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INSTITUTO DE SUPERIOR DE CIENCIAS E EDUCACAO A

DISTANCIA

Departamento de Ciências Sociais e Humanas

Curso de Direito

Historia do Direito na Antiguidade Classica

Fátima António Selemane Vangela

Nampula, 2020
Índice
Introdução...................................................................................................................................3

História do Direito na Antiguidade Clássica..............................................................................4

Conceito......................................................................................................................................4

Historia do direito primitivo.......................................................................................................5

Fontes dos direitos dos povos agrafos........................................................................................7

Historial do Direito na Grécia Antiga.........................................................................................7

O direito ateniense......................................................................................................................9

O Direito Espartano: O Militarismo na Constituição de Licurgo.............................................11

Direito Romano.........................................................................................................................14

Corpo do Direito Civil..............................................................................................................14

O direito do período pós-clássico.............................................................................................15

Conclusão..................................................................................................................................16

Referencia Bibliográfica...........................................................................................................17
Introdução

Como sabemos, a história do direito é um carácter universalizante em uma progressão


temporal linear. Adoptando-se de perspectiva tradições culturais particulares que informam
práticas rituais de resolução de conflitos, sejam estas formais ou informais, codificadas ou
não, escritas ou não. Pode limitar-se a uma ordem nacional, abrangendo o direito de um
conjunto de povos identificados pela mesma linguagem ou tradições culturais.

É necessário que a história do direito, paralelamente à análise da legislação antiga, proceda à


investigação nos documentos históricos da mesma época. A pesquisa histórica pode recorrer
às fontes jurídicas - que tomam por base as Leis, o Direito consuetudinário, sentenças
judiciais e obras doutrinárias - às fontes não jurídicas, como livros, cartas e outros
documentos. as origens do direito situam-se na formação das sociedades e isto remonta a
épocas muito anteriores à escrita. Esses povos sem escrita não têm um tempo determinado,
podem ser os homens da caverna de 3.000 a.C. ou os índios brasileiros até a chegada de
Cabral, ou mesmo as tribos da floresta Amazónica que ainda hoje não entraram em contacto
com o homem branco.

É muito difícil de conceituar o direito dos povos sem escrita porque o direito requer o
conhecimento de como funcionavam as instituições na época em questão. Mas é com base em
estudos arqueológicos que se torna possível reconstituir os vestígios deixados pelos povos
pré-históricos, a exemplo das moradias, armas, cerâmicas, rituais, com os quais é possível
determinar a respectiva evolução social e económica.

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História do Direito na Antiguidade Clássica

A história do direito é de suma importância para o estudo da ciência jurídica, pois, visa
compreender o processo de evolução e constante transformação das civilizações humanas no
decorrer da história dos diversos povos e consequentemente das diversas culturas, do ponto de
vista jurídico, sendo assim o direito a ciência do conviver.

A pré-história do direito é um longo caminho de evolução jurídica que povos percorreram e,


apesar de podermos supor que foi uma estrada bastante rica, temos a dificuldade, pela falta de
escrita, de ter acesso a ela. Povos sem escrita ou agrafos não têm um tempo determinado.
Podem ser os homens da caverna de 3000 a.C. ou índios brasileiros até a chegada de Cabral,
ou até mesmo as tribos da floresta Amazónica que ainda hoje não entraram em contacto com
o homem branco. As características gerais dos direitos dos povos agrafos são: abstractos,
numerosos, relativamente diversificados e impregnados de religiosidade. (GILISSEN,
1986:sem ano)

Nesses sistemas, diferenciar entre o que é jurídico e o que não, é muito difícil. Eles
basicamente utilizam os Costumes como fonte de suas normas, ou seja, o que é tradicional no
viver e conviver de sua comunidade torna-se regra a ser seguida. Nos grupos sociais onde se
pode distinguir pessoas que detêm algum tipo de poder, estes impõem regras de
comportamento, dando ordens que acabam tendo carácter geral e permanente.

Há um lugar no mundo onde quase tudo que considera-se "civilizado" nasceu: o Crescente
Fértil, onde hoje está o Iraque, uma parte do Irã e parte de seus vizinhos. A mais grandiosa
invenção dessa gente da Mesopotâmia, foi passar para uma superfície símbolos que
expressavam as ideias, a isso chamamos de escrita. O tipo de escrita foi a cuneiforme e serviu
para línguas de diversas famílias linguísticas de vários povos da região: Sumérios, Elamitas,
Semitas (Acadianos, Babilónios, Caldeus, Assírios), Indo-Europeus (Hititas, Persas).

Nesse ambiente, surgiram cidades-estados, e depois, reinos e impérios. Como se era de se


esperar de uma sociedade complexa como essa, desenvolveram-se um sistema jurídico amplo,
representado principalmente pelos códigos:

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Conceito

Considera-se que o termo Direito vem do latim “Directum” do verbo “dirigere” do latim
(dirigir, orientar, endireitar) em português, tendo como significando aquilo que é “recto”,
“direito” ou “conforme à razão”. Porem, na didáctica define-se, o Direito sendo o ramo da
ciência que estuda as regras gerais, abstractas e imperativas do relacionamento social, criadas
pelo Estado e por este impostas, se necessário, de forma coerciva.

Tendo como deveres e obrigações impõem-se à conduta de todas as pessoas no convívio


familiar, na vida laboral e nas relações sociais em geral. A solução dos conflitos, com base no
Direito e mediação do Estado, torna possível a vida em sociedade. (CUNHA; SILVA,
SOARES, 2005:114)

Assim, Direito não é somente o conjunto de normas gerais, abstractas obrigatórias e


coercitivas (normas jurídicas) que regulam, ordenam ou disciplinam os aspectos mais
relevantes da vida societária, mas é também o ramo da ciência que tem por objecto o estudo
dessas normas.

O Direito regula uma enorme e crescente gama de relações humanas e rege-se, em todo o
mundo civilizado, por numerosos princípios e regras cuja validade é imposta e aceite como
condição da própria sobrevivência social. Tal ordenamento compulsório estabeleceu-se em
lenta e trabalhosa evolução, ao longo de séculos, como se verá em seguida, através de uma
breve referência às suas matrizes históricas mais conhecidas, para uma melhor compreensão
dos sistemas jurídicos vigentes na actualidade

Direito é a ordenação da convivência humana em sociedade através de normas jurídicas de


acordo com a Justiça.

Num sentido normativo, Direito é o conjunto ou sistema de normas e princípios jurídicos, é o


ordenamento jurídico que regula a vida em sociedade e determina o seu modo de ser e de
funcionar.

Historia do direito primitivo

Neste período considera-se que é o período onde o direito apresenta os costumes e as


primeiras fontes escritas, manifestando-se através de usos e tradições nas épocas mais
recuadas da civilização preparando o advento posterior do direito escrito.

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De acordo com os primórdios da Civilização, todo o direito estava expresso nos costumes,
transmitindo-se de geração em geração, sobretudo, por via oral. Abordando que o Costume
jurídico, enquadra-se numa primeira forma histórica de expressão do Direito, era igualmente a
que prevalecia nas sociedades esclavagistas e feudal.

Características gerais dos povos agrafos

 São, por definição, direitos não escritos;


 Os esforços de formulação de regras jurídicas são bastante limitados, caracterizando
mais uma compilação de casos concretos;
 As regras devem ser decoradas e passadas de pessoa para pessoa de forma mais clara
possível;
 Cada comunidade tinha o seu próprio costume, uma vez que não mantinha contacto
com outras comunidades, vivendo isolada, o que proporcionou uma diversidade de
direitos;
 Cada comunidade vivia dos seus próprios recursos e do que produziam os seus
membros pela caça, pesca, colheita de frutos selvagens ou naturais;
 São, em sua maior parte, caçadores colectores, considerados seminómades ou
nómadas;
 O sistema de economia era fechado, eis que não havia o sistema de trocas com outros
grupos.
 Não têm grande desenvolvimento tecnológico e apenas uma minoria tem agricultura.
 O homem vivia no temor constante dos poderes sobrenaturais. Por isso, havia um
entrelaçamento entre o direito e a religião, não existindo distinção entre religião,
moral e direito. A influência da religião sobre o direito manteve-se em numerosos
sistemas jurídicos que se seguiram, a exemplo do direito muçulmano, hindu e
canónico.
 Nos sistemas arcaicos de direito era justo que interessava para a manutenção da
coesão do grupo social e não o respeito aos direitos individuais.

A função de julgar não consistia em resolver um litígio segundo regras pré-estabelecidas, mas
em tentar obter o acordo das partes por concessões recíprocas.

Com base nas obras lidos muitos autores entendem que nesse período da história não se podia
falar em regras jurídicas ou em direito propriamente dito, uma vez que não se pode estudar a

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história do direito senão a partir da época em relação à qual remontam os mais antigos
documentos escritos conservados. (Modulo de ISCED Introdução ao Direito)

Fontes dos direitos dos povos agrafos


Fonte do direito é tudo aquilo que é utilizado como base para a feitura de regras ou códigos.
Como fonte dos direitos dos povos sem escrita pode ser considerado, quase que
exclusivamente, o costume, ou seja, a forma tradicional de viver em comunidade, cujas
normas são estabelecidas de comum acordo pelos membros do grupo. Assim, o costume se
torna a regra a ser seguida.

A principal preocupação do homem em obedecer ao costume era decorrente da possibilidade


de ele viver fora do seu grupo, isoladamente, podendo ser considerado fadado à morte. Essa
obediência ao costume era assegurada pelo temor dos poderes sobrenaturais e pelo medo da
opinião pública, principalmente o de ser desprezado pelo grupo.

Penas que eram, normalmente, impostas para quem não respeitasse o costume do grupo:
morte penas corporais banimento (ou seja, a exclusão do grupo social).

O direito e a origem da família privada. Com isso, há uma distinção entre terras comuns (uso
de toda comunidade, como as florestas e pastos) e as parcelas cultivadas pelas famílias.

De acordo com o começo da distinção entre ricos e pobres, a apropriação do solo leva a
desigualdades sociais e económicas, em razão de partilhas sucessórias, diferenças de
fertilidade, acidente meteorológicos, entusiasmos no trabalho etc.

CASTRO (2007) consideram, que As desigualdades económicas implicam então em


desigualdades sociais, o que faz surgir distintas classes sociais e uma hierarquização da
sociedade. Com isso, o resultado é a formação das cidades, o adensamento populacional, a
necessidade de fiscalização e de recenseamento, o aumento da troca de informações e o
surgimento da escrita, quando a simples transferência oral de informações não é suficiente e
há a necessidade de registrar os fatos. O surgimento das cidades, a invenção e domínio da
escrita e o advento do comércio são os principais factores históricos responsáveis pela
transição das formas arcaicas da sociedade para as primeiras civilizações da Antiguidade.

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Historial do Direito na Grécia Antiga

Perante à investigação relativa ao historial de direito na Grécia Antiga, importa salientar que
não esta expresso de modo uniforme em todo o seu território, nas diferentes polis ou cidades,
tendo, em comum, a mistura das regras jurídicas, essencialmente costumeiras, com fórmulas
de conteúdo moral e teológico.

Com base as informações sobre o Direito Grego em períodos distantes. Fustel de Coulanges,
realizou um feito digno de nota ao estudar as percepções jurídicas de romanos e gregos em
tempos imemoriais.

Do princípio põe-se em consideração que um direito é essencialmente consuetudinário,


ritualistas, fundado no culto aos antepassados e desenvolvido no seio da própria família.

Os gregos desenvolveram a consciência da existência de uma lei eterna, imutável, a reger o


homem indistintamente. Trata-se de ideia embrionária do que convencionamos chamar hoje
de direito natural. Igualmente, é creditado aos gregos o mérito de terem contribuído para o
florescimento de uma noção preliminar de constitucionalismo, especialmente em Atenas,
onde os cidadãos, por serem mais politizados, acabavam possuindo uma experiência mais
apurada da condução da vida pública.

Deste sentido o "direito grego", não se pode perder de vista o facto de que inúmeras cidades
ou estado helénicas eram regidas por um ordenamento jurídico próprio, uma vez que as
mesmas gozavam de plena soberania.

De acordo com o Aristóteles, na sua obra “Constituições Gregas”, reúne 158 constituições das
distintas cidades, estados do antigo mundo grego. Seus autores são, além do legendário
Licurgo (da antiga Esparta) e dos legisladores Dracon e Solon (de Atenas), figuras como
Sócrates e Platão, Faleas (de Calcedónia), Fidón (de Corinto), Hipódamo (de Mileto),
Charondas (de Catania), Zeleucos, etc. Na obra de Aristóteles da politica destacam o
Onomácritos como o primeiro que adquiriu perícia e fama na legislação.

Portanto, a história do direito da Grécia, está destacado das práticas jurídicas que foram
observadas na Grécia Arcaica (800-500 a.C.), de seguida, a organização do direito na Grécia
Clássica (séc. 500-400 a.C.). Segundo Roberto (sem ano) De forma mais detalhada, o período
arcaico foram identificados dois mecanismos mais característicos de seu funcionamento:

 Os ordálios estão patentes na presença de período mais primitivo da cultura grega,


assim como em todos os povos de origem indo-europeia. Através dos ordálios,

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práticas nitidamente marcadas por uma visão mítica do mundo, o corpo do acusado é
submetido a provas para testar sua inocência ou culpabilidade. Em geral, há um
enfrentamento do acusado com alguns elementos da natureza. Como, por exemplo, o
fogo e a água.
 À vendeta, ou vingança privada, observa-se a sua ocorrência na Grécia Arcaica assim
como, praticamente, em todas as culturas antigas da bacia do Mediterrâneo. Como a
estrutura das sociedades primitivas se organiza em torno das relações de parentesco, é
através dos clãs que se realiza a punição do dano causado. Demonstram a permanência
destas práticas na cultura grega por longo

Quanto ao período clássico, tem sido feita em torno da hipótese formulada por um grupo de
helenistas franceses contemporâneos a "Escola de Paris", de Jean Pierre Vernant e Marcel
Detienne. A hipótese apontava para as tragédias como testemunho fundamental da
emergência. A maior contribuição do pensamento grego para o direito foi a formação de um
corpo de ideias filosóficas e cosmológicas sobre a justiça, mais adequado para apelações nas
assembleias populares do que para estabelecer normas jurídicas aplicáveis a situações gerais.
As primitivas cosmologias gregas consideravam o indivíduo dentro da transcendental
harmonia do universo, emanada da lei divina (logos) e expressa, em relação à vida diária, na
lei (nomos) da cidade (polis).

O direito ateniense

O Ideal Democrático no Âmago da Lei Atenas foi, por certo, uma das mais importantes
cidades da Antiguidade. Berço da erudição e do conhecimento, este centro cosmopolita
alcançou notável desenvolvimento na Grécia Antiga.

Por suas ruas transitavam, diariamente, vários filósofos atraídos pela extremada valorização
concedida ao saber. Não por acaso, aqui despontam, pela primeira vez na história da
humanidade, os nítidos contornos dos ideais democráticos.

Ademais, o profícuo comércio marítimo mantido com praticamente todos os povos do


Mediterrâneo permitiu a ascensão de um estado pujante e potencialmente hegemónico. A
natural inclinação do país à cultura, às letras e artes fez brotar uma aristocracia bem articulada
politicamente, que se fazia imitada e ditava padrões de comportamento para o mundo antigo.
Em virtude disso, o Direito Ateniense é, sem dúvida alguma, aquele mais bem servido de
fontes dentre todas as cidades que pontilharam a imensa Hélade.

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O primeiro aspecto a chamar a atenção de qualquer interessado no estudo das leis da Grécia
Antiga diz respeito ao sofisticadíssimo modelo de organização judiciária de Atenas, onde já
havia tribunais com competências jurisdicionais completamente distintas.

Assim, o Areópago, nas palavras de Jardé, era o mais antigo tribunal de Atenas: de acordo
com a lenda, foi instituído pela deusa Atena, por ocasião do julgamento de Orestes. Suas
atribuições primitivas, mal definidas, mas muito amplas, transformaram-no numa corte de
justiça e num conselho político, que exercia intensa vigilância sobre toda a cidade e suas leis.
Tinha Carácter aristocrático, porque era formado por antigos arcontes, que sempre eram
escolhidos entre os cidadãos das duas classes mais altas, e, porque as funções de seus
membros, os (areopagítes) eram vitalícias.

Por essas mesmas razões é que foi particularmente visado pelas reformas dos democratas: em
462, Efialtes conseguiu tirar do Areópago todo o poder político, reduzindo as suas funções
apenas às judiciárias.

Com o tempo, até essas atribuições judiciárias foram-se restringindo com a criação e
desenvolvimento de outros tribunais.

No século IV, o Areópoago só conservava o julgamento dos casos de homicídios com


premeditação, de incêndios e de envenenamento".

Interessante notar que este famoso tribunal ateniense continuou desenvolvendo suas
actividades, ainda que reduzidas, até o século I da Era Cristã, mesmo quando a Grécia, já em
franco declínio, tinha inevitavelmente sucumbido ao poderio romano e as suas cidades haviam
perdido todo o seu antigo esplendor.

Tem-se notícia, inclusive, de que o apóstolo Paulo, em dado momento, fora intimado a prestar
esclarecimentos às autoridades locais sobre a doutrina religiosa que pregava, a qual, segundo
consta, estaria causando certos tumultos entre os cidadãos.

A mais democrática corte de Atenas, porém, foi aquela conhecida por Heliaia ou Tribunal dos
Heliastas, um "júri popular composto de até 6.000 cidadãos, escolhidos por sorte, entre os
que tivessem mais de trinta anos e se colocassem à disposição da cidade para exercer
importantes funções.

Além disso, de acordo com S. C. Tode, é possível falar da existência de pelo menos mais duas
cortes na cidade de Atenas, que teriam funcionado até a metade do século IV a.C. Trata-se de
um tribunal específico par apreciar causas em que pelo menos uma das partes era estrangeira

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o Xenicon Dikasterion e também uma espécie de tribunal marítimo o Nautodikai. É certo,
pois, que a transposição dos costumes para um direito escrito facilitou a consolidação das
instituições democráticas de Atenas. Sob este prisma, o legado da cidade ao direito público de
ser mensurado.

Ora, o poder na sociedade ateniense, pelo menos até o final do século VIII a.C., como bem
observou Claude Moussé 8, era partilhado entre uma aristocracia guerreira (que possuía o
monopólio da terra) e os sacerdotes (os quais, não obstante o eventual controle de todos os
assuntos relacionados à religião, também cuidavam de distribuir a justiça e aplicar o direito).

Destarte, quando a oralidade é abandonada e as leis passam a ser registradas em pedra, as


comunidades ganham automática estabilidade e, naturalmente, se afastam da prática de
julgamentos arbitrários e de decisões inconsistentes.

Quando os atenienses aprimoram seu ordenamento jurídico, definindo as condições para a


validade das leis e o rechaço ao direito ancestral de carácter consuetudinário: "As autoridades
não têm permissão para usar uma lei não escrita, em caso algum. Nenhum decreto do
Conselho ou da assembleia deve prevalecer sobre uma lei. Não é permitido fazer uma lei para
um indivíduo se ela não se estender a todos os cidadãos atenienses e se não for votada por seis
mil pessoas, por voto secreto".

As leis de Atenas, agora escritas, revelam a preocupação dos governantes com a conservação
da cidade e o bem-estar de seus cidadãos. O elemento público, pois, se torna primordial, o
tema central de muitas dessas regras. É o que se pode notar a partir da leitura da regra relativa
à limpeza (cerca de 440-439 a.C.) que se segue: "...não é permitido autorizar que apodreçam
no rio Ilissos acima do templo de Heracles; ninguém tem permissão para curtir peles ou jogar
lixo no rio.

O Direito Espartano: O Militarismo na Constituição de Licurgo

Esparta desenvolveu-se às margens do rio Orontes, nas terras da Lacônia. Sua história começa
a ser contada a partir da invasão de um povo de origem germânica, os dórios. Estes subjugam
os seus vizinhos. Inicia-se aqui a saga de uma das mais belicosas e militaristas que o mundo já
conheceu. O homem espartano, desde os sete anos de idade, ingressava no período de
treinamento das forças armadas. Na juventude já era um exímio e perigoso guerreiro. (Modulo
de ISCED, Historia de Direito)

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As leis da cidade autorizava o rechaçam paterno às crianças portadoras de deficiências. O pai
poderia também lançar o bebé de qualquer penhasco se imaginasse que a compleição física do
mesmo fosse um eventual empecilho à carreira militar.

Os espartanos eram mestres no cultivo das tradições cívicas e amavam com fervor a sua
pátria. Dedicavam-se até à morte no combate e tinham repugnância dos covardes e desertores.
Eram xenófobos por excelência, pois se julgavam "iguais entre si", mas "superiores a qualquer
outro povo da Hélade". Usavam uma longa cabeleira e bem forjados apetrechos de guerra.
Uma longa capa vermelha tocava-lhes o calcanhar. Um escudo e um elmo que protegia, além
da cabeça, também os maxilares, traziam pavor aos adversários.

A coragem espartana foi imprescindível à manutenção da cultura grega. Entre os anos de 500
e 449 a.C. Esparta alia-se a Atenas, a fim de refrear a fúria do invasor nas chamadas "Guerras
Médicas". Os soldados comandados pelo legendário Leônidas lutaram com ânimo redobrado
contra os persas. Em 431 a.C. eclode o conflito contra Atenas. A guerra só terminaria em 404
a.C. com a vitória de uma enfraquecida e desgastada Esparta.

Quanto ao sistema político, Esparta tinha dois reis que provinham de duas importantes
famílias aristocráticas locais: a dos Ágidas e a dos Euripôntidas. Estes, apesar de serem "reis"
não possuíam irrestrita autonomia no campo da política interna e, nem tampouco, da externa.

Encontravam-se eternamente resignados a vontade superior dos aristocratas que compunham


a Assembleia do Povo, chamada em Esparta de Apella ou o Conselho de Anciãos, a Gerúsia,
composto apenas por vinte e oito gerontes com idade igual ou superior a sessenta anos e por
dois reis. Portanto, estes dois monarcas mais se assemelhavam a chefes militares do que
propriamente a monarcas. (ALBERGARIA, 2012)

Todavia, não tem sido possível conhecer o Direito Espartano da mesma forma que o direito de
sua maior rival, Atenas. O maior desafio é a inexistência de fontes directas, o que nos leva a
buscar aquelas informações prestadas por filósofos da estirpe de Aristóteles, Xenofonte,
Plutarco, Tucídides, Heródoto e Políbios. Vale dizer que o próprio Corpus Iuris Civilis, de
Justiniano, já atentava para essa realidade ao ressaltar que os espartanos, ao contrário dos
atenienses e romanos, preferiam "confiar à memória aquilo que observavam como lei.

Na opinião de Aristóteles, o Direito Espartano sofreu alguma influência do Direito Cretense,


apesar de não explicar as motivações que o levaram a chegar a tais conclusões.

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Segundo Werner Jaeger, autor da célebre Paidéia, "esta pretensa legislação é o contrário do
que os gregos costumavam entender por legislação”.

Não é uma compilação de leis particularizadas, civis e públicas, mas sim os nomos, no sentido
original da palavra: uma tradição oral válida, da qual apenas algumas leis fundamentais e
solenes as rhetra que foram fixadas por escrito. Entre estas estão as que se relacionam com as
atribuições das assembleias populares, mencionadas por Plutarco.

As fontes antigas não consideram esta faceta como resíduo de um estágio primitivo. Pelo
contrário, e em oposição à mania legisladora da democracia do séc. IV, têm-na como obra da
sabedoria previdente de Licurgo, o qual, como Sócrates e Platão, dava maior importância à
força da educação e à formação da consciência de seus cidadãos do que às escritas. Com
efeito, quanto maior importância se concede à educação e à tradição oral, menor é a coação
mecânica e externa da lei sobre os detalhes da vida.

Características do direito grego

 Os gregos não elaboraram tratados sobre o direito, mas apenas legislaram (criaram
leis) e administraram a aplicação da justiça (direito processual).
 O direito era laico; não havia uma classe de juristas.
 Havia muitas diferenças de classes.
 Nos tribunais era preciso provar o direito (a lei, o costume) além dos fatos.
 Era excedente mente retórico, mas o advogado como o conhecemos hoje ainda não
existia, mas havia muitos redactores jurídicos, conhecidos como logógrafos.
 Inexistia órgão público de acusação – quando um podia denunciar os crimes públicos.
 A lei começou a ser escrita e usada como instrumento de poder.
 Surgiram inovações em termos de processo (direito processual).
 O grego preferia falar a escrever.

Contribuições do direito grego para o direito moderno:

 Regulamentação da propriedade privada;


 Criação de alguns tipos básicos de contratos;
 Criaram a democracia;
 Valorização do direito público;
 Rigidez das penas no direito penal;
 Criação de figuras jurídicas como a hipoteca;

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Atenas se tornou um paradigma do direito grego, principalmente por ter sido um pais da
democracia que se desenvolveu o direito atingindo uma forma mais aperfeiçoada quanto à
legislação e processo.

Em Esparta nasceu a ideia dos “Três Poderes” constitucionais:

 O Eforato Supremo Tribunal;


 O Conselho de Anciãos Senado;
 Apela – Assembleia dos Cidadãos.

Direito Romano

De acordo com Cunha (2005), No século V, os povos germânicos invadiram o Império


Romano do Ocidente, estabelecendo aí uma série de reinos e em 476 d.C. Roma caiu. Cada
uma das tribos germânicas conservava seu próprio Direito, baseado em costumes imemoriais,
transmitidos oralmente, de carácter bastante primitivo. Cada tribo germânica tinha seus
próprios costumes, sendo assim, o direito de cada reino era diferente.

Corpo do Direito Civil

A burocracia e a organização administrativa e financeira dos povos nascentes receberam sua


estrutura básica do Império Romano que se extinguira. Porém, foi com os romanos que eles
aprenderam que o Direito pode ser também uma criação do poder do Estado e uma tradição
cultural. De acordo com o fim do Império, a Igreja Romana surgiu como eficaz substituto de
sua administração, autoridade, cultura e jurisdição, assumindo, antigas funções das
autoridades seculares, como as de documentação. A organização pedagógica e escolar da
Antiguidade continuou moldando o ensino, mesmo após as invasões, baseada no estudo
do trívio: gramática, dialéctica e retórica.

Por volta de 1100, o Ocidente redescobriu o Corpo do Direito Civil e o Direito Romano foi
gradativamente se tornando base da ciência jurídica em toda a Europa, somado a elementos
de Direito Canónico  (igreja), formou um Direito Comum para todo o Ocidente que, por esse
motivo, recebeu o nome de Ius Commune. Ao lado do Direito Comum, existia o Ius
Proprium, constituído basicamente por costumes germânicos.

Os criadores da civilização romana, cujo espírito prático, senso da realidade e tendência para
o individualismo se equilibravam com um raro discernimento da conveniência e da

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necessidade política, edificaram o mais grandioso e perfeito sistema jurídico da idade antiga,
que sobrevive num sem-número de concepções, instituições e princípios vigentes no mundo
contemporâneo. O direito romano influiu poderosamente sobre a ordem jurídica ocidental e
constituiu um dos principais elementos da civilização moderna.

O direito romano é o complexo de normas e princípios jurídicos vigentes em Roma, desde a


sua fundação (lendária, no século VIII a.C.) até à codificação de Justiniano, falecido no ano
565 (século V I d.C.). A evolução Nos treze séculos da história romana, do século VIII a.C. ao
século VI d.C., assistimos, naturalmente, a uma mudança contínua no carácter do direito, de
acordo com a evolução da civilização romana, com as alterações políticas, económicas e
sociais, que a caracterizavam. Tal divisão pode basear-se nas mudanças da organização
política do Estado Romano, distinguindo-se, então, a época régia (fundação de Roma no
século VIII a.C. até a expulsão dos reis em 510 a.C.), a época republicana (até 27 a.C.), o
principado até Diocleciano (que iniciou seu reinado em 284 d.C.), e a monarquia absoluta, por
este último iniciada e que vai até o fim do período por nós estudado, isto é, até Justiniano
(falecido em 565 d.C).

O direito do período pós-clássico

O último período, o pós-clássico, é a época da decadência em quase todos os sectores. Assim,


também no campo do direito. Vivia-se do legado dos clássicos, que, porém, teve de sofrer
uma vulgarização para poder ser utilizado na nova situação caracterizada pelo rebaixamento
de nível em todos os campos.

Nesse período, pela ausência do génio criativo, sentiu-se a necessidade da fixação definitiva
das regras vigentes, por meio de uma codificação que os romanos em princípio desprezavam.
Não é por acaso que, excepto aquela codificação das XII Tábuas do século V a.C., nenhuma
outra foi empreendida pelos romanos até o período decadente da era pós-clássica.

Em suma: O Código Justiniano (colecção das leis imperiais vigentes na época), o Digesto
(selecção das obras dos jurisconsultos clássicos), as Instituas (manual de direito destinado aos
estudantes) e as Nove las (as novas leis publica das após a publicação do Código Justiniano)
são as quatro grandes obras justinianas e formam o Corpus Juris Civilis.

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Conclusão

Depois de se ter feito o trabalho, que teve como tema História do Direito na Antiguidade
Clássica. Constatamos A história do direito é de suma importância para o estudo da ciência
jurídica, pois, visa compreender o processo de evolução e constante transformação das
civilizações humanas no decorrer da história dos diversos povos e consequentemente das
diversas culturas, do ponto de vista jurídico, sendo assim o direito a ciência do conviver.

A pré-história do direito é um longo caminho de evolução jurídica que povos percorreram e,


apesar de podermos supor que foi uma estrada bastante rica, temos a dificuldade, pela falta de
escrita, de ter acesso a ela. Povos sem escrita ou agrafos não têm um tempo determinado.
Podem ser os homens da caverna de 3000 a.C. ou índios brasileiros até a chegada de Cabral,
ou até mesmo as tribos da floresta Amazónica que ainda hoje não entraram em contacto com
o homem branco. As características gerais dos direitos dos povos agrafos são: abstractos,
numerosos, relativamente diversificados e impregnados de religiosidade

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Referencia Bibliográfica

ALBERGARIA, Bruno.  Histórias do Direito: evolução das leis, fatos e pensamentos. São
Paulo: Atlas, 2ª edição, 2012

CASTRO, Flávia.  História do Direito Geral e Brasil.  5ª Edição. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2007.

CUNHA, Paul o Ferreira da; SILVA, Joana Aguiar e; SOARES, António Lemos. História do
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