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Uberlândia (MG)
2005
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
CDU: 911.375(817.3)
Em especial à Profª. Drª. Suely Regina Del Grossi pelo incentivo para que
Uberlândia, Drª Vânia Rúbia Vlach, Drª Beatriz Ribeiro Soares, Dr. Júlio César Ramires, Dr.
acadêmico.
nessa trajetória.
Núbia, Edivane, Fransualdo, Celso, Celeste, Divino que estiveram presentes nesse meu
caminhada. Em especial a minha irmã Olgamina e seu esposo João de Souza Carvalho pelo
compreender mais este desafio na minha vida e, não mediu esforços acompanhando-me nas
inúmeras viagens a Caldas Novas. Contribuiu sobremaneira com seu olhar de arquiteta
experiente e comprometida com as questões urbanas. Além isso, foram noites e mais noites
mal dormidas para vermos os resultados desta pesquisa. Sou-lhe eternamente grata.
Thiago, Andréa, Isabela, Thaís, Fernanda, Lucas, Bruno, Caroline e Juninho que na
*RLiV
3$/$&,1S
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo compreender os processos políticos, econômicos e sociais que
Uma simbologia espacial reforça o discurso político do maior pólo turístico de Goiás e
materializa a cidade que cresce a qualquer preço. O turismo, ao mesmo tempo em que abre
postos de trabalho, segrega o lado “feio” da cidade: os pobres e suas habitações precárias. O
turismo retalha a cidade e deixa-a a mercê da especulação imobiliária. Preparar a cidade para
This work has for objective to understand the political, economical and social processes that
influence the construction of the urban space of Caldas Novas (GO). The paradisiacal image
impels, in the present time, the leisure tourism, with the exploration of is thermal waters. A
symbolic space reinforces the political speech of the largest tourist pole of Goiás and
materializes the city that increases at any price. The tourism, at the same time that open job
vacance, segregate the “ugly” side of the city: the poor and their precarious houses. The
tourism slash the city and submit it to speculation. To prepare the city for the tourist imposed
to Caldas Novas architectural and urban pattern that accentuated the differences, reinforcing
06 – Caldas Novas (GO): naturalidade dos alunos – Escola Municipal Felipe Marinho da
Cruz (1ª a 4ª série), 2001 ---------------------------------------------------------------------------72
07 – Caldas Novas (GO): naturalidade dos alunos – Escola Municipal Felipe Marinho da
Cruz (1ª a 4ª série), 2002 ---------------------------------------------------------------------------72
09 – Prédio construído no local da primeira casa de banho, Caldas Novas (GO), 2005 --85
15 – Marco de entrada do Parque Estadual da Serra de Caldas, Caldas Novas (GO), 2005
-----------------------------------------------------------------------------------------------------92
17 – Casarão, construção do final do século XIX, Caldas Novas (GO), 2004 -------------97
18 – Vista parcial da Serra de Caldas e a Pousada do Rio Quente, Caldas Novas (GO),
2004 ---------------------------------------------------------------------------------------------------98
19 – Caldas Novas (GO): acesso a programas de educação ambiental, 2004 ------------- 101
23 – Caldas Novas (GO): nível de escolaridade dos entrevistados, 2004 ------------------ 113
26 – Vista parcial da Praça Mestre Orlando, Caldas Novas (GO), 2005 ------------------- 120
27 – Ocupação das calçadas pelos comerciantes, Caldas Novas (GO), 2004 ------------- 122
32 – Vista parcial da cidade de Caldas Novas (GO): diversas formas de uso e ocupação do
solo urbano, 2005 ------------------------------------------------------------------------------ 131
33 – O bairro Turista I e II vistos a partir do bairro Solar das Caldas, Caldas Novas (GO),
2004---------------------------------------------------------------------------------------------- 133
LISTA DE MAPAS
01 – Turismo em Goiás-----------------------------------------------------------------------------32
06 – Caldas Novas: bairros com edificações irregulares, 2004 (em %) -------------------- 140
LISTA DE SIGLAS
INTRODUÇÃO------------------------------------------------------- 15
INTRODUÇÃO
1
Es ti ma t i va I B GE ( 2 0 0 4 ) .
16
Goiás. A rede conecta-se com grandes centros urbanos do país, como Brasília,
aeroporto.
grande heterogeneidade nos modos de vida, nas formas de morar e nos usos do
foi produzida.
presente.
pelas relações sociais de produção, pelo trabalho humano, expondo uma época
momento.
constante e, para entender tal processo, além do olhar atento ao caminhar pela
de águas quentes.
goiano.
políticas públicas e por ações privadas, tem profundo impacto sobre as formas
assumidas pelo espaço urbano, reflexo de relações sociais marcadas pela desigualdade.
20
essencial para o turismo, de modo que “o turismo pode ser concebido como
uma experiência geográfica”. Por isso, “não demorou muito para que a
(2003, p. 3).
fragmentação/segregação.
2
Vale lembrar que até formas “rurais” da atividade, como o turismo rural ou o de aventura, depende de uma
infra-estrutura sempre ligada ao espaço urbano.
23
de conteúdo social.
mundial.
(2002, p. 62) afirma: “os fixos são cada vez mais artificiais e mais fixados ao
solo; os fluxos são cada vez mais diversos, mais amplos, mais numerosos,
mais rápidos”.
pensamento sobre a cidade que, por sua vez, espelha a produção social da
mesma.
revela-se em sua história, símbolos, nas obras humanas, na fala dos seus
externo da sociedade.
econômicos segregacionistas.
vida é passível desse processo infinito que vai do passado ao futuro, só ela
constituem simples objetos. De acordo com Santos (2002, p. 105) “só por sua
social”.
A confi guração territorial é dada pelo conj unto for mado pelos
sistemas naturais existentes em um dado país ou numa dada
área e pelos acrésci mos que os homens superimpuseram a esses
sistemas naturais. A confi guração territorial não é o espaço, j á
que sua realidade vem de sua materialidade, enquanto o espaço
reúne a materialidade e a vida que a ani ma. A confi guração
territorial, ou configuração geográfica tem, pois, uma
existência social, isto é, sua existência real, somente lhe é
dada pelo fato das relações sociais. (SANTOS, 2002, p. 62).
espaço urbano. Carlos (1992, p. 38) afirma que “a paisagem não só é produto
regional.
atrações em Goiás.
3
O valor do dólar tem variado em 2005 entre 2,30 e 2,50 reais.
28
Grande.
e nacional.
(continuação)
Ideal para quem gosta de praticar esportes Paraúna, Alto Paraíso,
radicais. Caiapônia, Piranhas, São
Aventura
Domingos, Mineiros, Posse,
Chapadão do Céu e Formosa.
Pratos tradicionais da região aguçam o Anápolis, Alexânia,
Gastronômico paladar dos turistas: arroz com pequi, Pirenópolis e Luziânia.
peixe na telha, entre outros.
Novas, Pirenópolis e São João, esta última cidade com importantes fontes de
31
Águas”, por si, aponta para o enorme impacto que o redirecionamento de uma
XVII, “já eram feitas incursões de índios, com trilhas que iam do Rio de
Janeiro até Machu Pichu, a capital dos Incas, no Peru”, é certo que a inserção
Godoy, relembra: “Tudo aqui era cerrado. Era um homem que estava
2004).
4
P ir ap i ti n g a: n a l í n g ua tu p i s i g ni f ica p ir a = p e i xe : p i ti n g a = p el e b r a nc a o u c a sca b r a nca ,
p in tad o o u s alp icad o d e b r a n co ( E LI AS, 1 9 9 4 , p .3 4 ) .
35
de Sant`Ana, mais tarde Vila Boa, que viria a ser a capital da futura Capitania
das perdas.
37
tenha tido uma vida efêmera, “Goiás entra na história como as ‘Minas dos
de 1770.
mineração em Goiás:
1778.
cerrado com suas árvores e arbustos retorcidos e revestidos por uma cortiça
grossa, foram ocupadas pelo gado. A pecuária extensiva ganhou espaço numa
do estado.
século XVIII que chegaram à região das Caldas a procura do ouro, é sabido
5
Elia s ( 1 9 9 4 , p . 4 0 ) i n fo r ma q ue, “at é r e ce nt e me nt e e xi st ia m e m Ca ld a s No v a s o s úl ti mo s
d esc e nd e n te s d e s sa s t r ib o s, co n h ec id o s p o r p er ten c er e m à fa mí l ia ‘ Q u ir i no ’ ”.
43
Caldas de Santa Cruz, essa cidade, uma das mais antigas, está localizada a 69
(CORREA NETTO, 1918, apud TEIXEIRA NETO et. al., 1986, p. 17).
descobrimento.
(1996) a casa de Martinho Coelho, onde residiu, foi a primeira casa a ser
6
Ac ha - s e ab e r ta ao p úb li co co m e xp o s ição e ve nd a d e o b j e to s d o ar te sa nat o lo ca l.
45
que as utilizassem.
Siqueira fixasse residência ali: o ouro era farto às margens do Córrego das
tomou posse das terras na margem esquerda do córrego Caldas e toda a terra
auríferas se exaurirem 7 .
7
Eli a s ( 1 9 9 4 , p . 4 4 ) co m e n ta q ue “e m 1 8 4 8 , ap ó s a mo r te d e An tô nio Co el ho , s e us
her d eir o s v e nd er a m s u a s p r o p r i ed ad e s a Do mi n g o s J o s é Rib eir o ”.
8
Há ai nd a , no e sp a ço ur b a no d e Ca ld a s No v a s, as ma r ca s d ei xad a s p o r aq u e le s
gar i mp e ir o s. No B ai r r o B a nd e ir a n te d a a t ual cid ad e d e Cald a s No v as , s e gu n d o E li as ( 1 9 9 4 ,
p . 4 1 -4 2 ) , “fo i ap r o v ei tad a u ma gr a nd e e sc a vaç ão na e nco st a d o mo r r o p ar a a co n s tr ução
d o e mp r ee nd i me n to P o us ad a T er ma s d as P ir â mi d e s”, e m u m lo c al co n hec id o co mo “lav r a s
d o te ne n te Co el ho ” , p o r s er u m g ar i mp o d e p r o p r ied ad e d e An tô nio Co el ho .
46
lajes de pedras com bicas de madeira para facilitar o uso das águas termais
terapêutico.
liteira, carregada por escravos, a fim de se tratar. Foi recebido por Antônio
naturalista francês August Saint Hilaire, financiado por D. João VI, estuda as
gente. Comovido com sua situação de miséria, ele associa-se a Domingos José
Luis Gonzaga, doou, então, terras para formar o patrimônio e erigir uma
capela.
Naquele ano, foi construída por Luis Gonzaga de Menezes a Igreja Matriz
possuía duas torres e reflete um complexo jogo social, marcado por práticas
Figura 04: Igreja antiga, com duas torres, Caldas Novas. Fonte: ALBUQUERQUE, C., 1996.
Novas.
Goiana, muitas pessoas dirigiam-se, a cavalo, para lá, para se banharem nas
espalharam-se pela localidade. Uma delas foi construída por Cândido Gonzaga
Novas.
turística, o que mostra, como afirma Santos (1972), que o espaço construído
Novas como cidade das águas quentes, não se medindo esforços para dotar o
legislativo 9 .
reboco de areia e esterco, ruas sem nome e uma frágil iluminação com a
9
Ma is tar d e e st e p r éd io f o i d e mo lid o e, e m s e u lu g a r , e m 1 9 6 0 , fo i co n s tr u íd o o C i ne -
T eatr o Cald as No va s e, a t ua l me n te, ab r i g a o s up er me r cad o S up er 1 0 .
52
atenção dos grandes centros do país, que, em seus jornais, passaram a tratar
de Caldas Novas.
Bento de Godoy marca-se pela construção da ponte sobre o rio Corumbá, que
Araguari, Ribeirão Preto, Campinas e São Paulo, permitiu que Goiás escoasse
Novas, acreditava que a construção de uma ponte sobre o rio Corumbá, não só
abriria os caminhos para o sul de Goiás, mas colocaria Caldas Novas na rota
destino da região.
coronel Bento de Godoy, que contratou para esse serviço o armador francês
Joseph Jory e foi supervisionada durante a sua construção por Juca de Godoy”
outros estados.
estrada de rodagem:
Bento de Godoy, ele foi para Caldas Novas aos 22 anos, em 1906 1 0 .
coronel Bento.
10
T r ab al ho u co mo ca i xei r o d a lo j a d e se u t io , fo tó g r a fo a mad o r , o p er ad o r d e máq u i na d e
ci ne ma , far mac ê ut ico p r á ti co , a u x il iar d e ger e nt e d e ho te l, p o e ta. E xce le nt e o r ad o r ,
cr o n i sta , co n ti st a e j o r na li s ta, ele f o i ser v e nt u ár io d a J us ti ça, co m t ab e lio n a to , p r e fe ito ( o
ter c eir o ) e ver ead o r e m d i v er sa s l e gi sl at ur as ( S E LI G A NO F UT UR O, 2 0 0 4 ) .
56
fazendas do município”.
melhorado.
57
nesse processo.
58
a maioria dos mineiros que ali permanecem vai dedicar-se a uma agricultura de subsistência e
à criação de gado.
POLOCENTRO e o PRODECER.
assinalam:
hortigranjeiros do município.
produtos.
de 2003, lançou a soja torrada crocante com sabores, que entrou no gosto e no
Mas, em Caldas Novas, o campo ainda exerce influência sobre a cidade, seja
a área agrícola.
turistas, que, vindos dos grandes centros urbanos, procuram um contato mais
geográfico.
( co n ti n u ação )
Porteirão 2.823 2.436 387 86,0 14,0
Professor Jamil 3.403 2.177 1.226 64,0 36,0
Rio Quente 2.097 1.648 449 79,0 21,0
Vicentinópolis 6.015 4.927 1.088 82,0 18,0
Fonte: IBGE, 2000.
Elab o r a ção : B O R GE S, O . M. , 2 0 0 5 .
que Caldas Novas e Itumbiara são os dois municípios que apresentam maior
de Meia Ponte.
estados brasileiros. Esses dados indicam que Caldas Novas tem-se comportado
fato de a maior parte dos atuais moradores de Caldas Novas serem do estado,
outros estados brasileiros e apenas 23% delas são de Caldas Novas (Figura
14%
23% 63%
12%
65%
23%
Novas entre 1980 e 2002. Ela permite verificar que, em 1980, havia um
Fo nt e: C OST A, R. , 2 0 0 5 .
75
prazos.
global.
(2000), foi utilizado pela primeira vez na Assembléia Geral das Nações
surgiu como tentativa dos países ricos de preservar grandes áreas naturais do
espaço geográfico.
cenário”.
mundial.
(IBGE, 2005) .
intensa de turistas. Se, como afirma Lemos (1999, p. 238), “os espaços
turísticos são produzidos e recriados num ambiente onde deve ser considerado
mercadoria.
alta temporada, para realizar o sonho daqueles que chegam e seus próprios
que saliente onde se pretende chegar com as ações desse poder e, ainda,
respeitada nos seus direitos mais básicos. Com 80% de população migrante, a
faz com que suas partes apresentem formas e conteúdos sociais peculiares, e
que cada uma delas mantenham contato com o todo, embora com intensidade
variável.
espacial,
futuro. Assim, em uma cidade turística que se apóia no bem água termal,
de campo, 2005).
não só pelo capital, mas também pelo Estado. Este exerce uma ação direta ou
de possuir uma reserva fundiária para usos diversos no futuro, através de leis
Continua a autora:
novo edifício exige um novo solo, cujo valor baseia-se, em princípio, em sua
acentuadamente.
Campo, 2004).
usos. Entretanto, isso não ocorre posto que a cidade, ao mesmo tempo em que
poder.
mercadoria chamada Caldas Novas e como a cidade é vista pelos que estão
A c id ad e — e r a a s si m q u e a c ha má va mo s — não er a ma is q u e me ia
d úz ia d e r ua s c a sca l had as , v er me l ha s, d ete r mi nad a s p o r c as a s
h u mi ld e s o nd e hab it a vam p es so a s i g ua l me n te h um i ld es , al é m d e u ns
p o uco s e a u st er o s s e n ho r es q ue j a mai s i ma g i ná vam o s e m ma n g a s d e
ca mi sa . N a p r aç a, a ú nica p r a ça, o maio r ed i fíc io e r a a i gr ej a,
mu t i lad a e m u ma d a s to r r e s, p r es id i nd o o la r go o n d e, p o u co s a no s
an te s, u m j o ve m p r e f ei to co me çar a a co ns tr uir o j ar d i m. Aq u ele
co meço d e ur b a n iza ção d o ú n i co lo gr ad o ur o p úb li co d e co n ví v io e
laze r — i n ício i ne v it á vel d e d e ze na s d e no va s f amí l ia s e q ue s e
r es u mi a ao q uad r ad o d e c i me n to , p o s te s o r na me n t ai s e mu d a s
cr e sce n te s d e f íc u s e m ca d a c a nto — é o c ar tão -p o s ta l q ue ma i s
evo ca a i n f â nci a na r e mo t a e esq u ec id a Ca ld a s No va s d a s b o as
i ma ge n s. O d e sp er ta r p ar a o t ur i s mo no s a no s 2 0 d e mi m, o u, se
p r e fer ir e m, a ca s a d o t emp o q ue vai d e 1 9 6 5 a 1 9 7 5 , fo i
si g n i fi cat i vo . A mad ur ece u o ho me m, tr a ns f i g ur o u a c id ad e la.
Lu iz d e Aq u i no , p o e ta d e Ca ld a s No v a s.
temperaturas diferentes.
de Victor Ala, construiu o primeiro balneário público, para atender à procura crescente de
pessoas que vinham tratar da saúde (Figura 09). Os visitantes, chamados de ''aquáticos'' pela
o balneário para tomar os banhos termais. Esse empreendimento permitiu que Ciro
Palmerston se tornasse político influente no lugar, chegando a prefeito de Caldas Novas entre
1930 e 1931.
de Caldas.
86
Caldas, época em que comprou as terras do local das fontes, com a finalidade
Gebepar 1 1 .
profissional e até uma praia, com direito a areia e ondas (UNIMONTE, 2005).
(Figura 12).
14
52
34
Fo nt e: P e sq ui s a d e ca mp o /2 0 0 4 .
Or g.: B O RG ES, O. M., 2 0 0 5 .
11
O l ucr o b r u to d a e mp r e sa c he go u a R$ 2 2 mi l hõ e s e m 2 0 0 4 .
89
também, revelador do fluxo recente de migrantes para o município. Fato é que, com a criação
do novo município, o poder municipal e o empresariado de Caldas Novas tiveram que investir
XXI, o tempo livre transformou-se em tempo de lazer para muitos. Para atrair
90
acordo com Barbosa (2001, p. 19), “uma ferramenta para gerar produção e
em um processo permanente.
91
desde 1999, está aberto à visitação pública (Figura 15). Ele dista cinco km do
1998, p. 127).
Quente, o bairro Esplanada, várias fazendas e, logo abaixo dos próprios pés,
P en ha sco s d e q ua se 3 0 0 me t r o s d e a lt u r a, q u as e n a v er t ica l, gr a n d e s
er o sõ es, ni n ho s d e p á ss ar o s fe ito s e m ab er t ur a s d a r o c h a, ur ub u s
p la na nd o , b a nd o d e p ap ag a io s fa ze nd o e s tar d a l haç o d ão u ma
se n sa ção d e lib er d ad e e d e u m co n ta to ma i s e str ei to co m a na t ur e za.
( ALB U QU ER Q UE, 1 9 9 8 , p . 1 2 9 ) .
revestidas pelo cerrado, vestem-se dos vários tons de verde, criando uma
beleza “cênica”.
deram origem a solos de média e alta fertilidade – são as terras roxas. A cor
17°00'S
N
Professor Jamil
Mairipotaba Cromínia Piracanjuba
50°00'W
Pontalina
Itumbiara
Inaciolândia Cachoeira Dourada
MG
LEGENDA: Culturas temporárias
Limite interestadual
Solo para cultivo / pastagem
0 50 km
Cobertura savânica
Limite intermunicipal
Cobertura florestal
Limite da microregião
Área urbana
TO
Fonte: Landsat 7/ETM+, 5R4G3B, EMBRAPA. MT BA DF
221/072 e 221/73 - 05/08/2001; GO
MG
222/072 e 222/73 - 12/08/2001; MS
articulação compatível com a escala 1:50000
Organização: BORGES, O.M., 2005
Digitalização: CARDOSO, E., 2005 BRASIL GOIÁS
96
Atrativos Características
Lago do Corumbá - formado a partir da construção da Usina
Hidrelétrica de Corumbá I
Igreja Matriz - na Praça Mestre Orlando, construída em
1850, possui colunas de aroeira maciça
Casarão* - construção típica goiana, em estilo do séc.
XIX
Jardim Japonês - retrata o paisagismo oriental
Balneário Municipal - banheiras destinadas ao uso terapêutico
Parque Estadual da Serra - reserva ambiental que guarda a
de Caldas Novas** biodiversidade do cerrado e é área de
recarga do aqüífero termal
Lagoa de Pirapitinga - lago de águas quentes, marco histórico de
Caldas Novas
Praça do Cerrado - onde se localiza a biblioteca municipal e o
teatro de arena
Galeria Ala - feira de artesanato, confecções, souvenir,
entre outros
Feira do Luar - feira noturna ao ar livre (produtos do
artesanato goiano, alimentação e confecções
Feira Livre - comércio de produtos diversos, de
verduras a vestuário
Parques Aquáticos - infra-estrutura de lazer aquático, com
piscinas, toboáguas, bar molhado, cascatas e
outros
Cachaçaria Vale das Águas - possui demonstrativo do processo de
Quentes produção da cachaça em alambique
Festa do Folclore - festas representativas da cultura popular
Rally das Águas Quentes - rall ys terrestres e náuticos
Caminhada Ecológica - caminhadas pelo parque da Serra de
Caldas, em meio ao cerrado
Festa Junina - festas religiosas celebradas no mês de
junho
97
(Continuação)
Magia do Natal - ornamentação típica do Natal (Área
central)
Folia de Reis da Bucaina - festa religiosa celebrada nos meses de
dezembro e janeiro
1ª Casa de Caldas Novas - marco histórico, localizado dentro do
(Martinho Coelho Club-Hotel SESC
Siqueira)
Doces caseiros de Caldas - doces fabricados artesanalmente, inclusive
Novas com frutos do cerrado
Pesque e Pague - recanto de entretenimento voltado à
pescaria
Fo nt e: P N MT - O f ici n a C o n so l id ad a, 2 0 0 4 .
Ad ap t ação : B O R GE S, O. M ., 2 0 0 5 .
* Fi g ur a 1 7
* * Fi g ur a 1 8
atrai aqueles que vêm à cidade, que muitas vezes retornam com o objetivo de
moradores da cidade, nas feiras, nos cafés, nos clubes, nos restaurantes, nas
meio-fios, edificações.
por novidades.
2000, p. 34).
últimos três séculos, a natureza foi encarada como algo que tinha de ser
matérias primas?
recicla. Normalmente não são exigidos exames médicos para o uso das
piscinas e das duchas quando se sabe que inúmeras das doenças são
101
afirma que “a cidade ainda não tem uma política ambiental que funcione, e
5 15
80
Fo nt e: P e sq ui s a d e ca mp o , 2 0 0 4 .
Or g.: B O RG ES, O. M. ( 2 0 0 5 ) .
termal.
cidade. Sabe-se que os transtornos que o lixão provoca são vários, tais como
específico e é jogado junto com o lixo comum que vai para o lixão”
23 3
74
Fo nt e: P e sq ui s a d e ca mp o /2 0 0 4 .
Or g.: B O RG ES, O. M. ( 2 0 0 5 ) .
103
chega pela rede coletora ou da limpeza das fossas 1 2 , a estas lagoas que têm
contato com o córrego Caldas, que, por sua vez, verte suas águas no Rio
12
Es te tr ab al ho é r ea li zad o p elo DEM AE, q ue, u sa nd o ca mi n h õ e s co le to r es d e e s go to
sa n itár io , o r eco l he m, d e scar r e ga nd o n es ta s la go a s.
104
13
Le gi s laç ão d o D NP M, s o b r e a s fo n te s t er ma i s d e Ca ld a s No va s, e nco ntr a - se e m a ne xo .
105
caldasnovense
afirmações anteriores.
Fi g ur a 2 1 - Vi st a a ér ea d e c l ub e s -h o t éi s, C ald a s
No va s ( G O) , 2 0 0 5 . Au to r : R AM O S, D . S ., ( 2 0 0 5 ) .
106
Figura 22- Caldas Novas (GO): origem dos turistas na Feira do Luar, 2004
Tocantins
São Paulo
Santa Catarina
Rio Grande do Norte
Rio de Janeiro
Minas Gerais
Maranhão
Goiás
Distrito Federal
0 5 10 15 20 25 30
Fo nt e: P e sq ui s a d e ca mp o , 2 0 0 4 .
Or g.: B O RG ES, O. M., 2 0 0 5 .
cidade. Não tem respeito algum pelo lugar e com os moradores”, como afirma
permanecer habitante há que ser morador, há que ser aquele que usa, que
econômicas.
(Mapa 06):
membros da sociedade de classes, bem como das alianças entre eles. Tende a
à cidade.
foi aprovado um novo perímetro urbano para a cidade. Nesse, foi mantida a
p. 27). Assim, surgiram os bairros Parque das Brisas III, Lago das Brisas e
7 1 12
8
5
14
12
41
serviços.
sustenta a memória.
camadas da população, que acaba por ocupar diferentes setores da área urbana
em função de seus novos valores, sendo que a área central é a primeira a ser
renovada.
(1994, p. 17) buscar “uma nova vitalidade para essas áreas, tanto do ponto de
geralmente ocorre é que os que não podem pagar pela mudança do uso desse
gerir sua própria expansão, é também uma “estrutura simbólica”, que permite
cultura.
a área central expandiu-se a partir daquele núcleo original, mas mantêm como
quentes.
e região.
quentes.
Praça Mestre Orlando (Figura 26), mostrou-nos como os canteiros estão sendo
local havia uma nascente de água termal, mas a partir do momento que passam
121
construir uma cidade que acolhe o turista, mas também se pensa como
totalidade.
cidade atualmente ainda “é calma e muito boa para se viver. Não é uma cidade
típica de interior (pacata), mas ao mesmo tempo não tem aquela correria das
como atestam os bairros Termal, Turista I e parte do Setor Oeste (Figura 29).
Caldas. O sul da cidade acha-se conectado com o centro através da Av. Cel.
Bento de Godoy. Esta dá acesso ao trevo sul, com saída para Uberlândia e São
Paulo, pela rodovia GO-139. Esta por sua vez, conecta com a rodovia GO-213
se pelo centro.
áreas urbanas centrais ocorrem desde os anos 1980. Em grande parte das
diretrizes:
convívio.
afirmam:
cidade.
logradouros públicos.
Propõe-se ainda:
bem público.
projeto.
deverá ter uma atenção especial. As praças e as áreas verdes existentes são
130
paisagístico, mas como local de infiltração das águas pluviais. Com isso a
(Figura 31).
31
48
21
Fo nt e: P e sq ui s a d e ca mp o /2 0 0 4 .
Or g.: B O RG ES, O. M., 2 0 0 5
131
depois “acordar” com o barulho intenso dos carros, dos sons e a animação dos
turistas.
sistema de esgoto (30%), enquanto 70% têm como destino as fossas, e, com
06/06/2005).
Figura 33 - O bairro Turista I e II vistos a partir do bairro Solar das Caldas, Caldas Novas (GO), 2004.
Autor: BORGES, O. M., 2004.
coleta de lixo é feita três vezes por semana e as ruas são asfaltadas”. Na Rua
calmo, com alguns lotes baldios, sem áreas verdes porque os prefeitos doaram
para grandes empresários, sem parques e com uma praça, a dos Maçons com
fontes e sem árvores”. Quanto à cidade, ela afirma que “teve um crescimento
estrutura, contrastando com bairros novos com certa infra-es trutura”. Sugere
qualificou o bairro como sendo “mal cuidado e que precisaria de uma boa
Jardim Roma, Jardim dos Turistas, Vila São José, Setor Oeste, localizados no
cidade. O bairro Portal das Águas Quentes, possui somente uma via asfaltada,
de campo, 2004).
Marina de Caldas, Jardim Privé das Caldas, Jardim Hanashiro, Lago das
terra; uma via asfaltada liga ao Parque Estadual da Serra de Caldas; o nome
das ruas, normalmente, é fixado nas casas junto com a numeração das
mesmas.
138
de Caldas Novas.
existência de 85.000 lotes no município, dentre eles, com 73% tendo o IPTU
calculado apenas para o terreno. É uma realidade que gera conflitos e traz
(Continuação)
Lago das Brisas 72,0 Residencial Primavera 5,0
Lago de Cristal 0,0 San Germain 0,0
Lagoa Quente 1,0 Santa Efigênia 35,0
Loteamento 15,0 Serrinha 14,0
Anhanguera
Mansões das Águas 2,0 Setor Aeroporto 7,0
Quentes
Mansões Recanto da 3,0 Setor Bela Vista 2,0
Serra
Morada Nobre I 0,0 Setor Itaparica 8,0
Morada Nobre II 0,0 Setor Planalto 6,0
Parque das Laranjeiras 1,0 Solar de Caldas Novas 6,0
Parque Jardim Brasil 5,0
Fo nt e: B ar b o s a, 2 0 0 4 , p . 1 4 7 .
as estratégias locacionais.
poderão ver melhor o momento presente e cuidar para que a cidade retome a
CONSIDERAÇÕES FINAIS
dos bandeirantes, por seus historiadores e pelo povo, nas águas quentes.
acesso aos mesmos, imprescindíveis para análise mais apurada sobre a (re) construção do
pessoas que têm uma referência com o lugar, à identidade com a terra. Por meio de suas falas,
cidade “explodiu” ao tornar-se mercadoria nas mãos dos agentes do turismo e da especulação
que não têm acesso aos lugares, ou aos “não lugares” construídos para o turista.
expansão da malha urbana. Ao se expandir, a cidade agregou novas áreas ao núcleo central e
“Paraíso das Águas Quentes”, mas esse não reproduz a realidade urbana. Se existem, nesse
espaço, “ilhas” de prazer, poucos são que delas podem usufruir. Em nossas inúmeras viagens
e no contato com moradores dos mais diversos estratos sociais, constatamos que o cotidiano
dos habitantes está bem afastado da representação de Caldas Novas. Tudo leva a crer que é
preciso reeducar o olhar dessa comunidade que tem na atividade turística as bases da
sobrevivência.
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REFERÊNCIAS
IGUFU, 2003.
(GO), 2003.