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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA BÍBLICO DO NORDESTE

MÓDULO: Eclesiologia – Doutrina da igreja


PROESSOR: Pr. Hodias Alves
ALUNO: Tharcísio Rodrigues Santos

Trabalho para obtenção de nota do Módulo de Eclesiologia


Baseado no livro Doutrina Bíblica da Igreja de Glendon Grober

CRISTO, SIM – IGREJA, SIM

A relação entre Cristo e a igreja não pode jamais ser desvinculada. O Novo Testamento
é claro em apresentar a relação entre as partes. Jesus é o fundador dela, Ele é o cabeça
dela, Ele morreu por ela, Ele se apresenta através dela, Ele voltará por ela.

Sobre o momento da fundação da igreja, há pontos de vista distintos, como ela ter sido
criada por exemplo, no dia de pentecostes, ou ainda quando Jesus envia os setenta, na
eleição de Matias, etc., Mas o certo é que Cristo a fundou, e isso aconteceu com Ele ainda
presente entre nós. Ele precisava de pessoas regeneradas para que a igreja fosse fundada.
Assim sendo, Ele o faz, chamando homens salvos e batizados para fazerem parte de Sua
igreja. A partir disso, Ele começa a edifica-la, ou seja, desenvolvendo-a, dando-a
crescimento.

Esta edificação está estritamente ligada à relação dinâmica que existe entre Cristo e a
igreja. A igreja é tanto uma organização como também um organismo vivo, dinâmico, em
movimento e crescente. E esse crescimento só se dá se Cristo for o elemento principal da
igreja. Do contrário, ela padece.

A ideia que hoje se propaga de que é possível amar a Cristo sem amar a igreja, é
estranha a tudo que o NT apresenta. A união entre essas duas partes é necessária. A
analogia usada por Paulo em efésios, deixa bastante clara esta verdade. Cristo amou a igreja
e se entregou por ela e unidos estão, assim como um casamento em que o homem e a
mulher estão unidos tornando-se uma só carne. Não se pode desprezar a igreja.
O SIGNIFICADO DE ECLESIOLOGIA

Eclesiologia nada mais é do que o estudo da igreja. É derivado da palavra eclesia que
quer dizer, igreja na tradução para o português. A palavra aparece mais de cem vezes no
Novo Testamento, e, com sentido que nem sempre é o mesmo.

Valendo-se de um estudo etimológico da palavra, podemos observar melhor seu


significado. Por exemplo, no período do grego clássico, a palavra significava assembleia
denotando uma ideia de chamar para fora ou chamar de algum lugar, para juntarem-se com
finalidades comuns, geralmente, neste período num sentido legislativo.

Aplicando o significado de eclesia ao NT, observamos que era uma reunião de pessoas
com algum tipo de qualificação a fim de se reunirem afim de um bem comum. Algumas das
significações eram: 1) Uma assembleia ou grupo; 2) Certa forma de organização; 3)
Organização democrática; 4) Cada assembleia era autónoma. Provavelmente seu
significado influenciou o uso no NT.

Já o uso helenístico da palavra eclesia, temos o significado de congregação derivado


da palavra qahal comumente presente no Antigo Testamento. O termo traz também a ideia
de ajuntamento de pessoas, tanto para fins religiosos ou não.

Seu emprego no NT se dá da seguinte forma. Três vezes no sentido clássico da palavra


(Atos 19), duas vezes no sentido de qahal (Atos e Hebreus), e o uso mais comum no que
diz respeito a um grupo local de pessoas. Pelo menos 85 vezes com este sentido.

Sobre a etimologia da palavra, devemos estar cientes de que ao tratar do significado


da palavra eclesia, não esgotamos e nem pretendemos definir eclesiologia. O estudo da
igreja abrange muito mais aspectos. Entender o significado da palavra é apenas o ponta pé
inicial para a partir disso, desenvolver o estudo sobre a igreja.

A IGREJA – CORPO QUE CRESCE

Como dito anteriormente, a igreja é um organismo, e por isso denota crescimento. Se


não está crescendo, há algo de errado. Nesta parte do trabalho tomaremos a teologia de
Paulo que utiliza um dos melhores e mais claros exemplos ou analogias acerca da igreja. O
corpo humano! Sobre isto veja Rm 12:4 e 5; 1ª Cor. 12:12, 27; Ef 4:11 e 12; Col 2:18 e 19.

Nestas passagens Paulo diz que a igreja é o corpo de Cristo, e o próprio Cristo a cabeça
deste corpo. Assim como o corpo humano tem vários membros que são regidos pelos
comandos da cabeça, também a igreja de Cristo deve obedecer às ordens de Seu cabeça.
Os membros do corpo não são iguais e têm funções distintas, assim como a igreja de Cristo.
As diversidades são importantes na ação da igreja. Os membros da igreja devem ajudar uns
aos outros.

Não podemos esquecer que apesar de sermos membros diferentes, somos apenas um
corpo. Há diversidade no corpo e não divisão. O corpo é de Cristo e existe para ser
governado por Ele. O crescimento da igreja depende disso.

Para que ela cresça, alguns fatores devem ocorrer:

1) Liderança;
2) Ação do Espírito Santo;
3) Pregar a Cristo;
4) Exortação à salvação;
5) Evangelismo dentro e fora da igreja;
6) Participação de todos.

A IGREJA – A FAMÍLIA DE DEUS

A igreja como família de Deus, é um conceito que permeia toda a Escritura. Por
família pensamos em linhagens, e por linhagem da família de Deus, pensamos não em
qualquer grupo de pessoas, e sim em pessoas regeneradas, salvas, nascidas de novo,
santas (separadas) por Deus e para Deus.

Sob esta figura de família divina, alguns elementos são importantes destacar:

1) Irmãos – Se somos irmãos, temos um mesmo pai, nos dando assim a ideia de
fraternidade. Como também a igreja de Deus é formada por irmãos (Hb2:11).
2) Filhos de Deus – Como foi dito, nossa linhagem veio através do nosso novo
nascimento, sendo, portanto, todos nós filhos de Deus. Não somos filhos
adotivos, somos filhos e por sermos filhos, devemos obedecer ao nosso Pai.
3) Herdeiros de Deus - Termos participação da herança através de Cristo, visto
que morremos com Cristo para que vivamos com Ele, fomos crucificados com
Cristo para que sejamos ressuscitados como Ele foi, sofremos com e por
Cristo para que sejamos glorificados com Ele. Nosso vinculo é estrito com
Cristo.
4) Os fiéis – existem pela fé em Cristo (Col 1:2). Tanto fiéis em seguir a Jesus,
como fiéis na confiança depositada nEle. A igreja dos fiéis deve viver e buscar
sempre se manter nesta fidelidade. O livro de Romanos em seu capítulo 14,
descreve bem o proceder da família de Deus nestes 4 aspectos citados acima.

A IGREJA – OS SANTOS NO MUNDO

A igreja do Senhor Jesus Cristo é formada por santos. De maneira simples, ser santo
significa ser separado por Deus e para Deus. Ser santo é uma condição inerente ao salvo,
já a santificação tem que ser buscada.

O Novo Testamento através de seus escritores, traz uma série de passagens atestando
os crentes, a igreja como povo santo. Por sermos santos devemos proceder como tais (1Pe
1:15).

Desta perspectiva da santidade que a igreja precisa buscar, ele tem por obrigação
apresentar Cristo por meio dessa santidade através de seu testemunho aqui neste mundo.
É a partir também de entendermos que fomos transformados. O novo homem deve ser visto
e apresentado em testemunho cristão (Gl 3:10).

Quando a bíblia adjetiva o povo de Deus como os do Caminho, está justamente dizendo
que devemos seguir o Caminho, ser semelhante a Ele, ser servo dEle.
A IGREJA – O POVO ADQUIRIDO

A nossa salvação não é um fim em si mesmo. Se assim fosse, não teríamos razão de
estarmos ainda aqui na terra. Então, o que significa e abrange nossa salvação. Somos povo
eleito para glorificar a Cristo e anunciar o seu nome.

Existem pelo menos três aspectos ou características da igreja como povo adquirido por
Deus, a saber: a igreja é a geração eleita; somos embaixadores de Cristo; e somos as
testemunhas de Cristo.

Geração eleita (1ª Pe 2:9) – Antes éramos gentios, hoje somos povo de Deus. E isso
para manifestar as boas novas de Deus para a humanidade. A bíblia traz algumas
expressões acerca do povo de Deus: Israel, nação santa, as doze tribos, os pais e seus
descendentes, filhos de Abraão, a circuncisão e os eleitos.

Embaixadores de Cristo – em 2ª Cor. 5:20 a ideia é clara de reconciliação com Deus.


Nosso papel como embaixadores é anunciar nosso Rei. E devemos fazer isso falando das
coisas que nosso Rei ordenou. Esse é o dever do embaixador, representar perfeitamente o
Rei.

Testemunhas de Deus – vários exemplos nós temos no NT sobre a relação de


testemunho acerca de Jesus Cristo. O evangelho de João, por exemplo apresenta esta
verdade nas seguintes passagens: Jo 1:29, 40, 45, 49. 4:52; 20:28, 31. É inegável que
devemos testemunhar de Cristo.

A IGREJA – OS DISCIPULOS DE CRISTO

Sem dúvida, a expressão mais utilizada por Jesus ao tratar dos seus foi discípulos. O
que faz todo sentido o seu uso, visto que a relação entre mestre e discípulo é muito grande.
O discípulo segue os passos do Mestre. E foi exatamente isso que Jesus diz em suas últimas
palavras antes de ascender aos céus em Mt 28:18-20.
Fazer discípulos é fundamental e atestado através do NT. As definições de Paulo sobre
o ensino, por exemplo a Timóteo são muito claras. E este ensino deveria ser passado de
Timóteo para os demais.

O ensino não é a única missão da igreja, mas parte integrante de sua natureza. Paulo
ainda diz em 1ª cor 14 que há várias matérias a serem aprendidas. E não só aprendidas,
mas, praticadas como o amor, o serviço, a adoração, a oração, o perdão, a gentileza, o
humilhar-se, etc.

Assim fica claro que ao ensinar devemos sempre apresentar Jesus, um ciclo que
perdure até a volta dEle. Fazendo isso a igreja estará instruindo em justiça e aperfeiçoando
os santos para saírem do leite espiritual em direção do alimento cada vez mais sólido e forte.

A IGREJA – TEMPLO DE DEUS

Sabemos através do AT como e onde Deus se apresentava. Era no Templo, no Santo


dos Santos, no tabernáculo. Hoje Deus ainda habita no templo, mas outra espécie de templo,
os crentes! De acorde com 1ª Cor 3:16, somos santuário de Deus.

Da mesma forma, o sacerdócio apresentado no AT era, em uma de suas funções,


apresentar sacrifícios de animais a Deus. Hoje, somos sacerdócio real de Deus, e nossos
sacrifícios são espirituais (1ª Pe 2:5). Uma outra função nossa é anunciar as grandezas de
Cristo (1ª Pe 2:9). Ainda sobre sacrifícios, mas da perspectiva do NT, devemos oferecer
sacrifícios de louvor a Deus (HB 13:15), e fazer o bem aos outros (Hb 13:16).

A igreja em relação ao culto a Deus, deve ter a participação de todos. O corpo como
um todo adorando-O. todas as festas e calendários judaicos não são mais necessários para
a igreja de Cristo. Estas coisas já passaram. Os judeus ainda fazem tradicionalmente e
culturalmente, mas nós estamos dispensados destas práticas.
A IGREJA – COOPERADORA DA VERDADE

Ao ler o NT, observa-se claramente a independência, autonomia das igrejas locais.


Elas tomam suas próprias decisões sem serem pressionadas nem coagidas por outras. O
que não significa que não possa haver ou não houve cooperação entre elas para o avanço
do reino de Deus.

Nesta parte do estudo observamos pelo menos três exemplos de cooperação entre as
igrejas, mas sem hierarquização de uma sobre as outras.

O primeiro exemplo está em Atos 15, onde mostra a igreja de Antioquia indo até
Jerusalém por meio de alguns de seus representantes.

Um segundo exemplo aconteceu através de uma oferta para os crentes necessitados


de Jerusalém da parte dos irmãos da igreja em Corínto.

Um último exemplo é relacionado ao sustento missionário para o apostolo Paulo pelo


tempo que passou em Corínto.

Com base nestes poucos exemplos que é sim possível haver cooperação bíblica entre
as igrejas do Senhor Jesus.

O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA IGREJA

Esta parte do estudo visa tratar do fator históricos das igrejas e mais especificamente
o fator organizacional das mesmas.

1) De Inácio à Constantino (106 a 325) – neste período ocorreu o primeiro processo


de hierarquização dos bispos sobre demais denominações, apoiados pelo governo
romano. Também o conceito de igreja universal e invisível tomou forma nesta
época.
2) Do concílio de Nicéia a Gregório I (325 a 590) – nesta época, se disseminou ainda
mais o fator hierárquico dos bispos, dominando cada vez mais sobre as demais.
Eles, os bispos denominaram-se bispos metropolitanos. Nada mais anti bíblico.
3) De Gregório I a Gregório VII (590 a 1073) – aumento da autoridade da igreja romana
e também aumento de sua capacidade territorial. Os poderes políticos também são
promovidos. Gregório I toma para si o título de papa ou bispo supremo. Gregório
VII toma para si o poder eclesiástico e governamental. Neste período também há a
separação da igreja oriental (grega ortodoxa) de Roma.
4) De Gregório VII a Reforma (1073 a 1571) – neste período houve o ápice do governo
papal dominando sobre tudo e todos. Surge com isso as primeiras manifestações
em oposição mais forte contra o governo romano. Martinho Lutero, o nome mais
conhecido da reforma contestou a autoridade do papa e seus ensinos à luz da bíblia
publicando 95 teses rebatendo o ensino da igreja católica. A partir daí nasce a
Reforma Protestante. A partir da Reforma protestante grupos religiosos foram
formados, a saber:
 Igreja luterana – sistema de governo onde há a interferência do estado.
 Igreja anglicana – sistema parecido com a luterana, onde admite a igreja
como parte do sistema político.
 Igreja presbiteriana – tem como seu maior representante João Calvino. Um
presbitério governa sobre todas as igrejas locais.
 Igreja congregacional – não há hierarquia pastoral. Cada igreja é autônoma
e responsável por suas ações. Elas só se dirigem a autoridade de cristo.

Lembrando que a análise aqui não é doutrinaria e sim forma de governo.

UM CONCEITO DA IGREJA BATISTA

O corpo de Cristo através de cada igreja local, autônoma e independente em si mesmo.


Governo democrático em que todos decidem por maioria de votos as decisões da mesma,
crendo que o Espírito Santo guia nestas decisões.

É formada por pessoas regeneradas, ou seja, salvas por intermédio de Cristo,


batizadas e tornadas membros do corpo através deste batismo. Também podendo fazer
parte por carta de recomendação, por reconciliação e por declaração pessoal quando não
for possível obter carta.
Suas funções são a evangelização pessoal e através de missões, ensino cristão para
crescimento espiritual, adoração pública e assistência aos necessitados.

As ordenanças da igreja batista são a ceia do Senhor e o batismo. Ela não se


fundamenta em sacramentos.

Suas doutrinas básicas e inegociáveis são: autoridade das escrituras, Cristo o Senhor
da igreja, batismo por e somente por imersão, autonomia, salvação através da fé em Cristo
Jesus.

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