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Carolina Fernandes Ramalho – Clinica Médica I

Professor: Oscar Lara

Infecção Hospitalar
É um tema que depende da situação política e econômica da instituição, ou seja, para que o setor
que controla as infecções hospitalares tenha sucesso, ele precisa ter poder político e força
econômica.

A infecção hospitalar passa por um entrelaçamento entre a história da medicina, o


desenvolvimento dela, pois nos primórdios a humanidade não sabia o que era doença infecciosa,
germe e microorganismo. Passa pelo desenvolvimento dos hospitais e pelo conhecimento do que
é infecção.

Na idade antiga (600 a.C. - 200d.C.)já tinha uma rotina de documentação, ou seja, tudo que era
feito era documentado nas escrituras sagradas ou Vedas (medicina racional – tinha normas a
serem cumpridas). Os primeiros cirurgiões surgiram na Índia (civilização Indu), e já se
preconizava o uso de vestes brancas para fazer cirurgia, ter as unhas aparadas e ter o mínimo de
higiene para realizar um procedimento invasivo.

Na idade média já surgiram os primeiros hospitais (hospitalis em latim – aquele que recebe,
abriga, que presta assistência), que naturalmente eram rudimentares e quem atuava eram as
religiosas (por causa do cristianismo, que pregava ajudar o próximo, ajuda humanitária). Não
havia os cuidados de higiene, a arrumação não era boa, muitas vezes tinham dois pacientes no
mesmo leito. Foi um período terrível, de muitas guerras (cruzadas), muitas mortes, período que
tinha malária, sífilis, peste negra (dizimou grande parte da população da Europa, causada pela
Yersinia pestis).

OBS: o bom profissional é aquele que ajuda o próximo.

Na idade moderna que começou a ter noção de que existiam seres microscópicos. Os
holandeses inventaram os microscópios para poder visualizar os seres pequenos que se
encontravam na saliva e outros.

Na idade contemporânea, destaca-se a enfermeira Florence Nightingale (1820 – 1910), que


conseguiu organizar uma instituição chamada de hospital, onde ela organizava os doentes pela
gravidade dos ferimentos, fez as enfermarias e trabalhou com um estatístico montando gráficos
das taxas de mortalidade. Ela trabalhou na região da Criméia (Península ao sul da Ucrânia), que
estava em guerra.

1860 - IGNAZ. P. SEMMELWEIS (médico húngaro que trabalhava na Áustria) – começou a


estudar que na clinica obstétrica estudantes e médicos carreavam partículas estranhas que ele
chamou de “partículas cadavéricas”, porque os estudantes e médicos saiam direto da necropsia
para fazer parto e isso levava a febre no puerpério, que é uma infecção hospitalar. Então ele
começou a fazer com que as pessoas usassem água clorada para lavar as mãos, o que fez com
que reduzisse a taxa de mortalidade dos pacientes. Ou seja, a higienização das mãos é uma das
medidas mais importantes para se evitar infecção hospitalar.

Lister, um cirurgião inglês, preconizou a técnica para realização das cirurgias, ele entendia que
precisava de uma substancia antisséptica para impedir a infecção.
Origem infecciosa das doenças: começou com Louis Pasteur, descobriu que os micróbios
passavam por um processo de fermentação. Pasteurização inativa os microorganismos. E
descobriu também a vacina contra a raiva. Robert Koch também identificou micróbios, e
principalmente o bacilo da tuberculose e o vibrião da cólera.

Os antimicrobianos surgiram em um momento que muitos estavam morrendo de doenças como


sífilis, então viu a necessidade da criação destes, salvarsam foi o primeiro, derivado do arsênico,
que foi usado para tratamento da sífilis. Mas foi em 1936 que surgiram as sulfas. Mas a
descoberta da penicilina foi uma descoberta muito marcante, por Alexander Fleming, através do
uso do fungo que inibiu o crescimento bacteriano nas suas culturas. Dois pesquisadores isolaram
o fungo e criaram a penicilina (só foi usado em 1944 por interesse americano).

Ate o sec. XX a humanidade estava tranquila com uso de antimicrobianos, mas em 1950 surgiram
os Estafilococus aureus resistentes à penicilina, e isso trouxe um alerta, e em 1958 criou-se nos
EUA a primeira comissão de infecção hospitalar, porque a resistência dessas bactérias levava os
pacientes a óbito. E os americanos começaram a organizar o controle das infecções por setores
dos hospitais e foi criado o NNISS (sistema nacional de vigilância), todos os paises usaram essa
metodologia. No Brasil só surgiu em 1986 onde a portaria 196 disse que era obrigado a presença
desse sistema de vigilância nos hospitais para controle de infecção hospitalar – teve mais
repercussão após a morte de Tancredo Neves. Em 1992 teve a profissionalização. Em 1998 teve
um regimento interno, para organização dos serviços de controle da infecção e um programa de
controle das infecções. A partir de 1999 a ANVISA passou a ter a coordenação nacional do
controle de infecções hospitalares e a partir de 2013/2015 – Programa Nacional de Segurança do
Paciente e Prevenção e Controle de I.R.A.S. (Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde).

IRAS são as infecções hospitalares + eventos como colite pseudomembranosa, infecções


domiciliares.

FORMSUS / DATASUS – Formulário online – o médico tem que mandar dados relativos aos
indicadores de infecção hospitalar (Vigilância em UTIs (VM, CVD, CVC), resistência microbiana,
infecção no sítio cirúrgico, óbitos), esses dados tem que ser enviados mensalmente.

Toda a equipe em conjunto estudaria e montaria


uma estratégia para diminuir as infec.
Hospitalares, os custos e a mortalidade. Tem
que discutir a relação custo-benefício em prol do
hospital e do paciente.
O
serviço de controle de infec. Hospitalar conta com a
participação de apenas 3 pessoas que tem que ter organização e precisa traçar ações a serem
cumpridas.

O principal meio de disseminação de germes são as mãos dos profissionais, por isso é
importante lavar bem as mãos. Nos hospitais para combater MRSA só tem vancomicina, pois a
teicoplanina é uma medicação mais cara para ser comprada. Klebsiela produz beta lactamase de
espectro estendido – tem que estabelecer as medidas de isolamento e precauções adequadas. O
tratamento geralmente é empírico, associando meropenem com polimixina B. Nos hospitais
públicos só tem condição financeira de comprar fluconazol, pois os outros medicamentos
antifúngicos são mais caros.

Quando tem a desarmonia na fonte endógena e exógena (+ligado a surtos – menos frequente) e
que vai se instalar a infecção hospitalar.

Infecção hospitalar: Adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a


internação e mesmo após a alta, quando puder ser
relacionado com a hospitalização. Ex: paciente operado
de vesícula e depois de 5 dias da operação tem
abscesso de parede no sitio da incisão é infecção
hospitalar. Até 30 dias após uma cirurgia e colocação
de prótese 1 ano, é considerado infecção hospitalar.

Infecção comunitária: É aquela constatada ou em


incubação no ato da admissão, não relacionada com
internação anterior. Ex: infecções congênitas, ruptura
de bolsa amniótica com mais de 24h.

Principais síndromes infecciosas hospitalares:

IH de trato urinário: tem relação com


procedimento invasivo que é o uso do cateterismo
vesical de demora.

A bacteriúria é uma consequência do cateterismo


vesical tanto para o cateter de alivio quanto para o
de demora.
enterobacterias: escherichia coli, klebsiela. São diferentes das de comunidades, pois as
hospitalares são multirresistentes. Enterococus é gram +. As bactérias gram – são as mais
causadoras de infecção hospitalar.
na patogênese a bactérias precisa se aderir as regiões do cateter para posteriormente gerar o
processo infeccioso. Os germes podem entrar em 1, 2, 3 ou 4 do circuito mostrado acima. Além
de adesinas para aderência as bactérias tem um biofilme (germe + matriz extracelular) que
também facilitam a adesão. Hoje já existem cateteres que tem um revestimento para ser mais
resistente a essa adesão que são de teflon e poliuretano.

Antes de tudo tem que saber se realmente há a


necessidade de passar um cateter de demora
no paciente.

IH do trato respiratório:

Tem taxa de mortalidade e letalidade elevadas.


A maioria dos quadros de pneumonia vem da
aspiração endógena (quando o ph do estomago
fica alcalino facilita o crescimento bacteriano, e
essas bactérias ascendem pelo trato digestório
e podem ser aspiradas pelo trato respiratório
causando a pneumonia). Os tubos que são
usados para auxiliar a respiração devem ser
esterilizados com oxido de etileno, pois se
não utilizar a técnica adequado contamina o
circuito, caracterizando a pneumonia por
aspiração exógena. Na translocação os
germes pulam da via linfática para a
vasculatura e chega ao pulmão.
Tem os gram - que não são
fermentadores de lactose como as
pseudômonas, acinetobacter. Os gram +
não são muito comuns. Fungos são mais
comuns nos pacientes que estão não
onco-hematologia.

IH da corrente sanguínea:

Cateter venoso não tunelizado é o mais


comum, de femural, jugular interna e
externa, subclávia. Os tunelizados têm
mais de 30 dias de permanência.

Uma infecção relacionada a cateter é a

presença de sinais inflamatórios no sitio de inserção. Logo, apenas a cultura de ponta de cateter
não serve para diagnostico, pois esse exame tem baixa especificidade. Quando tem o
pareamento de hemocultura positiva e ponta de cateter pelo mesmo germe, serve para o
diagnostico. Toda vez que tirar ponta de cateter vascular centrar tem que fazer hemocultura para
ter parâmetro de diagnostico. O principal meio de contaminação é a técnica (luva estéril, lavar as
mãos, colocar a roupa adequada).

Bactérias mais resistentes, logo tem que


usar antibióticos mais resistentes, como
vancomicina.

Tem formação de biofilme pela bactéria


para facilitar a adesão das bactérias. Tem
que observar o local para o caso de
aparecimento de sinais de inflamação.

IH de sitio cirúrgico:
Tempo de cirurgia maior que percentil 75, se a
cirurgia é contaminada e gravidade – ASA
(impressão do anestesista, se é hipertenso,
diabético, quanto maior o ASA maior o risco)
acima de 3 tem mais risco de infecção
hospitalar. A equipe hospitalar tem que estar
bem paramentada. O ambiente hospitalar é
fonte de contaminação quando algum aparelho
é esterilizado de forma errada, falha na
limpeza dos materiais, que geralmente
apresentam surtos nos hospitais.
Pesquisa de colonização nasal se faz
pelo swab nasal, podendo fazer uma descolonização antes da cirurgia, minimizando o impacto da
infecção.

Biossegurança: Prevenção de riscos à saúde dos trabalhadores, ambiente e qualidade do


trabalho.

EPI (equipamento de proteção individual) – barreira de proteção – avental de manga cumprida,


luva, máscara, óculos de proteção, gorro (mulher tem que prender o cabelo).

Higienização das mãos: evita a disseminação de germes no hospital.

uma boa higienização dura de 30 a 40 segundos.


Não tentar reencapar a agulha,
organização do material cirúrgico, saber aonde descarta os materiais, nunca colocar material
cortante no lixo de saco preto (lixo de saco preto é lixo comum). O ferimento tem que ser lavado
rapidamente. Sangue, sêmen e secreção vaginal é material biológico de risco. Não se usa mais
AZT (zidovudina).

Os cabelos tem que estar


presos, unhas tem que ser limpas e aparadas, sem desenho na unha, calçados fechados sem
áreas expostas, não pode joias e nem adereços.

 Artigos críticos:

Contato com tecido subepitelial, órgãos e sistemas vasculares. Passa pelo


autoclave.Ex.: bisturi, próteses

 Artigos semi-críticos:

Contato com mucosa íntegra. Passam pela esterilização de alto risco com oxido de
etileno. Ex.: tubo endotraqueal, sonda vesical (descartado).
 Artigos não-críticos:

Contato com pele íntegra. Passa álcool a 70% Ex.: estetoscópio.

Para degermação usa clorexidina.

Setores que contribuem para o controle de IH:

 Higienização hospitalar

 Laboratório de microbiologia - Coleta de amostras / identificação / cultura + TSA.


Importante para o resultado confiável.

 Farmácia hospitalar – uso racional de antimicrobianos.

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