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Uwe Grünewald
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2. Em segundo lugar, trata-se, no caso dos participantes em acções de formação con-
tínua, exclusivamente de trabalhadores. A formação profissional contínua de
desempregados (D) é realizada através de outras fontes de financiamento e, na maior
parte da vezes, por outros promotores. A representação do número de participantes teve
alguns problemas de cálculo, uma vez que num mesmo ano uma pessoa pode ter
participado, tanto como trabalhador, como enquanto desempregado, em acções de
formação profissional contínua.
3. Nas acções de formação profissional contínua (C) participam, por vezes sob a forma
de financiamento misto, três financiadores ou promotores, os formandos em si, as
instituições públicas (Estado, instituições municipais, entidades apoiadas pelos
parceiros sociais) e as empresas. As notas expostas em seguida concentram-se nas
acções de formação contínua (E) promovidas por empresas e largamente financiadas por
elas. As acções de formação profissional contínua (F) organizadas na base da iniciativa
individual não são aqui consideradas. A formação contínua ao nível da empresa é
caracterizada:
- por pressupor um nível básico de formação geral. A transmissão de conteúdos de
formação geral é a excepção, a prática de qualificações extrafuncionais,
pluridisciplinares tem vindo a adquirir considerável importância;
- por pressupor uma formação profissional inicial: na Alemanha, a conclusão de um
curso de formação profissional em regime de alternância (sistema dual) como base para
a participação em acções mais desenvolvidas ou especializadas. Normalmente, espera-
se que o formando já tenha uma experiência profissional de vários anos;
- por geralmente se medir o êxito da qualificação pelos objectivos concretos da empresa.
O horizonte do objectivo é, na maior parte das vezes, de curto prazo, a necessidade de
qualificação decorre quase sempre das transformações técnicas e organizativas na
empresa.
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Objectivos e motivos das empresas que explicam a sua oferta de formação
contínua
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concorrencial interna. Como às acções de formação contínua recorriam tendencialmente
mais trabalhadores efectivos do que propriamente os que trabalhavam à margem, a
capacidade de mercado destes trabalhadores no mercado de trabalho externo era
secundária. A transformação estrutural em muitos ramos industriais, reforçada ainda
pela reestruturação da economia na antiga RDA, influenciou também, de forma negativa
e duradoura, a segurança de emprego dos trabalhadores pertencentes ao quadro efectivo
da empresa. Nos casos de encerramento de empresas, os trabalhadores com longa
experiência profissional e carreira de formação profissional têm grandes dificuldades
em dar a conhecer de forma transparente o seu potencial de qualificação a outras
empresas.
Este objectivo não tem significado estratégico para a formação contínua no quadro
empresarial. Esta resulta da necessidade de adaptar os potenciais de qualificação dos
trabalhadores às novas exigências laborais, a novos produtos e novos métodos de
produção. As acções são, na sua maioria, orientadas para a procura e não para a oferta.
Não é necessário incentivar uma participação em acções de formação contínua na
empresa. Pelo contrário, uma não participação ameaçará destabilizar a situação laboral
do respectivo trabalhador, reduzindo as suas possibilidades de mobilidade dentro da
empresa. O desenvolvimento contínuo do potencial de qualificações, numa perspectiva
de valorização mais de médio prazo, corresponde às concepções da Comissão, mas só
espelha a realidade para uma pequena parte das acções de formação contínua na
empresa .
Como além disso não existe na Alemanha, quer no plano empresarial, quer na
disponibilização de ofertas externas de formação contínua (por exemplo, através das
câmaras de indústria e comércio ou das câmaras de artes e ofícios), um diálogo entre
empregadores e trabalhadores ou representantes dos seus interesses com vista à
elaboração de concepções de conteúdo, a situação só poderá mudar a longo prazo.
A Comissão está no bom caminho se estimular, tal como aconteceu com o programa
de acção FORCE na primeira metade dos anos 90, projectos transnacionais visando a
elaboração de instrumentos necessários a um desenvolvimento integrado de pessoas e
qualificações e apoiar a sua disseminação. Não se deve, no entanto, sobrevalorizar a
importância quantitativa de tais abordagens nas empresas, nem mesmo na Alemanha.
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Objectivo 2: Aproximação entre escola e empresas
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percursora. No quadro da iniciativa do Fundo Social Europeu, ADAPT, estão a ser
experimentadas redes transnacionais neste domínio.
Por muito desejável que este objectivo seja, como base de comunicação para um
processo de integração na Europa com êxito, não deixa de ser grande o fosso entre o
objectivo proposto e a realidade nas empresas alemãs. Mesmo com a
internacionalização é reduzido o número de trabalhadores obrigados a utilizar
diariamente uma língua estrangeira comunitária, conforme foi confirmado por análises
sectoriais no quadro do programa FORCE. A solução mais frequente para resolver
problemas linguísticos, originados pelo alargamento de relações com outros mercados
ou da deslocalização de unidades de produção, é o recrutamento de trabalhadores que
cresceram em ambiente bilingue. Neste domínio, os pequenos Estados-membros da
Comunidade, em particular os países do BENELUX, encontram- se numa situação de
certo vantajosa, próxima do objectivo definido pela Comissão.
A concretização da aprendizagem de três línguas comunitárias como base para a
actividade profissional não irá ter ainda grande relevância nos próximos dez anos e só
muito limitadamente poderá vir a ser estimulada no âmbito das acções de formação
contínua a nível da empresa. Nos próximos cinco a dez anos, mesmo o trabalhador com
actividade bilingue nos países da União Europeia, apesar da tendência cada vez maior
para a internacionalização e globalização da vida económica, continuará a constituir
uma excepção, circunscrito a certos sectores-chave das empresas.
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resultados obtidos com os investimentos na formação contínua a nível da empresa um
valor de mercado e imputável.
No Reino Unido desenvolveu-se o instrumento da “accreditation of prior learning” em
complemento dos NVQs modulares. Infelizmente, ainda não foram divulgados dados,
indicando em que medida, pelo menos em casos pontuais, foi possível documentar e,
eventualmente, certificar o resultado de processos de aprendizagem informais, bem
como a aprendizagem através do trabalho.
Resumo
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Gráfico 1:
Número de participantes nos vários sectores da formação contínua
Total de participantes
em acções de formação
contínua: 19,9 milhões
A B
Formação contínua Formação contínua
De carácter profissional: de carácter geral: 12,5
11,2 milhões de milhões de participantes
participantes
C D
Formação profissional Formação profissional
contínua de contínua de
trabalhadores: 9,7 desempregados: 1,5
milhões de participantes milhões de participantes
E F
Formação contínua a Formação profissional
nível da empresa: 8 Contínua individual:
milhões de participantes 1,9 milhões de
participantes
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“Acções de formação contínua, promovidas e financiadas pelas empresas,
representam uma parte central das possibilidades de qualificação para adultos.”
“As empresas só estão dispostas a suportar os custos da formação contínua dos seus
trabalhadores se puderem esperar um benefício empresarial directo com a sua
qualificação.”
“Uma análise para saber em que medida é que os objectivos da Comissão poderiam
ser usados num processo de reestruturação ou desenvolvimento da formação
contínua ao nível da empresa mostrou claramente que a lógica concepcional das
acções de formação a nível da empresa só dificilmente poderá ser conciliada com
objectivos globais de política de educação e social.”