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Campus de Bauru

Lajes nervuradas com vigotas treliçadas pré-fabricadas: influência das nervuras


transversais
1 - INTRODUÇÃO

Este relatório descreve os resultados experimentais obtidos nos ensaios


realizados em lajes nervuradas constituídas por nervuras principais longitudinais pré-
fabricadas com e sem nervuras transversais perpendiculares às nervuras principais.
As nervuras principais foram executadas utilizando-se de vigotas treliçadas (VT)
pré-fabricadas e as nervuras transversais executadas a partir de forma plásticas
específica para esse fim (canaleta multifuncional).
Foram ensaiadas 3 lajes de iguais dimensões, com vãos de 3,0 metros para as
vigotas treliçadas e 2,70 metros na direção perpendicular. A altura da lajota cerâmica
de enchimento era de 9,5 centímetros, com capa de concreto de 4 centímetros,
resultando em altura total de 13,5 centímetros. Dessas 3 lajes, uma foi executada sem
nervura transversal, uma com uma nervura central e outra com duas nervuras
espaçadas de um metro.
Os resultados obtidos demonstraram a influência das nervuras transversais, as
quais permitiram sensível redução nos deslocamentos e nas deformações das lajes em
comparação aos resultados obtidos para a laje sem a nervura transversal.

2 - DESCRIÇÃO DAS LAJES ENSAIADAS

As lajes foram executadas com vigotas treliçadas e lajotas cerâmicas fornecidas


pela Fulim Indústria e Comércio de Ferro Ltda. Foram construídas sobre vigas de aço,
com vão de 3,0 metros para as vigotas treliçadas e de 2,70 metros na direção
perpendicular. Na Figura 1 são apresentadas algumas etapas da execução da laje.

Figura 1 – Execução da laje: vigas de apoio; montagem e concretagem.


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A instrumentação da laje compreendeu extensômetros elétricos de resistência


colados nas barras das VT para leitura das deformações e trandustores de
deslocamentos lineares para leitura dos deslocamentos no meio do vão das VTs.
A Figura 2 ilustra a instrumentação realizada.

Figura 2 – Instrumentação da laje: extensômetros e transdutores de deslocamentos.

Para a execução das lajes com nervuras transversais, Figura 3, foram utilizadas
as canaletas multifuncionais fornecidas pela Faulim.

Figura 3 – Lajes com nervuras transversais.


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O carregamento foi realizado através do enchimento de água em um


reservatório construído sobre a laje através de chapas de madeira compensada e lona,
como ilustrado na Figura 4. O reservatório possibilitou a aplicação de carga uniforme,
distribuída sobre toda a área da laje.

Figura 4 – Reservatório sobre a laje.

O carregamento foi controlado através da medição da lâmina d´água a cada 5


centímetros, correspondendo a acréscimos de carregamento de 0,5 kN/m2. A altura
máxima da lâmina d´água foi de 85 centímetros, correspondente a 8,5 kN/m2.
Os valores das deformações e dos deslocamentos foram obtidos através do
sistema de aquisição de dados.
O concreto para enchimento da laje foi dosado em massa, para um fck igual a 25
MPa.

3 – RESULTADOS DA ANÁLISE EXPERIMENTAL

Os 3 ensaios foram realizados com a idade do concreto de 22 dias tendo como


resistência do concreto à compressão o valor de 24,67 MPa; 24,20 MPa e 24,81 MPa
para as lajes: sem nervura transversal, com uma nervura transversal e com duas
nervuras transversais respectivamente. Os valores correspondem à média do valor de
ruptura de 8 corpos de prova cilíndrico de 15 cm de diâmetro por 30 cm de altura.
Os principais resultados comparados entre si foram os deslocamentos no meio
do vão para a VT central e as deformações na barra inferior da armadura da VT central.
Na Figura 5 apresentam-se os deslocamentos encontrados no meio do vão das
vigotas treliçadas (VT). Observam-se os seguintes valores máximos:

• Laje sem nervura transversal: 17,50 mm.


• Laje com uma nervura transversal: 2,41 mm.
• Laje com duas nervuras transversais: 3,63 mm.

Na Figura 6 apresenta-se a deformação ocorrida na barra de aço da vigota


treliçada. Pode-se observar relação linear para as lajes com nervuras. Entretanto, para
a laje sem nervura a relação é linear para carregamento de até 4,5 kN/m2 e após, o
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trecho tem forma aproximadamente linear, porém com inclinação menor, delimitando
a fissuração do concreto. Para as lajes com nervuras, pode-se observar deformações
bem menores e relação linear até o fim do carregamento.

Deslocamentos vigotas centrais


9.0

8.0

7.0
Carregamento (kN/m2)

6.0

5.0
Sem Nerv.
4.0
Uma Nerv.
3.0 Duas Nerv.
2.0

1.0

0.0
0 5 10 15 20
Deslocamentos (mm)

Figura 5 – Carga x deslocamento no meio do vão da VT central.

Deformação vigotas centrais


9.0

8.0

7.0
Carregamento (kN/m2)

6.0

5.0
Sem nerv.
4.0
Uma nerv.
3.0 Duas nerv.
2.0

1.0

0.0
0 1000 2000 3000 4000
Deformação (10-6)

Figura 6 – Carga x deformação para barra de aço inferior da VT central.


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A Figura 7 apresenta as deformações ocorridas nas barra de aço das nervuras


transversais (2F8 mm). Foi instrumentada uma barra de cada nervura.

Deformação nervuras
9.0

8.0

7.0
Carregamento (kN/m2)

6.0

5.0
2 nerv.1
4.0
2 nerv.2
3.0 1 Nerv.

2.0

1.0

0.0
0 1000 2000 3000 4000
Deformação (10-6)

Figura 7 – Carga x deformações para as barras de aço das nervuras transversais.

4 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Os ensaios foram realizados de forma a se manter todas as características das


lajes semelhantes. Foram mantidos traço, instrumentação, vigotas treliçadas,
condições de apoio, altura da laje e idade do concreto para todas as lajes ensaiadas.
Os resultados, comparativamente, demonstraram que a presença das nervuras
melhora sensivelmente o comportamento da laje, reduzindo os deslocamentos e as
tensões.
Os resultados também sugerem que não houve diferença significativa entre o
uso de uma ou de duas nervuras.

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