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CONCEITOS GERAIS DOS SISTEMAS VIBRATÓRIOS SIMPLES

Resumo baseado na seguinte bibliografia:


Henrique, L. Acústica Musical
Benade, A. Sopros, Cordas e Harmonia
Olson, H. F. Music, Phisics and Engineering

Movimento periódico: ocorre quando um corpo material percorre sempre a mesma trajetória
repetidamente em intervalos de tempo iguais, mesma velocidade e aceleração.

Movimentos periódicos:
Pendular
Circular
Oscilatório ou Vibratório

Fig.1

Para haver oscilação é preciso o equilíbrio estável, ou seja, aquele em que existe sempre uma força
de restituição que acelera o corpo para sua posição de equilíbrio estável.

Fig.2
Sistema massa/mola – é uma montagem física para ilustrar o movimento oscilatório. O sistema
massa/mola evidencia de modo claro duas características essenciais para a existência do
movimento oscilatório: Massa (componente inercial apto a transportar energia cinética) e
Elasticidade (componente elástica capaz de armazenar energia potencial elástica).

Fig.3

Vibrações mecânicas – Quando o essencial do movimento ocorre em corpos sólidos (estrutura)


em que as ondas de propagação são torcionais.

Vibrações (oscilações) acústicas – Quando o essencial do movimento ocorre em fluídos (ar,


água). Propagação por ondas de compressão/rarefação.
Ex. Um violoncelo é um oscilador acústico-mecânico: a energia se transfere dos elementos estruturais (corpo
sólido do instrumento) para o ar circundante e vice-versa.
Numa caixa de som (alto-falante), combinam-se aspectos acústicos, mecânicos e elétricos (ar, cone e corrente
elétrica)
Quanto aos termos oscilação e vibração pode-se dizer, mais exatamente, que o primeiro se refere
às vibrações acústicas e o segundo se refere às vibrações mecânicas.

Ciclo - Em todos os movimentos periódicos é o percurso efetuado ao fim do qual o movimento se


repete. Um ciclo pode ser uma rotação (mov. Circular), uma oscilação ou vibração (pendulo ou
corda).

Período (T) - O intervalo de tempo necessário para completar um ciclo = T=1/f

Freqüência (f) - Número de ciclos efetuados numa determinada unidade de tempo.


A fórmula é f =1/T; (T-1). A grandeza é representada por f, e a unidade é ciclo/ segundo (cs-1) ou
Hz.

Amplitude (A) – Deslocamento máximo da posição de equilíbrio que corresponde à distensão


máxima imposta ao oscilador durante o movimento (elongação máxima do oscilador durante o
movimento).
A intensidade sonora (I) depende, por sua vez, de vários fatores como a amplitude de
deslocamento de partículas, a amplitude da velocidade das partículas e, mais determinantemente,
da amplitude de pressão que é a maior variação de pressão acima e abaixo da pressão
atmosférica. Como as ondas sonoras transportam energia é importante destacar que a energia de
oscilação é proporcional ao quadrado da amplitude. Quanto à intensidade de uma onda sonora é
conveniente, portanto, especificar se a referência é a amplitude ou a energia.

Fase das Oscilações – Fase (ou ângulo de fase) de um movimento é a fração de um período ou
ciclo entre um ponto de referência e outro qualquer ponto de uma senóide. Fase é um ângulo
representado por φ e exprime-se em radianos ou graus. O círculo trigonométrico divide-se em 2π
rad. (360o) e analogamente é possível medir a fase de um MHS entre zero e 2π rad.

Fig.4

Na figura seguinte (Fig.5 A) as ondas 1 e 2 têm a mesma fase inicial; em B há um defasagem


inicial de 270o entre as ondas 1 e 2. Nota-se a diferença na forma da onda resultante da
sobreposição das duas, R :
Fig.5

Devido ao fato de mudanças nas fases das ondas senoidais alterarem a forma dos sons complexos
resultantes, as diferenças tímbricas produzidas podem ser notadas. Quanto à audição há que
assinalar um importante efeito da defasagem: as ondas sonoras não atingem rigorosamente os dois
ouvidos simultaneamente fenômeno que permite a eficácia do sentido de localização da fonte
sonora e a sensação de relevo acústico. Este fenômeno serviu de base para o desenvolvimento do
sistema de gravação e reprodução estereofônica.

Movimento Harmônico Simples (MHS) – A representação gráfica do MHS é uma senóide por
analogia com a representação das funções trigonométricas seno e co-seno. Uma vibração em MHS
é definida por três parâmetros: o período (ou freqüência), a amplitude e a fase. O oscilador que
executa um MHS denomina-se oscilador harmônico (como o sistema massa/mola).
Fig.3

Amortecimento – Qualquer sistema físico real, quando é posto em vibração livre (quando o
oscilador é posto em movimento por uma ação inicial não contínua) apresenta uma oscilação
amortecida, isto é, uma diminuição no tempo da amplitude de oscilação até parar ao fim de certo
tempo. Este fato ocorre por forças dissipativas, como o atrito.

Fig.4
Osciladores – Sistemas físicos que executam oscilações. Para ocorrer uma oscilação num corpo
que está em equilíbrio é preciso aplicar uma força exterior. O oscilador reage a esta ação por meio
de uma força de restituição que busca restituir o corpo ao seu estado de inicial de equilíbrio. Os
osciladores podem ser mecânicos ou eletromagnéticos. Nos mecânicos a força de restituição é
exercida ou pela gravidade ou pela elasticidade e nos osciladores eletromagnéticos é o
magnetismo. Nas oscilações acústicas a força de restituição depende da elasticidade do fluído no
qual o som se propaga.

Onda - Uma perturbação que se propaga em meio elástico gerando o movimento ondulatório. No
caso específico das oscilações periódicas de um corpo as ondas originadas são periódicas
(perturbações regulares). O movimento ondulatório possui um aspecto característico que é o fato
do movimento transportar energia e quantidade de movimento, mas não matéria.

Fig.5
É preciso apontar que enquanto a freqüência origem da propagação da onda é uma característica do
corpo que vibra, a velocidade com que a perturbação se propaga é característica do meio.
Quanto a sua natureza as ondas podem ser mecânicas ou eletromagnéticas.

Comprimento de onda ou longitude de onda (λ, lambda) - distância entre dois pontos sucessivos
de oscilação em igualdade de fase [ λ = c/f ]. As ondas periódicas apresentam uma freqüência e um
comprimento bem definidos. O comprimento de onda é a analogia espacial do período de um sinal
temporal harmônico.
Fig.6

Modos vibratórios – A maioria dos instrumentos musicais e a voz humana não são osciladores
simples, com apenas uma freqüência, tempo de amortecimento ou “faixa de ressonância”.
Normalmente, o movimento é mais complexo e pode ser visto como a sobreposição de diversos
modos próprios, ou seja, sistemas com vários graus de liberdade. Um grau de liberdade
corresponde a um modo vibratório. Na figura abaixo a representação de modos vibratórios
transversais:
Fig.7

Abaixo (Fig.8), modos vibratórios longitudinais:

Fig.8
Uma corda musical pode ser considerada um sistema contínuo de elementos com características
inerciais ligados entre si por elementos elásticos. Se o número de massas tender ao infinito, o
número de modos vibratórios tenderá para o infinito. Os modos vibratórios são independentes, isto
é, um único modo pode vibrar sem que os outros intervenham. Mas para isto acontecer é
necessário acionar o sistema só segundo aquele modo evitando os demais. Por mais complexa que
seja uma vibração de um sistema linear com n graus de liberdade pode ser sempre considerada
como uma sobreposição dos movimentos dos seus n modos naturais, sendo cada um deles um
movimento harmônico simples (MHS).

“Receita vibratória” - Nas duas figuras acima os modos vibratórios estão representados com
amplitudes iguais e magnitude arbitrária. Na realidade as amplitudes de cada modo vibratório se
diferenciam em função das condições de excitação. A “receita vibratória” é uma analogia culinária
em que cada modo, sua amplitude própria e tempo de amortecimento são os ingredientes dosados
para a composição do resultado final do “bolo”.

Ressonadores múltiplos - Se um ressonador é múltiplo, isto é, vibra com várias freqüências é


porque possue vários modos próprios de vibração. A caixa de ressonância dos instrumentos (piano,
violino, violão, etc.) são ressonadores múltiplos que possuem a propriedade de responder a muitas
freqüências. Nos instrumentos de sopro, madeiras e metais, os tubos atuam como ressonadores
múltiplos. O trato vocal tem várias ressonâncias que reforçam bandas de freqüência produzidas
pelas “cordas” vocais. Ao modificar a forma do trato vocal, variando a forma interior da boca,
mudam as freqüências de ressonâncias que determinam qual vogal será produzida.

Ondas transversais (em corpos sólidos) - movimento oscilatório das partículas se dá de forma
transversal à direção de propagação, como nas cordas em que as vibrações se propagam de um
lado para o outro da linha da corda em repouso. (ver figura 6)

Ondas longitudinais: movimento oscilatório na mesma direção da propagação em que a partir de


uma perturbação comprime sucessivamente as partículas do ar e assim irradiando uma onda como
uma flutuação de densidade ou de pressão, como nos tubos numa direção paralela ao comprimento
do instrumento (Fig.9):
Fig.9

Ondas transversais e longitudinais estacionárias se originam por sobreposição de ondas em


sentido contrário, de comprimento de onda e amplitude iguais. Formam-se nós vibratórios (N),
pontos em que impera o estado de repouso e ventres vibratórios (V) nos quais há amplitude de
oscilação máxima. A vibração complexa de um corpo pode ser vista como uma somatória de ondas
ou como uma somatória de modos. A designação estacionária resulta de parecer que a onda está
parada. Uma onda estacionária está limitada a um determinado meio finito: corda, tubo, placa, e
consiste na existência dos nós e ventres que aparecem alternadamente. Estes pontos resultam da
interferência construtiva e destrutiva que se propagam nos dois sentidos. As ondas propagam-se
nos meios elásticos, mas ao encontrarem os limites desses meios podem refletir-se (Fig.10):
Fig.10

Sobreposição de ondas (interferência)


Quando se sobrepõem ondas de mesma freqüência, em igualdade de fase, elas se intensificam: a
amplitude final é a soma da amplitude das duas. Quando em fases opostas se enfraquecem, ou em
caso extremo se anulam (uma defasagem de 180º e amplitude igual).
Quando se sobrepõem ondas de freqüência e amplitude diferentes originam-se formas ondulatórias
complexas (Princípio de Fourier) (os sons que se encontram na natureza, incluindo os sons dos
instrumentos e vozes).
Quando se sobrepõem duas ondas de freqüência muito próxima entre si se originam batimentos
(pulsações). A amplitude da onda resultante flutua periodicamente como vibrato (de amplitude).
Fig.11

Propagação do Som – O meio funciona como suporte para a perturbação inicial provocada pela
vibração da fonte sonora poder propagar-se. O meio em que ouvimos habitualmente é o ar e as
ondas que se nele se propagam são denominadas ondas de pressão, ou ondas de
compressão/rarefação, longitudinais e esféricas (tridimensionais).
O som ao propagar-se no ar cria flutuações de pressão (compressões e rarefações) relativamente à
pressão atmosférica. O ouvido, órgão extremamente sensível às variações de pressão, detecta
diferenças em relação à pressão atmosférica. O aumento da pressão relativamente à pressão
atmosférica, provocado pela onda, denomina-se pressão acústica.
Fig.12

Fig.13

Dimensão do Meio de Propagação – O meio de propagação das ondas sonoras pode ser sólido,
líquido e gasoso. Em relação à dimensão do meio de propagação, ele pode ser unidirecional,
bidimensional ou tridimensional. Em todos eles a elasticidade e densidade são propriedades
comuns.

Dimensão do meio Exemplo Grandeza da Unidade


densidade
Unidimensional Corda de violino Massa linear (µ, miu) Kg m-1
Bidimensional Membrana de tímpano Massa superficial Kg m-2
(σ,sigma)
Tridimensional Atmosfera, lâmina de Massa volúmica Kg m-3
xilofone (ρ,Ró)

Velocidade de propagação da onda sonora (c) – A velocidade de propagação pode ser definida
genericamente como raiz quadrada do coeficiente de elasticidade do meio pelo coeficiente de
inércia do meio. No ar é representada pela fórmula: c=√yp/ρ em que y (gama) é a razão de
aquecimento específico (no ar =1.4), p representa a pressão estática no ar (Pa) e ρ (ró) se refere à
densidade do ar. Se a pressão é modificada, a densidade é também alterada. Deste modo não há
mudança de velocidade em função da mudança de pressão. Mas isto somente é verdadeiro se a
temperatura permanecer constante. Portanto a velocidade de propagação da onda sonora no ar a 0o
C é 331 ms-1 e a 20o C é 343ms-1.

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ANEXOS
1. RESUMO DOS PRINCIPAIS CONCEITOS:

•Elongação (e): desvio das partículas em relação ao repouso

•Amplitude (A): ponto máximo de elongação: intensidade (maior amplitude maior


intensidade)

•Ângulo de fase (φ: fi) : estado momentâneo de oscilação

•Período (T): tempo decorrido entre dois estados de oscilação iguais (dupla oscilação)

•Freqüência (f): número de períodos por segundo (dupla oscilação). Altura do som medida
em Hz (hertz — quanto maior o número de oscilações por segundo mais agudo o som) [f=
1/T]

•Longitude de onda (λ: lâmbida): distância entre dois pontos sucessivos de oscilação em
igualdade de fase [ λ = c/f ]

•Velocidade de propagação do som (c): a velocidade varia de acordo com o meio elástico No
ar a velocidade padrão é aproximadamente de 340 ms. As variações
de velocidade dependem das variações de temperatura objetivadas pela formula:
c =√Уp/ρ em que У= razão de calor, p = pressão e ρ= densidade (massa volumétrica)
2. ALFABETO GREGO

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