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METAFÍSICA COM DE STIJL: o ensino de filosofia no ensino fundamental

através das aulas de arte.


Nesta comunicação pretende-se a apresentação de estratégias para o ensino de filosofia
para alunos do ensino fundamental mesmo sem uma disciplina de filosofia. Tendo em
vista que não existe ensino de filosofia no ensino fundamental na rede pública de ensino
do Estado de Pernambuco, a pretensão desse trabalho é construir possibilidades de
reflexões filosóficas através do ensino de arte. A proposta consiste em esclarecer
processos metodológicos que possam utilizar fundamentos filosóficos por meio da análise
de correntes artísticas que apresentam um estreitamento entre as ideias que fundamentam
a plasticidade de certas obras de arte e determinados conceitos oriundos da tradição
filosófica. A abordagem que norteará esta apresentação consiste na análise de algumas
obras do movimento de arte moderna holandês conhecido como De Stijl de modo que
suas formas estilísticas e as ideias que fundamentam essa escola modernista sejam
relacionadas com o estudo da metafísica. De maneira mais específica, o que fundamentará
essa proposta de ensino será a obra do artista holandês Piet Mondrian e sua relação com
os conceitos que norteiam os pressupostos metafísicos do pensamento de Platão e
Aristóteles. De antemão, para que se possa estabelecer a relação entre filosofia e arte por
meio da estética do De Stijl é importante compreender as ideias que fundamentam a
plasticidade da abstração da obra de Mondrian e como o processo de afastamento das
formas de representação da realidade culminou com a total eliminação de figuras. Para os
artistas do movimento De Stijl era necessário a criação de uma estética que se dissociasse
das questões sensíveis inerentes a personalidade do ser humano e apresentasse formas
visuais calcada numa ideia de purificação geométrica inspirada numa suposta harmonia
universal do cosmos. No trabalho de Mondrian, tais ideias o levam a eliminar qualquer
traço que seja representativo, isto é, o artista deixa de representar coisas na sua obra para
fixar-se apenas nas formas abstratas surgidas apenas de linhas verticais e horizontais,
cores primárias mais o preto e o branco. As ideias que fundamentam essa estética
consistem numa visão metafísica do mundo, pois o afastamento das formas sensíveis da
realidade por meio da criação abstrata permite ao artista contemplar apenas a
inteligibilidade geométrica que supostamente compõe a estrutura do universo. Tendo em
vista tais observações, a proposta desta apresentação é analisar os fundamentos que
norteiam o movimento De Stijl a partir da noção metafísica presente na filosofia platônica
e aristotélica. Sobre a primeira, o objetivo consiste na utilização das ideias acerca dos
conceitos de sensível e inteligível para analisar o processo de afastamento das formas
sensíveis para a abstração geométrica. Acerca da segunda, propõe-se pensar o conceito
de hilemorfismo aristotélico, o qual é composto de dois princípios inseparáveis (forma e
matéria), de modo que a passagem das formas representacionais para a abstração seja
analisado à luz destes dois princípios.
Palavras-chave: De Stijl, abstração, metafísica.

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