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Hospital Geriátrico e de

Convalescentes D. Pedro II

Epilepsia no Idoso

Renata Mara Bueno Aguiar


E3 Geriatria
Epilepsia no Idoso
Definição
• Epilepsia
Epilepsia é umétranstorno
um transtorno neurológico
do encéfalo caracterizado por
caracterizado
porcrises epilépticas
predisposição recorrentes,
persistente de gerarsecundárias
crises a alterações
neurológicas
epilépticas, e pelasnão provocadasneurobiológicas,
consequências e associadas a uma
predisposição
cognitivas, persistente
psicológicas e sociaisdodessa
cérebro.
condição.

Epilepsia é um transtorno caracterizado por duas ou mais crises


não provocadas ocorrendo em um intervalo maior de 24 horas.

Fisher RS, et al. Epilepsia, 46(4):470-472, 2005 Epileptic Seizures and Epilepsy:
Definitions Proposed By the International League Against Epilepsy (ILAE) and
the International Bureau for Epile.psy (IBE)
Epilepsia x Crise
epiléptica
• Uma crise epiléptica é o evento.

• Epilepsia é a doença associada a crises que


recorrem espontaneamente.

Berg et al 2010 in FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia.


In: Tratado de geriatria e gerontologia. Guanabara Koogan, 2016
Crise convulsiva ou

Convulsão
Manifestações motoras das crises epilépticas;
• Usada como sinônimo das Crises Tônico
Clônicas Generalizada(CTCG).

Berg et al 2010 in FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia.


In: Tratado de geriatria e gerontologia. Guanabara Koogan, 2016
Epilepsia no Idoso
Epidemiologia
• A prevalência e a incidência aumentam com a idade
(crises epilépticas e epilepsias)

• 3o distúrbio neurológico mais prevalente no idoso


(depois de Demências e AVCs)

Epilepsia no Idoso
Epidemiologia

Berg et al 2010 in FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia.


Epilepsia no Idoso
Prevalência em ILPI
• 5-10% de prevalência de uso de anticonvulsivantes —
>explicada pela polifarmácia e uso de MAE para outras
patologias: bipolar, dor neuropática, distúrbios
comportamentais e psicológicos das demências.(Galimberti et
al., 2006),

• 7,7% idosos usavam MAE na admissão e 60% do uso eram por


crises epilépticas, seguido por bipolar . (Garrard et al., 2003)
originam-se difusamente nos dois hemisférios
Epilepsia no Idoso • Generalizadas

• Focais
Classificação • Originam-se difusamente nos
dois hemisférios

• Originam-se de uma área restrita • Tipos: tônico-clônicas, de


do córtex cerebral ausências,mioclônicas, clônicas,
tônicas e atônicas.
• Refletem as áreas funcionais do
cérebro de onde foi originada e
são descritas de acordo com suas
manifestações

• Sem ou Com comprometimento


da consciência ou do contato

Mais

Berg et al 2010 in FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia.


In: Tratado de geriatria e gerontologia. Guanabara Koogan, 2016
60% dos idosos —>crises focais com comprometimento de consciência;

Cerca de 10% dos idosos apresentam mais de um tipo de crise.

Frequentemente, não apresentam a sintomatologia clássica das crises focais com


comprometimento da consciência, que consistem em uma aura antecedendo a perda
da consciência ou automatismos manuais ou orofaciais, apresentando sonolência ou
confusão mental, presentes nos indivíduos mais jovens.
O período de sonolência pós-ictal podendo atingir vários dias.
Epilepsia no Idoso
Classificação
• Classificação

• provocadas ou agudas sintomáticas (CEAS)

• não provocadas
ILAE - 2017
Nova Classificação

1.Scheffer IE, et al. ILAE classification of the epilepsies: Position paper of the ILAE commission
for the classificatin and terminology.
Epilepsia, 2017;1-10.
Epilepsia no Idoso
Etiologia
Epilepsia no Idoso
Etiologia
• Doença Cerebrovascular (30 a 70% dos casos)*

• Tumores cerebrais (10 a 15% dos casos) —


>gliomas,meningiomas e metástases

• Metabólicas,tóxicas e isquêmico-hipóxicas (10% dos


casos)

• Doenças Neurodegenerativas;TCE; HSD; Infecções do


SNC.
Epilepsia no Idoso
Etiologia
• Doença de Alzheimer (DA) é fator de risco para crises
epilépticas,

• 9 a 17% vão desenvolver epilepsia,

• Fases mais avançadas da doença,

• Mais comum em DA de início pré senil e relacionado às


formas genéticas.
• Objetivo: Verificar se DA ou demência aumenta o risco
de epilepsia

• Metodologia: Caso-controle: 145 demência (outras +


DA) e epilepsia e sem história prévia de AVC,Infec
SNC, tumor cerebral, TCE, retardo ou paralisia cerebral,
id >=55 a. X 290 controles com epilepsia

• Resultados/Conclusões: outras demências ou DA


aumentam o risco de epilepsia em 6x, e tanto faz o tipo
de crise se generalizada ou focal.
Epilepsia no Idoso
Etiologia

Mais usado no mundo por idosos


Ação vasodilatadora cerebral,
antioxidante, estimulante da cognição,…
Atividade Gabaérgica pode precipitar
crises
Interações com antiplaquetários e
anticoagulantes
Sem evidência científica das indicações

Berg et al 2010 in FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia.


Epilepsia no Idoso
Fisiopatologia
• Mecanismos epileptogênicos em idosos são pouco
conhecidos

• Doenças crônicas, mudanças na anatomia, química


cerebral e na função neuronal durante processo de
envelhecimento podem levar a alterações na resposta
neuronal
(Waterhouse e Towne, 2005)
• Processo de envelhecimento: perda neuronal, perda
sináptica, reorganização e anormalidades histológicas
como lipofuscina ou deposição de amilóide.

Berg et al 2010 in FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia.


Epilepsia no Idoso
Diagnóstico clínico
• Determinar se o idoso teve crise aguda ou epilepsia,

• Muitos diagnósticos diferenciais—> cautela

• Multimorbidade—>aumenta a propensão de
crises,dificulta o diagnóstico e interfere no tratamento
por polifarmácia (interações medicamentosas e efeitos
adversos)

• Comprometimento cognitivos e demência

• As crises muitas vezes não são presenciadas e idoso não


se lembra do ocorrido
Epilepsia no Idoso
Diagnóstico Clínica
• Se presenciada: confusão mental pós ictal e déficits
cognitivos mais prolongados (até dias)

• Sonolência

• Após a crise: fraqueza muscular localizada, dormência


cegueira e ambliopia—> Paralisia de Todd (não maior
que 48hs)

• Crises focais com ou sem comprometimento da


consciência
Epilepsia no Idoso
Diagnóstico Clínico
• História Clínica

• Revisão dos Medicamentos em Uso

• Exame físico e neurológico


Epilepsia no Idoso
Diagnósticos Diferenciais
• Síncopes • Enxaqueca

• AIT, AVE —> causas • Transtorno do sono

• Vertigens • Quedas e eventos


psicogênicos —
• Baixo fluxo cerebral por >consequências
doença cardiovascular ou
arritmias • Delirium

• Hipotensão ortostática • Amnésia Global


Transitória
Epilepsia no Idoso
Exames complementares
• EEG—> se normal não exclui diagnóstico : com o
avançar idade diminui a frequência de descargas
elétricas,

• ECG—>identificar artefatos e evidências que excluam


causas cardíacas,

• EEG-prolongado ou o Vídeo-EEG —>dúvida


diagnóstica,

• Laboratoriais: Função renal e hepática, eletrólitos,


hemograma
Epilepsia no Idoso
Tratamento: após 1 crise
MAIOR RISCO DE RECORRÊNCIA

• Lesão cerebral anterior(AVE e Demência)

• EEG anormalidades epileptiformes

• TC ou RNM com alteração da imagem cerebral

• Crise noturna (Krumholzs et al ,2015)

Berg et al 2010 in FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia.


In: Tratado de geriatria e gerontologia. Guanabara Koogan, 2016
Epilepsia no Idoso
Crises Agudas
• Tratar a doença de base;

• MAE , sem uso prolongado

• Não existe consenso do melhor medicamento:


extrapolação de dados disponíveis para adultos jovens +
princípios da farmacoterapia no idoso

Berg et al 2010 in FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia.


In: Tratado de geriatria e gerontologia. Guanabara Koogan, 2016
Epilepsia no Idoso
Farmacocinética
• Biodisponibilidade reduzida

• Concentração sérica de albumina menor

• Pelo incremento relativo de gordura pode aumentar a meia


vida dessas DAEs

• Redução da depuração das DAEa de eliminação renal e


redução de filtração glomerular

• Metabolismo hepático pode estar diminuído

• Interações entreBerg
DAEs e outros medicamentos de uso
et al 2010 in FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia.
Epilepsia no Idoso
Tratamento :Princípios Básicos

1. Monoterapia;
2. Dose baixa e aumentar gradualmente;
3. Medicamentos de meia vida curta;
4. Atenção aos efeitos adversos;
5. Nunca suspender de forma abrupta.

Berg et al 2010 in FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia.


Epilepsia no Idoso
Tratamento
International League Against Epilepsy (ILAE)

Segunda Geração
Convencionais
• Topiramato Nível D
• Fenitoína
• Gabapentina Nivel A
• Carbamazepina Nível C
• Lamotrigina nível A
• Fenobarbital
• Levetiracetam
• Valproato de Sódio Nível D
• Pregabalina

• Oxcarbamazepina
OBJETIVO: Determinar a tolerabilidade relativa e a eficácia da lamotrigina
(LTG) e gabapentina (GBP), em comparação com a carbamazepina (CBZ)
em pacientes idosos com epilepsia.
MÉTODOS:Este foi um estudo paralelo de 18 centros, randomizados,
duplamente cegos, duplos e paralelos de 593 indivíduos idosos com
convulsões de diagnostico recente. Os pacientes foram distribuídos em três
grupos de tratamento: GBP 1.500 mg / dia, LTG 150 mg / dia, CBZ 600
mg / dia. A medida de resultado primária foi a retenção no julgamento por
12 meses.
Epilepsia no Idoso
MAE X Osteoporose
• Medicamentos antiepilépticos (MAE): estão associados
à anormalidades do metabolismo ósseo como
hipocalcemia, hipofosfatemia, diminuição dos
metabólitos ativos da vit D e hiperparatireoidismo 2ario ,

• Risco de fraturas osteoporóticas é 2 a 6x maior


(particularmente em idosos)

• Os principais: carbamazepina e fenitoína, em geral todos

• Sem recomendações específicas: DO, suplementação de


cálcio e vit D e tratamento da osteoporose se presente.
Berg et al 2010 in FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia.
Epilepsia no Idoso
Estado de Mal
• Classificação: Convulsivo Generalizado e Não
Convulsivo

• Status Epilepticus = Emergência Médica mais comum


em idosos e maior taxa de mortalidade nesse grupo (>80
a + de 50%)

• Primeira apresentação em idosos: 30%

• Definição: Crise epiléptica com duração > ou = a 30


minutos ou repetidas crises de duração menor mas sem
recuperação da consciência entre elas.

Berg et al 2010 in FREITAS, Elizabete Viana de et al. Tratado de geriatria e gerontologia.


Epilepsia no Idoso
Estado de Mal
Convulsivo Generalizado

Não Convulsivo (SENC)

• SENC x Delirium

• Emergência Médica

• Def: crise epiléptica com duração >=30


min. ou de duração menor sem
recuperação da consciência entre elas.

• Acompanhamento: EEG

MARTINS, Herlon Saraiva et al. Emergências clínicas:


Conclusões
• Epilepsia o cérebro precisa ter uma predisposição
persistente de gerar as crises,

• Convulsão = CTCG,

• Crises mais comuns em idosos são as focais com


comprometimento da consciência e, generalização
secundária mais presente em pacientes com DA,

• Nova Classificação ILAE 2017

• Delirium X Status Epilepticus


• Obrigada!

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