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O que é globalização?

globalização

Extinção de cargos, mandatos mais longos… veja o que pode mudar com a Reforma
Política.

Foto Pixabay

A globalização é um processo de expansão econômica, política e cultural a nível


mundial. Sua origem remete ao período das Grandes Navegações no século XVI, momento
em que as trocas comerciais se ampliaram para outras nações.
No último século, o processo de globalização se acelerou bastante devido à Terceira
Revolução Industrial (ou Revolução Técnico-Científico-Informacional). Ela promoveu
a evolução das tecnologias de transporte e comunicação, de modo que a distância e
as fronteiras geográficas se tornam cada vez menores. Isso contribuiu diretamente
para o aumento das trocas comerciais entre os países, sobretudo para a velocidade
em que essas trocas acontecem. Quer entender melhor o processo de globalização?
Continue a leitura!

Veja também: a crise migratória venezuelana.

As Grandes Navegações talvez tenham sido o primeiro passo para o mundo se tornar
globalizado. Foi um período de procura por novos locais para fazer comércio e
explorar territórios que aconteceu entre os séculos XV e XVII. Era o início da
construção de um comércio global, além do continente europeu, com as trocas
comerciais se expandindo internacionalmente, principalmente para as Américas e para
a África.

Naquela época, a Itália tinha o monopólio da rota pelo Mar Mediterrâneo para a
Índia, grande fornecedora de especiarias (produtos utilizados para temperar e
conservar alimentos, elaborar medicamentos, cosméticos e outros produtos de
farmácia). Dessa forma, os italianos cobravam o preço que desejassem para revender
tais mercadorias.

Por isso, havia a intenção, por parte de outros países como Espanha e Portugal, de
romper com o monopólio, encontrando um novo caminho para as Índias Orientais
(sudeste asiático). Além disso, existia o interesse por descobrir novas terras com
o objetivo de encontrar, possivelmente, metais preciosos, produtos agrícolas ou
pessoas para catequizar a religião católica nas regiões descobertas. Dava-se início
à chamada “Era dos Descobrimentos”, financiada pelas coroas portuguesa e espanhola,
em aliança com suas respectivas burguesias. Leia mais!

Esse período levou ao desenvolvimento da cartografia, à mudança do eixo do comércio


mundial do Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico, à chegada dos europeus na
América, incluindo o Brasil, e à evolução do comércio a nível internacional.

Apesar do aumento das trocas comerciais, os recursos disponíveis nos séculos XV a


XVII eram muito diferentes dos que surgiram com a Terceira Revolução Industrial no
século XX. Na Era das Navegações, tecnologias como caravelas, bússolas, pólvora e a
invenção da imprensa foram importantes para as conquistas. A partir do século XX,
surgem contextos político-econômicos, culturais e tecnológicos mais favoráveis à
globalização. Entenda a seguir.

Você sabe o que é política externa? Confira!

Um dos principais elementos da globalização é a expansão do comércio mundial, sendo


que a busca por vantagens competitivas traz como consequências quatro principais
fatores econômicos:
Com as trocas comerciais acontecendo entre diferentes países, a concorrência
aumentou a nível mundial e teve reflexos na economia e na política.

O mercado financeiro é constituído por bancos e bolsas de valores, que são


instituições que negociam as ações das empresas. Assim, faz a ligação entre
empresas e pessoas com capital sobrando e as sem capital. Através das bolsas de
valores, é atraído o capital especulativo, também denominado “capital volátil”,
isto é, um dinheiro que pode entrar ou sair com facilidade naquele mercado.

As principais bolsas de valores hoje são as de Nova York, Tóquio, Londres,


Frankfurt e São Paulo (Bovespa).

Veja também: o que é grau de investimento?

É muito comum ocorrer fusão entre o capital bancário e a produção industrial, o que
gera a concentração e centralização de capitais. Essa é uma característica do
capitalismo financeiro e permite a formação de empresas com grande poder econômico,
capazes de produzir e vender em regiões distantes entre si.

Tais empresas são chamadas de transnacionais porque transpõem as fronteiras


originais em que foram criadas. Assim, possuem fábricas em diferentes países e são
consumidas no mundo todo. Em 2017, por exemplo, algumas empresas mundialmente
influentes no setor de alimentos são Nestlé, Pepsi e Coca-Cola.

Veja também: quem são os atores da política externa?

Reunião do Mercosul em 2010. Foto: Leo La Valle/EFE

Os países perceberam que a formação de blocos econômicos pode trazer vantagens


competitivas em um cenário de ampla concorrência, além de garantir maiores ganhos
econômicos. Tais grupos se tornaram uma prática comum a partir da década de 1990,
após o fim da Guerra Fria.

Os blocos econômicos normalmente se iniciam através de acordos que estabelecem


zonas de livre comércio (ZEEs), lugares onde não são cobradas tarifas
alfandegárias, como o NAFTA (Tratado de Livre Comércio das Américas).

Os blocos econômicos podem adicionar também ao seu acordo uma união Aduaneira, ou
seja, o estabelecimento de uma tarifa externa comum. Isso significa que todos os
países que compõem o bloco irão aplicar a mesma taxação em relação à importação de
bens de países fora do bloco. Um exemplo de união aduaneira é o Mercosul.

Hoje, um dos maiores e mais complexos blocos econômicos é a União Europeia. Além de
se configurar como uma zona de livre comércio e possuir uma união aduaneira, ela
também se estabelece como um mercado comum, isto é, permite a livre circulação de
pessoas, capital e trabalho entre os países pertencentes ao bloco. Além disso, ele
também padroniza as legislações econômica, trabalhista, fiscal e ambiental.

Por fim, a União Europeia também possui uma política monetária unificada. Em 1998,
o bloco iniciou o processo de adoção de uma moeda única (euro), fato que exigiu a
convergência das políticas econômicas entre os países pertencentes à união. Entenda
a história da União Europeia!

Afinal, o que é economia? Confira!

Com o fim da União Soviética o mundo deixa de ser caracterizado pela sua
bipolaridade – dois extremos de força política/econômica/militar representados
pelos Estados Unidos da América e a União Soviética – e adquire um caráter
multipolar, ou seja, mais de dois países com uma dimensão de poder internacional
significativo (como a Alemanha, China, Inglaterra, dentre outros).

A expansão da economia no contexto multipolar fez surgir a necessidade de políticas


reguladoras, a fim de facilitar as trocas comerciais entre diferentes países e
solucionar possíveis conflitos de interesse. Dessa forma, os países buscaram,
através de instituições internacionais, formas de delimitar regras comuns sobre as
trocas comerciais e um espaço formal para a resolução de possíveis conflitos
econômicos entre dois ou mais países.

Primeiramente, nasceu o acordo geral de tarifas e comércio (GATT) em 1947, que


buscava estabelecer as premissas básicas para o comércio internacional. Com o
passar do tempo e o surgimento de regras mais fortes, o GATT evoluiu para a
Organização Mundial do Comércio (OMC), na década de 1990. Uma das principais
temáticas atuais da OMC, representada pela chamada Rodada de Doha, é a prática de
subsídios agrícolas, ou seja, a existência de incentivos fiscais por parte de
países desenvolvidos.

Outro grupo importante no mundo globalizado é o G-8, constituído por Estados


Unidos, Canadá, Itália, França, Alemanha, Inglaterra, Japão e Rússia. Essas
potências econômicas se reúnem quase todos os anos e têm a capacidade de
influenciar os rumos da economia no mundo.

Há também o G-20, que busca políticas que pautam também os países emergentes. Ele é
formado por países desenvolvidos e países emergentes: Estados Unidos, Canadá,
Brasil, Argentina, África do Sul, México, Rússia, Índia, Indonésia, China, Japão,
Coreia do Sul, Turquia, Alemanha, França, Itália, Rússia, Reino Unido, Austrália e
União Europeia.

Confira: como esquerda e direita se diferem na economia?

A cultura é outra dimensão do processo de globalização. A troca de cultura entre


diferentes países, independentemente da fronteira física entre eles também foi
intensificada e acelerada pela Terceira Revolução Industrial.

Podemos definir cultura como o conjunto de conhecimentos, crenças, lei, moral, arte
e costumes de uma sociedade. Os avanços em tecnologias de comunicação,
especialmente o maior acesso à internet nos últimos anos, permitem a disseminação e
o compartilhamento de ideias em tempo real.

Entretanto, esse processo de compartilhamento cultural é desigual. As potências


econômicas possuem maiores recursos para a produção e disseminação cultural. Isso
significa que determinados países exercem uma maior influência cultural sobre
outros.

Um exemplo disso é a predominância de filmes, seriados e músicas produzidos por


países com os maiores recursos econômicos, como os EUA. Tal fato foi observado no
século XX, quando o rádio e a televisão, meios de comunicação de massa, começaram a
ser um artigo comum nas residências das pessoas. Isso possibilitou que a cultura
estrangeira, como por exemplo a norte-americana, influenciasse o consumo de
produtos culturais na maioria dos países no mundo.

Assim, a cultura se transformou em uma “coisa”, isto é, uma mercadoria padronizada,


segundo Theodor Adorno. Esse fenômeno é conhecido como indústria cultural. Ele
ainda é observado no século XXI, e também muito criticado na atualidade.

A Terceira Revolução Industrial também afetou diretamente o setor militar. O século


XX foi marcado por duas guerras mundiais e mais de quarenta anos de Guerra Fria.
Nesse sentido, o poder econômico foi diretamente relacionado também com o poder
militar. Isso significa que além de um país almejar o sucesso econômico, ele também
tem como objetivo garantir um crescimento de sua tecnologia militar para garantir
sua segurança e posição de poder na política internacional.

Os Estados Unidos são o país que mais gasta com militarismo. Possui bases militares
espalhadas entre o hemisfério norte e sul, do Ocidente ao Oriente, exercendo grande
influência militar sobre a geopolítica mundial. Também há frotas navais dos EUA em
diversas regiões no mundo.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) surgiu após a Segunda Guerra


Mundial com o objetivo de os países se protegerem mutuamente contra uma ameaças
externas. Ela é formada por Estados Unidos, Canadá e países da Europa ocidental e
oriental. A organização é um exemplo das instituições militares internacionais
criadas no contexto da Guerra Fria, mas que existem até hoje.

Ainda sobre o militarismo, é importante falar em armas nucleares. Em 1968, foi


firmado o Tratado de Não Proliferação (TNP) pelos países que tinham bombas
atômicas, a fim de restringir outras nações a terem tal tecnologia. Esse assunto
tem particular relevância nos últimos anos devido a nações que não assinaram o
tratado e afirmam possuir bombas nucleares, como a Coreia do Norte.

O Brasil é um dos principais exportadores de laranja, açúcar, soja e café.


Respectivamente, o país representa 85%, 50%, 40% e 27% do comércio destes alimentos
no mundo.

Também somos um dos principais produtores de minerais metálicos, como Ferro,


Manganês e Bauxita. Além disso, exportamos produtos manufaturados (automóveis,
aviões, eletroeletrônicos) e celulose (que é semimanufaturada).

O Brasil é um grande importador de combustíveis fósseis, e maquinários. Porém. é


exportador de produtos agrícolas, que possuem baixo valor agregado. Por isso,
manter a balança comercial positiva é um desafio. Ela é o cálculo que representa o
valor das exportações menos o das importações.

Os maiores parceiros comerciais do Brasil atualmente estão localizados na Ásia, ou


pertencem ao Mercosul. Um dos fatores que dificultam o avanço do comércio
brasileiro para outros países são as barreiras comerciais internacionais.

Alguns países impedem a entrada de produtos brasileiros para evitar a concorrência


com a produção nacional. Dessa forma, o Brasil possui uma presença importante em
fóruns internacionais como a OMC para reivindicar, em parceira com outros países,
condições iguais de concorrência internacional.

Deu para ter uma ideia sobre o que é globalização a nível cultural, econômico e
político?

Fontes: Globalização: integração econômica e sistema financeiro – Globalização:


sociedade e política – Globalização: comércio exterior – Expansão Marítima Europeia
– Nova Ordem Mundial – Meios de Comunicação e Indústria Cultural

Publicado em 13 de outubro de 2017.

Karina Lopes
Karina tem o sonho de contribuir para uma educação igualitária no Brasil. É
graduanda em Comunicação Social na USP e escreve no blog do Geekie Games, uma
plataforma de ensino adaptativo que ajuda milhões de brasileiros na preparação para
o Enem e os vestibulares.

João Gonçalves
Formado em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Uberlândia e
product designer na Geekie. Escreve também para o blog do Geekie Games.

Gabriel Marmentini
Mestrando em Administração e Graduado em Administração Pública pela UDESC/ESAG.
Diversas experiências em organizações e movimentos sociais. Atua no Politize! e na
ACBG Brasil - Associação de Câncer de Boca e Garganta.

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