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O capítulo em questão trata do conceito da teoria científica chamada Psicanálise,

idealizada pelo médico austríaco Sigmund Freud. Devido a essa criação, Freud é
amplamente conhecido na cultura geral como o "pai da Psicanálise". A Psicanálise foi
um marco no campo da Psicologia pelo fato da ousadia de Freud em submeter à análise
científica temas considerados à época como misteriosos e obscuros, gerando assim um
método interpretativo que busca o significado oculto atrás de palavras, sonhos, ações
etc. É através da análise destes significados que o psicanalista poderá adequar a sua
prática à situação de seu paciente. Existe uma forte relação entre as experiências
pessoais de Freud e o advento da Psicologia, sendo que muitas das suas obras são
transcrições rigorosas dessas experiências, como é o caso de O Significado dos Sonhos,
dentre outros. Freud formou-se em Medicina, em 1881, começando sua carreira médica
atendendo pacientes com "problemas nervosos".

Recebeu uma bolsa de estudos, foi à Paris e teve a oportunidade de trabalhar


com Jean Martin Charcot, neurologista francês com grandes contribuições dentro das
patologias mentais. Charcot tratava seus pacientes histéricos através de hipnose, fazendo
com que Freud adotasse a sugestão hipnótica como ferramenta de trabalho, ao retornar
para Viena. Em Viena, Freud teve contato com Josef Breuer, médico e cientista que
compartilhou um dos casos emblemáticos da carreira de Freud: Anna O. Neste caso,
Freud obteve êxito ao utilizar a sugestão hipnótica para acessar informações que a
paciente não conseguia reproduzir normalmente. Em seguida, Freud passou a utilizar
um método denominado por Breuer como "método catártico", que consistia em "liberar
os afetos e as emoções ligados a acontecimentos traumáticos que não puderam ser
expressos na ocasião da vivência desagradável ou dolorosa" (BOCK, 2018, p. 39).

Posteriormente, os trabalhos de Freud o levaram a adotar uma nova metodologia


de trabalho, abandonando as perguntas e dando livre curso às ideias dos pacientes. Ao
utilizar essa postura, Freud percebeu que, em muitos casos, havia pensamentos que
geravam desconforto quando surgiam na mente de seus pacientes, o que Freud
denominou “resistência”, e denominou “repressão” o processo que faz esses
sentimentos desaparecerem da mente. E assim foram estabelecidas as bases para o que
Freud chamaria de Psicanálise.

Freud, em sua obra “O Significado dos Sonhos”, teorizou acerca da estrutura do


aparelho psíquico, o qual ele dividiu em três partes: o inconsciente, o pré-consciente e o
consciente. O inconsciente se trata dos conteúdos que não estão presentes na
consciência. São conteúdos reprimidos através de mecanismos de censura internos. É
atemporal, inexistindo a noção de passado ou presente. O pré-consciente é onde ficam
as informações que não estão atualmente no consciente, mas podem ser acessadas de
acordo com a necessidade do sujeito. O consciente é o sistema que recebe os estímulos
do mundo interior e exterior, e é onde se localizam os fenômenos da percepção, atenção
e raciocínio.

Através de suas investigações na prática clínica, Freud pôde constatar que os


conflitos experiências traumáticas ocorridas nas idades mais tenras do sujeito deixam
marcas profundas em sua estruturação. Essa constatação se desdobrou em Freud
dividindo o desenvolvimento psicossexual de um sujeito em 5 fases: oral, anal, fálica,
latente e genital. Na fase oral, o indivíduo tem como zona erógena a mucosa bucal,
tendo relação direta com a ação de sucção, muito comum nos primeiros meses de vida
da criança. Na fase anal, a zona erógena é o controle dos esfíncteres, ou seja, o controle
do ato de defecar. Na fase fálica, a zona erógena é o órgão sexual, e é onde ocorre o
ápice e o declínio do complexo de Édipo. No período latente, a energia sexual diminui,
e há o início da curiosidade a respeito do universo e a formação de valores e princípios
morais. Na fase genital, a zona erógena é o outro, que passa a ser o objeto de desejo do
sujeito.

Posteriormente, Freud desenvolve o conceito da realidade psíquica, onde ele diz


que uma situação, seja ela real ou imaginária, pode ter a mesma força e efeitos para um
paciente, sendo que a realidade psíquica deve prevalecer sobre a realidade objetiva.
Freud também trabalha os conceitos de pulsão, que são impulsos que buscam a
supressão de um estado através de um objeto. Ele classifica as pulsões como Eros, que é
a pulsão sexual e de autoconservação e Tânatos, que é a pulsão de se autodestruir e/ou
agressiva. Além disso, também desenvolveu o conceito de sintoma, que se trata de uma
produção – pensamento ou comportamento – resultante do conflito entre o desejo e os
mecanismos de defesa.

Em 1920, Freud remodelou sua teoria do aparelho psíquico, vindo a criar o


modelo que é utilizado até hoje: id, ego e superego. Id é onde se localizam as pulsões de
vida e de morte, sendo regido pelo princípio do prazer. Ego é o mediador entre o id e o
superego, fazendo com que os interesses do sujeito sejam atendidos e é regido pelo
princípio da realidade. O superego é originário do complexo de Édipo, e é nele onde
ficam a moral, os princípios e as exigências sociais e culturais. Uma parte importante do
superego é a criação do sentimento de culpa, onde o sujeito torna-se capaz de
internalizar regras e segui-las sem a necessidade de tutoria.

Por fim, Freud desenvolveu a teoria dos mecanismos de defesa, que se trata de
mecanismos inconscientes de deformação ou supressão da realidade, com o intuito de
evitar o sofrimento do sujeito. São eles: Recalque, formação reativa, regressão, projeção
e racionalização. O recalque é o mecanismo de defesa mais radical, pois ele faz com que
o indivíduo não veja, não ouça o que ocorre. Ele simplesmente ignora a parte do evento
que o causa sofrimento. Na regressão, o indivíduo retorna a fases anteriores de seu
desenvolvimento mental, agindo e se expressando de forma mais primitiva, voltando
para uma fase onde ele se sentia mais seguro. Na formação Reativa, o indivíduo sente
grande vontade de fazer ou dizer algo que pode ser punível socialmente, porém age de
maneira diametralmente oposta a este desejo para demonstrar distanciamento dele. Na
projeção, o indivíduo projeta em outrem pensamentos indesejáveis e/ou reprimidos,
objetivando a diminuição de sua ansiedade através da expressão destes pensamentos em
outra pessoa. Na racionalização, o indivíduo desenvolve uma linha de argumentação
lógica, com o intuito de justificar os estados deformados da consciência.

   

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