SALVADOR DOMINGO 6/12/2015 B3

Editora-coordenadora
Fabiana Mascarenhas (interina)
CIÊNCIA&VIDA
cienciavida@grupoatarde.com.br
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FABIANA MASCARENHAS
Embora seja uma excelente
combinação, água e sabão
nem sempre são suficientes
para fazer a higiene do cor-
po. E se o assunto é a área
genital, o cuidado deve ser
redobrado, sobretudo no ca-
so das mulheres que têm
dermatites atópicas e irrita-
ções constantes na região.
Segundo o ginecologista e
diretor médico do Centro de
Pesquisa e Assistência em
Reprodução Humana (Ce-
parh), Jorge Valente, a higie-
ne íntima adequada depen-
de de vários fatores.
“O tipo de produto utili-
zado, a maneira como a hi-
giene é feita e a frequência da
higienização podem in-
fluenciar no desenvolvimen-
to de fungos, provocando
corrimentos, odores desa-
gradáveis e coceira”, diz.
A má higienização pode
agravar infecções fúngicas e
bacterianas, como vulvova-
ginite, tricomoníase, gard-
nerella e a candidíase. “Em
situações mais graves, infec-
ções vaginais frequentes po-
dem atingir o endométrio e
trompas, causando até mes-
mo infertilidade”, alerta.
O profissional recomenda
que as mulheres busquem
limpar a área genital com
sabonetes líquidos hipoaler-
gênicos, específicos para a
região íntima. “Eles são mais
indicados do que os sabo-
netes em barra porque con-
têm ácido lático, um com-
ponente natural da pele que
confere um pH mais próxi-
mo do ideal”, explica.
O pH é o índice de acidez
que mantém a flora vaginal
em equilíbrio e impede a
ação de bactérias. O pH in-
terno da vagina varia entre
3,8 e 4,5. Já na área externa o
pH fisiológico se mantém
em torno de 5.
Embora mais frequente-
mente utilizados, os sabone-
tes em barra são menos in-
dicados porque, normal-
mente, têm pH alcalino.
Além de causar ressecamen-
to e diminuição da acidez da
pele, há maior probabilida-
de do uso compartilhado
por outras pessoas, o que au-
menta o risco de contami-
nação.
Indicação
Apesar disso, o presidente
da comissão de doenças in-
fectocontagiosas da Federa-
ção Brasileira de Ginecolo-
gia e Obstetrícia (Febrasgo),
Gutemberg Leão Filho, acre-
dita ser desnecessário o uso
de sabonetes íntimos.
“Se a mulher não apresen-
ta nenhum tipo de derma-
tite ou problemas na região,
ela pode utilizar o sabonete
em barra convencional. Eles,
de fato, são mais alcalinos,
mas o pH da vagina volta ao
normal pouco tempo depois
do banho. Além de mais ca-
ros, os sabonetes íntimos,
normalmente, contêm álco-
ol e outros substâncias que
podem causar irritação na
pele”, esclarece.
A universitária Sandra
Barros, 27, utiliza o sabonete
em barra, mas não abre mão
dos absorventes diários.
GINECOLOGIA Tipo de produto utilizado, a maneira como a higiene é feita e a
frequência da higienização podem influenciar no desenvolvimento de fungos
Higiene íntima feminina
exige cuidados especiais
HIGIENE ÍNTIMA SAUDÁVEL
Saiba quais são as recomendações para fazer a
higienização correta da genital feminina
TIPO DE PRODUTO
Preferencialmente, produtos
hipoalergênicos específicos
para a higiene anogenital
TEMPO DE HIGIENIZAÇÃO
Não deve ser superior a
dois ou três minutos para
evitar o ressecamento local
TÉCNICA DE HIGIENIZAÇÃO
Secar cuidadosamente as áreas lavadas com toalhas de algodão secas e
limpas. Os banhos de assento são indicados somente quando houver
recomendação médica
Pós-coito
Após ato sexual, lavar
área genital externa com
água e produto de
higiene íntima. Não fazer
uso de duchas vaginais
sem indicação médica
Pós-atividade física
Fazer a higiene logo após
o término das atividades
físicas para evitar que o
suor e outras secreções
irritem a pele da vulva
FONTE Guia Prático da Higiene Íntima da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), ginecologista Jorge Valente
“Como saio de casa para tra-
balhar muito cedo e só volto
à noite, por causa da facul-
dade, uso o absorvente por-
que me sinto mais limpa”,
comenta.
A prática, contudo, não é
recomendada. “O uso pro-
longado de absorventes com
película plástica externa e
perfumados também são fa-
tores agravantes da irritação
vulvar. Uma coisa é usar de
ÁREA A SER HIGIENIZADA
Deve-se evitar a introdução de
substâncias na cavidade vaginal. A
limpeza deve ocorrer somente no
compartimento externo, que inclui
o monte púbico, pele de vulva, raiz
das coxas e região perianal, além
do interior dos grandes e
pequenos lábios
Sabonetes em barra
normalmente têm pH
alcalino e podem
promover Resse camento
e diminuição da acidez da
pele. Além disso, há maior
probabilidade do uso
compartilhado por outras
pessoas, o que aumenta o
risco de contaminação
Período menstrual
A higiene deve ser feita com
menor intervalo nesse período
para aumentar a remoção
mecânica dos resíduos e
melhorar a ventilação genital,
com consequente redução da
umidade prolongada
Pós-menopausa
Recomenda-se lavar, no
máximo, duas vezes ao
dia, usando produtos com
pH próximo ao fisiológico
vez em quando, outra é dia-
riamente. Não aconselho”,
ressalta Leão.
A limpeza interna do ór-
gão sexual feminino tam-
bém não é indicada, pois po-
de desequilibrar a flora va-
ginal, assim como o uso de
duchas vaginais, exceto no
caso de indicação médica.
“É preciso ter equilíbrio.
Assim como não fazer a hi-
gienização da área íntima é
FREQUÊNCIA DIÁRIA
No clima quente:
três vezes ao dia
Sabonetes líquidos
os sabonetes líquidos
íntimos geralmente
contêm ácido lático, um
componente natural da
pele que confere um pH
(índice de acidez) ideal
errado, o excesso de higie-
nização também é perigo-
so”, afirma o médico.
O ginecologista Jorge Va-
lente recomenda ter sempre
na bolsa lenços umedecidos
hipoalergênicos, sem álcool
e perfume. “Eles são, inclu-
sive, mais indicados para hi-
giene íntima do que o papel
higiênico tradicional, já que
boa parte deles é áspera e
pode arranhar, além de dei-
No clima frio:
pelo menos uma vez ao dia
Lenços umedecidos
o uso de lenços específicos
para a região íntima é
preferível em relação ao
papel higiênico, pois o
papel pode se desfazer no
momento do uso,
deixando resíduos na
região
Puerpério recente
O asseio deve ser feito
como no período
menstrual, com produtos
com pH levemente ácido
Protetor diário
O uso prolongado de
absorventes com película
plástica externa e
perfumados são fatores
agravantes da irritação
vulvar. Deve-se evitar o
uso diário
Editoria de Arte A TARDE
xar resíduos na região”.
Adotar o hábito de fazer a
higiene íntima após a rela-
ção sexual também é outra
maneira de prevenir doen-
ças. “A higiene deve ser feita,
principalmente, se o casal
não usou preservativo. Isso
porque o pH da região ge-
nital da mulher pode sofrer
alterações devido ao pH do
sêmen do parceiro”, escla-
rece Jorge Valente.
“É importante
que os casais
façam a higiene
genital após
o sexo”
JORGE VALENTE, ginecologista
Saulo Brandão / Divulgação
Má higienização
do pênis é uma
das causas de
câncer genital
A má higienização da área
genital é uma das principais
causas de câncer de pênis.
De acordo com dados do Ins-
tituto Nacional do Câncer –
órgão ligado ao Ministério
da Saúde –, no Brasil, esse
tipo de tumor representa 2%
de todos os tipos de câncer
que atingem o homem, sen-
do mais frequente nas re-
giões Norte e Nordeste.
“Este tipo de câncer está
relacionado a baixas condi-
ções socioeconômicas e más
condições de higiene. Ele é
cinco vezes mais recorrente
noNordestedoqueemoutras
regiões do país”, explica o
doutor em urologia pela Uni-
versidade Federal da Bahia
(Ufba), Neviton de Castro.
Segundo o médico, não há
nenhuma recomendação
especial para fazer a higie-
nização do pênis. Basta lavar
a região com água e sabo-
nete, pelo menos, duas vezes
ao dia.
Orientação
Para fazer a limpeza, o ho-
mem deve retrair o prepúcio
(pele que recobre a glande),
lavar em volta da glande
com sabonete e retirar todo
o esmegma – secreção bran-
ca composta de células epi-
teliais descamadas, óleos e
gorduras produzidas pelas
glândulas do pênis – que fica
acumulado na região.
“É necessário, também,
enxugar o pênis, para que a
região não fique úmida e,
consequentemente, suscetí-
vel à proliferação de fun-
gos”, orienta o médico, aler-
tando que a higiene deve ser
estendida aos testículos, vi-
rilha e ânus.
Homens que não se sub-
meteram à circuncisão – re-
moção do prepúcio, a pele
que reveste a glande – de-
vem redobrar os cuidados, já
que o estreitamento pelo
prepúcio facilita o acúmulo
de sujeiras.

CURTAS

Saúde e Aviação renovam parceria Seminário on line orienta pesquisas Uneb sedia conferência internacional

Pacientes que precisam re-
ceber doação de medula ós-
sea agora contam com mais
uma novidade para facili-
tar o acesso gratuito aos
transplantes desses órgãos.
A parceria do Ministério da
Saúde e Secretaria de Avia-
ção Civil com empresas
áreas que prevê o transpor-
te de órgãos para trans-
plante foi renovada na úl-
tima quinta-feira. A inicia-
tiva passa a incluir a me-
dula óssea entre os órgãos
passíveis de ser transpor-
tados por avião para trans-
plante. O transporte da me-
dula dependia da criação de Já é possível receber uma em Ciências Biológicas pela A Uneb vai sediar a Con- ra realizar as inscrições. In-
um fluxo específico, já que orientação online e sem ne- Universidade de São Paulo ferência Internacional formações pelo e-mail in-
não pode passar pelo sis- nhum custo para o seu pro- (USP), foi convidada para de Educação em Engenha- tertech2016@copec.eu ou
tema de raios-X. jeto de pesquisa. Segundo o falar sobre o assunto. ria e Tecnologia (Intertech no site www.uneb.br.
UNiversia Brasil, acontece 2016), que acontece entre os
nesta terça-feira, 8 de de- dias 28 de fevereiro e 2 de
zembro, às 15h, no site ofi- março, no Campus I da Ins-
cial da empresa Editage, es- tituição, em Salvador. O
MEDULA ÓSSEA pecialista em comunicação INSCRIÇÕES SÃO evento, que abordará o te-
científica, um seminário GRATUITAS ma Fornecendo conheci- Informações
A iniciativa passa a
incluir a medula óssea
online para estudantes de
mestrado, doutorado e pes- Para participar do
mento para incrementar a
qualidade das ferramentas
podem ser
entre os órgãos passíveis quisadores em início de webseminário, que de informação: um desafio obtidas por
de ser transportados por carreira. O tema da sessão acontece nesta terça, global atual, é direcionado
avião para fins de será “Como escolher a re- basta fazer sua inscrição pesquisadores e acadêmi- meio do site
transplante. A parceria
possibilitou ampliar o
vista certa para o seu artigo
científico em inglês”. Karin
gratuita pelo link:
www.brighttalk.com/
cos da área. Os interessados
em apresentar trabalhos
da instituição:
número de voos Hoch Fehlauer Ale, doutora webcast/9615/181109 têm até 30 de dezembro pa- www.uneb.br