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Etielle Rodrigues da Silva;

Professora: Daniela Pereira Ribeiro;


Diagnostico Institucional;
24.06.2019;
Holocausto Brasileiro.

Ao longo dos anos os tipos de cuidados voltados as pessoas que possuem alguma
classe de sofrimento psíquico que exigiria atenção e internação, tem se moldado a luz de
uma visão mais humanizada. As instituições antes conhecidas como manicômios, foram
extintas e novos locais foram surgindo para direcionar esses pacientes que necessitam
de cuidados especiais.
Na reportagem e nos vídeos disponibilizados, podemos ter acesso a algumas
dessas mudanças, mas antes delas gostaria de citar alguns dos motivos que levaram a
necessidade gritante dessas modificações. Tomando como exemplo o Holocausto
Brasileiro – Manicômio de Barbacena em Minas Gerais, onde inúmeras pessoas
morreram. Muitas dessas eram meninas que perderam a virgindade cedo, homossexuais,
militantes políticos ou pessoas que saiam do padrão de comportamento da época,
consideradas “loucas” e “impossibilitadas” de conviver em sociedade, essas pessoas
eram levadas em grandes quantidades para esse local, através de vagões de carga. Uma
cultura higienista da época, que segregava pessoas diferentes, para que elas não fossem
vistas e nem convivessem com os demais considerados “saudáveis”.
Não sendo um caso isolado no país, muitos outros hospitais psiquiátricos
possuíam cuidados precários com os pacientes, se é que podemos chamar de cuidados.
Eram numerados, higienizados, suas cabeças raspadas e recebiam choques como
advertência, a limpeza do local era ausente, a alimentação precária e os pacientes eram
jogados em grande número em pequenas áreas, tais como animais em canis
clandestinos.
Devido a essas condições, importantes revelações através de livros e reportagens
das condições dos locais, e muita luta pelos direitos dos pacientes institucionalizados, a
barbaria foi considerada como violação dos direitos humanos, onde no início do século
XXI o Brasil sofreu uma mudança nessa pratica. O fim dos manicômios e o aumento de
fiscalização nas residências terapêuticas e a implantação de novos cuidados através do
movimento antimanicomial, fizeram uma grande mudança em direção a humanização
dessas pessoas.
Muitos que estavam segregados sem pretensão de alta medica, estão vivendo em
residências terapêuticas do governo ou até mesmo livres em suas próprias, constituíram
família, encontraram emprego e conseguiram de diversas formas refazerem suas vidas.
Alguns permanecem necessitando de acompanhamento psiquiátrico e psicológico, mas
de maneira saudável, de acordo com o direito de saúde básica. Os tratamentos de
eletrochoque, lobotomia e contenção com camisas de força, foram substituídos por
intervenções eficientes e humanas, medicação adequada, psicoterapia, arte terapia e
entre outras.
Nos documentários foi possível ver a grande diferença na vida dos pacientes
antes aprisionados nos manicômios, e para onde foram redirecionados. Desde 2001 pela
lei, ninguém mais pode permanecer morando em um hospital psiquiátrico. Na maioria
os pacientes que estão nas residências, são através do governo e não tem familiares para
recorrer, o serviço é realizados pelos CAPS dos municípios, que são centros de
atendimento psicossocial, que direciona a atenção necessária de acordo com o grau de
cada paciente, sendo baixo, médio e alto, reinserindo-os na sociedade, proporcionando
reabilitação social,
Mesmo com as mudanças que ainda estão acontecendo, nas residências do setor
privado ainda existe uma certa dificuldade na fiscalização, onde acredita-se que ainda
exista os usos dos métodos utilizados anteriormente nos manicômios. Ainda que haja
uma luta continua para permanecerem essas modificações, enfrentamos atualmente em
2019 o risco de um retrocesso a respeito da luta antimanicomial, onde corre-se o risco
da volta desse tratamento desumano e inaceitável.
De modo geral, foi possível ver que as instituições vão muito além do modo
como elas são administradas, a cidade e a comunidade em que elas estão inseridas
também são afetadas, os indivíduos que eram internados, muitas das vezes contra a
vontade, foram e ainda são estigmatizados, sofreram maus tratos e ainda sofrem. Não só
os manicômios possuem uma divida humana com essas pessoas, mas toda a sociedade,
que por muitos anos permitiu que essas atrocidades fossem realizadas, abandonando-as
a própria sorte nos manicômios.

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