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O Movimento Da Matemática Moderna e As Iniciativas PDF
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FORMAÇÃO DOCENTE
Resumo
1
Mestrando em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná;
Orientando da Professora Doutora Neuza Bertoni Pinto
2
Professora Titular do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná
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Introdução
organizados por eles e oferecidos a outros professores em seus estados ou até em outras
regiões do país, como foi o caso do GEEM, chegaram a publicar coleções de livros didáticos
de Matemática Moderna, tendo em vista democratizar as idéias modernizadoras advindas do
movimento.
Os dois grupos GEEM e NEDEM, que servem como referências para nossa pesquisa,
foram fundados no início da década de 1960. Nasceram junto com o movimento e tiveram
grande influência na disseminação do MMM em seus estados. O grupo GEEM, liderado pelo
Professor Osvaldo Sangiorgi foi o grupo com maior destaque no Brasil.
Ao final da década de 1970 o movimento já estava em extinção. Com o fim do
movimento restaram questões importantes que merecem ser investigadas. E é na perspectiva
de contribuir com essa investigação que estamos desenvolvendo esse trabalho.
observações feitas por ele relacionadas às questões levantadas nos encontros, sugerindo a
criação de uma comissão internacional para discutir tais questões que eram comuns à
Matemática. (Miorim, 1998).
No IV Congresso Internacional de Matemática realizado em Roma, em 1908, foi
criada a IMUK (Internationale Mathematische Unterrichskomission) que a partir de 1954
passou a ser denominada ICMI (International Comission on Mathematical Instruction). A
criação dessa comissão e a aprovação de uma proposta para que os países participantes
informassem como estava o ensino de Matemática, em especial na escola secundária, marcou
o início da primeira fase do movimento pela modernização da Matemática. O Brasil, neste
evento, participou como país convidado, ou seja, não tinha direito a voto (Valente, 2006).
Quatro anos após, realizou-se em Cambridge, em 1912, o V Congresso Internacional
de Matemática, evento no qual o Brasil oficializou sua participação. Nesse período a IMUK
realizou várias reuniões para discutir a proposta aprovada no IV Congresso, realizado em
Roma. Essas discussões e eventos duraram até o início da I Guerra Mundial, em 1914. A
partir daí houve uma interrupção dos encontros em razão do envolvimento no conflito de
países que também participavam do movimento. Segundo Miorim (1998) nessa primeira fase
de modernização da matemática escolar foram produzidos resultados nunca vistos antes na
área da Educação Matemática.
Terminada a I Guerra Mundial e ainda na primeira metade da década de 1920 a IMUK
volta a se reunir, retomando as discussões anteriores e reacendendo, portanto, as idéias de
modernização da matemática escolar. Num primeiro momento foram impostas restrições aos
países que faziam parte da IMUK, mas que haviam sido derrotados no conflito. Felizmente
isso passou logo, e prevaleceu a preocupação com uma nova sistematização do ensino da
Matemática o que estimulou a retomada dos eventos e das discussões acerca da disciplina
Matemática.
Segundo Julia (2000) para se ter uma concepção de um dado momento histórico é
necessário “(...) compreender antes suas relações conflituosas ou pacíficas que ele mantém
com o conjunto das culturas que lhes são contemporâneas”.
Para Valente (2006) é necessário “(...) que sejam construídos referenciais da Educação
Matemática levada a cabo em grande parte da segunda metade do século XX no Brasil”. Para
tanto, é imprescindível intensificar as pesquisas, objetivando atingir a maior proximidade
possível do que efetivamente esse MMM representou na sua época e as influências que, por
ventura, ainda exerça nas ações pedagógicas dos professores de Matemática.
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A construção desses referenciais torna-se fundamental para que se tenha uma idéia
mais elaborada da abrangência dos fatos produzidos por esse movimento e as implicações
destes fatos nas práticas escolares.
O MMM ocorreu num momento histórico em que o mundo passava por grandes
mudanças culturais, políticas, sociais e econômicas. O momento pós II Guerra Mundial, que
entre outros fatos, trouxe como conseqüências uma proposta de massificação do ensino
básico, o crescimento da demanda pelo ensino superior, o aumento dos postos de trabalho, os
grandes avanços tecnológicos e a modernização das ciências, a expansão da indústria, e por
tudo isso, a necessidade de uma mão-de-obra melhor qualificada (Búrigo, 2006) implicava
uma nova proposta para a educação. No Brasil, era um período de transição da base
econômica e política. O país passava de uma economia de base agropecuária para uma
economia de base industrial com uma política de abertura da economia à uma grande entrada
de capital estrangeiro. E tudo acontecia sob um regime de ditadura. Nesse contexto no campo
da política todos os discursos estavam voltados para a idéia de modernização e de
desenvolvimentismo, mesmo com o país apresentando muitos problemas sociais graves. Na
educação o clamor por uma reestruturação, por uma proposta que atendesse essa nova
realidade, se contrapunha ao regime político da época. Isso resultava em poucos
investimentos, levando a uma progressiva diminuição na qualidade da educação,
comprometendo, portanto, todo o processo educacional, desde o cotidiano da sala de aula, até
a formação de novos professores. No caso da Matemática a situação já era mais precária
ainda, pois havia um número baixíssimo de profissionais habilitados nessa área atuando em
sala de aula, não ultrapassando os 16% (Lima, 2006). Entendemos que esses fatores foram
preponderantes e contribuíram terminantemente para que o movimento alcançasse a
abrangência que alcançou.
Para Miorim,
No Brasil, o MMM começa a tomar forma no início da década de 1960, sob influência
das idéias modernizadoras que circulavam por países da Europa e também nos Estados
Unidos. Em 1959, durante o III Congresso Nacional de Ensino de Matemática, realizado no
Rio de Janeiro, apareceram as primeiras discussões sobre a modernização. A idéia foi
encampada pelo Professor Osvaldo Sangiorgi de São Paulo.
É importante destacar que Osvaldo Sangiorgi nessa época já era um conceituado
professor de Matemática no Estado de São Paulo, com um vasto currículo acadêmico e muito
respeitado como escritor de livros didáticos no Brasil. Seu envolvimento com essa nova
proposta teve um peso importante para que outros profissionais da área também se
enveredassem por esse novo caminho.
Em 1961, o Professor Sangiorgi participou de um curso de atualização nos Estados
Unidos, onde teve contato efetivo com as idéias modernizadoras propostas pelos americanos.
Retornando ao Brasil, decidiu organizar em São Paulo um curso semelhante para professores
da rede de ensino estadual de São Paulo, para o qual contou com a presença de George
Springer da Universidade de Kansas. Foi a partir deste evento que as idéias do movimento
começaram a se disseminar mais fortemente, especialmente no Estado de São Paulo. As
primeiras experiências foram feitas em classes experimentais. Estas experiências se deram
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através do grupo GEEM (Grupo de Estudos do Ensino de Matemática) fundado em 1961, com
o propósito discutir e implantar a nova proposta, sob a liderança do próprio Professor
Sangiorgi (Miorim, 1998).
Baseado nas leituras de autores como Burigo (1989), Valente (2006) e Pinto (2005)
que estudam a história do Movimento da Matemática Moderna no Brasil, é possível perceber
que essa nova proposta tomou forma mais especificamente a partir de 1962 no IV Congresso
Brasileiro de Ensino de Matemática, realizado em Belém no Pará. Nesse evento o grupo
GEEM apresentou os resultados das primeiras experiências feitas com alunos em salas
experimentais sob o signo do MMM. Nessa ocasião e a partir destas experiências é que os
educadores matemáticos brasileiros participantes do evento tiveram o primeiro contato efetivo
com as idéias do Movimento da Matemática Moderna. Essas experiências motivaram a
criação de grupos em outras regiões do Brasil, assim como discussões e a elaboração de uma
proposta de conteúdos mínimos para sua implantação. (Miorim, 1998).
Seguindo a tendência daquele momento foi fundado no Paraná, em outubro de 1962
(um ano após a fundação do GEEM), o NEDEM (Núcleo de Estudos e Difusão do Ensino da
Matemática) liderado pelo Professor Antonio Osny Dacol, diretor do Colégio Estadual do
Paraná de Curitiba (Pinto, 2005).
O NEDEM assim como o GEEM era composto por professores de várias escolas e
atuavam basicamente nos níveis primário e secundário de ensino, que atuavam principalmente
em escolas públicas de Curitiba. Suas discussões e sua proposta de trabalho seguiam a mesma
linha de trabalho desenvolvida pelo GEEM. Esses grupos além de desenvolverem
experiências com seus alunos, também ministravam cursos, treinando outros professores sob a
nova proposta.
A fundação destes dois grupos, o GEEM em São Paulo e o NEDEM no Paraná,
marcaram a efetiva implantação do movimento nesses Estados.
No Brasil, o GEEM desenvolveu experiências com professores que atuavam nas
escolas públicas. As atividades desenvolvidas no grupo eram depois aplicadas aos alunos dos
professores participantes. Essas atividades eram elaboradas com base nas discussões dentro
do grupo e nas trocas de experiências entre seus pares. Assim, as atividades aplicadas nas
turmas experimentais que tivessem resultados considerados positivos eram selecionadas e
repassadas a outros colegas e trabalhadas nos cursos, e posteriormente viriam a fazer parte da
coleção de livros didáticos de Matemática Moderna publicada por Sangiorgi. O NEDEM,
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De acordo com Ferreira (2006), nos Estados de São Paulo e do Paraná, o MMM foi
influenciado basicamente por duas escolas diferentes, a européia liderada pelo grupo
Bourbaki e a americana representada, principalmente, pelo professor Springer. Essas
influências somando-se às variáveis culturais de cada Estado suscitam questões relevantes a
serem investigadas. No que se refere às idéias, como estas foram concebidas e como elas
embasaram a elaboração das atividades e dos materiais dos grupos GEEM e NEDEM? E
ainda, de como esses grupos sugeriam que os professores trabalhassem, e como efetivamente
eram conduzidas as atividades com os alunos? Sendo a teoria dos conjuntos o eixo norteador
dessa “nova” matemática, ascendem questões entre outras sobre como esses materiais
tratavam esse tema? Que idéias e teorias efetivamente subsidiaram os precursores do
Movimento da Matemática Moderna do GEEM e do NEDEM na elaboração de suas
propostas para dar forma ao “movimento” em seus estados? Quais as marcas históricas
deixadas e qual o alcance que o MMM provocou na ocasião de seu desenvolvimento, e que
reflexos ainda podemos encontrar nas práticas pedagógicas dos Professores atualmente em
nossas escolas? Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas por esses grupos em relação
à formação dos professores para o ensino da Matemática Moderna? Quais foram as maiores
dificuldades enfrentadas por esses grupos em suas discussões e no seus desafios de passarem
essa proposta adiante?
Essas questões postas tornam a investigação desse movimento fundamental para o
avanço da história da educação matemática.
Retomando Valente (2006), entendemos ser necessário a construção de referenciais da
Educação Matemática em especial da segunda metade do século XX no Brasil “(...) há que se
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buscar os vestígios deixados nos cotidianos escolares passados”. Para tanto, é imprescindível
intensificar as pesquisas, objetivando atingir a maior proximidade possível do que
efetivamente esse movimento representou na sua época e as influências que ainda exerce nas
ações pedagógicas dos professores nas aulas de matemática hoje.
Considerações finais
ensino da Matemática Moderna. algumas das questões que foram apontadas nesse texto, como
por exemplo, quais as relações (se elas existem) que há entre as idéias na primeira e na
segunda fase do movimento; Se houver, quais seriam as relações do movimento com os
problemas econômicos, políticos e sociais que o Brasil enfrentava na época? Quais foram as
diferenças na concepção e implantação das novas idéias matemáticas em cada região do
Brasil? De onde vieram as idéias que influenciaram o movimento em cada Estado? Tais
questões apontam para a complexidade da reforma que pretendia revolucionar o ensino da
matemática escolar em nível mundial.
REFERÊNCIAS
PINTO, N. B. Marcas Históricas da Matemática Moderna no Brasil. Curitiba, PR. In: Revista
Diálogo Educacional/PUCPR, v. 5 n. 16, 2005, p 113-122