atos,  geralmente  fundados  no
princípio hierárquico ou especialmente instituídos por lei. O ato da autoridade recorrida, como
resultado da apresentação do recurso, salvo se de outro modo venha dispor a lei, é devolvido
para  reapreciação  da  autoridade  recorrente  sob  todos  seus  aspectos,  de  legalidade  e  de
mérito. (negritou­se)
(Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, Editora Forense, fls. 568)
 
44. Assim, de acordo com o princípio da recorribilidade, as decisões no processo administrativo podem ser
revistas pela autoridade hierárquica recursal (art. 5º, LV, CF), sendo exigidos por lei alguns requisitos, a fim de que os
recursos sejam admitidos e analisados.
45. Insta salientar que tais requisitos não apresentam o mesmo rigor exigido para os processos judiciais, já
que  o  processo  administrativo  é  regido  por  regime  jurídico  próprio,  orientado  e  disciplinado  por  princípios  que  lhe  são
peculiares.
46. Leciona Celso Antônio Bandeira de Mello que no ordenamento jurídico brasileiro são aplicáveis alguns
princípios a todo procedimento, dentre eles o princípio da revisibilidade, o princípio da verdade material e o princípio do
informalismo.  Esclarece  ainda  o  doutrinador  que  o  princípio  do  informalismo  não  se  aplica  aos  procedimentos
concorrenciais  (MELLO,  Celso  Antônio  Bandeira  de. Curso  de  Direito  Administrativo,  19ª  edição,  editora  Malheiros
Editores, fls. 469/470). Confiram­se, in verbis:
Sem embargo, dito princípio não se aplica aos procedimentos concorrenciais, na medida em que
sua  utilização  afetaria  a  garantia  da  igualdade  dos  concorrentes.  Assim,  não  é  aplicável  à
generalidade dos procedimentos, visto que existe esta exceção apontada.
(Curso de Direito Administrativo, 19ª edição, editora Malheiros Editores, fls. 473).
 
47. Trata­se  o  princípio  do  informalismo  de  um  princípio  importante  no  âmbito  dos  procedimentos
administrativos  (com  exceção  dos  procedimentos  concorrenciais),  que  busca  dar  efetividade  ao  princípio  da  verdade
material sendo ainda um desdobramento do princípio da ampla defesa, em que se oportuniza ao administrado poder ser
ouvido,  em  suas  razões,  pela  Administração,  ao  pleitear  a  revisão  de  uma  decisão,  mesmo  se  não  tiver  atacado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida.
48. Assim,  o  princípio  do  informalismo  procedimental,  que  orienta  os  processos  administrativos,  deve
orientar a atuação da Administração, evitando­se a aplicação de rigorismos exagerados, sobretudo no silêncio da lei e
de demais atos normativos, efetivando­se o princípio da ampla defesa.
49. Ademais, a atuação da Administração deve ser compreendida e disciplinada pelo princípio da verdade
material,  segundo  o  qual  ela  não  deve  ficar  restrita  apenas  às  provas  produzidas  nos  autos,  para  decidir  no  âmbito  do
processo administrativo.
50. Ressalta­se  que,  tratando­se  de  processo  administrativo  punitivo,  em  que  há  o  exercício  do  poder  de
polícia,  em  que  pode  a  Administração,  sob  o  comando  legal,  restringir  o  uso  e  gozo  de  bens,  atividades  e  direitos
individuais em favor do interesse da coletividade, o princípio da verdade material ganha ainda maior importância.
51. Destaca­se  também  o  princípio  da  segurança  jurídica,  que  garante  aos  administrados  que  não  sejam
surpreendidos a todo o tempo por decisões casuísticas, já que estão submetidas aos critérios estabelecidos pela lei.
52. Tratando­se  de  processo  administrativo  sancionador,  as  condutas  infrativas  e  respectivas  sanções  têm
previsão legislativa, devendo se pautar pela verdade real, sem rigorismos exacerbados, conferindo­se assim segurança
jurídica aos administrados. Além disso, é conferido ao administrado, para maior segurança jurídica, a oportunidade de
pleitear que a decisão sancionatória seja reanalisada pela Administração, que se pautará pela verdade material.
53. Tamanha  é  a  importância  da  aplicação  do  princípio  da  verdade  material  aos  processos  administrativos
que  há  previsão  no  art.  63,  §1º,  da  Lei  9.784/99,  que,  na  hipótese  de  o  recurso  ser  interposto  perante  autoridade
incompetente  pelo  administrado,  a  este  será  apontada  a    autoridade  competente  e  lhe  será  devolvido  o  prazo  para
recorrer, in verbis:
Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
I ­ fora do prazo;
II ­ perante órgão incompetente;
III ­ por quem não seja legitimado;
IV ­ após exaurida a esfera administrativa.
§ 1o   Na  hipótese  do  inciso  II,  será  indicada  ao  recorrente  a  autoridade  competente,  sendo­lhe
devolvido o prazo para recurso.
§ 2o  O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal,
desde que não ocorrida preclusão administrativa.
 
54. Neste  mesmo  sentido,  conferindo­se  segurança  jurídica  e  pautando­se  no  princípio  da  verdade
material, o art. 63, §2º, estabelece que o não conhecimento do recurso não impede que a Administração revise o ato de
ofício, se se tratar de ato ilegal, em que não tenha havido preclusão administrativa.
55. Trata­se de regras próprias do processo administrativo que dão efetividade ao regime jurídico a que está
sujeito,  dando­se  aplicabilidade  aos  princípios  da  verdade  material,  do  informalismo,  da  segurança  jurídica,
diferenciando­se, assim, das regras próprias que regem o processo judicial, para o qual se exige um maior rigor formal.
 
2.3 Ampla revisibilidade da decisão, critérios, princípio da dialeticidade
56. Cabe  ainda  fazer  referência  à  lição  de  José  dos  Santos  Carvalho  Filho,  segundo  o  qual  os  recursos
administrativos têm seu fundamento no sistema de hierarquia orgânica, no exercício do direito de petição e na garantia
do contraditório e ampla defesa.
57. Isso significa que, tendo o recurso administrativo fundamento no direito de petição, previsto no art. 5º,
XXXIV,  "a",  da  CF,  que  é  um  dos  meios  de  controle  administrativo  previsto  no  ordenamento  jurídico,  deve  ser
interpretado  de  maneira  mais  ampla,  não  podendo  os  recorrentes  encontrar  obstáculos  extremamente  formalistas  para
sua interposição, já que devem ser pautados pelo princípio do contraditório e ampla defesa.
58. Ademais,  o  recurso  no  âmbito  administrativo  tem  ampla  revisibilidade,  de  modo  que  a  autoridade
revisora  da  decisão  impugnada  pode  analisar  toda  a  matéria  envolvida  nos  autos,  ainda  que  não  tenha  havido
impugnação, por parte do recorrente de todos os aspectos constantes no respectivo processo administrativo.
59. Assim,  a  interposição  de  recurso  administrativo,  mesmo  se  não  estiver  bem  fundamentado,  garante  o
direito  ao  acusado  de  que  a  conduta  pela  qual  está  sendo  processado  seja  reanalisada  por  autoridade  julgadora
hierarquicamente superior àquela que prolatou a decisão recorrida, garantindo­se maior segurança jurídica (art. 63, §2º
da Lei 9.784/99, acima transcrito).
60. Sendo  assim,  conclui­se  que  o  rigor  formal  do  recurso  administrativo  é  mais  atenuado  em  relação  ao
exigido para os recursos judiciais. Neste sentido, ensina ainda José dos Santos Carvalho Filho:
Outro aspecto é o relativo à forma dos recursos. Como já tivemos a oportunidade de salientar, por
mais de uma vez, os recursos não dispensam os pontos básicos do formalismo (petição escrita,
assinada etc.) porque assim exigem os princípios administrativos aplicáveis. Entretanto, o rigor
formal  é  mais  atenuado  do  que  o  exigido  para  os  recursos  judiciais.  Nenhuma  forma  especial
relativa ao conteúdo do recurso é cobrada do recorrente. Assim, este não precisa de advogado
para representá­lo, o que torna possível que ele mesmo aponte suas razões, mesmo que estas não
tenham as mínimas condições de aceitabilidade. Não se lhe exige estilo ou perfeição no emprego
do  idioma.  Na  verdade,  nem  o  motivo  do  pedido  revisional  é  condição  de  conhecimento  do
recurso.  (Manual  de  Direito  Administrativo,  21ª  edição,  Rio  de  Janeiro:  Editora  Lumen  Juris,
2009, fls. 907).
 
61. No  entanto,  o  informalismo  procedimental  presente  no  processo  administrativo  não  significa  que  o
recurso  não  deva  respeitar  os  mandamentos  estabelecidos  em  lei.  Para  a  interposição  dos  recursos  a  parte  deve
obedecer aos critérios já previamente estabelecidos na legislação.
62. Na  verdade,  os  recursos  administrativos,  para  serem  admitidos,  devem  preencher  alguns  requisitos  de
admissibilidade,  dentre  os  quais:  a)  cabimento;  b)  legitimidade  para  recorrer;  c)  interesse  em  recorrer;  d)
tempestividade; e) regularidade formal; f) inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer.
63. O  princípio  da  dialeticidade  aplicável  aos  processos  judiciais,  segundo  expõe  a  doutrina,  é  um
desdobramento do requisito da regularidade formal e corresponde à necessidade de que a parte aponte os todos pontos
de  inconformismo  da  decisão,  ou  seja,  sua  motivação.  Neste  sentido,  expõe  Fredie  Didier  Júnior,  citando  doutrina  de
Nelson  Nery  Júnior  (Teoria  Geral  dos  Recursos,  Princípios  Fundamentais,  5ª  ed.,  São  Paulo:  Revista  dos  Tribunais,
2001, p. 176­178):
Assim,  deve  o  recorrente,  por  exemplo,  sob  pena  de  inadmissibilidade  de  seu  recurso:  a)
apresentar  suas  razões,  impugnando  especificamente  os  fundamentos  da  decisão  recorrida  (art.
932, III, CPC); (...) e) formular o pedido recursal; g) respeitar a forma escrita para interposição do
recurso (...)
A doutrina costuma mencionar a existência de um princípio da dialeticidade dos recursos. De
acordo com esse princípio, exige­se que todo recurso seja formulado por meio de petição pela
qual a parte não apenas manifeste sua inconformidade com ato judicial impugnado, mas, também
e necessariamente, indique os motivos de fato e de direito pelos quais requer o novo julgamento
da questão nele cogitada.
Rigorosamente,  não  é  um  princípio:  trata­se  de  exigência  que  decorre  do  princípio  do
contraditório, pois a exposição das razões de recorrer é indispensável para que a parte recorrida
possa  defender­se,  bem  como  para  que  o  órgão  jurisdicional  possa  cumprir  seu  dever  de
fundamentar suas decisões.
 
64. Impende  ressaltar  que  o  princípio  da  dialeticidade,  ao  ser  transposto  para  o  processo  administrativo
sancionador, tem sentido diverso daquele aplicável aos recursos judiciais. Como o processo administrativo é regido por
sistemática própria, diferente da dos processos judiciais, conforme se expôs, o princípio da dialeticidade também ganha
contornos diferentes na esfera administrativa, devendo ser entendido em consonância com os princípios que disciplinam
e  orientam  o  processo  administrativo,  dentre  eles,  os  princípios  da  ampla  revisibilidade,  da  informalidade,  da  verdade
material e da segurança jurídica.
65. Assim, no âmbito do processo administrativo sancionador, o recurso do infrator deve expor as razões de
reforma da decisão, mas sem que lhe seja exigido o rigor aplicado aos processos judiciais. No processo administrativo,
sobretudo  porque  não  se  exige  da  parte  representação  por  advogado,  o  princípio  da  dialeticidade  deve  ser  entendido
como  o  simples  diálogo  com  o  processo,  no  sentido  de  que  as  razões  recursais  não  fujam  do  escopo  do  que  está  em
discussão nos autos. Não se aplica, portanto, a mesma concepção de dialeticidade dos processos judiciais, que apontam
para a necessidade de o recorrente impugnar todos os argumentos em que se funda a decisão recorrida.
66. Conforme  ensina  Bruno  de  Souza  Vichi,  no  exercício  da  função  administrativa,  pode  o  Administrador,
inclusive, julgar o recurso administrativo além da pretensão ali contida:
“É com esteio no exato exercício da função administrativa que a Administração Pública possui
uma liberdade ampla na decisão sobre a matéria recursal. Como se vê, o órgão competente pode,
por  exemplo,  modificar,  anular  ou  revogar,  total  ou  parcialmente,  a  decisão  recorrida.  Isso
demonstra que o administrador não está vinculado nem à pretensão das partes nem das provas por
eles produzidas (...)
(...)  a  extensão  do  interesse  público  concernente  às  circunstâncias  trazidas  pelo  recurso
administrativo  não  pode  ser  medida  pela  dimensão  do  pleito  contido  na  peça  recursal.  É  a
Administração  Pública,  diante  do  caso  concreto  trazido  pelo  recurso,  que  identificará  a  exata
medida da satisfação do seu dever­poder”
(Comentários à Lei Federal do Processo Administrativo, Editora Fórum, 2004, Belo Horizonte:
Editora Fórum).
 
67. Cabe,  inclusive,  frisar  que  o  art.  41,  parágrafo  único,  do  Regimento  Interno  da  Anatel  ­  Resolução  nº
612/2013 ­, estabelece, em cumprimento aos princípios da informalidade e da verdade material, que deve o interessado
ser  orientado  quanto  à  necessidade  de  regularização  de  eventuais  falhas  relativas  ao  seu  requerimento  administrativo,
vedando­se a recusa imotivada deste. Confiram­se os termos do mencionado dispositivo, in verbis:
Art.  41.  Todo  requerimento  dirigido  à  Agência,  ressalvados  os  casos  em  que  for  admitida
solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados:
I ­ órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;
II ­ identificação do interessado e de quem o represente, se for o caso;
III ­ domicílio do interessado ou local para recebimento de intimações;
IV ­ formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;
V ­ data e assinatura do interessado ou de seu representante legal ou procurador.
Parágrafo  único.  É  vedada  a  recusa  imotivada  de  requerimento,  devendo  o  interessado  ser
orientado quanto à necessidade de regularização de eventuais falhas.
Art. 120. O recurso administrativo observará o disposto no artigo 41 e sua tramitação obedecerá
às regras previstas neste Capítulo. 
 
68. Resta  claro,  assim,  que  em  matéria  recursal  na  esfera  administrativa  exige­se  que  o  recorrente
apresente as razões pelas quais pretende recorrer, mas sem que lhe seja exigido um rigor exagerado na sua elaboração,
isso porque, conforme já exposto, o administrador não está adstrito à pretensão das partes e nem mesmo às provas por
elas produzidas nos autos para reanalisar a matéria.
69. Com  efeito,  a  Lei  9.784/99  assegura  o  princípio  da  informalidade,  prevendo  a  possibilidade  de  o
administrado apresentar, inclusive, requerimentos sem auxílio de um advogado, ou seja,  diretamente à Administração,
resguardando­se o direito de petição que permite dar conhecimento à autoridade do ato para o qual se deseja reforma.
Veja­se o que dispõe a lei: 
Art. 3o  O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros
que lhe sejam assegurados:
(...)
IV ­ fazer­se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação,
por força de lei.
 
70. Assim,  neste  contexto,  o  princípio  da  dialeticidade  deve  ser  entendido,  no  âmbito  do  processo
administrativo,  como  um  diálogo  com  o  processo,  devendo  haver  pertinência  do  recurso  com  o  objeto  do  processo,  ou
seja,  a  matéria  contida  no  recurso  deve  ter  relação  com  o  processo  em  curso.  Tal  entendimento  confere  uma  maior
segurança  jurídica  à  parte  de  que  a  decisão  será  reanalisada  por  outra  autoridade  administrativa,  sendo  que  esta  não
deve  se  ater  apenas  à  pretensão  contida  no  recurso.  A  excessividade  de  um  rigor  formal  para  o  conhecimento
do recurso, que devolve de forma ampla a matéria à Administração, poderia gerar um cerceamento ao direito de defesa
do infrator.
71. Essa  linha  de  raciocínio  também  confere  segurança  jurídica  à  própria  ANATEL,  evitando­se  que  o
Poder Judiciário, dado o entendimento garantista da jurisprudência em assuntos dessa natureza, em que se interpreta as
questões  primeiramente  à  luz  dos  direitos  à  ampla  defesa  e  ao  contraditório,  anule  decisões  de  não  conhecimento  de
recursos  administrativos  da  ANATEL  por  aspectos  meramente  formais.  Deve­se  recomendar,  portanto,  que  o  não
conhecimento de recurso por não observância ao princípio da dialeticidade (art. 6º, inciso IV, da Lei nº 9.784/99, e art.
41, inciso IV, do Regimento Interno da Agência) deve ser excepcional.
72. Portanto,  entende­se  que  atende  ao  princípio  da  dialeticidade  o  recurso  administrativo  apresentado
pelo  infrator  que  exponha  minimamente  as  razões  de  seu  inconformismo  e  guarde  pertinência  com  o  processo
correspondente, em conformidade com o art. 60 da Lei 9.784/99:
Art.  60.  O  recurso  interpõe­se  por  meio  de  requerimento  no  qual  o  recorrente  deverá  expor  os
fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes. 
 
2.4 Análise do caso concreto
73. Verifica­se no caso concreto que a interessada teve contra si aplicada sanção de multa, no valor de R$
2.152,87  (dois  mil,  cento  e  cinquenta  e  dois  reais  e  oitenta  e  sete  centavos).  A  infratora  interpôs  sucessivamente  três
recursos, sendo os dois primeiros intempestivos, como bem esclareceu a área técnica.
74. Na análise do terceiro recurso interposto pela infratora, já dirigido ao Conselho Diretor, a área técnica
sugeriu que não fosse conhecido por ausência do requisito de admissibilidade, relativo à regularidade formal, em face da
ausência de exposição clara e completa das razões de inconformidade da recorrente, conforme se verifica a seguir, in
verbis:
Informe nº 84/2016/SEI/UO001/SFI
3.2 Em que pese o recurso ora sob verificação ser tempestivo, redundou argumentações já trazidas
em todas as outras oportunidades recursais, sem inovar qualquer dado que não sua indignação
por responder a tal procedimento administrativo por meio do Pado nº 53500.005645/2015­59.
Repisou ter a ré contribuído com todas as informações para identificação do real proprietário da
rádio,  e  reafirmou  sua  posição  de  "vítima  do  proprietário  da  rádio",  conforme  sua  própria
descrição.
 
75. Porém, conforme argumentos já expostos neste Parecer, este órgão jurídico entende que o último recurso
apresentado  pela  infratora,  além  de  tempestivo,  atendeu  ao  princípio  da  dialeticidade,  no  sentido  que  deve  ser
compreendido no âmbito do processo administrativo sancionador, estando em consonância com outros princípios, dentre
eles, os princípios da ampla revisibilidade, da informalidade, da verdade material e da segurança jurídica.
76. Desse  modo,  não  se  concorda  com  a  sugestão  do  Informe  nº  84/2016/SEI/UO001/SFI,  no  qual  a  área
técnica  sugere  o  não  conhecimento  do  recurso,  por  ter  entendido  pela  ausência  de  exposição  clara  e  completa  das
razões.  Então,  no  caso  em  tela,  entende­se  que  deve  ser  admitido  o  Recurso  3  pelo  órgão  julgador,  para  que  seja
analisado seu mérito.
 
2.5 Respostas às questões contidas no Memorando nº 4/2017/SEI/IF
77. Tendo em vista que as questões contidas no Memorando nº 4/2017/SEI/IF, já foram respondidas ao longo
deste  Parecer,  neste  tópico  se  apresentará  o  questionamento  formulado  e,  logo  em  seguida,  as  respostas,
resumidamente:
a) Considerando­se o princípio do formalismo moderado ou informalismo, seria possível se
aplicar, ao juízo de cognoscibilidade dos recursos interpostos nos processos administrativos,
o  mesmo  rigor  exigido  para  a  admissibilidade  dos  recursos  interpostos  nos  processos
judiciais cíveis, exigindo­se dos administrados a obediência ao princípio da dialeticidade? Há
sentido em se permitir que o próprio administrado exerça o seu direito de defesa, sem que se
lhe exija representação por advogado e, ao mesmo tempo, dele se demandar conhecimentos
jurídicos  aprofundados,  tais  como  a  observância  ao  princípio  da  dialeticidade,  para  que
tenha seu recurso conhecido pela Agência?      
 
78. Conforme  já  exposto,  ao  juízo  de  cognoscibilidade  dos  recursos  interpostos  nos  processos
administrativos  não  deve  ser  aplicado  o  mesmo  rigor  exigido  para  a  admissibilidade  dos  recursos  interpostos  nos
processos  judiciais,  em  razão  dos  princípios  que  regem  o  processo  administrativo  (informalismo,  verdade  material,
ampla  revisibilidade,  dentre  outros)  e,  também,  justamente  porque,  dada  a  possibilidade  de  o  administrado  atuar  sem
representação  por  advogado,  não  é  possível  dele  se  exigir  os  referidos  conhecimentos  jurídicos  aprofundados  sobre
formas de impugnação de decisões.
79. Isso  não  significa  a  inexistência  de  critérios  no  juízo  de  admissibilidade,  devendo  a  autoridade
competente  verificar  o  cumprimento  dos  requisitos  dispostos  em  lei,  mais  especificamente,  os  contidos  nos  arts.  41  e
116 do Regimento Interno da Anatel. Dentre eles, deve ser verificada a existência de fundamentação mínima pertinente
ao  objeto  do  processo,  em  obediência  ao  princípio  da  dialeticidade.  Este,  no  âmbito  do  processo  administrativo
sancionador, deve ser interpretado como um simples diálogo com o processo, de forma que o recurso apresentado pelo
interessado tenha coerência com a matéria discutida nos autos.
80. Nesse sentido, ainda que o próprio administrado interponha seu recurso, sem auxílio de advogado, está
resguardado seu direito constitucional de levar ao conhecimento e à análise da Administração, de maneira ampla e sem
restrições rigorosas, as razões do seu inconformismo.
 
b) Em eventual conflito entre o princípio da verdade material e o princípio da dialeticidade,
qual deve prevalecer?
81. Sem  adentrar  na  complexa  discussão  doutrinária  acerca  da  aplicabilidade  dos  princípios  como  vetores
axiológicos  do  ordenamento  jurídico,  é  possível  dizer  que  os  eventuais  conflitos  entre  princípios  não  se  resolvem  no
plano abstrato, e sim à luz das especificidades do caso concreto, não cabendo definir, a priori, o resultado da chamada
ponderação axiológica, devendo­se postergar essa avaliação para quando realmente for o caso de ser feita. Além disso,
deve­se chamar atenção para o fato de que os aparentes conflitos entre princípios demandam soluções que extraiam a
máxima  efetividade  de  cada  um  deles,  não  cabendo  falar­se  em  sacrifício  de  um  em  detrimento  do  outro.  Ou  seja,
diferentemente do conflito entre regras, cuja solução aponta para a escolha de uma delas em prejuízo da outra, no caso
dos  princípios  deve­se  buscar  uma  interpretação  harmônica  que  vise  à  concretização  dos  valores  envolvidos  na  maior
medida possível segundo o caso em exame.
82. Nesse  sentido,  da  situação  sob  consulta  é  possível  extrair  que  os  princípios  da  verdade  material  e  da
dialeticidade devem ser interpretados conjuntamente, de maneira a serem harmonizados, não havendo que se falar, no
caso sob análise, da aplicação de um princípio em detrimento do outro. O que é possível afirmar, a respeito do juízo de
admissibilidade  dos  recursos  administrativos,  é  que  se  deve,  inclusive  à  luz  da  visão  constitucional  garantista  da
jurisprudência em assuntos dessa natureza, privilegiar a máxima eficácia do princípio da verdade material, juntamente
com os do devido processo legal, da ampla defesa, da ampla revisibilidade dos atos administrativos e da informalidade,
reduzindo­se  a  prevalência  do  princípio  da  dialeticidade,  de  modo  que  a  hipótese  de  não  conhecer  do  recurso,  em
decorrência  desse  último  princípio,  seja  limitada  a  casos  extremamente  excepcionais,  em  que,  por  exemplo,  a  parte
simplesmente seja incompreensível ou que se manifeste de maneira claramente dissociada do objeto do processo.
 
c)  A  observância  do  princípio  da  dialeticidade  deve  necessariamente  ensejar  o  não
conhecimento  do  Recurso  Administrativo  e  consequentemente  o  não  enfrentamento  das
questões de mérito por ventura suscitadas na peça recursal?
83. Como já explicado, não há que se falar em exclusão ou desconsideração do princípio da dialeticidade,
mas de interpretação harmoniosa com os demais princípios que regem o processo administrativo. Ou seja, ainda que a
prevalência do princípio da dialeticidade, de modo a negar­se conhecimento ao recurso, seja situação excepcional, ele
continua  válido  no  ordenamento  jurídico,  em  constante  colisão  com  os  demais  princípios.  Ocorre  que,  no  âmbito  do
processo administrativo, ele possui efetividade reduzida em relação aos outros.
84. De  todo  modo,  já  voltando­se  mais  especificamente  ao  questionamento,  se  uma  determinada  situação
fática subsumir­se à hipótese excepcional em que se deve assegurar concretude ao princípio da dialeticidade, realmente
será o caso de não conhecer do recurso administrativo, com todas as consequências ordinárias dessa decisão.
85. Sobre  o  caso  concreto,  por  fim,  entende­se  que  o  último  recurso  interposto  pela  interessada  deve  ser
conhecido  pela  autoridade  competente,  em  razão  de  o  recurso,  além  de  tempestivo,  apresentar  regularidade  formal
quanto  ao  aspecto  do  princípio  da  dialeticidade  segundo  a  sua  acepção  aplicável  ao  processo  administrativo,  devendo,
assim, passar à análise do mérito pelo órgão julgador.
 
3. CONCLUSÃO
86. Por todo o exposto, esta Procuradoria Federal Especializada, órgão de execução da Procuradoria­Geral
Federal, vinculada à Advocacia Geral da União – AGU, opina:
a) Ao juízo de cognoscibilidade dos recursos interpostos nos processos administrativos não deve
ser aplicado o mesmo rigor exigido para a admissibilidade dos recursos interpostos nos processos
judiciais. O princípio da dialeticidade, no âmbito do processo administrativo sancionador, deve
ser interpretado como um simples diálogo com o processo, de forma que o recurso apresentado
pelo  interessado  tenha  coerência  com  a  matéria  apresentada  nos  autos.  Nesse  ponto,  a
prevalência do princípio da dialeticidade, de modo a não conhecer do recurso, deve ser limitada
a  casos  extremamente  excepcionais,  em  que,  por  exemplo,  a  parte  simplesmente  seja
incompreensível ou que se manifeste de maneira claramente dissociada do objeto do processo.
Ou seja, a apresentação de recurso pelo administrado, ainda que não contenha fundamentos que
ataquem diretamente a decisão impugnada, mas tratem da matéria veiculada no processo, impõe à
Administração o dever de analisar o recurso interposto;
b)  No  caso  concreto,  não  se  concorda  com  a  sugestão  do  Informe  complementar  nº
84/2016/SEI/UO0001/SFI pelo não conhecimento do recurso, entendendo­se, ao contrário, que o
recurso apresenta regularidade formal, cabendo a análise quanto ao mérito pelo Conselho Diretor,
em consonância com o art. 56 da Lei nº 9.784, de 1999, e com os arts. 115 e 116 do Regimento
Interno da Anatel.
87. Registra­se,  por  fim,  que  este  Parecer  não  se  aplica  aos  processos  administrativos  de  natureza
concorrencial, em que o princípio da formalidade apresenta maior nível de efetividade. 
88. À consideração superior.
 
Brasília, 21 de março de 2017.
 
 
VALÉRIA DE SOUZA MARTINS BRAGA
PROCURADORA FEDERAL
MATRÍCULA 1.873.247
 
 
 
 

Atenção,  a  consulta  ao  processo  eletrônico  está  disponível  em  http://sapiens.agu.gov.br  mediante  o
fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 53500005645201559 e da chave de acesso b1467c59
 

Documento  assinado  eletronicamente  por  VALERIA  DE  SOUZA  MARTINS  BRAGA,  de  acordo  com  os  normativos
legais  aplicáveis.  A  conferência  da  autenticidade  do  documento  está  disponível  com  o  código  26685577  no  endereço
eletrônico  http://sapiens.agu.gov.br.  Informações  adicionais:  Signatário  (a):  VALERIA  DE  SOUZA  MARTINS
BRAGA. Data e Hora: 21­03­2017 11:02. Número de Série: 9002857191735935633. Emissor: AC VALID RFB.
 
ADVOCACIA­GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA­GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES
­ SEDE 
COORDENAÇÃO DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO 
SAUS, QUADRA 6, BLOCO H, 6º ANDAR, ALA NORTE ­ BRASÍLIA/DF ­ CEP 70.070­940 ­ (61) 2312­2062

 
DESPACHO n. 00549/2017/PFE­ANATEL/PGF/AGU
 
NUP: 53500.005645/2015­59
INTERESSADOS: LEIA PEREIRA DA SILVA PINHO
ASSUNTOS: INQUÉRITO / PROCESSO / RECURSO ADMINISTRATIVO
 
1. De acordo com o Parecer nº 00134/2017/PFE­ANATEL/PGF/AGU.
2. Encaminhem­se os autos para a análise e aprovação do Procurador­Geral.
 
Brasília, 21 de março de 2017.
 
 
LEANDRO DE CARVALHO PINTO
PROCURADOR FEDERAL
COORDENADOR DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO
 
 
 
 

Atenção,  a  consulta  ao  processo  eletrônico  está  disponível  em  http://sapiens.agu.gov.br  mediante  o
fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 53500005645201559 e da chave de acesso b1467c59
 

Documento  assinado  eletronicamente  por  LEANDRO  DE  CARVALHO  PINTO,  de  acordo  com  os  normativos  legais
aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 30581371 no endereço eletrônico
http://sapiens.agu.gov.br. Informações  adicionais:  Signatário  (a):  LEANDRO  DE  CARVALHO  PINTO.  Data  e  Hora:
21­03­2017 11:05. Número de Série: 3119737330213051911. Emissor: AC CAIXA PF v2.
 
ADVOCACIA­GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA­GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL ESPECIALIZADA JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES
­ SEDE 
GABINETE DO PROCURADOR­GERAL
SAUS, QUADRA 6, BLOCO H, 6º ANDAR, ALA NORTE ­ BRASÍLIA/DF ­ CEP 70.070­940 ­ (61) 2312­2377

 
DESPACHO n. 00550/2017/PFE­ANATEL/PGF/AGU
 
NUP: 53500.005645/2015­59
INTERESSADOS: LEIA PEREIRA DA SILVA PINHO
ASSUNTOS: INQUÉRITO / PROCESSO / RECURSO ADMINISTRATIVO
 
1. Aprovo o Parecer nº 134/2017/PFE­ANATEL/PGF/AGU.
2. Encaminhe­se ao Gabinete do Conselheiro Igor Vilas Boas de Freitas.
 
Brasília, 21 de março de 2017.
 
 
PAULO FIRMEZA SOARES
PROCURADOR­GERAL
 
 

Atenção,  a  consulta  ao  processo  eletrônico  está  disponível  em  http://sapiens.agu.gov.br  mediante  o
fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 53500005645201559 e da chave de acesso b1467c59
 

Documento assinado eletronicamente por PAULO FIRMEZA SOARES, de acordo com os normativos legais aplicáveis.
A  conferência  da  autenticidade  do  documento  está  disponível  com  o  código  30586845  no  endereço  eletrônico
http://sapiens.agu.gov.br.  Informações  adicionais:  Signatário  (a):  PAULO  FIRMEZA  SOARES.  Data  e  Hora:  21­03­
2017 13:06. Número de Série: 4644386688427865392. Emissor: AC CAIXA PF v2.

Você também pode gostar