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Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)

Curso: Bacharelado em Humanidades

Disciplina: Antropologia e Meio Ambiente

Docente: Dra. Carla Susana Além Abrantes

Discente: Isaac Bruno Oliveira Araújo

“DESENVOLVIMENTO” E “MEIO AMBIENTE”: PERCEPÇÕES CONFLITUOSAS NO


CASO DA UHE BELO MONTE. HEGEMONIA E RESISTÊNCIA.

Redenção/CE

Dezembro/2013
“DESENVOLVIMENTO” E “MEIO AMBIENTE”: PERCEPÇÕES CONFLITUOSAS NO
CASO DA UHE BELO MONTE. HEGEMONIA E RESISTÊNCIA.

ISAAC BRUNO OLIVEIRA ARAÚJO

Resumo

Este trabalho tem como objetivo principal analisar os conflitos sociais advindos do projeto de
instalação da usina hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu, no estado do Pará, que é
resultado de percepções contrastante dos conceitos de “Desenvolvimento” e “Meio
Ambiente”. O caso de Belo Monte não é o único quando se trata de discussões e conflitos em
áreas atingidas, devido à instalação de usinas hidrelétricas no Brasil, no entanto, é
emblemático de uma situação que aponta para o que pode ser uma crise da democracia e do
sistema ambiental brasileiro. Esses conflitos, mais do que desacordos pontuais entre o
governo federal e povos indígenas, além de outras populações tradicionais (ribeirinhos, etc.)
da região do Xingu, apontam para cosmovisões de mundo distintas e diferentes percepções e
construções dos conceitos de “Desenvolvimento” e “Meio Ambiente” em que uma delas é
vista como hegemônica e inelutável e a outra oferece resistência e apresenta outra relação
entre o homem e o meio ambiente como possibilidade.

Palavras Chave: Desenvolvimento; Meio Ambiente; Conflito.

Breve histórico

O projeto de construção da UHE Belo Monte no rio Xingu, no estado do Pará, ao


contrário do que comumente se pensa, é um empreendimento que já fora esboçado há muito
tempo. A semente do projeto nasceu ainda na década de 1970, no contexto do II Plano
Nacional de Desenvolvimento, elaborado pelo governo do general Ernesto Geisel. Projeto este
baseado em uma lógica desenvolvimentista e autoritária, característica do período da ditadura
militar. Entretanto, devido a enorme repercussão nacional e internacional do I Encontro dos
povos indígenas do Xingu em 1989, - momento em que além dos povos indígenas, pequenos
agricultores e ribeirinhos demonstraram sua indignação e oposição ante a construção de Belo
Monte -, o governo recuou e suspendeu a criação da usina.
No entanto, o plano de construção de Belo Monte é retomado já na década de 1990 a
partir de planos macroeconômicos de inserção do país na economia globalizada e se
intensifica no contexto de um planejamento centralizado do governo federal que se acirra a
partir do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), na gestão do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Desde o início ocorreram manifestações de acadêmicos, ambientalistas e povos
indígenas alertando sobre os problemas contidos no projeto e os riscos que esse poderia
acarretar. Nesse contexto pode-se notar a ausência de discussão e de espaços que propiciem o
debate público a respeito da implantação da usina, o que afirma Daniel Zugman:

“A despeito das atividades e manifestações levadas a cabo tanto pelos


defensores da hidrelétrica quanto pelos opositores, nota-se a ausência
de espaços e momentos de debate e deliberação pública que
permitissem maior troca de ideias e argumentos entre os
representantes dos vários pontos de vista que marcam a discussão”.
(ZUGMAN, 2013, p.95).

Como atesta Daniel Zugman (2013), a partir do Ano 2000, Belo Monte passa a figurar
mais constantemente nos noticiários do país. A principal razão foi o início da realização do
Estudo de Impacto Ambiental (EIA), realizado pela Fundação de Amparo e Desenvolvimento
da Pesquisa (FADESP), centro de pesquisa ligado à universidade federal do Pará. O início da
realização do EIA e a medida provisória 2.152-2/2001(Conhecida como “MP do Apagão”),
entre outras disposições determinou que o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) estabelecesse formas de licenciamento simplificado para empreendimentos
ligados ao setor energético.
Nesse contexto, se intensificaram iniciativas de comunidades locais afetadas e
opositores à hidrelétrica por todo o Brasil, com a promoção de debates e eventos sobre o
tema, além do envio de cartas e documentos ao congresso nacional e à presidência da
república. A principal queixa dos questionamentos e reclamações das populações locais e
povos indígenas era a alegação de que os povos afetados pela usina não haviam sido ouvidas
até o momento, sendo que as medidas e iniciativas do governo federal vinham sendo tomadas
em detrimento dos direitos indígenas, assegurados na constituição federal promulgada em
1988 e na convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), promulgada no
Brasil pelo decreto 5.051/2004. Ambas as medidas determinam que os povos indígenas
afetados sejam antecipadamente consultados cada vez que medidas legislativas e
administrativas sejam suscetíveis de afetá-los diretamente.
Não obstante, se mostrando completamente indiferente aos apelos dos povos indígenas
e de outras populações locais tradicionais da região afetada pelo empreendimento, o
Congresso Nacional em 2005, aprovou o decreto legislativo 788/2005, autorizando a obra.
Depois de uma acirrada discussão de questões processuais, liminares e muitas reviravoltas no
caso, o licenciamento ambiental foi retomado em 2009. Contrariando pareceres da equipe
técnica e com alguns estudos ainda em fase de andamento, o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) “misteriosamente” emitiu parecer aceitando o
EIA apresentado.
Apesar das inúmeras inconsistências reveladas nos estudos de impactos sócio-
ambientais e irregularidades no processo de licenciamento e da constante resistência de povos
indígenas e outras populações locais da região afetada pela hidrelétrica, o projeto continuou
firme mesmo sem o consentimento das comunidades atingidas por Belo Monte. No dia 20 de
Abril de 2010 (ironicamente, um dia após o dia nacional do Índio) aconteceu o leilão para que
fossem definidos os investidores privados responsáveis pela execução da obra, sagrando-se
vencedor o consórcio Norte Energia S.A, constituído por empreiteiras, fundos de pensão e
empresas compostas de capital público e privado.
Nesse sentido, podemos concluir que o licenciamento ambiental que constitui um
considerável avanço no marco regulatório ambiental desde a década de 1980 se mostra
limitado por uma lógica urbano-capitalista centralizadora e de apropriação autoritária dos
recursos naturais, tendo em vista que o processo de licenciamento se inicia quando os projetos
já foram aprovados pelo planejamento centralizado. A obra aparece como fato inquestionável,
inelutável. Mais do que desacordos pontuais e autoritarismos singulares do estado nacional
brasileiro, o caso da UHE Belo Monte aponta para uma conjuntura global em que o Brasil está
inserido, que é regido por um “espaço de fluxos” e da globalização dos mercados, que são
indiferentes aos contextos sociais dos lugares e às reais necessidades da nação (SANTOS,
2001).

Modelo Hegemônico e Resistência: A (des) construção de um Pensamento Único.

Se o projeto de construção de Belo Monte é dissonante e contraditório em relação às


reais necessidades das populações locais afetadas e que inúmeros estudos já demonstraram
que a construção da usina traz prejuízos sociais, culturais, ambientais e até econômicos i -
Como exemplo podemos citar o Painel de Especialistasii, constituído por inúmeros estudiosos,
que apontava entre outros, oito pontos críticos do projeto – por que o estado nacional
brasileiro se posiciona a favor desse empreendimento que não beneficia a maior parte da
sociedade? Nessa mesma linha de raciocínio podemos trazer à lume questões mais amplas,
como por exemplo, o que justifica os problemas mais básicos (como saúde e educação) se
cada vez mais podemos presenciar os constantes avanços científicos e tecnológicos em
diversas áreas do conhecimento humano?
A resposta a essas questões está na concepção política-ideológica que domina os
estados nacionais no contexto da globalização. Com a globalização, ou “globalitarismo”,
como prefere o geógrafo brasileiro Milton Santos, o que temos atualmente no Brasil, é um
“território nacional da economia internacional” (SANTOS, 2001), ou seja, o estado brasileiro
figurando como um mero gerente passivo de um mercado econômico global que visa garantir
os interesses de grandes empresas detentoras de um número cada vez maior de capital
acumulado em contraste com a crescente miséria nas classes mais baixas.
A maior parte das causas de toda a problemática que envolve a UHE Belo Monte
deve-se ao fato de que esse empreendimento é fruto de um planejamento abstrato que não dá
conta da vida nos lugares e que entra diretamente em colisão com os modos de vida
tradicionais dos povos indígenas e de outras populações locais, como os ribeirinhos e
pequenos agricultores. Entre as maiores contradições de todo esse processo é o fato da
ausência de discussão sobre a viabilidade sócio-ambiental e cultural desse projeto que afeta
diretamente as comunidades locais, além de uma nítida inversão de adequação das populações
tradicionais que habitam a região do rio Xingu, em relação à implantação da hidrelétrica Belo
Monte. Fala-se muito em adequação das populações afetadas “ao projeto”, ao invés de
adequação “do projeto” às populações, ou seja, não são as condições e os impactos de
instalação do empreendimento (assim como a viabilidade do projeto) na região que
precisariam ser estudados e discutidos, antes, aparece como fato inelutável e inquestionável.
O discurso dominante é de que as populações atingidas pela implantação da hidrelétrica
devem se “adequar” à situação imposta ou até, se for o caso, se retirar de suas terras e abdicar
de suas imemoráveis tradições e abandonar imediatamente conceitos sobre modos de
existência, geralmente muito ligados ao território onde residem.
O fato de que a construção de Belo Monte não atende aos ditames constitucionais e
que todo o processo de licenciamento do empreendimento vem sendo construído sem um
amplo debate com as populações afetadas pela UHE, muito menos pela sociedade brasileira
como um todo, aponta para uma visão e modelo de desenvolvimento do governo federal que
não encontra aceitação nos “lugares” concretos. Sobre a importância dos lugares como
constituidores da realidade concreta do mundo, o geógrafo Milton Santos afirma:

“Como sabemos, o mundo, como um conjunto de essências e de


possibilidades, não existe para ele próprio, e apenas o faz para os
outros. É o espaço, isto é, os lugares, que realizam e revelam o mundo,
tornando-o historicizado e geografizado, isto é, empiricizado. Os
lugares são, pois, o mundo que eles reproduzem de modos específicos,
individuais, diversos. Eles são singulares, mas são também globais,
manifestações da totalidade-mundo, da qual são formas particulares”.
(SANTOS, 2001, p.112)

Todo esse processo de contradição entre interesses globais e locais gera nas sociedades
o que Milton Santos chama de “esquizofrenia do espaço”. O território e o lugar são
esquizofrênicos, porque enquanto acolhem os vetores da globalização, que se instalam para
impor sua nova ordem, ao mesmo tempo neles se produz uma “contra-ordem”, - resultado de
“contra-racionalidades” que lutam contra a chamada “Razão Hegemônica”- por que há uma
produção acelerada de pobres, excluídos e marginalizados. (SANTOS, 2001).
É necessário olhar para essa “lógica global” de uma forma diferente. Ao contrário do
discurso neoliberal, que defende a existência de um estado mínimo que permite que a “mão
invisível” do mercado opere livremente, Milton Santos defende um estado forte e ativo. O
geógrafo afirma que é o estado nacional que, afinal, regula o mundo financeiro e constrói as
estruturas necessárias para a viabilidade das grandes empresas. Dessa forma, o estado
nacional pode se posicionar com uma maior autonomia ante ao mercado global de maneira
que se busquem os interesses reais e mais emergentes da nação. A soberania de cada estado
depende, fundamentalmente, da forma como o governo de cada país decide fazer sua inserção
no mundo globalizado. Não há apenas um caminho, um pensamento que seja único, e este não
é obrigatoriamente o da passividade. Dessa forma, cabe ao estado procurar implantar medidas
e buscar iniciativas que realmente traduzam os interesses da nação, iniciando por um amplo
debate nacional sobre o modelo de “Desenvolvimento” a ser adotado, conceito esse que, aliás,
está longe de ser unívoco na sociedade brasileira.

Desenvolvimento: Um conceito Polissêmico

Os conflitos advindos da questão Belo Monte giram em torno de diferentes e


conflitantes concepções e significados que diferentes sociedades, no tempo e no espaço,
atribuem ao conceito de “Desenvolvimento”. Dessa forma, esse modelo de desenvolvimento
adotado pelo governo federal, embora se apresente como tal, não é o único existente e
possível na sociedade brasileira. Na verdade a construção da UHE Belo Monte representa a
imposição de apenas um discurso (hegemônico) sobre qual seria o melhor modelo de
desenvolvimento do país a ser adotado. Ainda nesse sentido, afirma a antropóloga Andreia
Zhouriiii:

“Nesse sentido, considero que as relações de poder entre os sujeitos


sociais que conjugam determinados significados de meio ambiente,
espaço e território, consolidam certos sentidos, noções e categorias
que passam a vigorar como as mais legítimas e passíveis de sustentar
as ações sociais e políticas. Em consequência, produzem um efeito
silenciador e, portanto, excluem outras visões e perspectivas
concorrenciais.” (ZHOURI, p. 2).

Essas “categorias” e percepções sobre o meio ambiente que vigoram como legítimas e
hegemônicas aparecem mascaradas por um discurso que evoca “interesses globais” com
pretensões de universalidade e de consenso. Nessa lógica, todas as posições discordantes
(povos indígenas e populações ribeirinhas, por exemplo) são vistas como demonstrações de
interesses mesquinhos e particulares, sendo apenas reflexo de motivos pessoais e pontuais em
contraste com um suposto “interesse público” que deve ser atendido. É afirmado ainda, que o
projeto Belo Monte afirma está em perfeita consonância com o compromisso “nacional” de
assegurar o uso racional de recursos naturais, a proteção ambiental e o desenvolvimento
sustentável (Através da utilização de uma chamada “energia limpa”)¹. Além de propiciar uma
nova fonte de energia elétrica importante para apoiar o crescimento econômico e demográfico
do país, a usina de Belo Monte também melhoraria as condições de vida das comunidades
locais, além de intensificar a produção ambiental na área.
No entanto, o argumento de que o “interesse público” é favorável à implantação de
Belo Monte se mostra uma inverdade flagrante ante aos fatos concretos e subestima a
capacidade crítica da sociedade brasileira. A verdade é que todo esse processo gira em torno
do favorecimento de grandes empresas (empreiteiras, polos industriais, etc.) Processo esse em
que as populações locais (indígenas, ribeirinhos, pequenos agricultores, etc.) representam as
pessoas que estão no “caminho” – no caminho da história, do progresso, do desenvolvimento
-; pessoas que são classificadas e descartadas como obsoletas. Nesse sentido o único e real
interesse é pelo resultado final (a implantação de Belo Monte), representando um estilo de
gestão autoritária e caracteristicamente moderno: - em que atrocidades são cometidas contra
outras formas de ser, saber e fazer do Brasil – indireto, impessoal e mediado por complexas
organizações e funções institucionais. Tudo isso remete a um significado simbólico em que a
nova sociedade deve destruir todas as formas que lembrem o “passado”, a fim de que não se
possa mais voltar atrás. (BERMAN, 1986).
Como atesta o filósofo Marshall Berman, o perigo do chamado “progresso” não está
nos avanços científicos e tecnológicos em si, mas sim, no uso político que essas tecnologias
recebem. O ideal seria que a sociedade fosse capaz de participar ativamente e de escolher o
modelo de desenvolvimento a ser buscado pelo seu próprio país. Devemos criar e ouvir
diferentes formas de conceber o desenvolvimento de cada nação, de forma que o homem não
exista em função do modelo de desenvolvimento criado, mas este, sim, em função do homem.
Dessa forma o desafio passa a ser o de reorientar o “progresso” de maneira a torná-lo
compatível com a preservação do equilíbrio ecológico do planeta. (LOWY, 2005) Mostra-se
necessário dessa maneira, juntar esforços para colocar outra vez o homem no centro do
processo e consequentemente retirar o dinheiro em estado puro dessa posição. (SANTOS,
2001).
Relembrando Marx (2006), podemos dizer que no contexto do capitalismo moderno,
todos os valores (inclusive, os humanos) foram “transmutados em valor de troca”, ou seja,
uma ordem que relaciona nosso valor humano ao nosso preço de mercado. Nesse mesmo
sentido, Berman afirma que:

“Com isso, qualquer espécie de conduta humana se torna


permissível no instante em que se mostre economicamente
viável, tornando-se “valiosa”; tudo que pagar bem terá livre
curso” (BERMAN, 1986, p.108).

Considerações Finais

Diante de tudo o que foi exposto, principalmente em relação às críticas do modelo


hegemônico, o leitor poderia, de maneira justificável, emitir uma indagação: “Qual é então, o
modelo ideal de desenvolvimento?” Está muito longe dos reais objetivos da Antropologia, a
ideia de produzir fórmulas prontas e respostas normativas a tais questões. Tal resposta seria
uma contradição para uma ciência que lida com a complexidade dos significados de diferentes
cosmovisões de povos diversos sobre uma mesma situação.
A antropologia com sua abordagem peculiar, buscando olhar e perceber o ‘outro’
como um espelho que nos ajuda a olhar nós mesmos por perspectivas diferentes, e
consequentemente enriquecendo nossa compreensão do ser humano, deve continuar
exercendo a sua capacidade de lutar para ouvir e respeitar às diferentes posições sobre cada
contexto. Segundo o antropólogo Gustavo Lins Ribeiroiv, Belo Monte esconde uma
“concepção de desenvolvimento que está equivocada e que não respeita as populações locais.”
Ele reitera afirmando que nesse caso, o que temos, é o “sequestro da capacidade de ser sujeito
do seu próprio destino das populações locais, fruto de um planejamento autoritário e
centralizado”.
Escutar e permitir a participação da sociedade brasileira como um todo, além do
respeito ao direito de serem sujeitos de sua própria história das populações afetadas pelo
empreendimento de Belo Monte, seria uma ótima maneira do estado brasileiro se posicionar
de forma crítica ante as injustiças cometidas no passado. As práticas de genocídio e etnocídio
que constituem capítulos amargos de nossa história devem ceder lugar ao respeito e aceitação
do diferente como possuidor, sim, de traços que o distinguem do ‘Eu’, mas em hipótese
alguma fazer disso o nascedouro de julgamentos de valor ou de base para a criação de
qualquer tipo de hierarquização que só reduz toda a riqueza cultural que a humanidade
produz.

Notas

i
O prejuízo econômico decorrente do funcionamento sazonal da usina, que resultará
da ociosidade operativa de Belo Monte - imposta inexoravelmente pela vazão natural
flutuante do rio Xingu, a qual impõe um gap superior a 60% entre a potência instalada
e a potência média estimada durante o ano. Esta omissão na análise, simultaneamente,
afeta a conclusão sobre a viabilidade técnica e econômica da obra bem como abre
capítulos futuros de ameaças ambientais e sociais já identificadas no passado sobre
grandes extensões territoriais potencialmente alagáveis, caso sejam construídos
barramentos a montante para regularizar a vazão do rio. (Fonte: Painel de
Especialistas.) Disponível em:
www.internationalrivers.org/files/Resumo%20Executivo%20Painel%20de%Especialis
tas out2009.pdf).

ii
Em outubro de 2009, o Painel de Especialistas, composto por antropólogos,
sociólogos, biólogos, engenheiros elétricos e mecânicos, economistas geógrafos,
especialistas em energia, ecólogos, ictiólogos, hidrólogos, etnólogos, zoólogos,
cientistas políticos e pesquisadores da área de saúde pública e da assistência social,
protocolou no IBAMA e no Ministério Público Federal um documento de análise
crítica dos Estudos de Impacto Ambiental da UHE Belo Monte (disponível em
www.internationalrivers.org/files/Resumo%20Executivo%20Painel%20de%Especialis
tas out2009.pdf), no qual apontava, dentre outros, 8 pontos críticos do projeto.

iii
Esse trecho citado faz parte de uma palestra proferida pela professora Andreia
Zhouri, na mesa redonda: “Sujeitos sociais e espaços urbanos: Questões e
contribuições para a Psicologia Social”, durante o XIII Encontro Nacional da
ABRAPSO. O texto foi publicado no periódico: “Comunidades, Meio Ambiente,
Desenvolvimento. nº17.” O artigo é paginado, porém não consta nele o ano da
publicação.

iv
Essas citações são fragmentos de uma comunicação oral do professor Gustavo Lins
Ribeiro, em um seminário intitulado: “A Hidrelétrica de Belo Monte e a questão
indígena”, realizado no dia 7 de fevereiro de 2011, na universidade de Brasília (UnB),
organizado pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Fundação Darcy
Ribeiro e a própria UnB. Esse seminário reuniu acadêmicos, lideranças indígenas e de
movimentos sociais, (Como por exemplo, o Movimento Xingu Vivo e o Movimento
dos atingidos por barragens), além de procuradores da república e representantes do
governo federal. Os vídeos desse seminário se encontram hospedados no canal da
ABA, no site: www.youtube.com.

Referências Bibliográficas:

BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar. A aventura da modernidade. São
Paulo: Cia. das Letras, 1986.
LOWY, Michael. Progresso destrutivo: Marx, Engels e a ecologia. In: Ecologia e socialismo.
São Paulo: Cortez Editora, 2005.
MARX, Karl. A mercadoria. In: O Capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
Livro 1, Volume 1.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal.
Rio de Janeiro: Record, 2001.
ZHOURI, Andreia. Justiça ambiental, diversidade cultural e accountability: Desafios para a
governança ambiental. Revista Brasileira de Ciências Sociais – Vol. 23 Nº 68, out, 2008, p.
97-106.
ZUGMAN, Daniel Leib. O Dever de Consulta aos povos indígenas e a construção da usina de
Belo Monte. Revista de Direito/GV. Ano 2, Vol.1, Nº 3, jul, 2013, p. 94-106.

Sítios Eletrônicos

INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Disponível em:


< http://www.socioambiental.org/esp/bm/hist.asp>

Portal da Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Disponível em:


<http://www.abant.com>

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