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Aos vinte dias do mês de janeiro, do ano 2.005, às 17:56 horas, na 3 a VARA FEDERAL
DO TRABALHO DE CUIABÁ – MT, por determinação do JUIZ JOÃO HUMBERTO
CESÁRIO, foi aberta a sessão de julgamento relativa ao processo 01022.2004.003.23.00-2, onde
contendem LUIZ CARLOS BERLOFFA (RECLAMANTE) e MECÂNICA AATS LTDA – ME
(RECLAMADA). Observada a praxe, o processo foi submetido a julgamento, sendo prolatada a
seguinte sentença:
I – RELATÓRIO
II – FUNDAMENTAÇÃO
Não comparecendo a reclamada à sessão instrutória da audiência (ata de fls. 96), apesar
de regularmente intimada para a prestação de depoimento pessoal, sob as cominações do
E.74/TST (ata de fls. 40), é considerada confessa quanto à matéria fática.
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Entretanto, os efeitos da confissão ficta, ensejando mera presunção relativa de veracidade
dos fatos articulados na primígena, não acarretam no imediato acolhimento dos pedidos do autor,
que serão desafiados sob a ótica do direito e em relação aos demais elementos existentes nos
autos, inclusive a intempestividade da réplica de fls. fls. 86/93 (observe-se o cotejo da certidão de
fls. 95 com o protocolo de fls. 86).
EM MÉRITO
A rigor, o “requerimento” em questão (vide penúltimo parágrafo de fls. 09) haveria que ser
considerado inepto, haja vista que do narrado não decorre lógica conclusão (inciso II, do parágrafo
único, do artigo 295 do CPC), já que estamos na fase cognitiva de um procedimento judicial,
enquanto que artigo 645 do CPC cuida da execução das obrigações de fazer ou não fazer lastreadas
em títulos extrajudiciais.
Por outro lado, é de se ver ainda, que o artigo 644 do codex adjetivo, quando em si
considerado, não traz em seu bojo a previsão multa. Muito provavelmente, o que pretende o
vindicante, com efeito, seria a aplicação das astreintes previstas no § 5o do artigo 461 do CPC, a
cujo teor o parágrafo único do artigo 644 faz expressa remissão. Todavia, as sanções ali previstas
podem ser impostas até mesmo de ofício pelo magistrado.
Assevera o reclamante que percebia o salário de R$850,00 mensais, dos quais apenas
R$443,00 eram contabilizados oficialmente (somados ao adicional de insalubridade em grau
médio), sendo pagos extrafolha os R$407,00 restantes. Postula, a partir daí, as diferenças que
entende de direito.
Na esteira de suas ponderações, aduz ainda o vindicante, que labutava de segunda a sexta-
feira das 07:30 às 18:00 horas, com uma 1:30 h de intervalo intrajornada, e aos sábados das
07:30 às 11:30 horas. Pugna por extraordinárias e reflexos.
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Frise-se que, ainda que extemporânea a réplica de fls. 86/93 (em míseros dois meses....),
tal fato não possui o condão de transmudar a sorte da vindicada, pois mesmo não impugnados os
recibos de pagamento carreados com sua resposta, foram eles denunciados, já na exordial, como
insatisfatórios ao reconhecimento da total extensão salarial.
De tal arte, tenho como reais o salário e a jornada apontados pelo trabalhador.
A apuração dos valores devidos será realizada através de liquidação por cálculos, com
observância do Enunciado 264 do TST, observado o divisor de 220.
Outrossim, acolho o pedido de natureza executiva lato sensu veiculado no libelo, para
determinar, com fulcro do artigo 39, §§ 1 o e 2o da CLT, que após o trânsito em julgado, a
Secretaria retifique a CTPS do autor, para nela constar o salário de sentido estrito reconhecido
em sentença (R$850,00 mensais), com a subseqüente expedição de oficio, dando conta do
ocorrido, à DRT, CEF e INSS.
DIFERENÇAS EM INSALUBRIDADE
Ocorre que, pelo incontroverso da matéria, o autor fazia jus à insalubridade em grau
médio (inicial e contestação não destoam quanto ao constatado).
Logo, com os olhos voltados para a dicção do artigo 192 da CLT e com base na
documentação carreada pelo próprio demandante (vide, v. g., o documento de fls. 18), o
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adicional de insalubridade foi pago de modo correto, já que 20% do salário mínimo praticado no
mês 01/2004 correspondem aos R$48,00 adimplidos (R$240,00 X 20% = R$48,00).
Relata o postulante que mesmo quando considerado o salário contabilizado, não foram
depositadas as competências fundiárias alusivas aos meses 08, 09, 11 e 12/2002 e 01, 02 e
03/2004. Postula-as acrescidas de 40%.
Em defesa, a reclamada redargúi a tese, fazendo remissão aos documentos que a instruem,
que, como visto, não foram objeto de impugnação tempestiva por parte do obreiro.
Contudo, o fato é que, detidamente analisada a prova documental carreada pela reclamada
(fls. 70 e 72/83), denoto que, à exceção da incidência 03/2004 (adimplida conforme doc. de fls
70), as demais não foram de fato depositadas.
De tal arte, mesmo não impugnada tempestivamente, a prova documental não possui
força para isentar a reclamada das obrigações fundiárias pendentes.
Esclareço que no tópico vertido a base de cálculo será o salário contabilizado, pois quanto
à paga marginal pronunciei-me alhures.
JUSTIÇA GRATUITA
III – DISPOSITIVO
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Assim sendo, resolvo, nos autos da Reclamação Trabalhista No 01022.2004.003.23.00-2,
onde contendem LUIZ CARLOS BERLOFFA (RECLAMANTE) e MECÂNICA AATS LTDA
– ME (RECLAMADA):
Tudo nos termos da fundamentação, que passa a fazer parte do presente dispositivo, para
todos os fins que se fizerem necessários.
Para efeitos do parágrafo 3o, do artigo 832 da CLT, declaro que as parcelas “diferenças
marginais em 19 dias de saldo de salário do mês 03/2004, 4/12 de 13 o salário do ano 2002, 13o
salário integral do ano 2003, 03/12 de 13 o salário do ano 2004; e horas extras, com reflexos em
13os salários integrais e proporcionais de todo o período laborado” possuem natureza salarial,
sendo devidos os recolhimentos previdenciários que lhe são pertinentes, a cargo das respectivas
partes, observadas as regras legais atinentes, bem como o provimento 01/96 da E. Corregedoria
do TST, inclusive para efeitos de imposto de renda.
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Prestação jurisdicional cognitiva entregue.