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CMRJ – 9º ano – Geografia – Nota de Aula – 2º Trimestre – 2020

As transformações políticas, econômicas e sociais no leste europeu: A entrada da Bulgária e


da Romênia na União Europeia.

O dia 1º de Janeiro de 2007 marcou um novo período na história da Bulgária e da


Romênia. A admissão à União Europeia é, provavelmente, o momento mais importante da transição
que esses dois países vêm realizando desde o fim do Bloco Socialista, em 1991. Durante quase 50
anos, Romênia e Bulgária estiveram na periferia do socialismo, mantendo economias planificadas e
predominantemente agrárias. A entrada na União Europeia proporciona aos dois povos uma
perspectiva de dias melhores, já que a transição para a economia de mercado não vem sendo um
processo fácil.
Apesar dos benefícios que os búlgaros e os romenos começaram a desfrutar com as
importantes mudanças políticas e econômicas, os desafios e problemas típicos da economia
capitalista também apareceram. O fechamento das atrasadas indústrias da era socialista e o
acelerado processo de privatizações, provocaram desemprego e uma grande queda no padrão de
vida da maior parte dos búlgaros e dos romenos nos primeiros anos da transição. Durante as
décadas da economia planificada, o padrão de vida dos búlgaros, por exemplo, não era dos
melhores, mas com a transição registrou-se uma queda de 40%. Em 2004, ficou provado que o
período mais difícil da transição havia passado, e o padrão de vida começou a melhorar no país. A
entrada na U.E promete elevar o padrão de vida dos búlgaros (e dos romenos) a níveis superiores
àqueles registrados no período da economia planificada e nos primeiros anos da transição. Da
mesma forma, a tendência é que o processo de industrialização ganhe força, impulsionando a
urbanização, já que boa parte dos romenos e dos búlgaros trabalha em áreas rurais pouco
mecanizadas.
Bulgária e Romênia são os países mais pobres da União Europeia, ainda que a economia
romena esteja alguns passos à frente da búlgara. Os agricultores dos dois países estão tendo muita
dificuldade em se adptar às diversas determinações referentes aos padrões de produção exigidos
para um país da U.E. Do mesmo modo, os agricultores já começam a perceber que a livre
competição com os mercados agrícolas mecanizados de outros países europeus será muito difícil de
ser vencida. As adaptações na agricultura são apenas algumas das inúmeras exigências que Bulgária
e Romênia necessitam cumprir. Os altos índices de corrupção, crime organizado e economia
clandestina são desafios que preocupam a todos, tantos aos dois governos como à União Europeia.
A pobreza também é um item importante a ser superado pelos dois novos integrantes do principal
bloco europeu.
Com os avanços sociais, políticos e econômicos, búlgaros e romenos esperam contrariar
as previsões de que as levas de emigrantes iriam aumentar assustadoramente após o ingresso na
U.E. Os dois governos esperam que, especialmente a mão-de-obra qualificada, permaneça no país

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para ajudar a transpor os inúmeros desafios futuros. Depois de mais de 10 anos tentando entrar na
União Europeia, Romênia e Bulgária perceberam em 2007, que o ingresso no bloco significa tanto
um importante passo para se aproximar do desenvolvimento, como o início de um período de
grandes desafios.
O principal interesse da União Europeia na entrada desses dois países é estender sua
fronteira leste para se proteger, cada vez mais, de possíveis “problemas com a Rússia”, com o
Oriente Médio e, principalmente com a Turquia, que há vários anos tem sua entrada negada na U.E.

Mapa 1 - União Europeia e Rússia; parceria econômica e rivalidade geopolítica.

OBS(1): O Reino Unido não faz mais parte da U.E, desde 31 de Janeiro de 2020.

OBS (2): Observe, através das setas azul (localização do território russo) e cinza (países da U.E),
que a entrada de Bulgária e Romênia, completam a formação de uma “barreira” que interpõe uma
série de países entre a Rússia e o “coração” do bloco europeu (Alemanha, França e Itália).
OBS(3): A União Europeia consome 70% do petróleo e 65% do gás exportado pela Rússia.

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Mapa 2: Mar Negro: parceria econômica e rivalidade geopolítica.

OBS(4): O Mar Negro é uma rota fundamental na grande parceria comercial da U.E com a
Rússia.

OBS(5): Observe, através das indicações na cor verde, que a Geórgia foi alvo de incursões russas
em 2009, bem como o porto de Sebastopol, este último, parte da região da Crimeia, a qual a
Rússia reincorporou ao seu território, em 2014, mesmo sem acordo com a Ucrânia. Em azul, estão
sublinhados os territórios de Bulgária e Romênia, que “protegem”, estrategicamente, o coração da
U.E.

Virada do ano é marcada por atentados e pela expansão da UE

Adapatado da Folha Online e Deutsche Welle - 01/01/2007

A chegada de 2007 foi celebrada em todo o mundo com festas e fogos de artifícios tradicionais, mas
enquanto a comemoração foi intensa na Bulgária e na Romênia, que a partir de agora fazem parte da
União Europeia, a virada foi marcada por atentados terroristas na Espanha.
Festa cancelada
Em Madri, o atentado cometido no último sábado pela organização separatista armada ETA (Pátria
Basca e Liberdade) no aeroporto internacional da capital espanhola provocou a suspensão de um
espetáculo de luz e som marcado para celebrar a chegada de 2007.
Celebração na Europa
Horas antes, na Europa, concertos, fogos de artifícios, e sobretudo a comemoração da entrada da
Romênia na União Europeia levou às ruas da capital Bucareste dezenas de milhares de romenos.
Em Sófia (Bulgária), outros milhares de búlgaros celebravam a entrada de seu país no bloco
europeu. Com a entrada da Bulgária e da Romênia a partir de hoje, a UE terá 27 países-membros.
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Já a Eslovênia, que faz parte da UE desde a expansão de 2004, comemorou a adoção do euro a
partir de 2007. Este foi o primeiro país do leste europeu em que a moeda única europeia foi adotada.
Mercado comum
Durante a noite, a Bulgária derrubou barreiras alfandegárias em 15 pontos ao longo da fronteira
com a Grécia e a Romênia. Agora, todos os vizinhos fazem parte de um único mercado, o da União
Europeia.
Os controles alfandegários na fronteira da Bulgária com a Turquia, a Sérvia e a Macedônia, no
entanto, foram fortalecidos, de acordo com os padrões da UE, afirmou Asen Asenov, chefe da
agência de alfândegas.
Em Bucareste, o presidente da Romênia, Traian Basescu, comemorou o fim de 17 anos de reformas
que finalmente permitiram que os dois países, antigamente socialistas, se unissem à UE.
"Foi difícil, mas chegamos ao fim da jornada. É o caminho para nosso futuro, a estrada para nossa
alegria", disse o presidente a milhares de pessoas reunidas na University Square.
Para a população jovem urbana, que poderá estudar ou trabalhar com maior facilidade em outros
países europeus, o ingresso de seus países na UE é motivo de comemoração. Mas para a população
rural, a situação é bem diferente. Cerca de 3.000 pequenos agricultores não vão sobreviver à
acirrada concorrência europeia. Mas até quem cultiva áreas mais extensas e tem maiores chances de
sobrevivência está inseguro. Os agricultores ainda não sabem direito como serão distribuídos os
subsídios agrícolas1 europeus e não conhecem as rigorosas determinações da UE.

A Romênia e a Bulgária possivelmente ainda não têm condições de distribuir de forma sensata e
confiável as subvenções europeias. Pelo menos esta é a visão das autoridades em Bruxelas. Neste
sentido, ambos os países ainda permanecerão "sob observação" após o ingresso. Ambos os países
devem reportar-se para líderes da UE a cada seis meses para mostrar avanços em reformas
econômicas. Apesar de todos os problemas, a Romênia e a Bulgária são países empenhados em se
aproximar dos parâmetros da UE.

U.E manda Bulgária desativar antigos reatores nucleares

O dia 1º de janeiro de 2007 marca não apenas o ingresso da Bulgária na União Europeia (UE), mas
também o fim de uma era para o país: com o desligamento de mais dois reatores da usina nuclear de
Kozloduy, a Bulgária deixará de ser o maior exportador de energia dos Bálcãs. Não só isso: o país
poderá até se ver obrigado a importar energia. O fim das atividades dos reatores 3 e 4 – que, pelas
projeções do fabricante soviético, poderiam funcionar até 2010 e 2012, respectivamente – deverá
trazer graves prejuízos financeiros para o país. A usina de Kozloduy, situada 200 quilômetros ao

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Subsídios agrícolas são incentivos dados pelo Estado para que os agricultores tenham seu custo de produção
diminuído e possam, portanto, competir com mais força nos mercados interno e externo. Esta prática dificulta
sobremaneira as exportações agrícolas de países subdesenvolvidos como o Brasil para áreas mais ricas do
mundo, como a União Europeia.
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norte de Sófia, às margens do rio Danúbio, fornece energia
para Albânia, Grécia, Macedônia, Romênia, Sérvia e Turquia. Mas a União Europeia se mostrou
irredutível. "A situação é muito clara", disse o responsável por energia nuclear da Comissão
Europeia, Roland Kobia. "O desligamento é uma obrigação que consta no tratado de adesão da
Bulgária. Não há nada para negociar."

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