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FUNDAMENTOS DA NOSSA CONFISSÃO

Romeu Bornelli

13 - A Pessoa de Cristo - Parte 2

João 1:1 - No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus,


e o Verbo era Deus.

João 1:14-18: E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio


de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do
unigênito do Pai. João testemunha a respeito dele e exclama: Este é
o de quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a
primazia, porquanto já existia antes de mim. Porque todos nós
temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça. Porque a lei foi
dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio
de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que
está no seio do Pai, é quem o revelou.

Senhor, concede-nos a graça, o privilégio, de mais uma vez, através


da Tua Palavra, podermos ouvir a Tua voz, e sermos, então, por ela,
transformados. Desejamos Senhor, que pelo Teu amor, pela Tua bondade, o
Senhor possa iluminar os olhos do nosso entendimento para nós
contemplarmos com mais clareza a glória da Pessoa de Cristo. Que esta
glória, Senhor, seja toda cativante para nós. Que o nosso viver pessoal e o
nosso viver coletivo possa realmente estar focalizado na Pessoa do Senhor,
centralizado em Ti, de tal forma, Senhor, que a Tua glória possa
resplandecer de nós, das nossas vidas mortais, frágeis, mas compradas por
Ti com este propósito. Pedimos Senhor, que a ação da Tua Palavra, pelo Teu
Espírito, nos dê esta clareza, esta visão espiritual, para que sejamos
governados por ela. Pedimos, em nome de Jesus, amém.

Irmãos, nós fizemos uma introdução na reunião passada a respeito da


Pessoa de Cristo. Nós iremos gastar algum tempo em torno deste assunto
na Palavra de Deus. Agora, eu gostaria de dizer alguma coisa ainda que é
parte da minha convicção enquanto nós estudarmos este assunto, eu creio
que, da mesma maneira como nós vimos no início da primeira série que
compartilhamos sobre o Ser de Deus, a Pessoa de Deus, nós vimos que não
basta crermos em Deus de modo geral. Os irmãos se lembram daquele texto
de Tiago 2:19, diz assim: Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até
os demônios creem e tremem. Não basta crermos em Deus, isso é muito
vago e geral. Nem mesmo basta nós crermos em Cristo, também de forma
geral, porque muitas pessoas também dizem: eu creio em Cristo e essa fé
em Cristo, pode não ter nenhuma realidade salvadora. Uns creem em Cristo
como um entre muitos, ou um entre outros como na galeria dos profetas,
dos filósofos, dos moralistas. Outros creem em Cristo de uma forma
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indefinida, metade Deus, metade homem. Então, uma fé em Cristo pura e
simplesmente, também pode ser uma fé geral e uma fé não salvadora. Nós
precisamos crer no Cristo da Bíblia e esta é a finalidade de nós estarmos
abrindo as Escrituras com este propósito: conhecermos o Cristo das
Escrituras, porque este é o único Cristo. Qualquer “outro Cristo” é uma
invenção da imaginação humana. A nossa fé é fundamentada na revelação
da Palavra de Deus, nessa auto revelação, aprouve a Deus revelar-se a Si
mesmo e Ele se revelou na Sua Palavra, de forma autoritativa, final e
completa. Se nós não crermos nisto, não cremos no Cristo da Bíblia, e se
não cremos no Cristo da Bíblia, não podemos ser salvos, temos uma visão
vaga a respeito de Cristo. Os irmãos vejam como é importante nós
pautarmos a convicção do nosso coração na Pessoa de Cristo como é
revelada nas Escrituras. Não basta uma fé geral, nem em Deus e nem em
Cristo. Nós precisamos conhecer a Palavra em torno deste assunto.

Agora, uma outra questão que também é parte da minha convicção e


eu queria repartir com os irmãos. Em 1Pedro 3:15 o apóstolo Pedro nos diz
que devemos ter condições de responder a todo aquele que nos pedir a
razão da esperança que há em nós, e que devemos fazê-lo com mansidão,
com temor, com boa consciência. Responder a todo aquele que pedir razão
da esperança que há em nós. Um cristianismo que não se preocupa com
doutrina, um cristianismo que não se preocupa com ensino, não é um
cristianismo que glorifica a Deus. Eu creio que entre nós aqui, pela graça e
misericórdia de Deus, isto não tem sido um fato, mas quando nós olhamos o
cristianismo de modo geral, os irmãos vão ver que isto é um fato. Parece
que é virtude dizer assim: nós não nos preocupamos com doutrina, nós nos
preocupamos com coisas práticas, nós não precisamos de ensino, nós
precisamos de realidade de vida. Como se uma coisa fosse contrária a outra,
ou como se uma coisa perturbasse a outra, como se o ensino perturbasse a
realidade de vida e como se a realidade de vida fosse perturbada pelo
ensino. Mas a Bíblia coloca estas duas coisas juntas, como duas faces de
uma mesma moeda, sendo que o ensino sempre vem primeiro.

Se nós não temos uma clareza doutrinária, não teremos uma clareza
de vida. Os irmãos vejam como é importante nós conhecermos as
Escrituras. Quantos textos da própria Escritura nos falam isto, Salmo 119,
por exemplo: Lâmpada para os meus pés – fala de conduta, caminho, a
maneira como ando, como me comporto. Lâmpada para os meus pés
(para minha conduta) é a tua palavra e, luz para os meus caminhos. A
Palavra testifica dela mesma neste sentido de forma muito abundante. Se
nós não temos clareza de visão, clareza de ensino, nós não temos clareza de
vida. Nosso coração é todo confuso, nós não demonstramos uma alegria na
nossa salvação, nossa vida não pode glorificar a Cristo, nós vivemos numa
base religiosa, muitas vezes numa base de tradição, que recebemos de
outros - de segunda mão, de terceira mão, de quarta mão - e ficamos
preservando estas coisas como sagradas, mas nem mesmo entendemos o
que elas significam. Este era o viver dos fariseus, eles preservavam a
tradição. O Senhor disse assim: vocês Me honram com os lábios, mas seu
coração está longe de Mim, em vão Me adoram. Então, os irmãos vejam a

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importância de nós abrirmos as Escrituras e conhecermos a Deus através
das Escrituras, e é isto que temos procurado fazer.

Nós vimos um pouco sobre o Ser de Deus, nós temos visto agora,
mais sobre a Pessoa de Cristo, algo diretamente relacionado à Pessoa de
Cristo. É muito fácil nós testarmos se o que eu estou dizendo é verdade, se
realmente funciona assim, muito simples. Eu creio que a medida seria a
seguinte: os irmãos verifiquem as suas próprias experiências, a única coisa
capaz de sustentar o nosso coração na aflição, na prova, na tribulação, na
angústia, na perseguição, às vezes na afronta, na incompreensão, na injúria
em torno de Cristo e por causa do nome de Cristo, é a Palavra de Deus, a
revelação da Palavra de Deus. Nós costumamos nos apoiar em outras
coisas: nós nos apoiamos em circunstâncias, quando elas vão bem nós
estamos bem; nos apoiamos em pessoas, quando nosso relacionamento com
pessoas está bem, nós estamos bem; nos apoiamos em sentimentos,
quando os sentimentos estão bem nós estamos bem. Agora, circunstâncias,
relacionamentos com pessoas e sentimentos são mais instáveis do que areia
movediça. Então, se a nossa fé se apóia em circunstâncias, pessoas e
sentimentos, nós estamos fadados ao fracasso. A única coisa capaz de nos
sustentar quando o sentimento falta, quando as pessoas faltam, quando os
relacionamentos não estão bem, quando as circunstâncias são adversas, é a
visão que nós temos de Cristo e da Palavra de Deus, é a única coisa, é só o
que sobra, porque é o verdadeiro fundamento.

Pedro, na sua epístola, em I Pe 2:23-24 diz – pois fostes


regenerados não de uma semente corruptível, mas de incorruptível,
mediante a palavra de Deus, a qual vive e que é permanente. Pois
toda carne é como a erva (está falando sobre a instabilidade, a
mutabilidade do que nós somos, do que nós pensamos, a carne em si, o que
nós somos, o que nós fazemos. Toda carne é erva), e toda sua glória
como a flor da erva (então, o melhor da carne é isso: a juventude da vida,
a primavera da vida, o vigor da vida, a glória da carne é flor da erva); seca-
se a erva, e cai a sua flor (Pedro diz, e ele termina dizendo assim); a
palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Esta é a Palavra
que vos foi evangelizada.

Os irmãos vejam a importância de vivermos pela Palavra de Deus,


porque tudo se vai, de alguma maneira, tudo se vai, escorre pelo vão dos
nossos dedos. Se nós não temos uma visão de Cristo, e um conhecimento
da Palavra de Deus, nada pode sustentar a nossa fé - nem sentimentos,
nem pessoas, nem circunstâncias. O desejo do nosso coração é que o
Senhor desperte em nós um anseio por conhecê-Lo segundo as Escrituras,
para que, na medida que nós estivermos sendo provados, de tantas formas,
nós aprendamos, através desse cadinho purificador, da aflição que Deus
sempre usa nas nossas vidas, seja através de circunstâncias, seja através de
pessoas, esse cadinho purificador possa realmente purificar a nossa fé neste
Senhor, neste Cristo bíblico, nesta Palavra. Porque, muitas vezes, meus
irmãos, as aflições, os sofrimentos e as tribulações produzem efeito
contrário nas nossas vidas, elas amarguram o nosso coração contra Deus,

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porque falta-nos a visão da Palavra. É só por este motivo, este é o único
motivo. A nossa fé é testada pelo fogo, e se ela tem fundamento na Palavra,
ela é apurada. Se ela não tem fundamento na Palavra, a tribulação redunda
em amargura, em ressentimento - em primeiro lugar contra Deus, e depois
contra todo mundo - nós cobramos, criticamos, tornamos os outros
responsáveis pela nossa situação. Falta de visão de Cristo e de apego à
Palavra de Deus.

Então, estas coisas são muito importantes, não tem nada de místico
aqui, é tudo muito prático. Se nós não tivermos uma visão de Cristo, uma
visão da Palavra, nossa fé não tem sustentação. Na hora da prova, tudo se
vai, junto com o sentimento. Nós precisamos desse retorno da Palavra de
Deus, da revelação das Escrituras. É isto que temos procurado fazer. Esse
cristianismo simplório não nos ajuda em nada. O cristianismo não é
simplório, o cristianismo é algo definido, é algo concreto. A nossa fé,
obviamente, é supra-racional, mas ela também é racional. A Bíblia diz em
Romanos 12 que nós prestamos um culto racional, não é um culto explicado
puramente pela razão, mas é um culto racional. Eu sei o que eu estou
pensando, eu sei quais são as minhas convicções, eu sei em quem tenho
crido, como Paulo diz, eu sei qual é a minha esperança, eu sei no que me
apóio, eu sei qual é a minha segurança, uma fé racional. Graças a Deus por
isto, é uma fé integral, é uma realidade de Deus para o nosso espírito, mas
também para a nossa mente, para as nossas emoções, nossos sentimentos.
Graças a Deus por essa integralidade da vida cristã e da fé cristã.

Irmãos, nós paramos na reunião passada lendo esse texto do


Evangelho de João. Nós colocamos algumas questões a respeito da história
da Igreja, e especificamente, alguma coisa com relação à Pessoa de Cristo,
de forma bem geral. Nós fizemos, na verdade, uma introdução, tocando em
muitos pontos que vamos retomar um a um porque eu sei que as
mensagens têm sido gravadas, mas sei que nem todos ouvem. Então, eu
gostaria de retomar àqueles pontos, e outros ainda que nós nem tocamos, e
irmos devagar, passo a passo, pedindo a Deus e dependendo dEle, para que
os olhos do nosso coração possam ser iluminados e que nós possamos
compreender a Palavra de Deus com relação a esta doutrina da Pessoa de
Cristo. Ela é a doutrina das mais fundamentais da Palavra de Deus,
realmente, a mais fundamental. Dela, procedem todas as outras. Em que
Cristo nós cremos? Nós vamos procurar ver este Cristo conforme a Bíblia
revela.

Nós falamos que a encarnação de Cristo, de todas as maneiras,


determina tanto a qualidade da nossa fé, o conceito que nós temos da
encarnação, quanto a qualidade da nossa vida cristã. Nós vimos que as
implicações da encarnação de Cristo são tremendas - elas têm implicação
com relação a Sua morte. Nós temos que saber quem foi esse que se
encarnou para que saibamos qual o valor dessa morte, porque, se Ele é só
um homem, esta morte não pode ser expiatória, mas se Ele é Deus, então,
essa morte pode ser expiatória. Agora, se Ele é só Deus, Ele teve uma
aparência humana, mas não é um homem real, essa morte também não

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pode ser expiatória, porque somente um homem poderia se oferecer em
lugar dos homens, e um Homem santo, puro, imaculado, sem defeito.

Portanto, as implicações da encarnação afetam todos os outros


elementos. Afetam a vida humana de Cristo, afetam os sofrimentos de
Cristo, afetam a tentação de Cristo, o fato de Ele ter sido tentado. Se Ele
não é homem, Ele não pode nos socorrer na nossa tentação, porque Ele não
conhece a alma humana, mas a Bíblia diz que Ele é homem e que Ele
conhece a alma humana, que a encarnação de Cristo foi uma encarnação
real. Ele foi um homem que tinha alma, vontade, mente, emoções. Ele foi
afligido em todas essas esferas, foi tentado na vontade dEle, Pedro falou
para Ele: não vai para cruz não, tem piedade de Ti. Ele foi tentando nas
Suas escolhas, Ele foi tentado nas Suas emoções, Ele foi tentado na Sua
mente, acima de tudo; já que a mente é a parte mais importante da nossa
alma. Jesus foi tentado intelectualmente, em muitas ocasiões, para que a
Sua mente se desviasse. Nessa mesma ocasião em que Pedro falou com Ele
para que Ele tivesse piedade dEle, Ele disse assim para Pedro: Arreda,
Satanás! Porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos
homens (Mc 8:33). Cogitar é o quê? Cogitar é arrazoar, pensar. Ele está
dizendo: Pedro, em você não está a mente de Deus, em você está a mente
dos homens, por isto você está pedindo para Eu ter piedade de Mim, porque
você não vê como a mente de Deus. E qual era a mente de Deus? A mente
de Deus é que Jesus, esse grão de trigo, o Filho de Deus que se fez carne,
deveria ir à cruz, cair em terra e morrer, para que produzisse muito fruto.
Pedro não ia impedir esse caminho. Então, Ele falou arreda de Mim e disse
que Pedro, se expressando daquela maneira, era para Ele uma pedra de
tropeço, por causa daquela mente de Pedro que não era uma mente
conforme a mente de Deus. Então, Jesus foi tentando na Sua mente, e Ele
venceu porque cogitava segundo a mente de Deus.

Nós vamos ver detalhes específicos, de textos específicos, a respeito


disto porque é muito importante esta compreensão. Antes de entrar com os
irmãos nestes textos, eu queria colocar alguma coisa, creio que também
muito significativa para mim. Na história desta doutrina da Pessoa de Cristo,
na história da Igreja, nós vimos que somente no século V, no ano 451,
naquele Concílio de Calcedônia, foi promovida ali naquela cidade, a doutrina
a respeito da Pessoa de Cristo, que foi ganhando corpo, forma, e neste
Concílio ela ganhou, mesmo, uma definição. Deus usou de uma forma muito
especial um irmão ali, um homem de Deus, chamado Leôncio. No quinto
século. Olha quanto tempo a Igreja já andava sobre a face da terra e quanta
confusão a respeito da Pessoa de Cristo. Nós vimos que essa confusão tinha
uma linha mestra, a confusão dizia respeito à unidade da Pessoa. Cristo era
uma Pessoa, Cristo não se compunha de duas pessoas, é Deus, é Homem,
então, são duas pessoas. Não, Ele é uma Pessoa, Deus e Homem ao mesmo
tempo. A linha mestra destas controvérsias era baseada na unidade da
Pessoa, alguns negavam a unidade como se Cristo tivesse dupla
personalidade. Cristo não tinha dupla personalidade, Ele tinha uma única
personalidade. E o outro lado desta linha mestra era o seguinte, o outro
ponto da controvérsia: se Ele tinha realmente duas naturezas. Todas as

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controvérsias giravam em torno disto - da unidade da Pessoa, Cristo é uma
Pessoa e, ao mesmo tempo, da dualidade das naturezas. Ele tanto tinha nEle
a natureza divina como tinha nEle a natureza humana. Cem por cento das
duas - Ele era cem por cento Deus, cem por cento Homem. Homem como
nós, em todas as coisas semelhante, como diz Hebreus, com exceção de
uma única coisa: sem pecado. Ele tinha uma alma, um espírito, um corpo,
absolutamente idêntico ao nosso, Ele participou da genealogia humana. É
por isto que os Evangelhos foram escritos, para mostrar que Jesus é um
Homem. É por isto que o livro de Hebreus diz que Ele participou de carne e
sangue como os irmãos, Ele participou. Esta palavra participou é uma das
palavras importantes de Hebreus, uma das palavras-chave, mostrando que
Cristo se fez companheiro nosso, é o sentido da palavra participou. Ele não
teve só uma aparência humana, como um fantasma, uma aparição, uma
coisa qualquer desse tipo. Ele foi um Homem, mesmo, um Homem real, Ele
participou, teve parte da natureza humana, não teve só aparência humana.
Então, todas as controvérsias e heresias giravam em torno disto: Cristo é
uma única Pessoa e não duas. Cristo tem duas naturezas, mas que
cooperam, concorrem numa única personalidade. Ele não tem personalidade
de Deus e personalidade de homem, Ele tem uma única personalidade: a de
Deus Homem.

Um outro detalhe histórico interessante para nós ocorreu logo depois


da Reforma no século XVI, especificamente no ano 1566, houve um homem
de Deus chamado Tomás de Aquino. Ele é muito conhecido, inclusive até no
catolicismo, chamado de São Tomás de Aquino, e este Tomás de Aquino
teve uma participação muito importante com relação à definição da Pessoa
de Cristo também. E eu queria passar com os irmãos por alguns aspectos
que esse homem de Deus salientou de uma forma muito viva e ler alguns
textos bíblicos que trazem uma revelação muito singular a respeito da
Pessoa de Cristo. Através deste irmão, Tomás de Aquino, depois da
Reforma, século XVI já, ele salientou e procurou firmar aqueles pontos, e foi
um homem de Deus muito significativo nesse sentido. Gostaria, então, que
nós observássemos algumas coisas que ele declarou.

Primeira coisa importante que ele procurou colocar de forma bem


firme na vida da Igreja, na história da Igreja daquela época: a Pessoa do
Logos, esse Verbo eterno, que é o Filho de Deus, o Filho eterno, que não foi
criado, que não teve início de existência, senão não seria Deus. A segunda
Pessoa do Deus Triúno, o Filho, se tornou uma Pessoa composta quando da
encarnação. Esse foi um dos pontos que Tomás de Aquino, pela graça, pela
direção de Deus, firmou de um modo muito claro na Igreja a partir da
Reforma. A Pessoa do Logos é uma Pessoa eterna, esta Pessoa não teve
princípio, é Deus, é o Verbo – João 1:1 – ...e o Verbo estava com Deus,
e o Verbo era Deus, não menor que Deus. Este irmão procurou firmar este
ponto de uma forma muito definida na Igreja. A Pessoa do Logos - ele
declarou a doutrina desta maneira: “a Pessoa eterna do Logos tornou-se
uma Pessoa composta na encarnação.” O que é uma Pessoa composta? É
uma Pessoa diferente de nós - uma Pessoa que possuía duas naturezas - por
natureza, é claro. Hoje, como cristãos, nós também temos duas naturezas,

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nós nascemos do alto pela regeneração, nós participamos da natureza divina
e participamos da natureza humana, por nascimento natural. O não cristão,
aquele que não é regenerado só tem uma natureza. Ele é filho do pai com a
mãe dele e ponto final, é ímpio, pecador, escravo do pecado, escravo das
paixões. Ele não participa da natureza de Deus enquanto não nascer de
novo, enquanto a vida de Deus não for infundida no seu espírito, e isto se
chama regeneração. Foi o que o Senhor falou para Nicodemos: Quem não
nascer de novo não pode entrar no Reino, não pode ver o Reino. A Pessoa
do Senhor Jesus foi a primeira Pessoa na face da terra que era uma Pessoa
composta, que participava de duas naturezas. Ele era um homem integral e
Ele é Deus integral, então, a Pessoa do Logos se tornou composta na
encarnação. Por que esta verdade é importante, declarada assim? Pelo
seguinte: muitos, e talvez muitos hoje ainda, nos primórdios da Igreja muito
mais, entendiam de uma forma muito equivocada isso, e que tinha
implicações completamente danosas com relação à compreensão da Pessoa
de Cristo. Eles criam assim: o Logos, que é Deus, este Verbo eterno, se uniu
a uma pessoa humana, à pessoa de Jesus de Nazaré, então, são duas
pessoas, de tal forma que esse Jesus de Nazaré poderia ter uma existência
independente se o Logos não tivesse se unido a Ele, mas não é isso que a
Bíblia ensina. A Bíblia ensina exatamente o contrário.

A Pessoa de Jesus, aquele que nasceu na manjedoura, simplesmente


não existiria se o Logos não se fizesse carne. Jesus existe porque o Verbo se
fez carne, porque esse Logos eterno se encarnou. Este Logos é o
fundamento da Pessoa de Jesus, da personalidade de Jesus. Os irmãos
entendem a importância disto? Qual é a implicação importante, prática,
desta colocação que este irmão, Tomás de Aquino, procurou firmar? Isso
torna a Pessoa de Cristo impecável. O Logos se fez carne, este Logos, este
Filho de Deus que é Deus, este Deus eterno, o Deus Filho é o fundamento da
personalidade de Jesus, por isto Jesus não podia pecar, por isto Jesus não
tinha nem desejo de pecar, Ele não tinha nem motivação para pecar. Olha
como estas questões não são simplesmente teóricas, são revelações bíblicas.
Lembra o que o livro de Hebreus fala? O livro de Hebreus diz assim: Com
efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este (referindo a Jesus,
e diz assim), santo (quem é esse nosso sumo sacerdote Jesus? Ele é santo),
inculpável, sem mácula, separado dos pecadores (Ele é sem mácula) e
feito mais alto do que os céus. Nos convinha um sumo sacerdote assim
como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores. Esta é a
Pessoa do Senhor, o Logos, se uniu à natureza humana, e não à pessoa
humana.

A Pessoa do Senhor é uma Pessoa composta, composta de duas


naturezas, sendo uma única Pessoa. Isto é muito importante! Jesus de
Nazaré não existiria se o Verbo não se fizesse carne. E porque o Verbo se
fez carne, este Logos, este Verbo eterno é o fundamento da personalidade
de Jesus. O que Jesus pensa, é o que o Logos pensa, o que as emoções de
Jesus, como elas reagem, é como o Logos reage. O Deus eterno é o
fundamento disto tudo. As escolhas de Jesus revelam as escolhas de Deus,

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os sentimentos de Jesus revelam os sentimentos de Deus, nunca se
contrapõem porque não são duas pessoas.

Este é o primeiro fator que deixa muito claro para nós que a Pessoa de
Cristo era impecável. Irmãos, alguns querem tornar a Pessoa de Cristo tão
idêntica a nós de forma empática. A empatia de muitos é tão grande que
eles colocam Jesus como que no nosso nível, como se Ele fosse sujeito a
pecado, como se, de repente, no curso da vida humana de Jesus, Ele
pudesse se desviar e pecar. Ele não podia, era impossível. Jesus não podia
pecar porque Ele não tinha desejo de pecar, Ele não tinha uma mente capaz
de pecar. Agora, esta revelação torna o mistério bíblico da tentação de
Cristo mais tremendo ainda, porque, embora Ele não pudesse pecar, nem
tivesse motivação, nem desejo para isto, Ele pode ser tentado, e isto torna a
verdade da tentação mais gloriosa ainda. Eu sei que estou repetindo, e
quero repetir de propósito. Isso torna a questão da tentação mais
significativa, porque nós vemos Jesus sendo tentado, por exemplo, na Sua
mente, na Sua vontade, nas Suas escolhas, nos Seus sentimentos todo o
tempo, resistindo a essa tentação em todo o tempo, expressando a mente
de Deus em todo o tempo, em todo o tempo sendo afligido de forma
contrária, em todo o tempo sendo mostrado para Ele caminhos contrários,
não só através de Pedro, como eu citei aqui para os irmãos entenderem isso
de forma específica e prática. Através, por exemplo, de Filipe e André,
naquela ocasião em João 12 quando eles chegaram e disseram assim:
Mestre, os gregos estão aí e querem te ver. Eles ficaram muito
entusiasmados naquela circunstância. Acharam que Jesus ia se assentar ali
no trono da sabedoria e dar uma aula de filosofia para os gregos, e Jesus
podia fazer isso, porque Ele é o Mestre dos mestres, mas Jesus não fez isso.
Ele resistiu a esta tentação de ser um mestre da filosofia; Ele nunca foi um.
Quando eles vieram procurá-Lo, disseram: os gregos estão aí, Senhor!
Observe a chance que o Senhor estava tendo. Em outras palavras era isso
que eles queriam dizer: olha a chance que o Senhor tem! Até aqui só os
judeus estavam interessados no Senhor, mas agora, os gregos querem te
ver, e os gregos são o peso da sabedoria. É como se eles estivessem
pedindo: vai lá, Senhor, e dá um nó na cabeça deles para eles verem quem
que é a sabedoria real, mas o Senhor não fez isto. O Senhor respondeu
duma forma que deve ter sido terrível para eles, desastrosa. O Senhor falou
assim: se o grão de trigo, caindo em terra, não morrer, fica só. Os irmãos já
pensaram na profundidade do que o Senhor falou? Em outras palavras, Ele
está dizendo o seguinte: Filipe, André, Eu não vim aqui para ensinar filosofia
para os filósofos, os gregos, Eu vim para morrer, e se Eu não morrer, vocês
vão ficar sós, mas se Eu morrer, vou produzir muito fruto. Os irmãos vejam
como essas implicações são importantes. Jesus foi tentado de novo na Sua
vontade, Sua vontade de sentar no trono da sabedoria grega e de ser o
Mestre dos filósofos, mas Ele resistiu a esta tentação, e Ele realmente teve
que resistir. Os irmãos podem ter certeza de que isto foi uma tentação para
Ele, porque Ele foi tentado em todas as coisas. Ele foi tentado a ser o Mestre
da sabedoria, Ele foi tentado a desviar da cruz, através de Pedro, Ele foi
tentado em todas as coisas à nossa semelhança, como diz Hebreus, mas
sem pecado. Mas este mistério para nós é incompreensível. Como esse Ser

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perfeito, Jesus, que não tinha desejo de pecar, que em tudo queria fazer a
vontade de Deus, e fez, absoluta e completamente, mas ainda assim pôde
ser tentado sem trégua, em todas as coisas.

A vida de Jesus foi uma vida de tentação, uma vida de aflição, uma
vida de prova. É por isso que Isaías 53 diz que Ele é um Homem de dores,
não é isso que diz? E que sabe o que é padecer; e não ficou conhecendo isso
só lá na cruz, quando Ele foi feito pecado por nós. Jesus é um homem de
dores. Essa expressão de Isaías 53 é muito significativa. Mostra que dores
caracterizava a vida de Jesus, e caracterizou a vida dEle, irmãos, como
nunca caracterizaria, após Ele, caracterizaria a vida de nenhum santo,
nenhum daquele que pertence ao Senhor. Ele foi de uma forma muito
especial um homem de dores, simplesmente por ser perfeito. Irmãos, já
pensaram alguém perfeito como Ele, sendo Deus, se fez carne, um Homem
perfeito, Deus perfeito, obviamente, e Homem perfeito, vivendo num mundo
imperfeito, num mundo depravado, corrompido, degenerado. É por isto que
Isaías 53 diz que Ele foi um homem de dores. Aqueles que Ele trouxe para
mais perto dEle, para conviver com Ele, um era o traidor, um era ladrão, a
Palavra diz. Do meio dos doze, os mais íntimos, aqueles que, humanamente
falando, Ele podia confiar, embora Ele não se confiasse a nenhum deles
porque conhecia a todos. Mas os mais íntimos, que Ele trouxe para mais
perto dEle, um era traidor, o outro queria desviá-Lo da cruz, os dois outros
estão brigando por causa de trono - Senhor, dá que na Tua ressurreição na
vinda do Reino nós assentemos do Teu lado um a Tua direita outro a Tua
esquerda. Então, um trai, o outro quer levar o Senhor a desviar da cruz,
dois estão brigando por causa de poder. Este era o grupo dos doze que o
Senhor escolheu, os mais íntimos. Não é impressionante? Então, Ele é um
homem de dores e que sabe o que é padecer.

Ninguém compreendia o propósito de Deus. Só Ele. Ele viveu uma vida


solitária e alienada, esta foi a vida dEle por ser Homem perfeito. Por um
lado, solidão e alienação, por outro lado, Ele foi aquEle, que mais
demonstrou compaixão. Por quê? Porque o Filho de Deus, perfeito e sem
pecado, participando da natureza humana, podia conhecer o homem.
Embora Ele não tivesse pecado, Ele sabia o que era tentação, então, Ele
conhecia a miséria humana, porque Ele tinha alma, mente e vontade. Sem
pecado, mas sendo tentado Ele conhecia miséria humana. Isto não é
impressionante? É por isto que Hebreus diz assim: Aproximemo-nos do
trono da graça, acheguemo-nos, para encontrarmos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. Porque nós temos um
grande sumo sacerdote que penetrou os céus, não é isso que diz Hebreus,
capítulo 4? Os irmãos estão vendo que se nós não compreendemos a Pessoa
de Cristo, o livro de Hebreus não tem muito sentido para nós, tudo ali
parece muito vago. Mas quando entendemos realmente quem foi o Senhor
Jesus, o Cristo que nós cremos, o Cristo da Bíblia, o eterno Filho de Deus
que se tornou filho do Homem, não deixou de ser Deus para se fazer
homem, mas sendo Deus, assumiu a natureza humana. Nesta Pessoa, as
duas naturezas correm juntas, Deus perfeito, Homem perfeito, sem pecado,
mas tentado em todas as coisas. Compreende a alma humana, porque dela

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participou, porque também tinha mente, vontades, desejos, emoções. Este é
o Senhor, este é o Cristo que a Bíblia revela.

A primeira colocação de Tomás de Aquino, eu queria ler os textos para


os irmãos verem a importância disso. Ele procurou firmar, de forma bem
clara: a Pessoa de Jesus de Nazaré é o Logos que se fez carne. Não é o Filho
de Deus, esse Logos eterno, que se uniu a um ser humano chamado Jesus,
não, de jeito nenhum. Mas é o Verbo que se fez carne e, deu existência à
Pessoa de Jesus. Ele não se uniu à Pessoa, Ele se uniu à natureza. Observe
a diferença entre as duas coisas e, eu acho que não queria ficar apelando
demais para a questão filosófica, mas queria que os irmãos pensassem um
pouquinho sobre isso. Os irmãos sabem o que é pessoa? Pessoa é a
natureza levada ao clímax. Por exemplo: nós temos a natureza mineral, a
natureza mineral não é uma pessoa. Nós temos a natureza vegetal, a
natureza vegetal também não é pessoa, alface não é uma pessoa, nem uma
macieira, mas eles têm natureza, uma natureza vegetal. Então, o que é
pessoa? Pessoa é uma natureza levada ao seu clímax. Pessoa é a natureza
levada ao seu ponto mais alto. É a mais alta definição na natureza, isso é
uma pessoa. Qual é a diferença entre pessoa e natureza? Natureza não tem
autoconsciência. A alface não é consciente dela mesma, nem um animal
irracional, ele tem instinto, mas não tem autoconsciência, são coisas
diferentes. O animal tem instinto, age por instinto, mas ele não tem
autoconsciência, ele não olha para sua pata e fala assim: “isso aqui é minha
pata, olha que pata bonita que eu tenho!” Mas se você martelar a pata dele,
ele vai tirar a pata. Ele age por instinto, mas não tem autoconsciência.
Então, o que é uma pessoa? Uma pessoa é alguém dotado de
autoconsciência e, consequentemente, de inteligência, de vontade. Por que
nós estamos colocando isso? Para dizer o seguinte: o Logos, o Verbo, que é
Deus, o Deus eterno, não se uniu a uma Pessoa. Ele se uniu a uma natureza
humana, e deu personalidade a esta natureza. Ele tornou esta natureza
pessoa. O Logos eterno se uniu à natureza humana e, então, uma Pessoa foi
constituída: a Pessoa de Jesus. Esta Pessoa é Deus e é Homem. Por isso
Mateus diz assim: Ele será chamado Emanuel. Que é Emanuel? Deus
conosco, ou seja, Deus se fez um homem. Não se transformou num homem,
mas se encarnou, assumiu a natureza humana. Não deixou de ser Deus, Ele
passou a se expressar na forma humana, na Pessoa de um Homem. Vejam a
importância disto.

Olha alguns textos que vão deixar isso claro para nós. De maneira
geral, nós já colocamos essas questões na reunião anterior, mas agora,
vamos retomar e vamos devagar, em cada uma delas, para que possam
compreender. Mateus 1:1, olha o que diz o versículo que abre o Novo
Testamento: Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho
de Abraão. Este versículo é maravilhoso. Se você comparar com João 1:1,
o primeiro versículo de João, você vai ver o mesmo Jesus. A mesma Pessoa,
só que João fala assim: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com
Deus, e o Verbo era Deus. E depois em João 1:14 ele diz - E o Verbo se
fez carne – porque João enfatiza a divindade do Verbo, e Ele é Deus, por
isso que o Evangelho de João não está entre os sinóticos, ele é um

10
Evangelho à parte, porque ele enfatiza que Ele é Deus, Ele não começou a
existir não, Ele sempre existiu, o Verbo eterno. Mas os outros três
evangelhos Mateus, Marcos e Lucas, são chamados de sinóticos, foram
escritos na mesma ótica, todos os três enfatizam que Jesus é Homem. Ele é
as duas coisas, Ele tem duas naturezas: natureza divina, João fala sobre ela,
e natureza humana, os três evangelhos falam sobre ela de forma mais
enfática, é claro.

O primeiro versículo de Mateus diz: Livro da genealogia de Jesus


Cristo (mostrando, então, gene-genealogia, mostrando que Ele veio
participar da genética humana, Ele nasceu como homem, mas Ele não
começou a existir ali, aquele não foi o começo da existência daquela Pessoa,
aquela Pessoa é eterna, é o Logos, mas Ele assumiu uma natureza humana.
E isto é tão importante que três Evangelhos foram escritos para mostrar
isto: Ele é Homem, Ele assumiu a natureza humana. Livro da genealogia de
Jesus Cristo), o filho de Davi (conforme o Velho Testamento testifica que
de Davi nasceria o Rei que iria reger com trono eterno em Israel. Quem
pode ter um trono eterno? Só Deus, o homem é mortal. Mas esse Jesus é
uma Pessoa eterna, que se fez carne. Então, filho de Davi), filho de Abraão
(Mt1:1).

Agora, versículo 18, preste atenção nesse texto, irmão, quem sabe,
agora você vai começar a ver esse texto de forma diferente. Eu sei que
todos nós conhecemos esse texto aqui, vamos procurar ler segundo esta
ótica do que nós temos compartilhado aqui, Mateus 1:18-19: Ora, o
nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe,
desposada com José (o sentido aqui seria prometida em casamento,
noiva), sem que tivessem antes coabitado (então eles não eram marido
e mulher, está muito claro aí no texto), achou-se grávida pelo Espírito
Santo. Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar,
resolveu deixá-la secretamente. José, a primeira reação dele, em seu
coração, foi esta. Ele era um homem justo diante de Deus, ele não ia trazer
infâmia sobre aquela mulher, ia simplesmente deixá-la, quieto, em secreto.
Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho,
um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber
Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo.
Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele
salvará o seu povo dos pecados deles (Mt 1:20-21). Jesus,
literalmente, significa: Jeová Salvador. Jesus: Jeová Salvador. Ele é o Jeová.
Ele não é menos do que Deus, Ele é Deus. Ele é o Deus salvador, o Verbo
que se fez carne. Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados.
Este é o sentido literal do nome Jesus. Mt 1:22-23 - Ora, tudo isto
aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por
intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá. A partir da próxima
reunião a gente vai ver a importância de nós firmarmos o nascimento
virginal. Alguns teólogos, ainda hoje, consideram que o nascimento virginal
não significa nada, mas nós vamos ver a importância do nascimento virginal,
o que isso significa, o que isso tem de importante.

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Jesus foi concebido de uma forma absolutamente diferente. Ele veio a
participar, da essência da natureza humana, mas não do pecado da natureza
humana. É por isso que Romanos 8 diz que Ele assumiu a semelhança de
carne pecaminosa, a aparência dEle era como a nossa. Ele tinha corpo,
sangue, ossos, alma, mente, vontade, emoções, tudo o que nós temos, mas
sem pecado. Exatamente porque Ele foi concebido dessa forma, porque se
Ele não fosse concebido dessa forma Ele seria pecador, porque todos
aqueles que nascem do tronco de Adão, por um relacionamento natural de
um homem e de uma mulher, são pecadores. Então, essa é a importância do
nascimento virginal. Jesus não nasceu de um relacionamento natural. Ele
pôde assumir a carne humana, sem pecado. Se nós removermos o
nascimento virginal, nós vamos macular a Pessoa de Jesus. Os irmãos
entendem a importância? E, de tal forma isso foi estabelecido na Palavra de
Deus, que desde o profeta Isaías, 800 anos a.C. isso foi prometido como
sendo um sinal: a virgem irá conceber. Isso é impossível, é impossível uma
virgem conceber, isso seria um sinal, um sinal é algo incomum, senão não é
sinal. Isaías 7:14, o Senhor disse que daria um sinal ao Seu povo, e o sinal
seria o seguinte: a virgem conceberá. Depois, nós vamos ver, nas outras
reuniões, as profecias relacionadas a isto e a importância desse nascimento
virginal. A virgem conceberá e dará à luz um filho (essa aqui é a citação
de Isaías, Isaías 7:14) e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que
quer dizer: Deus está conosco) – Mt 1:23. A Pessoa de Cristo não está
começando aqui. A Pessoa de Cristo é eterna. Aqui, Ele está assumindo a
natureza humana. É o mesmo Cristo, e como Homem, Ele recebeu o nome
de Jesus. Jesus, este é o Seu nome humano, mas este Cristo é eterno, é o
Cristo eterno. Então, o Cristo eterno se fez carne na pessoa de Jesus,
recebeu o nome de Jesus.

Esse primeiro item, irmãos, que nós colocamos, firmado por esse
irmão. A Pessoa do Logos, a Pessoa do Verbo se tornou composta na
encarnação, uma Pessoa composta, não duas pessoas, uma Pessoa
composta de duas naturezas: a natureza humana e natureza divina, de tal
forma que a natureza divina, o Logos eterno, se constituía na base da
personalidade de Jesus. Este é o primeiro elemento que tornava Jesus
impecável.

Agora, há um outro elemento que fala a favor desta impecabilidade de


Jesus. A Bíblia também mostra textos relacionados a isso e eu queria ler
com os irmãos. Outra questão que foi firmada por Tomás de Aquino: a
natureza humana de Cristo. Vamos pensar, agora, no Homem Jesus - a
natureza humana de Cristo recebeu uma dupla graça quando o Logos se
uniu a ela. Queria que você ponderasse, também, sobre isso, o valor. Qual
seria essa graça dupla? Este irmão, Tomás de Aquino, colocou duas questões
muito importantes e muito bíblicas. A gente vai ler os textos relacionados.
Ele chamou de graça da união e graça habitual. Que seria a graça da união?
A graça da união seria o seguinte: esse Logos eterno se uniu a uma
natureza humana, então, Ele dignificou a natureza humana ao ponto
máximo, nós também precisamos pensar sobre isso, porque isso tem muita
implicação para nós. O fato do Logos eterno, o Deus eterno, o Filho de Deus

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ter se unido à natureza humana elevou a natureza humana até o clímax, até
ao máximo, de tal forma que a natureza humana, nessa Pessoa de Cristo, se
tornou objeto de culto e até mesmo de adoração. Isto não significa que nós
somos adoradores da natureza humana. Não. Nós somos adoradores de
Deus, mas na Pessoa de Cristo, a natureza humana se tornou, na Pessoa de
Cristo, um objeto de culto e objeto de adoração. Isto era o que ele chamava
de graça da união, que o fato desse Logos eterno, que é uma Pessoa eterna,
o Verbo eterno ter se unido à natureza humana, Ele elevou a natureza
humana, dignificou a natureza humana a tal ponto que ela se tornou objeto
de adoração.

Irmãos, no que isso tem implicação para nós? Tem implicação porque
nós participamos da natureza humana também, só de uma natureza
humana decaída. Mas a partir do momento que nós cremos em Cristo e que
somos regenerados, o que a Bíblia nos garante a respeito dessa nossa
natureza humana, que originalmente é decaída? O que a Bíblia diz? A Bíblia
diz alguma coisa espantosa, maravilhosa! A Bíblia diz que a partir da união
com o Verbo eterno - que a Bíblia chama de regeneração, novo nascimento -
eu e você já nascemos de novo, a vida de Cristo já está em nós. A Bíblia diz
que a nossa natureza humana, na medida da nossa união com o Verbo
eterno, também será dignificada. O nosso espírito estava morto e foi
regenerado, isto é um fato. A nossa alma que está maculada pelo pecado,
está sendo transformada. Deus não está transformando o pecado, o pecado
permanece pecado, o que é nascido da carne é carne, Deus não está
transformando a carne, Deus está transformando a alma. Os irmãos vejam
que os termos não são irrelevantes, são muito importantes. Carne é uma
coisa e alma é outra. Na medida da nossa comunhão com o Senhor, do
nosso relacionamento com Jesus, a nossa alma está sendo transformada, a
nossa mente pode se tornar a mente de Cristo, a nossa vontade pode se
tornar obediente a Cristo, conformada a Cristo, as nossas emoções podem
responder a Cristo. Todo o nosso ser pode ser transformado. Por quê?
Porque Jesus se fez homem e porque Ele dignificou, na Pessoa dEle, a
natureza humana.

É por isso que o livro de Hebreus, mais uma vez o livro de Hebreus,
este livro é tão maravilhoso dentro deste enfoque na Pessoa do Senhor. O
livro de Hebreus diz que temos em Jesus uma âncora da nossa alma, segura
e firme e que penetra além do véu. Hebreus 6:18-20 - esta âncora penetra
além do véu. Aí, ele diz assim: aonde Jesus entrou, então, ele enfatiza o
nome humano dEle, Jesus, Homem. Hebreus 6. Abra sua Bíblia e confira:
aonde Jesus entrou por nós, lá diz, tornando-se nosso grande sumo
sacerdote. Nós temos esse fato da entrada de Jesus além do véu como uma
âncora para a nossa alma. Você já pensou nesta expressão? Âncora da
alma. O que isto está querendo dizer? Está querendo dizer que a nossa
alma, a partir do momento que o Senhor Jesus se fez carne, morreu e
ressuscitou como homem, dignificou a natureza humana a tal ponto que a
nossa alma não é descartável para Ele. A nossa alma foi comprada, assim
como o nosso espírito e o nosso corpo, nós fomos comprados integralmente.
Ele vai executar em nós um processo que a Bíblia chama de santificação a

13
tal ponto que nós sejamos semelhantes a Ele. João também fala isso, 1Jo
3:2 - Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se
manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se
manifestar, seremos semelhantes a ele... A natureza humana foi
dignificada em Jesus e nós podemos ser transformados na imagem de Jesus
- nossa mente, nossa vontade, nossas emoções, na plena santificação até a
glória final, até a glorificação.

Agora, eu queria ler alguns textos, dois textos, pelo menos, do Novo
Testamento, que falam sobre essa dignificação da natureza humana na
Pessoa de Jesus. Abram em Mateus 14. Isso era o que o irmão Tomás de
Aquino chamava de “graça da união”. Eu gostaria que depois de nós lermos
esse texto, os irmãos pensassem a respeito do significado disso: o Verbo
eterno, aquEle que não teve princípio de dias, Deus eterno, Verbo que
estava com Deus, Ele se fez carne. O tamanho do significado desta
expressão! Ele se uniu à natureza humana! Ele se fez um homem real. Isto
deixa muito claro que o propósito de Deus está ligado ao homem, e não a
qualquer outra criatura. Ele não se fez anjo, Ele não se fez qualquer outro
tipo de ser, Ele se fez homem, então, Ele dignificou a natureza humana.

Mateus 14:33 - Se os irmãos verem o contexto aí, Jesus, durante


aquela tempestade, está andando sobre o mar. Pedro pede para estar com
Ele, vai sobre as águas, enquanto ele se mantém com os olhos sobre esse
Senhor glorioso ele está sobre as águas, quando ele começa a ver a
turbulência da situação, das circunstâncias, Pedro vai afundando. Então, o
Senhor resgata a Pedro ali, naquela situação. Depois que Ele traz Pedro, ali
para o barco, a salvo, versículo 33, diz assim: E os que estavam no barco
o adoraram, dizendo: Verdadeiramente és Filho de Deus! Queria que
os irmãos notassem. É claro que é fácil para nós vermos que Deus está
sendo adorado aqui, mas os irmãos já pensaram que não é só Deus que está
sendo adorado aqui? Quem está sendo adorado aqui é uma Pessoa que é
também homem. Os irmãos estão vendo o que está acontecendo aqui neste
versículo 33? Na Pessoa de Cristo, a natureza humana é objeto de culto e de
adoração. E mais uma vez, repetindo: isto não significa que nós somos
adoradores da natureza humana. Nós não somos antropocêntricos, mas
significa que Jesus, este Logos eterno, o Verbo, dignificou a natureza
humana se fazendo semelhante a nós, assumindo a natureza humana, de tal
forma que a natureza humana, em Cristo, se tornou objeto de adoração e de
culto. Quando eles adoraram Jesus, eles não adoraram só o Filho de Deus,
eles adoraram o Filho do Homem. Aliás, Jesus, muitas vezes mais do que
usar o título de Filho de Deus, que Ele usou pouquíssimas vezes, o título que
Jesus usava, para Si mesmo, como Homem era Filho do Homem. Ele se
referia a Ele como Filho do Homem. Então, esse é um versículo importante
aqui, a natureza humana dignificada em Jesus, o Logos dignificou a natureza
humana por causa dessa união: a graça da união, como esse irmão chamou.

Mais um versículo: João 9:38. Este contexto também é conhecido. O


Senhor cura aquele cego, um cego de nascença, aquele cego é interrogado
pelos fariseus depois da sua cura, eles expulsam aquele cego da presença

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deles, não crendo no Senhor. O Senhor encontra este cego depois desta
situação, depois que ele é inquirido ali pelos fariseus. No versículo 38, Jesus
encontra o cego e o resultado da história é o seguinte: Então, afirmou ele,
este cego: Creio, Senhor. Jesus diz para ele: Já o tens visto, Eu sou o Cristo,
Jesus revela a ele. O versículo 38 diz: Então, afirmou ele: Creio, Senhor;
e o adorou. De novo, e O adorou. Queria que os irmãos notassem aqui que
este Homem, porque Ele é Homem, Jesus é Homem, Ele está recebendo
adoração, e não está achando que isto é indigno, não está achando que só
Deus deve ser adorado. Pensa nas implicações disso. Ele não está colocando
esse servo em pé e dizendo assim: olha, Eu sou um mensageiro de Deus, Eu
sou um instrumento de Deus, Eu sou um porta-voz de Deus, mas Eu não
sou Deus, fica de pé e não Me adora, adora a Deus. Jesus não fez isto. Os
irmãos estão vendo a tremenda implicação desse versículo? Ele está
recebendo o que só Deus pode receber, está recebendo adoração. Quem
está sendo adorado aqui é o Homem Jesus. Os irmãos vejam o que a
encarnação fez com aquEle Homem. A encarnação do Verbo dignificou a
natureza humana a tal ponto que ela se tornou objeto de adoração.

É por isto que Hebreus diz que nós temos uma âncora da alma e na
medida da nossa comunhão com o Senhor, a nossa alma também será
dignificada, não para nós nos tornarmos objeto de adoração, mas para nós
sermos semelhantes a Ele, transformados de glória em glória na Sua
imagem. Esse é o ensino do Novo Testamento sobre santificação. Vejam que
o fundamento está na própria Pessoa de Jesus. Agora, vamos fazer um
contraste com isso para os irmãos verem. Pedro adorou o Senhor lá no
barco, não só Pedro, mas como aqueles discípulos e o cego adora aqui, e
Jesus não disse que ele estava errado de adorar. Agora, abram em
Apocalipse 19:10. Os irmãos vão ver o contraste impressionante. João
recebe revelação através de um mensageiro, olha a diferença. Aqui em
Apocalipse, o apóstolo João, está recebendo revelação através de
mensageiros de Deus, os anjos são mensageiros. João recebe parte da
revelação do Apocalipse através de anjos. Agora, olha o que diz o versículo
10: Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo (Ap 19:10). João
estava tão extasiado diante daquela revelação celestial, do Cordeiro, das
Bodas do Cordeiro, que ele quer adorar o anjo. Ele, porém, me disse: Vê,
não faças isso (Jesus não falou isto para o cego, Jesus não colocou o cego
de pé e falou: não faz isso, que Eu sou só um homem, mas Ele recebeu
adoração, porque Ele é Deus e é Homem. Vê, não faças isso); sou
conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus;
adora a Deus... Porque só Deus pode ser adorado. Então, vejam que este
versículo contrasta tão fortemente com os outros. Jesus recebe adoração
sendo Homem, porque Ele dignificou a natureza humana a tal ponto que ela
se tornou objeto de adoração.

Esse irmão, Tomás de Aquino, falava da graça da união, a graça que a


natureza humana recebeu pelo fato do Logos ter se tornado carne e a
segurança que isso é para nós, as implicações que isso tem para nós. Nós
também seremos semelhantes a Ele, nós iremos ver a Sua glória, a nossa
natureza humana será transformada na Sua imagem, nós seremos limpos no

15
aspecto final da nossa salvação, nós seremos limpos do pecado, totalmente
- espírito, alma e corpo. Esse nosso corpo de pecado vai ser revestido de
incorruptibilidade, como que uma troca de casca, nós seremos revestidos de
incorruptibilidade, é o que Paulo fala em I Coríntios. Em Filipenses ele diz
que o nosso corpo de humilhação, esse corpo aqui, cada dia está ficando
mais frágil, mais velho, os resultados do pecado vêm sobre nós até o
túmulo, até a morte. Esta é a prova de que nós somos pecadores: a morte,
não só espiritual, mas física. Na medida que nós andamos com o Senhor, a
Bíblia nos garante que Ele vai transformar esse nosso corpo de humilhação,
para ser igual ao corpo da Sua glória, Paulo fala isto em Filipenses e isto é
uma glória para nós. E tudo isto é feito porque o Verbo se fez carne, Ele
dignificou a natureza humana, Ele não descartou a natureza humana.

Esse irmão também colocava uma outra graça, vamos chamar assim.
Ele dizia que o fato desse Logos eterno, que é Deus, ter se unido à natureza
humana, concedeu um outro privilégio muito especial à natureza humana
em Jesus, de Jesus, o que ele chamou de “graça habitual”. E ele queria dizer
com graça habitual, o seguinte: o fato do Logos eterno ter se unido à
natureza humana fez com que essa natureza humana se tornasse a absoluta
expressão do Verbo eterno; e isso é um privilégio da natureza humana. A
natureza humana que é frágil - Jesus se cansou, Jesus chorou, Jesus teve
fome, a natureza humana é frágil - não é eterna. O fato do Logos ter se
unido à natureza humana concedeu à natureza humana o privilégio de
expressar quem Deus é. Deus, agora, podia ser expresso através de uma
mente humana. Deus podia ser expresso através de emoções humanas,
quando Ele chorou, por exemplo, na ocasião de Lázaro. O que Ele estava
demonstrando ali? Que Ele realmente ama, que Ele se une ao homem em
tudo. Quando Ele conversou com aquele jovem rico, um jovem todo
soberbo, que achava que cumpria a lei do início ao fim, a Palavra diz que
Jesus fitou aquele jovem e o amou. Quando Ele conversou com aquela
mulher completamente perdida na sua história, lá no poço, em Samaria, Ele
também a amou.

Então, o Verbo eterno, esse Deus pôde ser expressado através de


emoções humanas, de sentimentos humanos, mente humana, vontade
humana. Isto é um privilégio para a natureza humana. Ele chamava isto de
graça habitual. Todos os textos em João, eu creio que agora a gente começa
a entender, melhor, esses versículos, o que eles significam realmente. Olha
o que o Senhor falou, agora é Ele falando, o próprio Jesus, o Verbo que se
fez carne, Ele está falando dEle, e ninguém melhor para falar dEle do que
Ele, porque Ele é Deus e Ele é Homem. Olha o que diz João 5:30 - Eu nada
posso fazer de mim mesmo... Parece às vezes que esses termos
teológicos são meio difíceis: graça da união, graça habitual, mas são nomes
dados a revelações bíblicas muito claras, só para tentar nos ajudar a
entender. Então: Eu nada posso fazer de mim mesmo; o que Ele está
falando? Ele está falando sobre essa graça habitual, Ele está dizendo assim:
Eu, Jesus de Nazaré, Eu não posso fazer nada que parta de Mim mesmo,
porque Eu não sou uma Pessoa independente. A minha Pessoa não começou
na manjedoura, a minha Pessoa é uma Pessoa eterna. Então Eu, Jesus de

16
Nazaré, nada posso fazer de Mim mesmo, toda a minha vida pessoal é
dependente da vida do Verbo. Eu só existo por causa do Verbo, é porque o
Verbo se fez carne que Eu sou o que Eu sou. Em outras palavras, é isso que
o Senhor está falando. Eu nada posso fazer de mim mesmo; então tem duas
pessoas aqui. Uma hora Jesus que está agindo, outra hora é Deus que está
agindo, outra hora é o Filho de Deus, outra hora é o Filho do Homem, uma
hora é Jesus de Nazaré, outra hora é o Logos, isto não existe. Jesus não é
duas pessoas, Ele é uma única Pessoa. Por isso Ele fala: Eu nada posso fazer
de Mim mesmo; tudo o que Eu expresso é do Verbo, tudo o que Eu falo é do
Verbo e aqui Ele usa a expressão de Deus, porque o Verbo é Deus. Jesus foi
uma plena expressão de Deus, em tudo que pensou, falou, agiu, sentiu,
escolheu. Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que
ouço, julgo (ouve quem? Ouve Deus. A gente vai ver outros textos que Ele
diz isso, porque Ele permanece em Deus, porque Ele é Deus. Na forma por
que ouço, julgo). O meu juízo é justo, porque não procuro a minha
própria vontade, e sim daquele que me enviou (Jo 5:30). A vontade do
Verbo e a vontade de Jesus – vamos separar a natureza humana e a
natureza divina aqui – elas não eram discrepantes. A vontade eterna do
Verbo, que é a vontade de Deus, e a vontade de Jesus são uma vontade,
não tem conflito. Jesus quer uma coisa, o Verbo quer outra coisa, Jesus quer
ir para Samaria, o Verbo quer ir para Galiléia isto nunca existiu. Jesus nunca
teve um conflito interno com Ele mesmo, Ele era uma personalidade
integral. Na forma por que ouço, julgo, Eu nada posso fazer de Mim. Ele era
uma Pessoa única.

Mais uns textos para os irmãos verem isto. João 6:46 - Não que
alguém tenha visto ao Pai (Ele está dizendo que ninguém viu ao Pai,
jamais), salvo (quer dizer, tem uma exceção aqui, tem alguém que já viu o
Pai e este alguém é Ele mesmo) aquele que vem de Deus (se olhar na sua
Bíblia, tem dois pontos, não perca esses dois pontos, não deixa cair da
página aí não. São muito importantes esses dois pontos, porque Ele está
explicando a frase, Ele está dizendo assim: salvo aquEle que vem de Deus,
aí Ele vai explicar o que Ele quer dizer, dois pontos, Ele diz assim): este o
tem visto. Ele não falou no passado. Ele não falou assim: Eu sou Jesus, Eu
Me transformei em um homem. Antigamente, lá na eternidade, Eu era o
Verbo, mas de repente, Eu Me transformei num homem. Aí Eu nasci numa
manjedoura, Maria Me criou, junto com José, então, um dia Eu vi o Pai. Ele
não disse isto. Ele disse que este O tem visto, presente contínuo, este O tem
visto. É isto que Tomás de Aquino chamava de graça habitual, ou seja, o
Logos, a Pessoa de Jesus, nunca se separou de Deus, porque o Deus eterno
é o próprio fundamento da Sua existência.

Jo 7:16 - O Meu ensino não é Meu, ou seja, não parte de Mim. O meu
ensino não é meu, e sim daquele que me enviou. Do Verbo, que é
Deus. Último texto: Jo 8:28-29 - Disse-lhes Jesus: Quando levantardes
o Filho do Homem (olha o título que Ele mais usa para Ele mesmo: Filho
do Homem, quando levantardes o Filho do Homem), então, sabereis que
EU SOU (olha que versículo, Ele está dizendo que Ele é Homem, Ele está
dizendo que Ele é o EU SOU – sabereis que EU SOU – esse texto é muito
esquisito se a gente não souber quem é esse EU SOU aqui. AquEle Jeová do
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Velho Testamento, aquEle que se revelou para Moisés, EU SOU o que EU
SOU, olha o que Ele está falando: Quando levantardes o Filho do Homem,
quando vocês Me crucificarem, aí vocês vão entender que EU SOU aquEle EU
SOU, Eu sou o Verbo eterno, o Verbo que se fez carne. Quando levantardes
o Filho do Homem, então, sabereis que EU SOU – agora, a expressão que a
gente vai se deter é aqui, a sequência) e que nada faço por mim mesmo
(está vendo? Nada faço por Mim mesmo. Jesus de Nazaré não é
independente do Verbo, em sentido nenhum); mas falo como o Pai me
ensinou. E aquele que me enviou, está comigo (mais uma vez no
presente e não no passado. Ele não falou: esteve comigo, mas agora Eu Me
tornei um homem, agora Ele está no céu e Eu estou aqui, Ele não está
falando isto. Ele está falando: está comigo, presente), não me deixou só,
porque eu faço sempre (olha outra palavra importante aí: sempre, não
tem exceção, faço sempre) o que lhe agrada. Está vendo? Foi isto que o
irmão chamou de graça habitual, da palavra hábito mesmo.

Jesus é Deus. Tudo o que Jesus de Nazaré falou, ensinou, pensou,


sentiu, escolheu, é a escolha do Verbo, a mente do Verbo, o amor do Verbo,
a graça do Verbo. É por isto que João diz: E o Verbo se fez carne e
habitou entre nós, cheio de graça e de verdade... (Jo 1:14). A alma de
Jesus pôde expressar tudo o que o Verbo é e isto foi uma glória para Ele,
isso foi uma glória para a natureza humana.

Eu creio que estes são os primeiros aspectos para considerar a


respeito da natureza de Cristo, da Pessoa de Cristo. Nós vamos considerar
muitos outros mais. Gostaria que os irmãos retomassem e meditassem
sobre isso, procurassem ver a importância e a graça disso, como João diz:
cheio de graça. Porque Ele não foi alguém que tinha aparência humana,
apenas como um fantasma, alguém que veio, entrou na história humana,
mas não entrou na história humana como um homem real. João diz nesses
textos que nós lemos em João 1 que Ele está no seio do Pai, do Deus
unigênito. João, quando testifica dEle, diz: Ele está no seio. João, quando
reclina sobre o Seu seio, em João 13, na ceia, ali no cenáculo, está tendo o
privilégio de reclinar sobre o peito de um Homem que em tudo, em tudo,
expressa o que o Verbo eterno é. É por isto que João escreve esse
Evangelho dessa maneira. João viu isso muito de perto. Então, quando ele
escreve o Evangelho, ele diz: Ele é o unigênito, ninguém pode ser colocado
do lado dEle, Ele é o unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade e vimos a
Sua glória.

Irmãos, qual é o desafio para nós durante esse tempo todo que
passarmos compartilhando estas coisas? É isso que João escreveu. O desafio
espiritual para nós é vermos a Sua glória, é vermos Ele. Porque somente
isto pode nos sustentar, nada mais pode sustentar a nossa vida, nada, nem
a Igreja. A Igreja pode nos auxiliar, nós somos ajudadores uns dos outros. A
única coisa que pode fundamentar o nosso ser, sustentar nossa fé é uma
visão de Cristo - vimos a Sua glória, glória como do unigênito do Pai, cheio
de graça e de verdade. Vejam que todos esses textos vão se abrindo para
nós na medida em que nós vamos vendo quem é Cristo, e nesta mesma

18
proporção, a obra da cruz se abre para nós. A gente vai deixar de ter uma
idéia vaga da cruz, nós vamos ter uma visão mais profunda da cruz. O que
aconteceu quando Ele disse: Deus Meu, Deus Meu, por que Me
desamparaste? A profundidade daquela separação que aconteceu na cruz, as
implicações desta separação, a segurança que isto nos dá, a certeza da
nossa salvação, o fato de que nada dependeu dos nossos sentimentos.

O Verbo executou uma obra por nós, completa, absoluta. Ele nos
chamou, simplesmente, para adorá-Lo por esta obra, para viver à luz dela,
para crescermos na compreensão dela, e, quanto mais crescermos nessa
compreensão, mais seremos transformados. Nós vamos deixar de ter uma
vida baseada em emoções, em sentimentos - eu acho, eu sinto, hoje acordei
bem, então está bem, hoje não fiz isso, então, não está bem. Infelizmente,
a grande maioria da nossa vida se baseia nisso, a nossa fé não tem um
fundamento, nossos relacionamentos não têm um fundamento na Palavra,
então, são como são: frágeis, instáveis, errados. Nós precisamos começar
do princípio, vermos Cristo, andarmos com Cristo para podermos andar de
forma adequada uns com os outros, por termos o próprio coração firmado,
seguro nEle.

Senhor, Te pedimos que nos conceda a graça, o privilégio de Te


vermos assim com o Senhor é revelado na Tua Palavra. Que o Senhor nos
ajude, neste processo, a estarmos prontos a despirmo-nos de nossos
preconceitos, de coisas que, muitas vezes, recebemos de outros e nas quais
acabamos acreditando, sem razão nenhuma, sem fundamento nenhum. Que
o Senhor nos ajude a deixar de lado esses preconceitos e irmos na Tua
Palavra e podermos ganhar a Tua revelação, o entendimento do alto. Que o
Senhor mesmo faça isto em nós, porque só o Senhor pode fazer. Nós
sabemos Senhor, que nunca podemos, na verdade, convencer uns aos
outros, isso é obra do Senhor, que o Senhor possa realizar em nós, através
do ministério do Teu Espírito Santo e da Tua Palavra. Que o Senhor possa
dar fundamento à nossa fé, que o Senhor possa nos tornar homens e
mulheres convictos, cheios de esperança, de certeza, de segurança, de
adoração. Que a nossa visão a respeito da Sua Pessoa possa se aclarar, é o
que nós Te pedimos. Queremos ver a Tua glória, para que nós também
sejamos transformados de glória em glória, na Tua própria imagem. Te
pedimos isto em nome de Jesus. Amém.

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