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____/____/2018
Assunto: migração contemporânea
Palavras-chave: movimento de populações, globalização, desigualdades
Em nossas últimas atividades trabalhamos redes e fluxos e aprendemos a relação
desses aspectos com a globalização. Nesta, abordaremos o fenômeno das migrações
contemporâneas.
01. Em sala de aula, juntamente com seus e suas colegas, participe da leitura coletiva e
explanação de sua professora.
Migração contemporânea
A migração contemporânea inscreve-se neste contínuo histórico, mas difere do
passado de vários modos, especialmente pelas causas concomitantes que hoje a geram.
No seu conjunto, a migração constitui uma realidade muito complexa. Milhões de
pessoas são obrigadas a deslocar-se dentro e fora dos seus países por uma miríade de
fatores.
Migrações de vários tipos tornam-se cada vez mais uma experiência normal na vida
dos povos, grupos étnicos, famílias e indivíduos. Alguns são desenraizados e fogem de
conflitos, regimes tirânicos, exploração e violação dos direitos humanos; outros,
empurrados pela miséria, vão à procura de um lugar onde sobreviver; outros são
refugiados, vítimas de desastres naturais ou da degradação ambiental; outros, ainda, são
atraídos por oportunidades, reais ou consideradas tais, de melhorar o seu nível de vida.
A tipologia da migração contemporânea torna difícil a distinção entre estes vários
grupos. À migração de um país para outro se acrescenta depois a migração ou
«deslocação» no interior do próprio país. Neste sentido, fala-se de «migração mista».
De 1960 a 2000 o número dos migrantes passou de 100 para 175 milhões: metade
deles são mulheres. Os migrantes constituem 3 por cento da população mundial, mas
com uma concentração em algumas regiões. Assim, em 2000, 63 por cento dos
migrantes encontravam-se nos países desenvolvidos, onde vinham a constituir 8,7 por
cento da população, com os seguintes picos: 35 milhões nos EUA, o correspondente a
12,3 por cento da população; 32 milhões na Europa, o correspondente a 9,7 por cento da
população; 5,7 milhões no Canadá, o correspondente a 19 por cento da população; 4
milhões na Austrália, o correspondente a 23 por cento da população. Além disso, o
movimento migratório concentra-se ulteriormente nas grandes cidades: em Toronto, 44
por cento da população é constituída por migrantes ou seus descendentes, enquanto em
Bruxelas e em Londres representam respectivamente 29 e 25 por cento.
Globalização e migração
Um aspecto particular da migração hoje é ser uma migração «forçada» para muitos:
mais do que uma opção, a migração é para muitos uma necessidade. Os emigrantes de
hoje são, em grande parte, «vítimas» de processos e condições sociopolíticas. Aqui a
globalização joga um papel decisivo. De fato, o maior aumento do número dos
migrantes verificou-se no período de rápida globalização a partir de 1980.
Globalização e migração internacional caminham a par e passo. O sociólogo
americano, Jan Nederveen Pieterse, fala da globalização e da migração como de twin
subjects, ou seja, «gêmeos» indistinguíveis; o poder econômico e os fluxos migratórios
estariam reciprocamente entrançados num processo considerado irreversível.
Uma característica fundamental do processo de globalização é o fluxo em larga
escala de capitais e bens financeiros, mercadorias e serviços, de tecnologia e pessoal
para além das fronteiras nacionais. Quanto aos governos, eles favorecem tais fluxos
econômicos, especificamente de finança e comércio, enquanto permanecem
ambivalentes relativamente ao movimento de pessoas: em particular, economias ricas
estimulam a chegada de pessoal altamente qualificado, mas muitas vezes fecham a porta
a gente menos qualificada.
O fato de cada vez mais áreas novas do mundo serem impelidas a estabelecer
relações com a economia global leva a perturbações sociais em massa que muitas vezes
impelem à migração. A globalização determina uma crescente disparidade no
rendimento e em matéria de segurança humana entre o Norte e o Sul. A liberalização e a
desregulamentação econômica, a consequente entrada de multinacionais em áreas
precedentemente de economia fechada e a política de ajustamentos estruturais são
outros tantos fatores de profunda transformação social: as formas tradicionais de
produção são desvalorizadas e a gente é obrigada a transferir-se primeiro dos campos
para as cidades e depois para fora do próprio país.
Neste último período é provável que os alunos tenham dificuldade para compreender:
altamente rebuscado. “Liberalização”, “desregulamentação”; “ajustamentos estruturais”
– estes termos evocam conceitos que exigem um nível de abstração e reunião de vários
saberes: política, sociologia, p. ex.
Condições técnicas
Ao mesmo tempo, a globalização cria as condições culturais e técnicas para a
mobilidade. A nova comunicação eletrônica permite o acesso às informações sobre as
redes da emigração e sobre as eventuais oportunidades de trabalho. A rede dos
modernos meios de transporte torna as deslocações, mesmo entre zonas distantes, mais
acessíveis, até para quem não é rico. A facilitação da migração torna-se inclusive uma
das maiores indústrias do mundo globalizado e envolve agências de viagem, banqueiros,
advogados, angariadores, traficantes etc. Na dinâmica da globalização, os próprios
fluxos migratórios vêm a criar redes de migração.
A relação entre a migração e a economia global de mercado explica, pelo menos em
parte, a ineficácia das políticas antimigratórias dos governos: «os governos permanecem
focalizados sobre os controles da migração nacional, enquanto os migrantes seguem a
lógica transnacional do mercado global do trabalho».
Força corretiva
Evidentemente, a migração, efeito da globalização, torna-se ela mesma um elemento
modelador do processo de globalização. Alguns pensam que a migração possa com o
tempo ser uma força corretiva da atual desigualdade global e promover o
desenvolvimento dos próprios países pobres. Ora, se por um lado a migração pode
produzir uma entrada de capital para os países de envio de emigrantes, as chamadas
«remessas» dos emigrantes, ou seja, o dinheiro que eles enviam para o seu país, por
outro, dada a disponibilidade dos países desenvolvidos em receber apenas pessoal
qualificado, a migração torna-se um “fuga de cérebros” mediante o qual os competentes,
em cuja formação os países tinham investido enormemente e que são indispensáveis
para o seu desenvolvimento, são transferidos para os países ricos. Este é um outro
aspecto que diferencia a nova emigração da tradicional: mas quanto aos emigrantes não
qualificados, eles permanecem geralmente dentro da rede de trabalhos sem qualificação,
com pouca ou nenhuma possibilidade de promoção. A migração como parte do atual
processo de globalização não só determina perturbações socioculturais nos países de
origem, com efeitos ambivalentes onde fragmentos de esperança são como que
dispersos num mar de frustração, perda e destruição do tecido social. Mas provoca
igualmente profundas mudanças nos países de chegada, onde se vêm formando
«sociedades multiétnicas», com toda a sua carga de promessas e também com todos os
relativos problemas e conflitos.
Fonte: http://www.alem-mar.org/cgi
Este texto, para ser adequadamente utilizado em sala, exige um trabalho intenso com
vocábulos e definição de conceitos. Não o considero adequado para o 9º Ano,
principalmente por causa dos múltiplos conceitos e saberes envolvidos, a saber, política
e sociologia. A escrita original parece ter sido gestada em Portugal, o que também é um
complicador visto que a sintaxe e a organização de ideias é colocada de modo diferente
no ultramar.