Você está na página 1de 3

Habeas data

CONCEITO
O habeas data é um remédio constitucional, previsto no artigo 5º, inciso
LXXII, destinado a assegurar que um cidadão tenha acesso a dados e informações
pessoais que estejam sob posse do Estado brasileiro, ou de entidades privadas
que tenham informações de caráter público. Ou seja, é o direito de saber o que o
governo sabe (ou afirma saber) sobre você. Ele também pode ser acionado
para corrigir dados pessoais que estejam inexatos.

QUEM PODE IMPETRAR UMA AÇÃO DE HABEAS DATA?


É garantido a todo cidadão brasileiro o direito a requerer habeas data. A ação
é gratuita, não são cobradas custas judiciais. Mas o cidadão precisa acionar um
advogado. É importante perceber também que o impetrante pode apenas pedir
acesso a seus próprios dados, e não de terceiros. Uma exceção a essa
regra ocorre no caso de um cônjuge pedir a liberação de dados do
parceiro falecido.
Além disso, pessoas jurídicas também têm direito de ajuizar ações de habeas
data.

EM QUE CONDIÇÕES ALGUÉM PODE PEDIR UM HABEAS DATA?


Segundo súmula do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o habeas data só é cabível
se antes disso o cidadão solicitar o acesso a dados pessoais a um órgão público e
esse órgão se negar a disponibilizar os dados. Sem essa recusa prévia, o pedido
de habeas data é negado.
Por conta disso, o cidadão precisa observar o rito estabelecido pela lei 9.507/97,
que regula o habeas data. Antes de mais nada, a
pessoa interessada deve apresentar um pedido de acesso aos dados para o órgão
público, que por sua vez tem dois dias para analisar o pedido. Feita a análise, o
cidadão é informado em 24 horas da decisão do órgão. Se recusado o
requerimento, cabe o habeas data.

Em casos de inexatidão de dados, o interessado deve fazer uma petição com


documentos que comprovem o problema. Apresentada a petição, o órgão tem 10
dias para corrigir os dados inexatos e comunicar a correção para o requerente.
COMO FUNCIONA UM PROCESSO DE HABEAS DATA?

Digamos que você tenha pedido seus dados pessoais a um órgão público e este se
recusou a entregá-las. E agora, quais são os próximos passos?

A primeira coisa que você deve fazer é elaborar uma petição inicial, que precisa
cumprir os requisitos mínimos (art. 319 do Código de Processo Civil), além de
incluir provas. Essa petição precisa ser entregue em duas vias ao tribunal. O órgão
processado (chamado de coator) recebe uma dessas vias e tem 10 dias para
prestar esclarecimentos.
Após esse prazo, o Ministério Público deve se manifestar em cinco dias e por fim,
o juiz terá outros cinco dias para proferir a sentença. Se aceito o pedido
de habeas data, o juiz marcará uma data para que o órgão coator disponibilize os
dados ao cidadão.
E é assim que o habeas data garante, em questão de dias, o acesso aos dados
solicitados.

Habeas data: Constituição Federal

O habeas data é um mecanismo de proteção de direitos e garantias


fundamentais, previsto no artigo 5º, inciso LXXII, alíneas “a” e “b”. O bem
jurídico protegido pelo habeas data são o acesso e a possibilidade de
retificação aos dados, de pessoa física ou jurídica, constantes em bancos de
dados, públicos ou particulares de caráter público. O habeas data, portanto,
é uma peça processual de Direito Constitucional que visa garantir o acesso
às informações personalíssimas registradas pelo Estado. É uma inovação da
CF/88 e possui como origem a falta de liberdade e acesso à informação
vivida no período da ditadura militar.

Para a prova de Segunda Fase, é muito importante saber, especialmente, o


conteúdo das alíneas do artigo 5º, inciso LXXII, pois lá estão presentes as
hipóteses de impetração de habeas data, qual sejam: a) para assegurar o
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo.

Habeas data: lei

Além da previsão na Constituição Federal, o habeas data é regulado pela Lei


nº 9.507/97. Essa lei regula o direito ao acesso à informação, além de
disciplinar o rito processual que deve seguir o habeas data, quando for
necessária a judicialização da questão.

Habeas data: competência

No artigo 20, alíneas “a” a “e” da Lei 9507/97, são determinadas as


competências originárias dos Tribunais Superiores ou da Justiça Federal para
o julgamento do habeas data. No demais, conforme alínea “f” do inciso I,
cabe ao juiz estadual processar e julgar o habeas data.

Diferença entre habeas corpus e habeas data

Precipuamente, a diferença entre habeas corpus e habeas data é quanto ao


bem jurídico protegido. Ambos são considerados remédios constitucionais,
previstos no artigo 5º da Constituição Federal, e fazem parte da seara dos
direitos e garantias fundamentais.

Ocorre que o habeas corpus vem socorrer o indivíduo perante à ameaça ou


violação do seu direito de ir e vir, ou seja, o seu direito à liberdade. Por sua
vez, o habeas data é uma proteção concernente à intimidade e ao limite do
Estado na retenção de dados sobre os seus cidadãos em seus bancos de
dados públicos.

Você também pode gostar