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4º Verificação de Aprendizagens
4º Verificação de Aprendizagens
Características da ciência
Resumidas por Hubert Reeves, célebre físico do séc. XX, em “Reflexões de um
Observador da Natureza”, dizem que a ciência é uma:
Construção racional – é uma interpretação lógico-racional dos dados:
estabelece relações causais entre os fenómenos, formula leis e integra-as
em teorias;
Análise metódica e objetiva – define um objeto específico da
investigação; usa um método rigoroso adequado; conjuga a capacidade
intuitiva, criadora e organizadora (lógica) do pensamento com o respeito
pelos factos; combina invenção, lógica e experimentação;
Explicação operativa – é um conjunto de procedimentos (operações
lógico-matemáticas e experimentais repetíveis) conduzindo sempre aos
mesmos resultados teóricos;
Aproximação sucessiva – as teorias são criações racionais humanas
falíveis; a verdade científica nunca é definitiva, pode ser posta em causa,
está sujeita a revisão ou substituição; o conhecimento científico progride
quer por acumulação (continuidade) e alargamento do conhecimento
quer por revisões e correções; é construção dinâmica com retroações
constantes; é tentativa interminável para fazer desaparecer as fronteiras
da incerteza (não é acumulação indefinida);
Revisibilidade – aproximações sucessivas à realidade.
Explicação precisa, rigorosa e prática – usa um método científico, uma
linguagem unívoca e técnica, de preferência matemática; define os
conceitos com rigor; tem aplicação prática; perscruta os factos; a
realidade recriada -em termos de teorias e de leis- deve
obrigatoriamente reproduzir as observações.
Método hipotético-dedutivo
Este modelo parte de um facto-problema, que é um acontecimento ou
fenómeno para o qual a ciência não encontra explicação à luz dos
conhecimentos existentes.
Em relação ao método indutivo, neste modelo metodológico mudaram-se
algumas coisas:
Parte-se de um facto-problema;
Formula-se 1 ou mais hipóteses explicativas gerais;
Deduzem-se consequências que se confrontam com os dados da
observação;
Formulam-se leis ou teorias científicas quando a hipótese é confirmada
pelos dados da experiência.
Existem então, para este modelo, 5 etapas a seguir:
1. Facto-problema
Facto ou fenómeno para o qual não há explicação.
2. Formulação de 1 ou mais hipóteses
Invenção de uma solução ou construção de um modelo teórico explicativo.
3. Dedução de consequências da hipótese
A hipótese é uma explicação geral do facto-problema que só pode ser
confirmada a partir da dedução de consequências menos gerais.
4. Experimentação
Confronto das consequências deduzidas da hipótese com os factos.
5. Conclusão
Relativamente à conclusão, deparamo-nos com 2 cenários possíveis:
a) Os dados confirmam a hipótese: formulação de 1 lei ou teoria científica;
b) Os dados não confirmam a hipótese: reformulação da hipótese e
repetição de todos os procedimentos até obter nova confirmação.
Popper e o falsificacionismo
O falsificacionismo é uma teoria sobre a construção da ciência, desenvolvida e
defendida por Karl Popper (1902-1994), filósofo austríaco do séc. XX especialista
em epistemologia (estudo do conhecimento científico).
Ele expressa o seu pensamento nas suas obras “Conjeturas e Refutações” e
“Lógica da Pesquisa Científica”:
A rejeição do método indutivo
Popper começa por dizer que “A observação é sempre seletiva. Requer um
objeto determinado, uma tarefa definida, um interesse, um ponto de vista, um
problema.” Admite depois que, no indutivismo, a observação é o ponto de
partida da formulação de hipóteses científicas. Porém, argumeta que: “(...) mas
estas observações, por seu turno, pressupõem a adoção de um sistema de
referências –um sistema de expetativas, um sistema de teorias.”
Popper recusa o indutivismo, afirmando que o cientista não começa pela
observação de factos particulares, mas sim por identificar um problema e
formular uma hipótese para o solucionar. A teoria precede a observação.
Defende ainda que o indutivismo não pode ser a base da investigação científica,
pois não nos permite justificar teorias, uma vez que chega a conclusões mais
gerais do que o que foi afirmando nas premissas. Assim, como não se pode
testar tudo, o grau de cientificidade é muito reduzido.
Popper diz mesmo: “A teoria que defendo (...) opõe-se frontalmente a todas as
tentativas de utilizar as ideias da lógica indutiva. Ela poderia ser chamada teoria
do método dedutivo de prova, conceção segundo a qual uma hipótese só
admite prova empírica –e tão somente após ter sido formulada.”
Defesa da teoria do método dedutivo de prova:
Hipótese dedução de provas científicas corroboração/falsificação.
5. Falsificação ou corroboração
a) se não se confirmar a previsão, a teoria é falsificada e abandonada –
falsificação/refutação;
b) se se confirmar a previsão, a teoria manter-se-á, ainda que apenas como
conjetura (explicação mais ou menos provável) –dizemos que a teoria foi
corroborada (ainda não foi demonstrada como falsa).
Passar nos testes empíricos dá credibilidade à conjetura, mas não garante a sua
verdade, dado que nada sabemos quanto ao futuro.
Assim, quando uma conjetura é corroborada, torna-se, segundo o vocabulário
de Popper, mais verosímel, isto é, mais próxima da verdade.
Objeções a Popper
O falsificacionismo não está de acordo com a prática habitual dos
cientistas;
Nem todas as teorias são falsificáveis (são explicativas);
Quando uma previsão falha, não prova que a teoria seja na totalidade
falsa, podemos apenas reformulá-la e não excluí-la no seu todo;
Se todas as leis científicas são conjeturas provisórias, será que
compreendemos realmente alguma coisa? Podemos viver sem certezas?
A racionalidade científica
Embora não seja a única forma de dar sentido ao mundo (a filosofia, a arte ou a
religião são outras formas possíveis), a racionalidade científica é o conjunto de
modos de interpretar, explicar e compreender a realidade que obedece a uma
metodologia, é sistemática e procura a objetividade (validade de um
conhecimento ou de uma representação relativa a um objeto).
Os procedimentos padronizados e repetíveis contribuem para o que chamamos
a objetividade do conhecimento científico, que é a característica que permite
que o conhecimento científico seja reconhecido pela comunidade científica.