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Gracinda Mário Bulaquene

Factores que Impedem a Materialização do Currículo Local na Disciplina de Matemáti -


ca: Estudo do 3º Ciclo na Escola Primária Completa Milha Oito - Dondo

Licenciatura em Ensino Básico

Universidade Pedagógica
Beira
2018
Gracinda Mário Bulaquene

Factores que Impedem a Materialização do Currículo Local na Disciplina de Matemáti -


ca: Estudo do 3º Ciclo na Escola Primária Completa Milha Oito-Dondo

Monografia Cientifica a ser apresentada ao Curso


de Ensino Básico, Departamento de Ciências de
Educação e Psicologia, Delegação da Beira, para
Supervisor:
obtencão do grau académico de Licenciatura em
Msc.
Ensino Básico.
.

Universidade Pedagógica
Beira
2018
ÍNDICE

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO..................................................................................................4

1.1. Justificativa..........................................................................................................................5

1.2. Problematização...................................................................................................................5

1.3. Objectivos............................................................................................................................6

1.3.1. Objectivo Geral.................................................................................................................6

1.3.2. Objectivos Específicos......................................................................................................6

1.4. Hipóteses..............................................................................................................................6

1.4.1. Hipótese Primária..............................................................................................................7

1.4.2. Hipóteses secundárias.......................................................................................................7

1.5. Metodologia.........................................................................................................................7

1.5.1. Tipo de pesquisa................................................................................................................7

1.5.2. Métodos.............................................................................................................................8

1.5.2.1. Método bibliográfico......................................................................................................8

1.5.2.2. Pesquisa de campo.........................................................................................................8

1.5.3. Técnicas e instrumentos de colecta de dados....................................................................9

1.5.3.1. Observação directa.........................................................................................................9

1.5.3.2. Entrevista.......................................................................................................................9

1.5.3.3. Questionário...................................................................................................................9

1.6. Delimitação do tema............................................................................................................9

1.7. População e Amostra.........................................................................................................10

1.7.1. Amostra...........................................................................................................................10

1.8. Relevância da pesquisa......................................................................................................10

1.8.1. Relevância Cientifica......................................................................................................10

1.8.2. Relevância social.............................................................................................................10

1.9. Resultados esperados.........................................................................................................11


CAPITULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................12

2.1. Conceito de Currículo....................................................................................................12


2.2.1. Orientações do currículo no contexto moçambicano..................................................14
2.2. Currículo local...............................................................................................................15
2.3. Procedimentos a aplicar na selecção dos conteúdos do currículo local.........................16

2.4. Cronograma........................................................................................................................17

2.5. Referências Bibliográficas.................................................................................................18


4

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO
A Monografia cientifica presente que se intitula por “Factores que Impedem a Materialização
do Currículo Local na Disciplina de Matemática: Estudo do 3º Ciclo na Escola Primária
Completa Milha Oito – Dondo”, discute os factores que impedem a materialização do
currículo local na disciplina da matemática, com objectivo de analisar os factores que
impedem a materialização do currículo local na disciplina da matemática no 3º ciclo do
Ensino Básico na Escola Primária Completa Milha Oito - Dondo.

De salientar que é um trabalho de pesquisa se insere no contexto educacional, buscando uma


perspectiva de sucesso para aprendizagem do educando no contexto do Ensino Básico no
cenário educacional moçambicano.

Este trabalho foi desenvolvido através do método bibliográfico e pesquisa de campo. Com
apoio das técnicas de observação, questionário e entrevista aos professores e Director Adjunto
Pedagógico da Escola Primária Completa Milha Oito do Dondo.

Este trabalho é constituído por dois capítulos. O primeiro capítulo, para além da introdução, é
abordado a problematização, a justificativa, os objectivos, as hipóteses, a metodologia,
delimitação do tema, relevância da pesquisa e resultados esperados. O segundo capítulo, faz a
fundamentação teórica onde se discutem ideias dos diferentes autores em torno do tema,
terminando com cronograma e referências bibliográficas.
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1.1. Justificativa
A escolha do tema deste trabalho de pesquisa parte da verificação da própria autora como
docente da Escola Primária Completa Milha Oito – Dondo, nos planos de aulas e dosificações
da disciplina da matemática dos professores e constatar que os mesmo não abre espaço para a
materialização do Currículo Local. Por outro lado, a escolha desse tema deveu-se no facto de
ser actual em assuntos ligados a educação em Moçambique.

Deste modo querendo contribuir para o conhecimento dos factores que impedem a
materialização do currículo local na disciplina da matemática, a autora achou interessante
tratar sobre “factores que impedem na materialização do currículo local na disciplina de
matemática no 3º ciclo do Ensino Básico.

Acredita-se ser a partir desta pesquisa que se poderá encontrar solução para que o currículo
local seja materializado como deve ser na escola, com particularidade na disciplina de
matemática.

1.2. Problematização
O principal desafio que se coloca ao currículo do Ensino Básico é tornar o ensino mais
relevante para formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida, da sua
família, da sua comunidade e do país.

Segundo INDE/MINED (2003), a visão da relevância do currículo fundamenta-se na


percepção de que o aluno seja capaz de transformar o conhecimento adquirido na escola para
solucionar seus problemas concretos, da sua família, da sua comunidade e do país em geral. A
matemática sendo uma das disciplinas do Ensino Básico tem importância indispensável na
vida do aluno e do seu país, o que a prior a matemática deve ser ministrada com vista a
estimular o aluno a solucionar seus próprios problemas, problemas da sua comunidade,
sociedade e do seu país.

O problema em questão nesta pesquisa é impedimento na imaterialização do currículo local na


disciplina da matemática no 3º ciclo do Ensino Básico, uma vez tem-se verificado desde da
introdução do Currículo Local no Ensino Básico em 2004, na Escola Primária Completa
Milha Oito – Dondo, a materialização do currículo local na disciplina da matemática do
poucas vezes se faz sentir.
6

Igualmente, a ausência duma planificação rigorosa sobre os conteúdos locais na disciplina da


matemática e falta de recolha dos conteúdos nas comunidades para está disciplina.

Face a isso, verifica-se a falta da formação integral dos alunos, não só, em conversa com
alguns alunos que frequentam neste estabelecimento de ensino, afirmaram que raras vezes tem
aparecido um membro da comunidade para explicar algum conhecimento, por exemplo,
situações de ensino duma determinada matéria da matemática na sala de aula que tem sua
aplicação frequente no dia-a-dia na comunidade próxima da escola.

Daí surge a seguinte pergunta:

 Que factores tem impedido a materialização do Currículo Local na disciplina da


matemática no 3º ciclo do Ensino Básico na Escola Primária Completa Milha Oito-
Dondo?

1.3. Objectivos
1.3.1. Objectivo Geral
 Analisar os factores que impedem a materialização do Currículo Local na disciplina da
matemática no 3º ciclo do Ensino Básico na Escola Primária Completa Milha Oito-
Dondo.
1.3.2. Objectivos Específicos
 Identificar o nível de conhecimento que se tem para a materialização do Currículo Local
na disciplina da Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico na Escola Primária Completa
Milha Oito - Dondo;
 Descrever os factores que impedem a materialização do Currículo Local na disciplina da
Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico na Escola Primária Completa Milha Oito
-Dondo;
 Sugerir procedimentos que possam contribuir para a materialização do Currículo Local na
disciplina da Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico na Escola Primária Completa
Milha Oito - Dondo.

1.4. Hipóteses
Segundo OLIVEIRA (2011:21), uma hipótese é a suposição que antecede a constatação dos
factos e tem como características numa formulação provisória que deve ser testada para
determinar a sua validade e sempre conduz uma verificação empírica.
7

Para o desenvolvimento do trabalho em conformidade com o problema, levantamos como


hipóteses:
1.4.1. Hipótese Primária
 A falta de conteúdos e ausência de uma planificação rigorosa sobre os conteúdos locais
pode ser factores que impedem a materialização do Currículo Local na disciplina de
Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico na Escola Primária Completa Milha Oito -
Dondo.

1.4.2. Hipóteses secundárias


 A falta de recolha dos conteúdos da disciplina da Matemática nas comunidades próxima
da escola pode ser factor que impede a materialização do currículo local no 3º ciclo do
Ensino Básico;
 A fraca comunicação dos professores da disciplina da Matemática com a comunidade
pode ser factor que impede a materialização do Currículo Local no 3º ciclo do Ensino
Básico;
 A insuficiência de conhecimentos para abordar a Matemática em contexto do Currículo
Local pode ser factor que impede a materialização do Currículo Local no 3º ciclo do
Ensino.
1.5. Metodologia
Metodologia literalmente refere-se ao estudo sistemático e lógico dos métodos empregados
nas ciências, seus fundamentos, sua validade e sua relação com as teorias científicas. Assim,
metodologia visa responder ao problema formulado e atingir os objectivos do estudo de forma
eficaz, com o mínimo possível de interferência da subjectividade do pesquisado (OLIVEIRA,
2011:8).
1.5.1. Tipo de pesquisa
Para a efectivação do presente estudo usou-se a pesquisa qualitativa, no qual OLIVEIRA
(2011:24), é uma pesquisa entendida por alguns autores, como uma “expressão genérica”.
Que significa que ela compreende actividades ou investigação que podem ser denominadas
específicas.
Segundo OLIVEIRA (2011) a abordagem de cunho qualitativo trabalha os dados buscando
seu significado, tendo como base a percepção do fenómeno dentro do seu contexto.
A escolha desse tipo de pesquisa deveu-se ao facto de poder explorar as percepções, opiniões
e visões dos professores e dos membros da direcção sobre os factores que impedem a
8

materialização do Currículo Local na Disciplina de Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico


na Escola Primária Completa Milha Oito-Dondo.

1.5.2. Métodos
Segundo OLIVEIRA (2011:7), método é um caminho para se atingir o conhecimento
científico. Conforme o mesmo autor, método impõe todos os processos pelo qual o
pesquisador deve percorrer para alcançar o resultado da pesquisa.

Para o desenvolvimento deste trabalho usamos os seguintes métodos:

1.5.2.1. Método bibliográfico


De acordo com GERHARDT et al. (2009:72), a pesquisa bibliográfica é aquela feita a partir
do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e
electrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites.

A partir desse método a autora procurou perceber o que já foi estudado e qual a informação
actual sobre o tema em diferentes autores que falam sobre factores que impedem a
materialização do currículo local na disciplina de matemática na perspectiva de compreender
sobre a sua relevância e sustentar de forma eficaz esta pesquisa.

1.5.2.2. Pesquisa de campo


De acordo com MARCONI e LAKATOS (2003:186), pesquisa de campo é aquela utilizada
com o objectivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o
qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda,
descobrir novos fenómenos ou as relações entre eles. Esta pesquisa procura por meio da
observação de factos e fenómenos.

Este método foi usado para de observação directa dos planos, aulas e actividades de
planificação dos professores para a disciplina de matemática do 3º ciclo do Ensino Básico,
com intuito de descobrir os factores que impedem a materialização do Currículo Local na
disciplina da matemática no 3º ciclo do Ensino Básico na Escola Primária Completa Milha
Oito - Dondo.
9

1.5.3. Técnicas e instrumentos de colecta de dados


1.5.3.1. Observação directa
Segundo MARCONI; LAKATOS (1990), a observação directa é uma técnica de colecta de
dados que utiliza os sentidos para compreender determinados aspectos da realidade.

Esta técnica foi usada através de um guião observação na sala de aulas, principalmente aulas,
os planos de aulas e dosificações da disciplina da matemática para com intuito de saber se os
professores planificam os conteúdos do Currículo Local na disciplina da matemática,
identificando o nível de conhecimento que se tem para materialização do Currículo Local na
disciplina da Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico na Escola Primária Completa Milha
Oito - Dondo.

1.5.3.2. Entrevista
De acordo com GERHARDT et al. (2009:72), a entrevista é uma técnica alternativa para se
colectarem dados não documentados sobre determinado tema. É uma técnica de interacção
social, uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca obter dados, e a outra
se apresenta como fonte de informação.

Esta técnica foi direccionada aos membros da direcção, com intuito de obter informações
sobre o nível de conhecimento que se tem para a materialização do Currículo Local na
disciplina da Matemática e os factores que impedem a materialização do Currículo Local na
disciplina da Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico.
1.5.3.3. Questionário
Segundo LAKATOS e MARCONI (1991), questionário é uma série de perguntas que devem
ser respondidas por escrito, sem a presença dos pesquisadores.

Esta técnica foi aplicada através de um questionário pré-elaborado com perguntas abertas e
fechadas com os professores da Escola Primária Completa Milha Oito - Dondo, para colectar
informações sobre factores que tem impedido a materialização do Currículo Local na
disciplina da Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico.

1.6. Delimitação do tema


Este trabalho trata os factores que impedem a materialização do Currículo Local na disciplina
de Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico. Este trabalho decorreu entre o mês de Julho a
Outubro de 2018 na Escola Primária Completa Milha Oito, situada no Distrito do Dondo,
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província de Sofala. E o tema enquadra-se nas seguintes áreas curriculares: Didáctica de


Matemática Básica I e II e Teoria e Prática de Formação de Professores.

1.7. População e Amostra


Segundo GIL (1999:43) população é um conjunto de elementos definidos que possuem
determinadas características.
A população da presente pesquisa foi constituída por 14 pessoas, sendo 12 professores que
lecciona a disciplina da matemática do 3º ciclo do ensino Básico e 2 membros da direcção da
Escola Primária Completa Milha Oito - Dondo.

1.7.1. Amostra
Segundo OLIVEIRA (2011:30), amostra é um subgrupo de uma população, constituído e n
unidade de observação e que deve ter as mesmas características da população, seleccionada
para participação no estudo.

Neste contexto, a amostra dessa pesquisa foi constituída por 8 pessoas, sendo 6 professores
que leccionam a disciplina da Matemática do 3º Ciclo do Ensino Básico e 2 membros da
direcção da Escola Primária Completa Milha Oito - Dondo, tal como ilustra a tabela a seguir:
Extracto Universo Amostra
Professores 12 6
Membros da direcção 2 2
Total 14 8

Fonte: Autora, 2018

1.8. Relevância da pesquisa


1.8.1. Relevância Cientifica
O tema do trabalho de pesquisa possui grande relevância científica, uma vez que pouco se
conhece os factores que impedem a materialização do Currículo Local. Assim, este tema
contribui para a construção de conhecimento que poderão ser validos para a ciência e para a
relevância do currículo do Ensino Básico na vida dos alunos.

1.8.2. Relevância social


A relevância social deste tema assenta, no sentido de que os factores que impedem a
materialização do Currículo Local na disciplina de Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico,
a serem encontrados poderão colaborar para a materialização do Currículo Local na disciplina
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de Matemática na Escola Primária Completa Milha Oito-Dondo, contribuindo para formação


integral dos alunos.

1.9. Resultados esperados


Com a realização do presente projecto de pesquisa esperamos identificar o nível de
conhecimento que se tem para a materialização do Currículo Local na disciplina de
Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico, descrever os factores que impedem a materialização
do currículo local na disciplina da matemática e sugerir procedimentos que possam contribuir
para a materialização do Currículo local na disciplina da matemática no 3º ciclo do Ensino
Básico na Escola Primária Completa Milha Oito - Dondo.
12

CAPITULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


Neste capítulo pretende-se abordar teoricamente alguns aspectos relacionados ao tema da
pesquisa para melhor compreensão da actualidade do tema. Procurar-se-á discutir conceitos
relacionados a currículo outros assuntos que abordam currículo local.

2.1. Conceito de Currículo


Antes de começarmos a listar as diversas compreensões sobre a temática do currículo em
diferentes autores, é importante frisar que este conceito denota vários significados tendo em
conta o contexto e visão de cada autor.

Segundo MACHAVA (2015:70), constata-se que o currículo foi entendido como: um


programa de actividades planeadas, devidamente ordenadas, sequenciadas,
metodologicamente, tal como se ilustra, por exemplo, num guião do professor ou num
manual; o currículo como concretização do plano reprodutor para a escola de determinada
sociedade, contendo conhecimentos, valores e atitudes; o currículo como experiência recriada
nos alunos por meio da qual podem desenvolver-se; o currículo como tarefa e habilidades a
serem dominadas, como é o caso da formação profissional.

No entanto, existem os que concebem currículo como um conjunto estruturado de matérias e


de programas de ensino num determinado nível de escolaridade. Tal como RIBEIRO
(1999:12) assinala que currículo é um conjunto estruturado de matérias e de programas de
ensino num determinado nível de escolaridade, ciclo ou domínio de estudos.

Neste caso, o currículo significa conjunto de matérias ou conteúdos e seus respectivos


programas de ensino organizado e hierarquizado em contexto de um nível determinado de
ensino. Ex: currículo de ensino primário, currículo de ensino secundário; programa do ensino
Básico, programa do ensino secundário.

No entender de SACRISTÁN (2008), currículo refere a práticas escolares que se desdobram


em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes
dos estudantes e contribuindo para o desenvolvimento de suas identidades.

Por sua vez, ROLDÃO (1999) citado por MACHAVA (2015), define currículo como sendo
um conjunto de aprendizagens consideradas necessárias num dado contexto ou tempo e a
13

organização e sequência adoptada para o concretizar ou desenvolver tendo em conta a sua


finalização, intencionalidade, estruturação coerente e sequência organizadora.

Mediante as concepções apresentadas nos parágrafos anteriores, no conceito de currículo para


alguns autores predomina a ideia de que o currículo é conjunto das disciplinas que o aluno
deve percorrer, ou seja, o plano de estudos, ou a grade curricular.

De maneira sumaria, uns dizem que (currículo é a matéria) e outros consideram (currículo é
praticas escolar) e por fim outros referem (currículo diz respeito a aprendizagem). Dai que as
propostas dos conceitos apresentados fazem perceber que a questão de currículo pode ser
observada de diferentes formas que são consideradas de acordo com o contexto da análise.

2.1.1. Currículo no contexto moçambicano


O Currículo moçambicano de um modo geral, orienta-se pela lei 6/92 de 6 de Maio de 1992
resultado da revisão da antiga lei do SNE 4/83 de 23 de Março de 1983. Ora, o currículo da lei
4/83 do Sistema Nacional de Educação trazia círculo de interesse e ligação entre escola e
comunidade, mas não previa um tempo de abordagem do Currículo Local e a
institucionalização deste na escola.
De acordo com BASILIO (2006:16) a ligação entre escola e comunidade era entendida como
envolvimento dos pais ou encarregados de educação nas reuniões da escola e não no sentido
de contribuir na produção de conhecimento para a escola. A partir da lei 6/92 de 6 de Maio, o
Currículo moçambicano passou além de trazer círculo de interesse e ligação entre escola e
comunidade, prever também um tempo para abordagem dos conteúdos da comunidade na sala
de aula. O que significa que a ligação entre escola e comunidade passou a ser entendida a de
produzir conhecimento ou conteúdos para a escola. Entretanto, sublinha-se que:
"A participação da comunidade no desenho dos conteúdos assumiu formas como o uso dos
idiomas maternos na instrução de certas disciplinas, o convite para os artesãos locais (como
pessoas de recursos) para ensinarem certos conteúdos por eles dominados, adopção de oficinas
locais como centro de recursos para os alunos realizarem visitas/excursões, o ensino da
história local pelas pessoas mais velhas, o ensino de usos e costumes locais pelos habitantes
idosos, etc.". (CASTIANO, 2005-2006:14).
Ainda, conforme CASTIANO (2005-2006:13), o envolvimento activo das comunidades na
definição dos conteúdos de aprendizagem pode depender de três factores:

1) O primeiro factor ̶ resulta do movimento internacional de «Educação Básica para


Todos» cuja meta era de alcançar uma escolarização universal até o ano de 2015.
Devido ao programa do reajustamento estrutural das economias que começou na
14

década de 80, os recursos estatais disponíveis para alcançar esta meta distante são
poucos. Este facto força aos Estados africanos, a começar a olhar as populações locais
de algum modo como sua “tábua de salvação” para ajudá-los a cobrir parte dos custos
da educação.

2) O segundo factor - é que os governos africanos começaram a “reprivatizar” o ensino e


a motivar a abertura de escolas de carácter privado, comunitárias, religiosas, etc. Com
o objectivo de alargar a coberta escolar e diminuir com isto a pressão da demanda
popular sobre serviços educacionais oficiais.

3) O terceiro factor - diz o respeito ao facto de que o desenvolvimento de organizações


da sociedade civil (associações locais, organizações não governamentais, fundações e
associações cívicas etc.) ter encorajado uma série de iniciativas locais para
participação deles nos assuntos escolares, tais como o recrutamento de professores,
com participação nas acções de formação de professores, participação nas actividades
extra-escolares.

2.2.1. Orientações do currículo no contexto moçambicano

Como refere CASTIANO (2007), o actual currículo em uso no país tem a pretensão de tornar
o ensino mais relevante para a sociedade.
Assim, para a materialização dessa pretensão, INDE/MINED (2003), reitera que deve haver
uma melhor integração do currículo local na escola e oportunizar a todos intervenientes na
Educação dos alunos: professores, líderes e autoridades locais, pais e encarregados de
Educação, representantes das diferentes instituições locais (saúde, cultura, políticos),
representantes das confissões religiosas e organizações comunitárias para a sua melhor
elucidação
Em Moçambique a visão que se têm sobre o currículo é responder às reais necessidades da
sociedade moçambicana, tendo como principal objectivo formar um cidadão capaz de se
integrar na vida e aplicar os conhecimentos adquiridos em benefício próprio e da sua
comunidade. Partindo de um olhar sobre o currículo do Ensino Básico em Moçambique,
houve algumas transformações curriculares, sendo que a última iniciou em 2002, sob os
apoios da UNESCO.
Como resultado dessas transformações veio a concepção Plano Curricular do Ensino Básico
(PCEB), que trás consigo algumas inovações como dentre um deles o Currículo Local
15

(MINED, 2003:24). O currículo do Ensino Básico é constituído por sete (7) classes
organizadas em dois (2) graus.
 O 1º grau, está dividido em 2 ciclos, sendo o primeiro correspondente a 1ª e 2ª classe e
o 2º, a 3ª,4ª e 5ª classe;
 O 2º grau compreende a 6ª e 7ª classe correspondentes ao 3º ciclo.

No que diz respeito as inovações, constituem os Ciclos de Aprendizagem; o Ensino Básico


Integrado; a Distribuição de Professores; a Progressão por Ciclos de Aprendizagem e a
Introdução de Línguas Moçambicanas, do Inglês, de Ofícios e de Educação Moral e Cívica e
o Currículo local. Esta última inovação é a que constitui o objecto de estudo deste trabalho,
dai que merece destacar o seu conceito.

2.2. Currículo local

Conceituando Currículo Local, INDE/MINED (2003), postula que é uma componente do


currículo nacional, constituída por conteúdos definidos localmente como sendo relevantes
para a integração da criança na comunidade.
Sobre mesmo conceito e duma forma mais acrescentado, BASÍLIO (2006:76), conceitua
Currículo Local como a “componente do currículo nacional que aprofunda os conteúdos
centralmente definidos ou ainda que define novos conteúdos visando o desenvolvimento de
conhecimentos, atitudes e práticas relevantes nos alunos, de e para a comunidade em que a
escola se insere. O currículo local resulta de conteúdos recolhidos nas comunidades através de
entrevistas dirigidas aos intervenientes da educação mencionados acima. Por meio das
entrevistas se definem os saberes locais que se integram no currículo.

Por sua vez, TUZINE (2005) citado por MACHAVA (2015:79) traz-nos outro conceito do
Currículo Local, conceituando Currículo Local como sendo um conjunto de conteúdos ou
matérias que versam sobre diversos aspectos da vida local. Corresponde a 20% do tempo
lectivo total, isto é, no quadro legal moçambicano, encontrasse estipulado que a carga horária
do currículo nacional é 80% e do currículo local é 20% do total de tempo previsto para a
leccionação em cada disciplina.

Mediante as conceitualizações dos parágrafos anteriores sobre o Currículo Local, este pode
ser entendido como sendo é um conjunto de conteúdos que abordam a vida local do meio
onde está inserida a escola, contudo, BASILIO (2006) vai um pouco além ao apresentar a
16

relação de dependência do currículo local em relação ao currículo nacional, definido para


todos ao nível de cada país. Tomando análise desse conceito, concorda plenamente como a
visão da relevância do currículo do ensino básico em Moçambique, visto que este se
fundamenta na percepção de que a educação tem de ter em conta a diversidade dos indivíduos
e dos grupos sociais, para que se torne num factor, por excelência, de coesão social e não de
exclusão.

2.3. Procedimentos a aplicar na selecção dos conteúdos do currículo local


SANTOS (2000), define procedimento como a maneira de fazer ou agir, de conduzir o
processo. Ainda conforme o mesmo autor, o procedimento possibilita identificar o objecto e a
forma de exercer determinadas actividades. Portanto, falar de procedimento remete-nos a
noção de método de executar alguma coisa.

De acordo com MINED (2011), procedimentos de selecção dos conteúdos para o currículo
local visam integrar os 20% de tempo do currículo nacional ou oficial. Esse procedimento
também ser aplicado nas planificações, trimestral, quinzenal e diária caso o justifique, pois
poderá haver casos de aulas que não preveja a abordagem de conteúdos do currículo local,
sendo, por isso, desnecessário reservar tempo para o mesmo.

Por outro lado, devido ao nível de aprofundamento do conteúdo, o professor poderá planificar
uma aula inteira (45 minutos) apenas para a abordagem de um conteúdo do currículo local.
Por esse motivo, falar sobre procedimentos aplicados na selecção dos conteúdos do Currículo
Local sublinha-se ao método, acção, modo de actuação, comportamentos que os
intervenientes da comunidade escolar (alunos, professores, pais e encarregados de educação,
direcção da escola e o presidente do conselho de escola) costumam seguir para por em prática
o processo de selecção dos conteúdos locais.

Para CASTIANO (2005), a selecção dos conteúdos do Currículo Local -consiste numa
actividade técnica de agrupar os conteúdos seleccionados em áreas:
 Comunicação e ciências sociais;
 Matemática e ciências naturais; e
 Actividades práticas e tecnológicas.

Assim, a selecção dos conteúdos para o currículo local, deve ser feito tendo em conta as áreas
disciplinares que fazem parte do Plano Curricular do Ensino Básico em uso no país.
17

2.4. Cronograma
Nº Actividades/ período Junh Julho Agosto Setembr
o o
1
Construção de projecto X

2 Levantamento da literatura X X

4 Colectas de dados X

5 Tratamentos de dados X

6 Elaboração da Monografia X
Final

7 Correcção de trabalho X
X
8 Entrega do trabalho

Fonte: Elaborado pela Autora, 2018


18

2.5. Referências Bibliográficas

BASÍLIIO, Guilherme. Os saberes locais e o novo currículo do ensino Básico. Pontifica


Universidade Católica de São Paulo em convénio com a Universidade Pedagógica de
Moçambique, 2006.

CASTIANO, P. José. Educar para quê? As transformações no sistema de educação em


Moçambique. INDE, Maputo, 2005.

CASTIANO, P. José. O currículo local como espaço social de coexistência de discursos:


estudo de caso nos distritos de Báruè, de Sussundenga e da cidade de Chimoio -
Moçambique. Revista E-Curriculum, São Paulo, v. 1, n. 1, dez. /jul. 2005-2006.

GERHARD, T Tatiana Engel et al. Métodos de Pesquisa, Porto Alegre, UFRGS, 2009.

GIL, António Carlos. Como elaborar projectos de pesquisa. 2ª ed. São Paulo, Atlas, 1999.

GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ᵃ ed.,são Paulo, Atlas, 2008.

HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didáctica Geral. Rio de Janeiro, Ática, 2011.

INDE/MINED. Plano Curricular do Ensino Básico: Objectivos, politicas, estrutura, plano de


estudos e estratégias de implementação. Maputo, INDE. 2003.
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia
Cientifica. 5ª ed., São Paulo, Editora Atlas, 2003.

MACHAVA, Paulino Albino. Educação, cultura e gestão do currículo local um estudo de


caso. (Tese de Doutoramento), Universidade Pedagógica Portuguesa, 2015.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 2ᵃ ed. São
Paulo, Atlas, 1990.

MINED. Plano Estratégico da Educação e Cultura 2012-2016. Maputo, MINED, 2011.


OLIVEIRA, Maxwell Ferreira de. Metodologia Cientifica: um manual para a realização de
pesquisas em Administração. Catalão, Universidade Federal de Goiás, 2011.

PILETTI, C., Didáctica Geral. São Paulo, 2004.


19

PRÉVE. Altamiro Darmian. Organização, Sistemas e Métodos. Santa Catarina, Universidade


Federal de Santa Catarina, 2012.

SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3ª ed., Porto Alegre, Artmed,
2000.
APÊNDICES
APÊNDICE 1 - GUIÃO DE OBSERVAÇÃO DO PEA

Para efectuar a observação nas salas de aulas, principalmente, nas aulas, os planos de aulas e
dosificações da disciplina da Matemática, com intuito de saber se os professores planificam os
conteúdos do currículo local na disciplina da matemática, usou-se o seguinte Guião de
Observação.

Data Aspectos a ser observados Não Sim Observação

O plano de aula abriu espaço para


materialização do Currículo Local?
__/______/__
__ Na dosificacão abriu-se espaço para a
materialização do Currículo Local?
O professor planificou os conteúdos
do Currículo Local?
O plano de aula reservou os 20% de
tempo para materialização do
Currículo Local?
O professor mostrou disponibilidade
em materializar o Currículo Local?

APÊNDICE 2 - GUIÃO DE QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES


O presente questionário visa recolher informações relativas ao tema “Factores que Impedem
a Materialização do Currículo Local na Disciplina de Matemática: Estudo do 3º Ciclo na
Escola Primaria Completa Milha Oito – Dondo”. Os dados a recolher servirão apenas para
compilação do trabalho científico para obtenção do grau de licenciatura em Ensino Básico.
Não serão divulgados se não apenas para o trabalho.
Por favor, assinale X as alternativas mais adequadas para si e responda de forma clara e
objectiva as perguntas aberta que lhes são colocadas.

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1. Idade:______ género_______ Tempo de trabalho na escola: ____________Formação:


__________________________________Tempo de formação: ____________________

II- DADOS DA PESQUISA


1. Já ouviu falar do Currículo Local?

Sim Não
2. Se sim, o que é?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

3. Será que a falta de conteúdos e ausência de uma planificação rigorosa sobre os conteúdos
locais pode ser factores que impedem a materialização do Currículo Local na disciplina de
Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico nesta escola?

Sim Não
4. A falta de recolha dos conteúdos da disciplina da Matemática nas comunidades próxima
da escola pode ser factor que impede a materialização do currículo local no 3º ciclo do
Ensino Básico nesta escola?

Sim Não
5. A fraca comunicação dos professores da disciplina da Matemática com a comunidade
pode ser factor que impede a materialização do Currículo Local no 3º ciclo do Ensino
Básico nesta escola?
Sim Não
6. A insuficiência de conhecimentos para abordar a Matemática em contexto do Currículo
Local pode ser factor que impede a materialização do Currículo Local no 3º ciclo do
Ensino nesta escola?

Sim Não
7. Tendo em conta a sua experiência, que factores tem impedido a materialização do
Currículo Local na disciplina da matemática no 3º ciclo do Ensino Básico nesta?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Obrigada pela colaboração


APÊNDICE 2 - GUIÃO DE ENTREVISTA PARA MEMBROS DA DIRECÇÃO

O presente guião de entrevista visa recolher informações relativas ao tema “Factores que
Impedem a Materialização do Currículo Local na Disciplina de Matemática: Estudo do
3º Ciclo na Escola Primaria Completa Milha Oito – Dondo”. Os dados a recolher servirão
apenas para compilação do trabalho científico para obtenção do grau de licenciatura em
Ensino Básico. Não serão divulgados se não apenas para o trabalho.

Por favor, responda de forma clara e objectiva as perguntas aberta e fechadas que lhes são
colocadas.
1. Já ouviu falar do Currículo Local?
2. Se sim, o que é?
3. Será que a falta de conteúdos e ausência de uma planificação rigorosa sobre os
conteúdos locais pode ser factores que impedem a materialização do Currículo Local
na disciplina de Matemática no 3º ciclo do Ensino Básico nesta escola?
4. A falta de recolha dos conteúdos da disciplina da Matemática nas comunidades
próxima da escola pode ser factor que impede a materialização do currículo local no 3º
ciclo do Ensino Básico nesta escola?
5. A fraca comunicação dos professores da disciplina da Matemática com a comunidade
pode ser factor que impede a materialização do Currículo Local no 3º ciclo do Ensino
Básico nesta escola?
6. A insuficiência de conhecimentos para abordar a Matemática em contexto do
Currículo Local pode ser factor que impede a materialização do Currículo Local no 3º
ciclo do Ensino nesta escola?
7. Tendo em conta a sua experiência, que factores tem impedido a materialização do
Currículo Local na disciplina da matemática no 3º ciclo do Ensino Básico nesta?

Obrigada pela colaboração

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