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Atividade: No 08 Data:

____/____/2018
Assunto: migração contemporânea
Palavras-chave: movimento de populações, globalização, desigualdades
Em nossas últimas atividades trabalhamos redes e fluxos e aprendemos a relação
desses aspectos com a globalização. Nesta, abordaremos o fenômeno das migrações
contemporâneas.

01. Em sala de aula, juntamente com seus e suas colegas, participe da leitura coletiva e
explanação de sua professora.

Migrações: humanidade em movimento

A migração representa um fator constante na formação dos vários grupos humanos.


A História desmente a tese de identidades por assim dizer «fechadas». A identidade
cultural de um povo é, antes, um contínuo processo de intercâmbios: é um contínuo
fazer-se e refazer-se. O movimento de populações de um lugar para outro é fenômeno
verificável em todas as épocas históricas. A história do homem é uma história de
humanidade em movimento. A própria história da Europa moderna pode ser
considerada pelos tempos das migrações internas, pelos deslocamentos de trabalhadores
de um país para outro, pelo contínuo êxodo dos refugiados das guerras. 

Migração contemporânea
 
A migração contemporânea inscreve-se neste contínuo histórico, mas difere do
passado de vários modos, especialmente pelas causas concomitantes que hoje a geram.
No seu conjunto, a migração constitui uma realidade muito complexa. Milhões de
pessoas são obrigadas a deslocar-se dentro e fora dos seus países por uma miríade de
fatores.
Migrações de vários tipos tornam-se cada vez mais uma experiência normal na vida
dos povos, grupos étnicos, famílias e indivíduos. Alguns são desenraizados e fogem de
conflitos, regimes tirânicos, exploração e violação dos direitos humanos; outros,
empurrados pela miséria, vão à procura de um lugar onde sobreviver; outros são
refugiados, vítimas de desastres naturais ou da degradação ambiental; outros, ainda, são
atraídos por oportunidades, reais ou consideradas tais, de melhorar o seu nível de vida.
A tipologia da migração contemporânea torna difícil a distinção entre estes vários
grupos. À migração de um país para outro se acrescenta depois a migração ou
«deslocação» no interior do próprio país. Neste sentido, fala-se de «migração mista».
De 1960 a 2000 o número dos migrantes passou de 100 para 175 milhões: metade
deles são mulheres. Os migrantes constituem 3 por cento da população mundial, mas
com uma concentração em algumas regiões. Assim, em 2000, 63 por cento dos
migrantes encontravam-se nos países desenvolvidos, onde vinham a constituir 8,7 por
cento da população, com os seguintes picos: 35 milhões nos EUA, o correspondente a
12,3 por cento da população; 32 milhões na Europa, o correspondente a 9,7 por cento da
população; 5,7 milhões no Canadá, o correspondente a 19 por cento da população; 4
milhões na Austrália, o correspondente a 23 por cento da população. Além disso, o
movimento migratório concentra-se ulteriormente nas grandes cidades: em Toronto, 44
por cento da população é constituída por migrantes ou seus descendentes, enquanto em
Bruxelas e em Londres representam respectivamente 29 e 25 por cento.

Globalização e migração
 
Um aspecto particular da migração hoje é ser uma migração «forçada» para muitos:
mais do que uma opção, a migração é para muitos uma necessidade. Os emigrantes de
hoje são, em grande parte, «vítimas» de processos e condições sociopolíticas. Aqui a
globalização joga um papel decisivo. De fato, o maior aumento do número dos
migrantes verificou-se no período de rápida globalização a partir de 1980.
Globalização e migração internacional caminham a par e passo. O sociólogo
americano, Jan Nederveen Pieterse, fala da globalização e da migração como de twin
subjects, ou seja, «gêmeos» indistinguíveis; o poder econômico e os fluxos migratórios
estariam reciprocamente entrançados num processo considerado irreversível.
Uma característica fundamental do processo de globalização é o fluxo em larga
escala de capitais e bens financeiros, mercadorias e serviços, de tecnologia e pessoal
para além das fronteiras nacionais. Quanto aos governos, eles favorecem tais fluxos
econômicos, especificamente de finança e comércio, enquanto permanecem
ambivalentes relativamente ao movimento de pessoas: em particular, economias ricas
estimulam a chegada de pessoal altamente qualificado, mas muitas vezes fecham a porta
a gente menos qualificada.
O fato de cada vez mais áreas novas do mundo serem impelidas a estabelecer
relações com a economia global leva a perturbações sociais em massa que muitas vezes
impelem à migração. A globalização determina uma crescente disparidade no
rendimento e em matéria de segurança humana entre o Norte e o Sul. A liberalização e a
desregulamentação econômica, a consequente entrada de multinacionais em áreas
precedentemente de economia fechada e a política de ajustamentos estruturais são
outros tantos fatores de profunda transformação social: as formas tradicionais de
produção são desvalorizadas e a gente é obrigada a transferir-se primeiro dos campos
para as cidades e depois para fora do próprio país.
 
Neste último período é provável que os alunos tenham dificuldade para compreender:
altamente rebuscado. “Liberalização”, “desregulamentação”; “ajustamentos estruturais”
– estes termos evocam conceitos que exigem um nível de abstração e reunião de vários
saberes: política, sociologia, p. ex.

Condições técnicas
 
Ao mesmo tempo, a globalização cria as condições culturais e técnicas para a
mobilidade. A nova comunicação eletrônica permite o acesso às informações sobre as
redes da emigração e sobre as eventuais oportunidades de trabalho. A rede dos
modernos meios de transporte torna as deslocações, mesmo entre zonas distantes, mais
acessíveis, até para quem não é rico. A facilitação da migração torna-se inclusive uma
das maiores indústrias do mundo globalizado e envolve agências de viagem, banqueiros,
advogados, angariadores, traficantes etc. Na dinâmica da globalização, os próprios
fluxos migratórios vêm a criar redes de migração.
A relação entre a migração e a economia global de mercado explica, pelo menos em
parte, a ineficácia das políticas antimigratórias dos governos: «os governos permanecem
focalizados sobre os controles da migração nacional, enquanto os migrantes seguem a
lógica transnacional do mercado global do trabalho».
 
Força corretiva
 
Evidentemente, a migração, efeito da globalização, torna-se ela mesma um elemento
modelador do processo de globalização. Alguns pensam que a migração possa com o
tempo ser uma força corretiva da atual desigualdade global e promover o
desenvolvimento dos próprios países pobres. Ora, se por um lado a migração pode
produzir uma entrada de capital para os países de envio de emigrantes, as chamadas
«remessas» dos emigrantes, ou seja, o dinheiro que eles enviam para o seu país, por
outro, dada a disponibilidade dos países desenvolvidos em receber apenas pessoal
qualificado, a migração torna-se um “fuga de cérebros” mediante o qual os competentes,
em cuja formação os países tinham investido enormemente e que são indispensáveis
para o seu desenvolvimento, são transferidos para os países ricos. Este é um outro
aspecto que diferencia a nova emigração da tradicional: mas quanto aos emigrantes não
qualificados, eles permanecem geralmente dentro da rede de trabalhos sem qualificação,
com pouca ou nenhuma possibilidade de promoção. A migração como parte do atual
processo de globalização não só determina perturbações socioculturais nos países de
origem, com efeitos ambivalentes onde fragmentos de esperança são como que
dispersos num mar de frustração, perda e destruição do tecido social. Mas provoca
igualmente profundas mudanças nos países de chegada, onde se vêm formando
«sociedades multiétnicas», com toda a sua carga de promessas e também com todos os
relativos problemas e conflitos.
Fonte: http://www.alem-mar.org/cgi

Este texto, para ser adequadamente utilizado em sala, exige um trabalho intenso com
vocábulos e definição de conceitos. Não o considero adequado para o 9º Ano,
principalmente por causa dos múltiplos conceitos e saberes envolvidos, a saber, política
e sociologia. A escrita original parece ter sido gestada em Portugal, o que também é um
complicador visto que a sintaxe e a organização de ideias é colocada de modo diferente
no ultramar.

02. Com atenção, responda às questões a seguir:


a) O que difere a migração contemporânea da migração antiga? Justifique.
b) Indique três causas de migrações.
c) Onde há maior concentração de emigrantes no mundo? Por quê?
d) Estabeleça a relação entre globalização e migração.
e) Explique porque o autor afirma que a migração causa perturbações
socioculturais.
03. Coletivamente, acompanhe seu professor na correção de todos os itens da questão
02. A seguir, faça uma lista com as palavras-chave que precisam estar em sua resposta.
Leia as respostas dadas aos itens dessa questão e compare com as que você escreveu em
seu caderno. Acrescente uma interrogação às margens de seu caderno, caso descubra,
em suas respostas pessoais incoerências e erros, em relação ao que foi aqui estudado.
Esta interrogação lhe servirá de alerta, quando retomar este assunto.
Em casa:
04. Atentamente, leia os textos a seguir respondendo ao que se pede em seguida.

Deslocando-se através das fronteiras

A prática de conceder asilo em térreas estrangeiras a pessoas que estão fugindo


de perseguição é uma das características mais antigas da civilização. Referências a essa
prática foram encontradas em textos escritos há 3.500 anos, durante o florescimento dos
antigos grandes impérios do Oriente Médio, como o Hitita, o Babilônico, o Assírio e o
Egípcio antigo.
Mais de três milênios depois, a proteção a refugiados foi estabelecida como
missão principal da agência de refugiados da ONU, que foi constituída para assistir,
entre outros, os refugiados que esperavam para retornar aos seus países de origem no
final da II Guerra Mundial.
A Convenção de Refugiados de 1951, que estabeleceu o ACNUR (Alto
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), determina que um refugiado é
alguém que “temendo ser perseguido por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo
social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não
pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país”.
Desde então, o ACNUR tem oferecido proteção e assistência para dezenas de
milhões de refugiados, encontrando soluções duradouras para muito deles. Os padrões
da migração se tornaram cada vez mais complexos nos tempos modernos, envolvendo
não apenas refugiados, mas também milhões de migrantes econômicos. Mas refugiados
e migrantes são fundamentalmente distintos, e por esta razão são tratados de maneira
muito diferente perante o direito internacional moderno.
Migrantes, especialmente migrantes econômicos, decidem deslocar-se para
melhorar as perspectivas para si mesmos e para suas famílias. Já os refugiados
necessitam deslocar-se para salvar suas vidas ou preservar sua liberdade. Eles não
possuem proteção de seu próprio Estado e de fato muitas vezes é seu próprio governo
que ameaça persegui-los. Se outros países não os aceitarem em seus territórios, e não os
auxiliarem uma vez acolhidos, poderão estar condenando estas pessoas à morte ou à
uma vida insuportável nas sombras, sem sustento e sem direitos.
Fonte: http://www.acnur.org/t3/portugues/que-ajudamos/refugiados/

À procura de uma vida melhor

Quem são os refugiados que estão verdadeiramente fugindo da perseguição e


quais estão somente procurando uma situação econômica melhor? É essa a pergunta que
a década de 90 trouxe à atenção dos políticos do Ocidente. Hoje em dia a entrada para
os países desenvolvidos apresenta cada vez mais obstáculos. Os migrantes veem o
pedido de asilo como a única opção. Surgiu com isso o fenômeno do tráfico de seres
humanos. Os traficantes recebem grandes quantias de dinheiro para transportar os
migrantes por distâncias às vezes enormes – da China à Grã Bretanha, por exemplo. É
um mundo ilegal que não traz nenhuma certeza aos migrantes. Muitas vezes eles são
largados em locais diferentes do prometido.
Os governos dos países desenvolvidos tendem a ver as pessoas que chegam
ilegalmente às suas portas como uma ameaça. A Austrália tem um programa para
receber um número limitado de imigrantes legais. Os ilegais são recolhidos em centros
de detenção como o de Woomera, que fica isolado no meio do deserto.
Os países pobres pagam a conta. A impressão geral é que os migrantes procuram
os países mais ricos. Mas nem é sempre verdade. Os números indicam que são os países
em desenvolvimento que aceitam a maioria dos refugiados.
A ex-Alta Comissária para Refugiados, Sadako Ogata, acredita que já é hora de
os governos europeus adotarem uma visão mais de longo prazo e começarem a atacar
pela raiz o problema da migração forçada. Outros argumentam que devia haver mais
migração legal para o Ocidente para compensar a redução contínua na taxa de
natalidade e aliviar o sistema de pedido de asilo, que hoje sofre com uma série de
abusos.
Mas, segundo Bozorgmhr Ziaran, do Ministério de Estrangeiros do Irã, as
tentativas desesperadas dos países do Primeiro Mundo de bloquear a entrada aos
migrantes não vai dar resultado. A não ser, disse ele, que os governos estejam
preparados a reagir às crises logo que elas aconteçam.
“Não se pode deixar uma ilha de prosperidade no meio de um oceano de pobreza e
desespero”, disse ele. “Mais cedo ou mais tarde estes muros não vão aguentar. As
pessoas vão entrar e encontrar um modo de ficar.”
Fonte: http://www.bbc.co.ok/portuguese/especial/migrantes/mudanca.shtml

a) Do texto, explique: “Os padrões da migração se tornaram cada vez mais


complexos nos tempos modernos.”
b) Com base nos dados apresentados, diferencie migrantes econômicos de
refugiados.
c) De que modo os países desenvolvidos e em desenvolvimento têm tratado a
questão dos refugiados?

5. Coletivamente, acompanhe seu professor na correção de todos os itens da


questão 04. A seguir, faça uma lista com as palavras-chave que precisam estar
em sua resposta. Leia as respostas dadas aos itens dessa questão e compare com
as que você escreveu em seu caderno. Acrescente uma interrogação às margens
de seu caderno, caso descubra, em suas respostas pessoais incoerências e erros,
em relação ao que foi aqui estudado. Esta interrogação lhe servirá de alerta,
quando retomar este assunto.

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