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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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MARCHA LENTA

Euforia com vitória no Iraque cede, e consumidor fica


mais pessimista; mercado prevê novo corte nos juros

Depois da guerra, confiança cai nos


EUA
DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos experimentaram dias de recuperação na


atividade depois do encerramento dos bombardeios ao
Iraque, mas a economia do país voltou a dar sinais de
desaceleração. Para os analistas de Wall Street, já é
praticamente certo que o Federal Reserve (banco central
norte-americano) reduzirá ainda mais as taxas de juros.
A confiança dos consumidores norte-americanos sofreu,
neste mês, a queda mais acentuada do ano. De acordo com
números preliminares da Universidade de Michigan, o índice
de confiança recuou de 92,1 pontos, no mês passado, para
87,2 pontos, um tombo inesperado pelos economistas, que
esperavam uma leitura em torno de 93 pontos.

Desalento
"Havia rumores de que os números sobre a confiança
poderiam ser decepcionantes. Mas isso é mais que
decepcionante", disse Chris Rupkey, economista do Bank of
Tokyo-Mitsubishi, em Nova York.
A queda foi puxada pela deterioração das expectativas dos
consumidores. Isso quer dizer que o norte-americano está
menos confiante sobre suas condições econômicos.
Como o consumo é responsável por dois terços da economia
dos EUA, o índice é um dos mais observados pelos analistas.
O crescimento no desemprego, que subiu a seu maior nível
em nove anos (6,1%), explica em grande parte a queda na
confiança.
Para os economistas, está ocorrendo um fenômeno
semelhante ao ocorrido após a Guerra do Golfo, em 1991.
"Parece que haverá uma repetição de 1991", disse Stan
Shipley, economista da corretora Merrill Lynch. "Tivemos
um salto na confiança após a guerra. Então as pessoas
começam olhar para os lados, à procura de empregos, e não
acham nada."
As Bolsas norte-americanas, que passavam por uma
recuperação nas últimas semanas, tomaram uma ducha de
água fria e encerram o dia em queda. O índice Dow Jones
perdeu 0,86%, e a Nasdaq caiu 1,64%.

Números ruins
Dois outros indicadores expõem a retração da demanda
doméstica norte-americana. Em abril, as importações
recuaram, e o índice de preços no atacado caiu 0,3% no mês
passado.
Se o Fed decidir cortar os juros, no dia 25, será a 13ª redução
desde janeiro de 2001. A taxa, que naquela época era de
6,5% ao ano, está agora em 1,25% ao ano, a menor em mais
de quatro décadas.
A expectativa de queda nos juros derrubou o rendimentos
dos Treasuries, os títulos do Tesouro norte-americano. O
retorno dos papéis de curto prazo, com vencimento em dois
anos, caiu ontem para 1,07% ao ano, o menor nível de todos
os tempos.
A queda nos preços do petróleo ajudou os EUA a reduzirem
seu déficit comercial, mas, ainda assim, o buraco foi terceiro
maior da história do país, em termos nominais. A
exportações recuaram para o menor valor desde abril do ano
passado, um sinal da retração na economia mundial.
De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, o
déficit nas transações de mercadorias e serviços recuou para
US$ 42,3 bilhões em abril, ante US$ 42,87 bilhões em
março.
Os números do Departamento do Comércio indicam que a
desvalorização do dólar na comparação com o euro ainda
não surtiu efeito nas exportações do país. O déficit norte-
americano equivale a 5% do PIB (Produto Interno Bruto) do
país, um número tido elevado e que tem provocado o
enfraquecimento do dólar.
Para financiar o déficit, os EUA precisam receber US$ 1,5
bilhão em investimentos a cada dia útil. Com isso não tem
ocorrido, o dólar vem se desvalorizando ante as principais
moedas do planeta.

Com agências internacionais

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