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Eu questiono, - por que vendas assusta tanto, se até para as crianças é fácil e
rápido aprender?
Nos tempos de calça curta eu dava nó em pingo d’água, para aumentar a mesada
que recebia dos meus pais. Vendia aulas de reforço, coleções de figurinhas,
bolinhas de gude, entrada de cinema com ágio para aqueles que não queriam
entrar na fila e o resultado é que garantia as minhas entradas de cinema, sorvetes
e passeios, meus lanches extras no colégio. Mas, ainda assim, percebia que o
dinheiro sumia rápido demais.
A solução foi vender gibis antigos, brinquedos que não me interessavam mais, etc.
A base do meu método era o tripé formado pelas palavras: desejos, produtos e
necessidades.
Diante dos clientes a ordem tinha que ser invertida: Necessidade -> Produto ->
Desejo, porque para dar negócio, quem precisava estar motivado eram eles.
Mirei nos meus colegas de rua e de colégio como alvo preferencial. Pois, quando
vendiam acima da média não pechinchavam muito e decidiam rápido porque
queriam os brinquedos e os gibis. Tinham aquelas entradas de cinema para os
filmes em que as filas dobravam o quarteirão, como “Tubarão”, “Aeroporto”, etc.
que o pessoal quando via o tamanho da fila nem pechinchavam e pagavam até
quase o dobro do preço normal, que era quanto eu cobrava de ágio.
Mas nem sempre era assim, e tinha a concorrência, aí é que entrava as aulas de
reforço, pois, aí eu não tinha concorrente, pelo menos que estudassem na minha
sala de aula.
Desnecessário dizer que naquela época, década de 70, eu não pensava em vender
profissionalmente, ou tornar-me um consultor, instrutor e palestrante dessa
matéria. Tudo o que almejava era obter o dinheirinho extra para as brincadeiras e
guloseimas, e me divertir a valer.
Sempre funcionou bem. E, aos 14 anos de idade eu não imaginava que os melhores
benefícios ainda estavam por vir.
O produto nesse caso era eu mesmo, ou seja, o meu jogo de cintura, iniciativa,
comunicação e empatia. Características importantes em vendas e em tudo o mais.
Funcionou de novo.
Foi o que iniciei alguns anos depois, quando fui para Recife fazer minha primeira
pós-graduação e trabalhar na gerência de agência bancária.
Era o início da era dos micros e da matemática financeira com uso da HP12C e os
gerentes de outras agências do banco em que eu trabalhava e nos bancos
concorrentes não conseguiam atender seus clientes com a utilização destas
ferramentas, que eram novidades.
Percebi que era um momento oportuno para negociar uma renda extra,
proporcionando um treinamento aos meus colegas, antes que a falta de suas
vendas vitimasse o emprego deles ou até mesmo o meu, considerando que para
algumas empresas é melhor manter o funcionário mais antigo por ser mais barato
dispensar os novatos. Negociei com o Rh do banco e passei a assumir as reuniões
com objetivo de treinar os gerentes na utilização da máquina financeira HP12c e o
micro como ferramenta gerencial.