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INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
Salvador-BA
2015
DENISE SILVA MAGALHÃES
Salvador-BA
2015
M188 Magalhães, Denise Silva.
Fragmentação e segregação sócio-espacial no processo de urbanização
do litoral nordeste da Bahia : os dois lados da Rodovia BA-099 − “Estrada do
Coco” / Denise Silva Magalhães.- Salvador, 2015.
332 f. : il.
CDU: 911.375(813.8)
TERMO DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
Na minha vida enfrentei desafios, alguns maiores que os outros. Desafios que se
destinaram a me fortalecer e me preparar para o caminho à frente. Deus e seus
Anjos, Mensageiros de Luz, jamais me abandonaram; me fortaleceram, me
apoiaram nessa caminhada, me deram a força, fé e coragem que precisava para
seguir adiante e procurar vencer.
Francisco (Chico), por tudo: pelo companheirismo de todas as horas, pelo grande
amor e carinho dedicado a família, sem palavras...
Antonio Angelo Martins da Fonseca, Antonio Puentes Torres, Alcides dos Santos
Caldas, Cristóvão de Cássio da Trindade de Brito, Dária Maria Cardoso Nascimento,
Emanuel Fernando Reis de Jesus, Guiomar Inez Germani, Maria Auxiliadora da
Silva, Maria Elvira Passos Costa, Noeli Pertile, colegas professores, pelo contínuo
incentivo.
Cláudia Cruz, Claudemiro da Cruz Neto, Clímaco Dias, Dante Severo, Diva Ferlin,
Eduardo Gabriel Palma, Evandro Santos, Itanajara Muniz, Joselito Britto, Geny
Guimarães, Maria Goreth Nery, Juliana Radek, Rita Luquini e William Antunes,
colegas e amigos especiais, pelo constante apoio.
Adriano Cassiano, Harlan Rodrigo, Flávia Damares, Marcel Batista, Marcelo Goulart,
Ney Lucas e Leonardo Almeida, meus alunos, pela amizade e incessante
contribuição.
Sempre grata.
As grandes idéias não surgem nunca subitamente; as que têm
por base a verdade
têm sempre seus precursores que lhes preparam parcialmente
os caminhos [...].
The research sought to understand how it develops and what motivates the
reproduction of spatial fragmentation and socio-spatial segregation in the
urbanization process in the Northeast Coast of Bahia (LNE), along the BA-099
highway "Estrada do Coco". The coastal part of Bahia LNE region has undergone
important and significant socio-spatial and economic transformations over the last
half century, due to the process of occupation and land use, as a result of their
integration into the economy and urbanization, organized around the interests of the
hegemonic economic and government agents and in different scales, from local to
federal. The main type of exploitation of this part of the region is headed to the
tourism and summer vacation housing. Since the 1970s, despite the access
difficulties due to the lack of roads, the summer vacations in Bahia LNE was already
practiced by social groups of high income, mainly from the city of Salvador, attracted
by the natural landscape in the areas adjacent to the beach; thus, over time,
landowners began to take an interest in replacing the rural land use for urban use by
supplying residential subdivisions. The tourist activity was being gradually built.
Fundamental changes in Bahia LNE started to occur, more effectively, with the
construction, in 1975, of the first stretch of the BA-099 highway "Estrada do Coco".
From this event on it was open to the possibility of systematic incorporation of the
region to the demands of Bahia government, especially, on one hand, with the
alternative as tourism planning for regional economic diversification, and on the other
hand, the action of the government in implementing tourism infrastructure itself
implied on the interest of landowners and operators of real estate market in supplying
urban land and housing for middle and upper income social groups, and tourism
investors. This led to the appreciation of land, to improvements and housing, in that
part facing the sea, while the lands located on the opposite side of the highway
obtained little economic value, because of the existing precarious urbanization and
population density in the villages, mainly occupied by families with lower income, and
which also develops retail commerce for immediate consumption and where the
cheap labor force is regimented. This condition generated social and spatially distinct
urban areas on each side of the highway BA-099. Thus, the predominant action of
the Government and of the land and real estate capital owners, the summer vacation
housing and the so-called "residential tourism", do reproduce the phenomena of
spatial fragmentation and socio-spatial-residential segregation in the Bahian LNE
urbanization process.
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO
1
Chama-se a atenção para o fato de que a região institucionalizada pela Secretaria de Planejamento,
Ciência e Tecnologia (Seplantec) como Litoral Norte a partir do Plano Estratégico de Ação: 1988 -
1991, sendo definidas as Regiões de Planejamento (BAHIA, 1987) e pela Lei nº 6.349/1991 (BAHIA,
1987) que dispõe sobre o Plano Plurianual 1992 - 1995, que define as Regiões Econômicas
geograficamente corresponde ao litoral nordeste da Bahia. Assim, neste trabalho, foi adotada a
denominação de Litoral Nordeste (LNE), sob a perspectiva eminentemente geográfica, o que a
diferencia de outras regionalizações anteriormente feitas para o estado da Bahia, que foram
baseadas em critérios políticos-administrativos, socioeconômicos e/ou turísticos.
2
A rodovia BA-099, trecho denominado “Estrada do Coco” que integra a área de estudo começa
km 0 no limite do município de Salvador com Lauro de Freitas, nas proximidades do aeroporto de
Salvador, onde passa o Rio Ipitanga. Margeando o litoral de Lauro de Freitas e Camaçari, adentra o
município de Mata de São João, se estendendo até o entroncamento com a rodovia BA-874, que dá
acesso à Praia do Forte, marco zero da “Linha Verde”.
3
A Tibras (atual Cristal Pigmentos do Brasil S.A.) é uma companhia química produtora de dióxido de
titânio (TiO2), “[...] um pó branco, inorgânico e de uso seguro, utilizado para dar cor, brilho e
opacidade a uma enorme gama de produtos do nosso dia-a-dia, como tintas, plásticos, papel,
borracha, cerâmica, entre outros” (CRISTAL, 2015). As matérias primas utilizadas na fabricação do
TiO2 são: enxofre para produzir ácido sulfúrico, a ilmenita (mineral de titânio), o rutilo, a zirconita e
cianita. A fábrica foi instalada no litoral à época escassamente habitado, em razão de o Pólo
Petroquímico de Camaçari ainda não ter sido construído, o qual somente aconteceu em 1978.
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4
A terminologia localidade é utilizada de acordo com o IBGE que a define como sendo todo lugar do
território nacional onde exista um aglomerado permanente de habitantes. Nestes são realizadas
atividades econômicas quer primárias, secundárias ou terciárias no próprio aglomerado ou fora dele
(IBGE, 2011).
25
Fonte: Derba. Sistema de Transporte, 2010; IBGE. Censo Demográfico, 2010; SEI. Limites Municipais, 2014.
Elaboração: Denise Magalhães e Harlan Rodrigues, 2014.
28
29
No caso dos indicadores “v” e “vii”, os valores foram invertidos para que
seguissem a mesma lógica dos demais, ou seja quanto maior o valor do indicador,
melhor a situação. Assim, para a taxa de analfabetismo e para a proporção dos
responsáveis ganhando até dois salários mínimos a fórmula adotada foi a seguinte:
VNij = 1 – (mVi – Vij) / (mVi – MVi).
Em seguida, somou-se os valores obtidos em cada um dos oito índices
“normalizados” para cada setor censitário urbano e calculou-se sua média aritmética,
dividindo a soma obtida por oito. Essa média corresponde ao valor do IDS de cada
um dos setores censitários que abarcam a área pesquisada.
A coleta de dados primários, por meio da pesquisa de campo, foi feita com
base na observação não participante em todas as localidades mencionadas,
acrescidas de entrevistas com moradores e comerciantes locais. Nelas foram
coletados dados e informações sobre: os equipamentos urbanos e infraestrutura
básica (energia e telecomunicações, serviços públicos básicos ─ saneamento básico
e limpeza pública, transporte público, vias e lazer ─, comércio e serviços); bem como
a parte de hospedagem (hotéis, pousadas, resorts, flats e albergues) e condomínios,
demonstrados em quadros no decorrer do texto.
Considerando-se a importância da proximidade geográfica existente entre os
sistemas urbanos de Jauá/Areias, Monte Gordo/Guarajuba, Itacimirim/Barra do
Pojuca, no município de Camaçari e Praia do Forte/Açú da Torre, no município de
Mata de São João, nessas localidades, como técnica de coleta de dados e de
informações utilizou-se da aplicação de questionários para explorar
quantitativamente — possibilitando a análise estatística — e qualitativamente as
informações. As questões foram padronizadas, com perguntas abertas e fechadas,
destinadas à: população local proprietária de imóveis residenciais (Apêndice N);
comerciantes (Apêndice O) e comerciários das localidades (Apêndice P). Também
foram aplicados questionários a: gestores públicos dos municípios de Camaçari e
Mata de São João (Apêndice Q); intermediadores (corretores imobiliários) (Apêndice
R); líderes de associações comunitárias locais (Apêndice S); e pessoas que têm
residência secundária no LNE da Bahia, contatadas através da internet (Apêndice
T).
Para a entrevista com a população local proprietária de imóveis residenciais,
comerciantes e comerciários, buscou-se, através do conhecimento prévio, seus
principais logradouros. Foi considerado como universo ou população, o total de
34
δ²p. q. N
=
e² (N − 1) + δ² p. q
Onde:
n = Tamanho da amostra.
δ² = Nível de confiança estabelecido, expresso em número de desvio padrão.
Foi utilizado um grau de confiança de 68% (área compreendida por um desvio
padrão à esquerda e à direita da média).
p = Percentagem com a qual o fenômeno se verifica = 50%.
q = Percentagem complementar = 50%.
N = Tamanho da população = 7.201.
e² = Erro máximo permitido. Utilizou-se um erro de amostragem de 5%.
2006: 97), que não excedeu a 1.156 no total sendo estabelecido, também, um grau
de confiança de 68%.
A gestores públicos de Camaçari (da Secretaria da Infraestrutura e Secretaria
do Desenvolvimento do Turismo) e de Mata de São João (da Secretaria do
Planejamento e Meio Ambiente) foram aplicados três questionários com perguntas
abertas (Apêndice Q), versando sobre a importância da área costeira e ações da
administração relativas à infraestrutura, meio ambiente, urbanismo, turismo e lazer.
no LNE e, nesse âmbito, foi destacado o fato das residências secundárias e sua
expansão, com base no modelo de Lundgren (1974). Ainda nessa parte foi
examinado, no contexto ambiental, o processo de implantação do loteamento
Paradiso Laguna no LNE e também como se dá o processo de valorização
imobiliária na região, pelas estratégias de marketing territorial.
No capítulo seguinte, O espaço litorâneo: a gestão integrada e as políticas
públicas no Brasil convergindo para planos e programas com base no
“desenvolvimento sustentável” a área litorânea foi diferenciada por possuir
características geográficas próprias, por seu uso e ocupação, possibilitando ações
de planejamento e de gestão integrada pelo Estado no LNE. Nesse sentido, o
modelo de Gestão Integrada das Áreas Litorâneas (GIAL) foi reconhecido e
institucionalizado em planos e programas no país a partir da “ECO-92”, tendo por
base o “desenvolvimento sustentável”, conceito este questionado no capítulo. Na
gestão das áreas litorâneas, relevou-se a participação da população como
coprodutora, cogestora e codecisora de políticas públicas.
No sexto capítulo O espaço litorâneo: mercadoria “enobrecida” constatou-se
que o desejo de morar na orla marítima é um fenômeno da sociedade brasileira,
incluindo usuários, políticas públicas e o mercado imobiliário que, no LNE da Bahia,
vem ressignificando o espaço e determinando uma lógica de ocupação residencial
distinta nos dois lados da rodovia BA-099 – “Estrada do Coco”, entre grupos de
pessoas e com grande distância social entre eles. Neste sentido buscou-se
compreender, através de pesquisa de preço de terrenos nos classificados
imobiliários no jornal A Tarde, o desenvolvimento do mercado imobiliário formal de
terras urbanas na região.
No capítulo seguinte Elementos da urbanização em localidades do entorno da
rodovia BA-099 – “Estrada do Coco” foram observadas e analisadas: a distribuição
da população, as características de ocupação do solo urbano, a configuração urbana
e a infraestrutura — serviços públicos básicos, comércio e serviços privados,
saneamento básico, equipamentos de lazer, dentre outros — como materialidade de
um espaço urbano desigual. Nesta parte também foram verificados o papel e a
interação espacial das localidades em estudo, bem como a população de
comerciantes, comerciários e residentes. Foi também analisada a organização das
localidades quanto à morfologia, ocupação, segregação sócio-espacial,
empreendimentos hoteleiros e condomínios fechados. Através de pesquisa indireta e
41
6
A partir do seu campo disciplinar que é a sociologia, Castells (1983) vê no espaço geográfico a
possibilidade da explicação das relações sociais e do processo de reprodução do capital. Entende-se
que o autor trabalha com o conceito de espaço social podendo ser compreendido, segundo Souza, M.
(2013b) como mais específico e, a rigor, mais central do conceito de espaço geográfico, este mais
geral.
44
Como produto social, Castells (1983) especifica o espaço pela relação das
diferentes instâncias de uma estrutura social: econômica, política, ideológica, bem
como pelas combinações e práticas sociais que dele decorrem — o homem sendo
transformado e transformando “[...] seu ambiente na sua luta pela vida e pela
apropriação diferencial do produto de seu trabalho” (CASTELLS, 1983: 181). Por
conseguinte, o espaço geográfico é construído e organizado historicamente como
obra de sujeitos sociais coletivos e individuais que, ao se relacionarem segundo
seus interesses, reproduzem o espaço, e, simultaneamente, são condicionados pelo
mesmo numa dialética sócio-espacial7.
Harvey (1980 [1973]) considera que a forma espacial e o processo social
estão em contínua interação. Assim, numa visão dialética, tudo está relacionado
entre si e “[...] a compreensão do processo social em toda sua complexidade
depende de uma apreciação da forma espacial” (HARVEY, 1980 [1973]: 26) ou,
como nos diria Santos, M. (2009 [1996]) através das “rugosidades”, materialidades
atuais, como heranças do passado, através das quais se pode entender o processo
de produção do espaço. Desse modo, o espaço testemunha a realização dos fatos e
intenções que acontecem com sucessão e coexistência de eventos que são,
simultaneamente, a matriz do tempo e do espaço (SANTOS, M. 2009 [1996]).
Segundo o autor, ação e evento são movimentos inter-relacionados, que se
sucedem, se superpõem, contribuindo para os processos sociais. Por conseguinte, é
através dos eventos que se pode “[...] rever a constituição atual de cada lugar e a
evolução conjunta dos diversos lugares, [regiões etc., como] um resultado da
mudança paralela da sociedade e do espaço” (SANTOS, M. 2009 [1996]: 155,
acréscimos nossos).
Segundo Soja (1993: 99) na dialética sócio-espacial: “[...] os dois conjuntos de
relações estruturadas (o social e o espacial) são não apenas homólogos, no sentido
de provirem das mesmas origens no modo de produção, como também
7
No presente texto, o termo sócio-espacial refere-se, concomitantemente, às relações sociais e ao
espaço, na sua unidade dialética.
45
9
“[...] el precio del terreno es el precio de una mercancía sin valor” (TOPALOV, 1979: 118).
10
“[...] no es un producto del trabajo privado controlado por el capital. No tiene costo de producción
privado” (TOPALOV, 1979: 119).
48
[...] a terra urbana somente adquire um preço porque o seu uso permite aos
agentes econômicos obterem ganhos extraordinários nos investimentos que
realizam na cidade. O preço da terra é somente um reflexo da disputa entre
os diversos capitalistas pelo controle das condições que permitem o
11
surgimento dos sobrelucros de localização (RIBEIRO, LUIZ, 1997: 40).
11
Lucro extraordinário dos incorporadores, originado pela “[...] diferença entre o preço de compra do
terreno e o preço máximo admissível que levaria o incorporador a obter apenas o lucro considerado
normal” (RIBEIRO LUIZ, 1997: 129).
12
“[...] ha invertido la relación entre la producción y la propiedad del suelo. De ahora en adelante, el
motor de la producción y del conjunto de los procesos de formación de los precios, es el capital. Ya
no es la propiedad del suelo. Concretamente, es el capital el que decide construir o no hacerlo. Es la
ganancia del capital la que determina la formación y el volumen máximo de la renta” (TOPALOV,
1979:124).
49
13
A renda é a parte do valor de troca, excluídas as taxas públicas e impostos recolhidos ao governo,
que se destinam ao proprietário e possuidor do solo e/ou das benfeitorias (HARVEY, 1980 [1973]).
14
“[...] determined only by the purchasers' eagerness to buy and ability to pay, independent of the price
determined by the general price of production, as well as by the value of the products” (MARX,
1996[1894]: 545).
50
[...] pelo fato de que a extensão do valor de troca do solo urbano divide e
parcela o espaço, disponibilizando-o para o mercado de moradia e, nesta
condição, a propriedade privada do solo, associada à existência de rendas
diferenciadas no seio da sociedade, justapõe morfologia social/morfologia
espacial (produto da subordinação ao valor de troca e à realização do
mundo da mercadoria) (CARLOS, 2013: 100).
[...] ao diferencial da capacidade que cada grupo social tem de pagar pela
residência que ocupa, a qual apresenta características diferentes no que se
refere ao tipo e à localização. Em outras palavras, as áreas sociais
resultam das diversas soluções que as classes sociais e suas frações
encontraram para solver os problemas de como e onde morar (CORRÊA,
1993: 62; grifos do autor).
Não é tão simples dizer que os grupos sociais “encontram” soluções para
resolver problemas de moradia, implícitas aí, questões como a intervenção do
Governo (direta ou indiretamente), o preço da terra, a produção da habitação, entre
outros fatores. Neste sentido,
[...] o como e onde se fundem, dando origem a áreas que tendem a ser
uniformes internamente em termos de renda, padrões culturais, valores, e,
sobretudo, em termos dos papéis a serem cumpridos na sociedade pelos
seus habitantes (CORRÊA, 1993: 63).
Neste sentido, Santos, M. (1990: 89-90; grifo nosso) afirma que a imobilidade
relativa dos pobres na grande São Paulo “[...] leva a cidade a se tornar um conjunto
de guetos [...]”, reafirmando-se a aplicabilidade do termo para o fenômeno no Brasil.
Assim, trata-se de concebê-lo amparado na fundamentação teórica e empírica, que
alimentem e sejam retroalimentados por esforços de pesquisa baseados na
realidade sócio-espacial.
Caldeira (2000) evidencia, para a cidade de São Paulo, os padrões da
segregação espacial, considerando, entre eles, a segregação por tipo de moradia,
por distância (periferia) e por muros e tecnologias de segurança. São os “enclaves
fortificados” ou “enclaves de luxo”, expressões propostas pela autora para
denominar os loteamentos e os condomínios fechados.
Autores como Harvey (1980 [1973]) e Souza, M. (2005) possibilitaram maior
entendimento a respeito da segregação residencial. O primeiro discutiu o termo,
considerando o mercado imobiliário, que
Dessa maneira, retorna-se a Corrêa (2013) quando afirma que a política dos
grupos sociais que é operada na autossegregação, consiste numa determinada
espacialidade — no caso, sua fragmentação sócio-espacial-residencial — sem a
qual, de acordo com Villaça (1998), o domínio pelas camadas de mais alta renda
não poderia ocorrer. Nesse sentido, a segregação sócio-espacial configura
determinada geografia (VILLAÇA, 1998), produto do embate entre a produção social
do espaço e a apropriação privada da terra urbana. Assim, os
loteamentos/condomínios fechados são áreas onde se processa a segregação
residencial “[...] consideradas nobres, tendo sido criadas pelo grupo de alto status
social e para ele” (CORRÊA, 2013: 43, grifos do autor). São áreas sujeitas a
“descaso”, como nos alerta Vasconcelos (2004)15, mas uma atitude voluntária
(segregativa) para com a outra camada da população, que também, é segregada
pelo Governo, subsidiário pelo mercado imobiliário, controlado por esses grupos de
alto status da sociedade. Assim “[...] a segregação de uns provoca, ao mesmo
tempo e pelo mesmo processo [dialético], a segregação de outros” (VILLAÇA, 1998:
148; acréscimo nosso).
O “enclave fortificado” emerge, então, como uma estratégia sócio-espacial
deliberada pelos grupos de média e alta renda, em localização possibilitada e
favorecida pelo mercado imobiliário privado. Em contraponto, às pessoas de grupo
de renda baixa é imposta uma segregação, viabilizada pelo controle da terra urbana
e políticas do Estado. Involuntariamente, pessoas são “obrigadas” ou “empurradas”
a morar em espaços menos favorecidos: áreas periféricas mal localizadas, na
maioria das cidades brasileiras. Assim, não há opção de escolha e a população
passa a residir onde é possível, segundo seus rendimentos, subentendida aí,
também, a questão da acessibilidade/mobilidade sócio-espacial.
15
Vasconcelos (2004) também é criticado por Souza, M. (2013a), pelo uso “paternalista” do termo.
D’abord, la différenciation sociale des espaces est une donnée
qui résulte, comme on did, de l’«histoire».
gente sem profissão definida); a sul, no sentido dos atuais bairros da Vitória e Graça,
constituídos por grandes e luxuosos palacetes, residências de uma burguesia
enobrecida (banqueiros, grandes comerciantes, industriais, grandes proprietários de
terra e incorporadores imobiliários).
Consolidou-se então, na época, uma diferenciação dos grupos sociais na
cidade do Salvador em sentidos espaciais opostos: a parte sul abrigava a parcela
rica da população soteropolitana, enquanto os grupos populares se instalaram na
parte norte. Apesar de manter um crescimento linear, a cidade já apresentava,
desde 1714, características de uma expansão radioconcêntrica, considerando que a
Baía de Todos os Santos fica a oeste e novas áreas de ocupação se estabeleceram
a leste (VASCONCELOS, 2002; ANDRADE; BRANDÃO, 2009), vindo a se expandir,
mais tarde, constituindo-se a área de urbanização contínua da cidade.
Com a consolidação do atual bairro da Barra, ao sul, no início do século XX,
as camadas sociais mais ricas da população da cidade começaram a se direcionar
para o setor de amenidades (orla oceânica de alto mar) atraídos pelas belezas
naturais, praias e melhor microclima. Segundo Vasconcelos (2002), neste setor,
iniciaram-se as construções residenciais, implantados os primeiros loteamentos, e,
com a abertura de novas vias (Avenida Oceânica, estrada Amaralina-Itapuã-Campo
de Aviação16). Com o início desta estrada, em 1942, a área foi aberta à urbanização
dando origem aos bairros de Ondina, Amaralina17 e Pituba.
As características desse espaço urbano não se reduziram aos seus aspectos
físicos e naturais, mas, de acordo com Topalov (1984), resultou no aumento do
preço da terra urbana e dos imóveis, na lógica da renda da terra em sua modalidade
de monopólio. E, independente do uso do solo, criaram-se novos valores
sociais/culturais.
Como área de residência predileta dos grupos sociais de renda mais elevada,
e denotando, de acordo com Agier (1990), uma ascensão social pela renda/salário
16
Essa estrada, construída pelo Derba em 1949, ligava a cidade do Salvador ao povoado de Ipitanga
(atual cidade de Lauro de Freitas, sede do município de mesmo nome emancipado de Salvador em
1962). A estrada possibilitou a expansão da capital baiana ao longo do litoral oceânico, atração
natural para o lazer, bem como a possibilidade futura de ligação da cidade com outras cidades e
localidades a nordeste do município (entrevista realizada em 23/07/2012 a MEIRA, Edyano de Castro,
Engenheiro Civil, aposentado pelo Derba). Atualmente a estrada está integrada ao equipamento
urbano soteropolitano com o nome de Av. Octávio Mangabeira.
17
Santos, M. (2008 [1959]) apresenta mapa da ocupação do espaço da cidade em 1957 indicando,
para a área litorânea entre Ondina a Amaralina, uma extensão da “zona residencial de classe rica”.
65
do indivíduo, passou a ser ocupada, a partir do final da década de 1970, por uma
elite operária (os mais graduados, de formação superior e uma parte dos técnicos)
das indústrias “dinâmicas” do Pólo Petroquímico de Camaçari (COPEC). Os
operários subalternos moravam do “lado da baía” (ou em bairros como a Liberdade)
que em termos sociais, raciais, arquiteturais, de saúde pública, de equipamentos
urbanos etc., recebia e recebe até hoje, o valor negativo em cada item da
comparação com essa área a nordeste da cidade (AGIER, 1990).
Segundo Vasconcelos (2002), o período compreendido entre 1945 e 1969 foi
de aceleração da expansão populacional e espacial da cidade do Salvador, como
resultado dos novos aportes migratórios de população interiorana, mas também das
difíceis condições de vida de boa parte da população o que levou às primeiras
ocupações informais, como o Nordeste de Amaralina18. Para a Orla Atlântica
também foram relocados, em 1958, os moradores da ocupação informal Bico de
Ferro para o atual bairro de Boca do Rio, que “[...] passou a contar com um bolsão
de população pobre” (VASCONCELOS, 2002: 338). Segundo o autor, com a
abertura da Orla Atlântica, um grande número de loteamentos foi aprovado
consolidando a ocupação da área, sobretudo por residências unidomiciliares.
De acordo com Carvalho; Pereira (2008), com a expansão e modernização da
capital baiana (1960-1970), aconteceu uma intensa ocupação informal de famílias
pertencentes aos grupos de renda baixa no interior da península. Nessa época, a
Prefeitura de Salvador — que detinha a propriedade da maioria das terras do
município — comprometida com uma modernização excludente e com os interesses
do capital imobiliário, transferiu através da Lei de Reforma Urbana, em 1968, sua
propriedade, para algumas poucas mãos privadas. Nessa fase, outras estratégias de
crescimento e modernização da cidade foram implementadas pelo governo
municipal.
Assentamentos de população pobre que ocupavam os inacessíveis fundos de
18
A origem do bairro está estreitamente ligada ao do Rio Vermelho que, cobiçado pela burguesia no
início do século XX, as famílias de pescadores foram obrigadas a se instalar no alto da colina em
frente à praia de Amaralina. Na época, as terras pertenciam a diversos proprietários, alguns
incentivando a ocupação informal desses terrenos, o que veio a dificultar as relações de propriedade
até os dias atuais. O bairro de Nordeste de Amaralina localizado em área de grande valorização
imobiliária — vetor de extensão da orla marítima margeando o Oceano Atlântico — e sujeito às
pressões do mercado imobiliário, contrasta com bairros do seu entorno dotados com equipamentos,
infraestrutura e serviços urbanos (História do bairro. Disponível em:
<http://amnaluta.blogspot.com.br/p/historia-do-bairro.html>. Acesso em: 16 out 2015.
66
vales da cidade foram deslocados com a abertura de avenidas, cuja área começou a
ser ocupada pela produção imobiliária, através do Sistema Financeiro de Habitação,
com conjuntos residenciais para grupos de renda baixa, e por loteamentos populares
e sucessivas ocupações informais (CARVALHO; PEREIRA, 2008).
A expansão da construção civil residencial e a valorização da terra urbana
impulsionadas pelo processo de crescimento urbano em ritmo acelerado assinalava
a metropolização da cidade e a consequente expansão do mercado imobiliário
formal para as famílias de renda alta e média nos novos bairros da Pituba, Caminho
das Árvores, Itaigara, Iguatemi, a partir do final dos anos 1960 (BRITO, 1993).
Nessa época, começaram a ser construídos grandes quantidades de apartamentos
em Salvador dando início à maciça verticalização da cidade. Tal fato exprimiu,
segundo Santos, M. (2008 [1959]), não apenas o conflito entre a herança do
passado e a especulação imobiliária, mas, igualmente, um imperativo de
crescimento urbano e descentralização funcional intraurbana, que a partir dos anos
1970 implicou simultânea e dialeticamente o processo de deterioração funcional do
antigo tradicional19 centro da cidade e a constituição e adensamento de novos
subcentros funcionais, com destaque para o mais novo e importante subcentro —
vale do Camarugipe — Iguatemi/Tancredo Neves (RODRIGUES, ADILMA, 2001)20.
Essa descentralização — que resultou também dos interesses dos
proprietários fundiários e promotores imobiliários — foi impulsionada por grandes
empreendimentos, destacando-se a nova Estação Rodoviária, o Shopping Iguatemi
(atual Shopping da Bahia), a Av. Luís Viana (Paralela) e o Centro Administrativo da
Bahia (CAB) que com suas artérias de ligação, como a Avenida Tancredo Neves,
direcionaram a expansão urbana no sentido da orla marítima a nordeste da cidade.
Neste setor, em bairros como o Caminho das Árvores, Pituba, Itaigara,
Patamares, Piatã e Stela Maris, foram formadas as maiores concentrações dos
chamados espaços “nobres” de Salvador (VASCONCELOS, 2002), embora,
contrapondo a esses, os “bolsões de pobreza” no Nordeste de Amaralina, Boca do
Rio e parte de Itapuã, ressalvando-se que os dois primeiros foram sendo
consolidados como bairros populares de alta densidade demográfica, ocupando
19
Ao longo do texto, o termo está frequentemente relacionado às comunidades do LNE baiano de
grupos de renda baixa, que mantêm de uma geração a outra a sua cultura, incorporando hábitos e
costumes.
20
Segundo o estudo de Rodrigues, Adilma (2001) ao longo do tempo, a partir dos anos 1970 foram
constituídos subcentros funcionais urbanos na cidade com suas respectivas hierarquias.
67
enclaves urbanos ainda não reclamados pelo grande capital fundiário e imobiliário e
de proprietários de Salvador.
Embora não exista grandes barreiras naturais que limitem a expansão urbana
de Salvador entre a orla da Baía de Todos os Santos e a área costeira Atlântica, na
própria região metropolitana essas barreiras já aparecem e limitam a expansão
residencial, a cerca de 90 graus: o Oceano Atlântico e a Baía de Todos os Santos
(VILLAÇA, 1999). Nas porções interioranas, os mananciais de abastecimento de
água (barragens de Joanes I e II, Ipitanga e do Cobre), além do Centro Industrial de
Aratu (CIA) e Complexo Petroquímico de Camaçari (COPEC). Logo, é para o setor
nordeste a direção predominante de crescimento da cidade, materializada pelas vias
de acesso: a Avenida Luís Viana (Paralela) que atinge a rodovia BA-099, (trecho
“Estrada do Coco”) na divisa do município de Salvador com Lauro de Freitas e sua
extensão para o segundo trecho, a “Linha Verde”, em direção à divisa do estado
com Sergipe. A área considerada no estudo está exatamente neste contexto — um
setor de expansão urbana da cidade do Salvador e da sua região metropolitana.
Estudos realizados por Carvalho; Pereira (2006) e Silva, S.; Silva, B.;
Carvalho (2008), demonstram uma “segmentação” sócio-espacial leste-oeste em
Salvador, expressa em áreas limitadas pelos eixos das avenidas Antônio Carlos
Magalhães (parte), Tancredo Neves e Luís Viana (Paralela). Na Orla Atlântica têm-
se os grupos sociais de renda mais elevada, a exemplo da população dos bairros da
Pituba, Itaigara, Iguatemi e Imbuí, excluídos os “enclaves” ou “bolsões de pobreza”
dos bairros da Paz, do Stiep e Boca do Rio. Enquanto nessas áreas há o predomínio
dos ricos, na vizinhança (área central da cidade) o oposto: predominam os grupos
sociais de renda mais baixa, a exemplo da população dos bairros de Pernambués,
Sussuarana, Mussurunga e São Cristóvão, próximo ao Aeroporto, limite de Salvador
com Lauro de Freitas.
Estudos feitos por Brito (2005) demonstram o processo de estruturação e
desenvolvimento do mercado de terras e habitação nos bairros de Salvador, de 1970
a 2004 (Tabela 3). Em bairros “nobres” como Barra e adjacentes (Vitória, Graça,
Campo Grande), onde residem famílias de grupos de renda média e alta da cidade,
os preços médios dos terrenos eram os mais elevados, de U$ 41,9 (1970) a U$
291,7 (2004). Percebe-se que o centro da cidade, por comportar, em 1970, funções
comerciais e residenciais, os terrenos, depois da área da Barra, atingiam os preços
médios mais elevados, enquanto que nos demais bairros da cidade os preços
68
médios dos terrenos decrescem. De forma geral, os terrenos de preços mais baixos
encontram-se na periferia de Salvador, em bairros como São Caetano, Pau da Lima,
Cajazeiras, Valéria, São Cristóvão, Subúrbio e Tancredo Neves, enquanto em
direção ao setor residencial da Orla Atlântica, registra-se forte valorização fundiária e
imobiliária. Em 2004, os preços médios dos terrenos por m² situavam-se em torno de
U$ 180,0 no bairro da Pituba e U$ 104,0 no do Rio Vermelho.
21
A empresa Tibras estava instalada nas proximidades do povoado de Arembepe desde 1971.
Atualmente privatizada, é denominada Cristal Pigmentos do Brasil S.A. À época o local era
desabitado e distante de áreas urbanas, fator importante devido à natureza de seus efluentes
atmosféricos, de grande impacto, pois processava o ácido sulfúrico, ácido oxigenado (H2SO4)
derivado do enxofre, altamente corrosivo.
71
[...] toda a região, com seus recursos naturais, cênicos e culturais, passou
a ser facilmente acessível à metrópole de Salvador o que possibilitou [sua]
intensa transformação, [...] passando de um ‘deserto’ (SANTOS, 1959, p.
155) a um ‘território de enclaves’ turísticos, recreacionais, de lazer e de
residências secundárias (SILVA, S.; SILVA, B.; CARVALHO, 2008: 189,
acréscimo nosso).
22
A rodovia BA-099 foi construída pelo Governo do estado, mas em 1999 teve a sua concessão de
exploração transferida à Concessionária Litoral Norte (CLN) para, com a cobrança de pedágios,
operar e fazer os melhoramentos necessários. Apesar da sua duplicação possui um dos maiores
fluxos de veículos ao longo da cidade de Lauro de Freitas, agravando os problemas com o trânsito
congestionado em horários de grande fluxo.
74
24
De acordo com alguns genealogistas e historiadores, buscou-se uma linhagem nobre para Garcia
d’Ávila sugerindo-se sua filiação bastarda a Tomé de Sousa, questão que permanece, ainda hoje,
como conjectura. Apesar de que, fora os “queixumes” que dele tinha, conta o padre Manuel da
Nóbrega em carta a Tomé de Sousa: “[...] achava nele um rastro do espírito e bondade de V.
Mercê do que eu sempre me contentei, e como ter cá me alegrava, parecendo-me estar ainda
Tomé de Sousa nesta terra [...]” (CALMON, 1983: 26, grifos nossos). “Possivelmente Garcia d’Ávila
nunca se identificou como filho de Tomé de Sousa porque a lei portuguesa proibia aos capitães-
mores e governadores conceder sesmarias aos seus familiares, ainda que isto pudesse haver
ocorrido” (MONIZ, 2007: 622).
78
[...] foi feita exclusivamente para dar continuidade ao poder dos grandes
latifundiários, já que o sistema de sesmaria caíra em 1822, não permitindo
que europeus recém-chegados ou a caminho [...] tivessem acesso fácil à
terra. Para possuí-las eles teriam que comprá-las a preços altos,
determinados por um mercado dominado pelo monopólio dos grandes
proprietários (SILVA, L., 2014: 86).
25
Em 1922, o coronel Otacílio Nunes de Sousa tornou-se proprietário do Castelo Garcia d’Ávila e
terras adjacentes onde iniciou o cultivo do coco associado à pecuária extensiva, até a época do seu
tombamento, em 1938, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Embora
seja um dos principais monumentos do patrimônio histórico e cultural brasileiro, este continua sendo
uma propriedade particular da Fundação Garcia d’Ávila, criada em 1981. Esta fundação é uma
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Segundo Gomes Sobrinho (1998) o
poder político e econômico da Fundação enfraquece o poder político municipal e favorece seu papel
como principal elemento articulador de forças políticas locais.
26
No final do século XIX já era registrado no Sudeste brasileiro “[...] um número considerável [de]
unidades agroprodutivas, originárias, em parte, das migrações européias que inicialmente
destinaram-se às fazendas de café. [...] no Sul do Brasil, mediante um processo diferente, de
migrações subsidiadas, concentram-se também pequenas propriedades”. A partir dos anos 1950, o
capital transnacional detém os maiores latifúndios do país, nas regiões Centro-Oeste e Norte,
aumentando as contradições no campo brasileiro (SILVA, L., 2004: 88).
79
apossamento de terras, na sua nova modalidade (com intenção definida pelas elites
do país) de constituição do latifúndio. A partir daí foram estruturadas as bases
através das quais o Estado conferia legitimidade à propriedade da terra e objetivaria
a separação entre as esferas do público e do privado.
Ao longo da segunda metade do século XIX, poucas terras foram
regularizadas ou tituladas, e as ocupações irregulares multiplicaram-se. Na
República, a Constituição de 1891, transferiu aos Estados-membros o controle
político da maior parte das terras devolutas (livres), portanto públicas, situadas nos
seus respectivos domínios político-administrativos. Isso significou colocar as terras
do país sob o arbítrio das forças oligárquicas e proprietários de terras que passaram
a controlar sua distribuição, através da venda a grandes grupos e empresas
privadas, perpetuando-se a apropriação e legitimação privilegiadas, circunstância
esta que marcou o início da luta legal pela terra no país (SMITH, R., 1990). Desta
forma, segundo Maricato (2011), a propriedade da terra continua a ser um nó na
sociedade brasileira, estando no centro do conflito social, alimentando as
desigualdades no país.
Com o declínio dos Garcia d’Ávila, no final do século XIX, as terras no LNE
baiano foram adquiridas por Sigisfred Sigismundo Schindler, prussiano naturalizado
norte americano, que as ocupou basicamente com o extrativismo da piaçava27, látex
da mangaba para produção de borracha e a castanha do caju (CALMON, 1983).
Segundo Gomes Sobrinho (2011), Schindler posteriormente vendeu essas terras
para a companhia inglesa de borracha British and Brazilian Rubber Plantters &
Manufaturados LTDA, que manteve o extrativismo para exportação em grandes
extensões de terras aproximadamente 80.000 hectares que se extendiam do
litoral para o interior. Com a falência desta empresa em 1940, o Bank of London
ficou como responsável pelo remanescente da companhia e, em 1949, vendeu as
terras para a empresa Odebrecht28, que da área original titulou, em 1957, 2.500
hectares, conservando aproximadamente 1.700 hectares (GOMES SOBRINHO,
2011). Esta área que corresponde à Fazenda Sauípe no município de Mata de São
27
Conhecida também como piaçaba, nomes populares de duas espécies (Attalea funifera e
Leopoldinia piassaba) de palmeira, que produzem uma fibra usada na confecção de vassouras e
coberturas.
28
A empresa Odebrecht, sediada em Salvador desde 1945, atualmente atua na maioria dos estados
brasileiros, com ações diversificadas nos setores de engenharia, construção, indústria e no
desenvolvimento de projetos de infraestrutura, energia e militar.
80
João foi mantida sem utilização pela Odebrecht até os dias atuais, quando promoveu
a construção do complexo hoteleiro Costa de Sauípe, em 2000, ano que foi
inaugurada a primeira etapa do empreendimento.
Durante longo tempo a estrutura fundiária foi mantida praticamente, inalterada
no LNE baiano, com grandes extensões de terra — remanescentes das primitivas
“plantations” açucareiras implantadas à época da colonização —, em mãos de
poucos proprietários que as detinham, parasitariamente, para “engorda” como
alternativa altamente rentável de reserva de valor, aguardando valorização
decorrente de intervenção governamental com infraestrutura (SMOLKA, 1979).
Assim, até meados do século XX, pouco se alterou a organização sócio-
espacial e econômica da região29, assentada na agricultura de subsistência, na
pesca e no extrativismo vegetal, e como únicas atividades agropecuárias com
alguma expressão: o cultivo do coco e, inicialmente, a pecuária de corte praticada
em regime extensivo; a pecuária leiteira também foi incorporada no LNE baiano, que
seguiu assim até os anos de 1957/1958, formando a base de uma importante bacia
leiteira abastecedora do mercado de Salvador, quando começou a declinar, pelo
acelerado e extensivo processo de urbanização e industrialização regional que não
comportava mais atividades do tipo extensivo (BAHIA, 1972?, t. III) e em grande
parte como reflexo da própria decadência da economia baiana nos anos 1950.
Recentemente, havendo leves tendências para uma inversão desta atividade para a
primitiva pecuária de corte (BAHIA, 1972?, t. III).
Em face do declínio dessa atividade, modificou-se a estrutura fundiária da
região, entre 1950 a 1960: estabelecimentos de até 1.000ha foram fracionados e os
de 1.000 a 10.000ha sofreram um processo de concentração de terras, devido à
venda de algumas fazendas e incorporação de outras com menor área. Vale
ressaltar que a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), com a introdução de suas
atividades30, promoveu uma série de desapropriação de terras31 nos municípios
29
A região agora referida é a do Recôncavo Norte (constituída dos municípios de Camaçari,
Candeias, Catu, Itanagra, Itaparica, Lauro de Freitas, Mata de São João, Pojuca, Salvador, Simões
Filho e Vera Cruz), que fez parte do zoneamento econômico da Microrregião do Recôncavo Baiano
(IBGE, Sinopse Preliminar do Censo Demográfico de 1960), para o Projeto Agropecuário do
Recôncavo Baiano, que teve como meta a implementação da estratégia de desenvolvimento
agropecuário da região.
30
Em 1939, foi descoberto o petróleo no Recôncavo Baiano e a Petrobras foi fundada em 1953. Em
1954, tiveram início as ações diretas dessa empresa nessa parte do espaço geográfico. Até 1973, a
região “[...] era responsável por 80% da produção nacional de petróleo, diminuindo progressivamente
com as descobertas de grandes jazidas petrolíferas noutras partes do país, em especial, na
81
plataforma continental, com destaque para a Bacia de Campos-RJ” (BRITO, 2008: 105).
31
Ato do Governo federal (Decreto-Lei nº 40 489 de 4 de dezembro de 1956) em declarar de utilidade
pública para fins de servidão ou desapropriação, em favor da Petrobras, de maneira genérica por
cinco anos, todas as terras de nove municípios do Recôncavo Baiano (Salvador, São Francisco do
Conde, Santo Amaro, São Sebastião do Passé, Camaçari, Mata de São João, Pojuca, Catu e
Alagoinhas), descreve de maneira precisa como a Petrobras, alicerçada pelo Governo, agia na
região, comprando as propriedades por preços aviltantes (BRITO, 2008).
82
Tabela 5 – Utilização das terras nos municípios do Litoral Nordeste da Bahia, 2006
Produção Florestas
Área Lavouras Pecuária
Municípios Florestal Nativas Outras
(ha) (%) (%)
(%) (%)
Total 562.470 188,9 315,7 117,2 8,6 24,8
Camaçari 78.470 40,1 49,8 0,4 1,8 7,9
Conde 96.460 41,7 38,5 19,3 0,4 0,1
Entre Rios 121.530 6,3 33,4 58,9 0,8 0,6
Esplanada 129.800 40,6 41,3 11,2 5,6 1,3
Jandaíra 64.120 35,8 62,3 - - 1,9
Lauro de Freitas 5.770 5,1 38,2 - - 56,7
Mata de São João 66.320 19,3 52,2 27,4 - 1,1
Fonte: IBGE/ Portal SIDRA/ Censo Agropecuário, 2006.
Nota: - Dado numérico igual a zero não resultante de arredondamento.
Elaboração: Denise Magalhães, 2015.
32
Com o início da crise da atividade petrolífera e como alternativa econômica regional, dado o preço
favorável da celulose no mercado internacional, por iniciativa do Governo estadual foi implantado em
1970 o DFLN, abrangendo 763.000ha em vários municípios da região. A Companhia de Ferro Ligas
da Bahia (FERBASA) que atua com atividades florestais na região por meio da REFLORA, sua
subsidiária para fins madeireiros, cultiva o eucapitus em nove municípios — dentre estes o de Mata
de São João, Entre Rios, Esplanada e Conde — com 25.000ha de área plantada.
84
Tabela 6 – Crescimento populacional dos municípios costeiros do Litoral Nordeste da Bahia – 1970 a 2010
Continua
População
Localidades 1970 1980 1990
Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total
Camaçari 20.137 13.136 33.273 76.123 13.041 89.1645 108.232 5.407 113.639
Conde 3.734 13.482 17.216 5.734 9.494 15.228 5.494 10.655 16.149
Entre Rios 4.748 14.440 19.188 9.761 12.784 22.545 16.897 10.821 27.718
Esplanada 5.969 10.702 16.671 10.527 8.489 19.016 15.198 8.007 23.205
Jandaíra 2.290 4.424 6.714 2.929 3.674 6603 4.471 3.754 8.225
Lauro de Freitas 3.902 6.099 10.001 23.405 12.026 35.431 44.374 24.892 69.266
Mata de São João 13.878 13.310 27.188 23.727 8.934 32.661 24.143 6.392 30.535
Conclusão
População
Localidades 2000 2010
Urbana Rural Total Urbana Rural Total
Camaçari 154.402 7.325 161.727 231.973 10.997 242.970
Conde 10.492 9.934 20.426 12.129 11.491 23.620
Entre Rios 23.016 14.494 37.510 23.824 16.048 39.872
Esplanada 17.538 9.692 27.230 20.822 11.980 32.802
Jandaíra 5.211 4.816 10.027 6.147 4.184 23.620
Lauro de Freitas 108.595 4.948 113.543 163.449 - 163.449
Mata de São João 24.964 7.599 32.568 29.825 10.358 40.183
Fonte: IBGE/Portal SIDRA.
Elaboração: Denise Magalhães, 2015.
Nota: - Dado numérico igual a zero não resultante de arredondamento.
85
muitas famílias que viviam há gerações nestas fazendas foram obrigadas a migrar
para áreas menos valorizadas pelo capital, enquanto outras vêm conseguindo
resistir e se manterem nas terras ocupadas mas em extensão bastante restrita.
Famílias descendentes de índios, negros e brancos pobres, hoje moradoras
das comunidades tradicionais em Tapera, Pau Grande e Barreiro localizadas na
fazenda Praia do Forte, orla de Mata de São João, vivem em constante conflito pela
posse e uso da terra contra a Fundação Garcia d’Ávila, a Imobiliária Açú da Torre
(atual Landco Empreendimentos Imobiliários Ltda) e o Governo do estado (DINIZ,
2007).
Segundo Diniz (2007), a Fundação adota o modelo de unidade de
conservação33; isso implica que embora a população das comunidades já habitasse
a área34 muito antes de ser implantado tal modelo de gestão pela Fundação, suas
necessidades de exploração dos recursos naturais inerentes ao seu modo de vida e
sobrevivência (extrativismo, pesca e lazer) raramente são reconhecidas pela
instituição e frequentemente são interpretadas como atos fora da norma, como
sugere a interpretação de um líder comunitário local: “a Reserva Sapiranga é de
fachada, prejudica a comunidade; as pessoas de Sapiranga são perseguidas como
se fossem criminosas” (Entrevista com um líder comunitário de Açú da Torre)35.
Deve-se observar que as áreas de proteção ambiental e suas modalidades de
uso são definidas pelas autoridades governamentais, contudo, de acordo com Diniz
(2007), as comunidades tradicionais são excluídas do processo de decisões. Este
fato confirma a assertiva de Diegues (2001), que por falta de poder político as
comunidades tradicionais locais são tornadas “invisíveis” e os chamados “planos de
manejo” nem sequer mencionam a sua existência. Isto é respaldado nos argumentos
dos agentes e entidades preservacionistas ou conservacionistas contra a existência
das populações tradicionais em áreas naturais protegidas, quando, contrariamente,
são essas populações locais que, com um conhecimento secular da natureza,
contribuem efetivamente para a conservação biológica dos ecossistemas, seguindo
suas culturas tradicionais. De acordo com o autor, no Brasil, para os órgãos
33
Fazem parte da área a Área de Proteção Ambiental (APA) do Litoral Norte e a Reserva Sapiranga.
34
Tal fato é comprovado na escritura pública de venda da Fazenda Praia do Forte, em 1971,
transcrita sob número 15.222, do livro 3 M fls. 202: “[...] ficou estipulado que, além das glebas, faziam
parte da venda todos os seus pertences e benfeitorias [...] incluindo as casas onde residem os
rendeiros, pertencentes às fazendas” (GOMES SOBRINHO, 1998: 31, grifos nossos).
35
Entrevista realizada em 6/12/2013.
87
36
A Emtur era a subsidiária da Bahiatursa, por meio da qual eram operadas a construção e
administração de pousadas e hotéis no estado da Bahia.
37
Em 2003, com a criação do Ministério do Turismo, a Embratur passou a trabalhar no sentido de
ampliar o fluxo turístico internacional para os destinos nacionais.
91
brasileira declinasse revertendo a taxa de crescimento do PIB geral que era de 6,5%
ao ano até a primeira metade dos anos 1980, para cerca de 0,1% no início dos anos
1990 e com inflação de mais de 90% ao mês, era a temível recessão econômica da
“década perdida” (CARVALHO JUNIOR; PESSOTI; PEREIRA, I., 2002).
Como expressão da crise econômica aguda da economia nacional, o Governo
baiano, sem alternativas consistentes e imediatas, e com poucos recursos para
investir e evitar que declinasse ainda mais o nível da atividade econômica, lançou
mão do setor turístico de maneira mais decidida. Se nos períodos anteriores os
investimentos no turismo se davam de maneira residual, pois o essencial dos
investimentos econômicos governamentais era no setor industrial, a inflexão dos
anos 1990 fez com que Governo baiano
39
O Parágrafo Único da Lei n 11.771 estabelece que a atividade do turismo deve gerar dinâmica
econômica, trabalho, emprego, renda e receitas públicas, constituindo-se em instrumento de
desenvolvimento econômico e social, promoção da diversidade cultural e preservação da
biodiversidade (BRASIL, 2008). A complexidade do fenômeno turístico tem rebatimentos em
diferentes esferas da organização sócio-espacial do país.
93
turistas entre 2010 e 2013, como resultado do forte impacto da crise econômica
iniciada em 2008 nos países europeus e na América do Norte, dois dos principais
mercados emissores para o Brasil. Em contraponto, segundo a Secretaria Nacional
de Políticas de Turismo (SNPTUR), entre 2010 e 2011 cresceu sensivelmente no
estado da Bahia a entrada de turistas provenientes da América do Sul, embora
apresentando decréscimos consideráveis nos anos de 2012 e 2013. O ano posterior
volta a apresentar acréscimos na entrada de turistas na Bahia provenientes de todos
os continentes, excluindo os provenientes da América do Sul que continuam em
decréscimo.
pelo Governo estadual, como também pelo Governo federal, e pela iniciativa
privada, com a implantação dos projetos turísticos e empreendimentos imobiliários.
Mesmo considerando a complexidade do Prodetur, Silva, S. (1996) acredita no
desenvolvimento social e econômico de muitas localidades litorâneas, atendendo
prioritariamente a população local no que diz respeito à geração de emprego e
renda.
40
Segundo o MTE, são atividades ligadas ao turismo: transportes (metroferroviário, rodoviário,
marítimo); terminais rodoviários e ferroviários; estacionamento de veículos; gestão de portos e
terminais; hotéis e similares; restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e
bebidas; locação de automóveis; agências de viagem; operadores turísticos; artes cênicas,
espetáculos e outras atividades artísticas; atividades de museus e de exploração, restauração
artística e conservação de lugares e prédios históricos e atrações similares; atividades de jardins
botânicos, zoológicos, parques nacionais, reservas ecológicas e áreas de proteção ambiental; clubes
sociais, esportivos e similares; parques de diversão e parques temáticos; atividades de recreação e
lazer, dentre outros.
Figura 3 Número de pessoas admitidas e desligadas nos setores ligados ao turismo - Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari e Mata de São
João – 2007 2015
5.000
4.500
4.000
Total de admitidos e desligados
3.500
3.000
2.500
2.000 Desligados
Admitidos
1.500
1.000
500
0
out/07
out/08
out/09
out/10
out/11
out/12
out/13
out/14
jul/07
jul/08
jul/09
jul/10
jul/11
jul/12
jul/13
jul/14
jan/07
abr/07
jan/08
abr/08
jan/09
abr/09
jan/10
abr/10
jan/11
abr/11
jan/12
abr/12
jan/13
abr/13
jan/14
abr/14
jan/15
abr/15
Meses/anos
Fonte: MTE-Caged.
Dados sistematizados pela SEI/DIPEQ/COPES, 2015.
95
96
41
Compreendida pelos municípios de Lauro de Freitas, Camaçari, Mata de São João, Entre Rios,
Esplanada, Conde e Jandaíra.
42
O avanço da rede hoteleira no LNE da Bahia aconteceu devido à convergência de vários fatores:
os incentivos públicos e financiamentos concedidos pelo Governo brasileiro, na década de 1970, às
empresas multinacionais que se instalavam no país, visando estimular a implantação do setor
turístico; a partir de 1991, o incentivo do Governo, através do Prodetur/NE, com recursos destinados
à infraestrutura pública; a desconcentração do desenvolvimento turístico no estado da Bahia por meio
das zonas turísticas, privilegiando para expansão hoteleira a região Costa dos Coqueiros e Salvador;
e o baixo custo dos terrenos na região que tinham potencial natural a ser explorado, despertando um
nicho de mercado (SILVA, I., 2008).
98
Há vinte anos não havia nada. Agora temos a hotelaria em alta e o turismo.
Jauá era uma vila pacata, com apenas pescadores e melhorou bastante em
termos de economia. Com isso, hoje são poucos os pescadores
tradicionais. Ninguém quer mais pescar, mas os moradores tradicionais e
43
nativos continuam na comunidade (Sr. G. O. S., 47 anos) .
43
Entrevista realizada em 7/12/2013, a membro da Associação Beneficente de Jauá.
44
Entrevista realizada em 6/12/2013, a presidente da Associação Comunitária e Recreativa dos
Moradores de Campinas de Açú da Torre.
45
Entrevista realizada em 13/12/1013, a membro da Sociedade São Francisco de Assis dos
Pescadores e Moradores de Praia do Forte.
46
Concorreu para a preservação desta área costeira do estado a criação das Áreas de Proteção
Ambiental (APA`s): Litoral Norte, Lagoas de Guarajuba, Rio Capivara, Joanes-Ipitanga e Plataforma
Continental do Litoral Norte. Enquadradas como unidades de preservação e/ou conservação,
observa-se a responsabilidade de órgãos ambientais, como do atual Inema, do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Organizações Não Governamentais
(ONGs) ambientalistas e do Ministério Público quanto ao aproveitamento seletivo de glebas desse
setor litorâneo. Destaca-se ainda no setor: o Parque Florestal e Reserva Ecológica Garcia d'Ávila, o
Parque Municipal das Dunas de Abrantes, a Reserva de Sapiranga e o Projeto Tamar/Ibama.
100
para a região. Desse modo, “[...] não alcançando os objetivos propostos nos planos
de desenvolvimento turístico, quanto à geração de renda, trabalho e emprego e
desenvolvimento” (GOMES SOBRINHO, 2013: 182).
Segundo a autora a Câmara Municipal e a prefeitura de Mata de São João
aprovaram e sancionaram leis que concedem incentivos fiscais na fase de
implantação dos empreendimentos hoteleiros, tendo em contrapartida a reserva de
mercado de trabalho para a população do município. Mas declaram os empresários
que a mão de obra local é insuficiente e desqualificada profissionalmente para
atender a demanda, o que os leva a buscar trabalhadores em Salvador — os quais
se deslocam diariamente em veículos de transportes contratados pelas empresas.
Exemplos disso ocorrem no núcleo turístico mais importante do LNE baiano — Praia
do Forte —, onde comerciantes afirmam, de forma contundente e claramente
preconceituosa, que o morador do povoado não é o trabalhador ideal: “A mão de
obra vem de fora. Você vai botar índio pra trabalhar?” (Sr. E. A. B., 52 anos)47.
Assim, quando existem possibilidades de empregos para os moradores locais,
esses, de acordo com Limonad (2007), são de baixa qualificação e baixa
remuneração: em bases formais para prestação de serviços nos resorts ou como
funcionários em instalações de hospedagem e de turismo de médio e pequeno
porte; e em bases formais ou informais, nas residências situadas nos diversos
condomínios existentes na região. Tais condições refletem, segundo Gomes
Sobrinho (2013) a forma como se dá a inserção da atividade turística de alta
performance em países de economia subalterna como o Brasil.
47
Entrevista realizada em 13/12/2013, com corretor de imóveis em Praia do Forte.
101
48
O projeto Tamar foi criado em 1980 pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF),
atual Instituto Brasileiro de Meio Ambiente. A coordenação do TAMAR é de responsabilidade da base
de Praia do Forte, área concedida pela marinha para suas instalações. O preço que se paga para ter
acesso é muito caro para o morador local, o que demonstra a privatização do espaço público
(SANTOS, T., 2006).
103
espaço, segundo Santos T. (2006), definido pela Prefeitura de Mata de São João.
Mas, comprovando a inserção parcial da comunidade local na atividade turística
regional, a exemplo da Associação das Artesãs de Vila Sauípe (AAVS), os artesãos
podem expor seus trabalhos na localidade de Praia do Forte, no hotel IberoStar,
apesar de acusarem dificuldades de divulgação e comercialização das mercadorias
(PANGEA, 2009).
Em complemento a Corrêa (1992, 2011), Acselrad (2010) se refere às
práticas discursivas, englobadas sob a chancela da “proteção ao meio ambiente”, no
processo crescente e intransparente que envolve as atividades das corporações em
certos procedimentos de ambientalização: empresas proclamam sua capacidade de
autocontrole ambiental, quando suspeitas de práticas predatórias; autoridades
governamentais flexibilizam a legislação ambiental, alegando rapidez e rigor nos
licenciamentos etc.
Desta maneira, de acordo com Acselrad (2010), na busca por caracterizar as
práticas espaciais e seus impactos no meio ambiente, organizações se instauram
estabelecendo conflitos sociais associados à “proteção ambiental”. Nesse sentido, o
“meio ambiente” é visto como “oportunidade de negócios”, segundo concepções
vigentes em planos e programas do governo brasileiro; o meio ambiente e a
sustentabilidade tornam-se discursos na competição dos lugares e, para atrair
capitais, a “ecologia” e a “sustentabilidade” são símbolos, marcas de atratividade.
Consequentemente são instrumentos das práticas espaciais imateriais de
apropriação do meio, de localização espacial das atividades e de distribuição do
poder sobre os recursos ambientais (ACSELRAD, 2010).
Nesse contexto, o grande capital, sobretudo o multinacional, se estabelece no
LNE baiano. Por meio de práticas espaciais voltadas às atividades turísticas e
imobiliárias, as grandes corporações selecionam o espaço, antecipam seu uso e
ocupação e se reproduzem, contribuindo para a criação da fragmentação espacial e
da segregação sócio-espacial-residencial.
104
49
Consideram-se residências secundárias no âmbito do turismo residencial, um tipo de alojamento
voltado para turismo considerando-se os fatores distância e local não habitual das residências
principais dos proprietários, situadas em grandes centros urbanos.
50
O IBGE inclui as residências secundárias como: domicílios fechados, no censo de 1970; domicílios
de uso ocasional, no censo de 1980, considerando a não presença do morador temporário na época
do recenseamento; domicílios particulares de uso ocasional, no censo de 1991, mas sem restringir
esta condição à presença do morador temporário, formulação que permaneceu inalterada quando do
Censo de 2000; e como domicílios particulares fechados, no censo de 2010.
105
do século XIX, quando passaram a ser comum nos arredores das cidades, assim
como nos centros turísticos situados na costa ou nas montanhas. As casinhas de
madeira vermelha, símbolo do idílio rural, atraem, atualmente, a demanda turística
internacional e continuam sendo um destino de férias entre os próprios suecos.
De acordo com Leontidou; Tourkomenis (2009), o turismo residencial51 na
Europa tem sido facilitado pela abertura de fronteiras e tecnologias da comunicação,
tendência esta já presente nos Estados Unidos desde as últimas décadas do século
XX. O litoral mediterrâneo da França, Grécia, Espanha e Itália, atraem visitantes,
gerando forte efeito na litoralização, observada desde a década de 1980,
expandindo-se até os dias atuais. Esta modalidade de turismo residencial de
estrangeiros52 foi transformada em um novo estilo de vida, com maior importância
que a expansão do mero “lazer” (LEONTIDOU; TOURKOMENIS, 2009). Nesse
sentido, Mazón; Huete; Mantecón (2009) fazem alusão a uma revalorização da
tradição, aparecendo novos estilos de vida, articulados em torno de espaços
ambientalmente saudáveis e distantes das grandes cidades (LUNDGREN, 1974).
No Brasil, segundo Cruz (2009), a estabilidade econômica alcançada em
meados de 1990 e importantes incentivos governamentais contribuíram,
positivamente, para o desenvolvimento tanto do setor turístico como imobiliário, em
consequência do turismo residencial.
De acordo com Leontidou; Tourkomenis (2009) parte-se da noção de que
51
Terminologia adotada na Europa.
52
Por este conceito entende-se o deslocamento temporal de pessoas que em geral ocupam casas
das quais não são proprietárias, em países estrangeiros, durante longos períodos (meses), garantido
pela lei europeia, de 1993, que permite a todos os cidadãos da União Europeia estabelecer-se com
liberdade em qualquer país membro (MARMARAS, 2009).
53
“[...] el turismo es el requisito previo para la existencia del turismo residencial. El turismo se ha ido
convirtiendo progresivamente en un artículo de consumo, globalizado, pero también híbrido, en tanto
que sus formas se modifican y se convierten en polivalentes” (LEONTIDOU; TOURKOMENIS, 2009:
39).
106
54
“[...] han utilizado el desarrollo turístico como pretexto para promover una actividad inmobiliaria
desmedida, orientada por intereses privados y depredadora del medio ambiente y de las culturas
locales tradicionales” (MAZÓN; HUETE; MANTECÓN, 2009: 408).
107
55
O sistema TimeShare, TimeSharing, Propriedade de Férias, Vacation Club ou Tempo/Uso
Compartilhado, começou na Europa, na década de 1960, e os primeiros empreendimentos foram:
Superdevoluy, nos Alpes Franceses (1964); Club Hotel, na França e Hapimag, Suíça, em 1964. A
ideia expandiu-se geograficamente nos anos de 1970, e devido à necessidade e o interesse do
viajante em conhecer novos lugares surgiu como solução aos serviços de intercâmbios de resorts
lançados inicialmente pela RCI (Resorts Condominiuns International) em 1974, acelerando o seu
crescimento.
108
a maior parte do ano. Sem contar que a residência secundária absorve boa parte do
rendimento das famílias com a manutenção, impostos e custo com os
deslocamentos.
Na orla do município de Camaçari, a demanda dessas residências é
proveniente, principalmente, da população residente da cidade do Salvador. Na orla
de Mata de São João, de acordo com Gomes Sobrinho (2013), o modelo turístico é
diferenciado e inspirado na experiência ibérica, integrando turismo, hotelaria e
residência secundária, e resulta da articulação de empresas portuguesas e
espanholas ligadas ao setor imobiliário, turístico-hoteleiro, investidores institucionais
(fundos privados) e empresas da construção civil. A autora também ressalta a
possível revisão desses investimentos na área, em face dos efeitos da crise
econômica e política na União Européia.
56
Fase I: quando a cidade, com certo porte, passa a ter residências secundárias em seu entorno
imediato (de montanhas ou lagos); Fase II: quando, a partir do crescimento da aglomeração urbana
as residências secundárias são transformadas em principais, ocorrendo a implantação de novas
residências em áreas mais distantes; a tendência se reproduz na Fase III, agora com porte
metropolitano, sucessivamente, na forma de um ciclo (SILVA, S.; SILVA, B; CARVALHO, 2009).
109
57
Ferry-boat é um tipo de embarcação de fundo chato, com pequeno calado, para operar próximo às
margens (águas rasas) e utilizada para transporte de veículos e passageiros.
58
Pelas rodovias BR-324, BR-420 e BA-001 o percurso é de 187km.
111
Fonte: Lundgren (1974). Silva, S.; Silva, B.; Carvalho (2009), com complementação de Denise
Magalhães, 2013.
Elaboração: Dilson Magalhães, 2013.
Nota: A escala gráfica horizontal do perfil está correlacionada com as distâncias das localidades, em
relação ao polo emissor (Lauro de Freitas, 30 km; Abrantes, 45 km; Arembepe, 58 km; Barra do
Jacuípe, 64 km; Guarajuba, 83 km; Itacimirim, 87 km e Praia do Forte, 90 km) ao longo da área
analisada.
112
59
Se falava Ilha, Ilha, hoje só é Estrada do Coco (Sr. D. C. P., 50 anos)
59
Entrevista realizada em 7/12/2013, com presidente da Associação Beneficente de Jauá.
60
Entrevista realizada em 6/12/2013, com presidente da Associação Comunitária e Recreativa dos
Moradores de Campinas de Açú da Torre.
61
Entrevista realizada em 7/12/2013, com jornalista, moradora em Jauá.
113
62
Entrevista realizada em 13/12/2013, com corretor imobiliário em Praia do Forte.
114
63 o
A Lei n 11.428 dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica.
64
No contexto das leis brasileiras e zoneamento ambiental, utiliza-se aqui o termo “zona costeira”,
espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, abrangendo as faixas marítima e terrestre,
consideradas patrimônio nacional pela Constituição de 1988, embora a titularidade não seja atribuída
exclusivamente à União. O direito brasileiro (Decreto nº 5.300/2004) proporciona uma superposição
de atividades exercidas em terreno de marinha e acrescidos (como bem da União e extensão dos
municípios).
65
O loteamento se destaca para um estudo mais detalhado de caso, por razões que se verão a
seguir.
116
Fonte:
onte: Imagem adaptada pela autora, a partir do folder promocional do
loteamento em 2012.
A área onde está localizado o loteamento constitui uma das mais belas
paisagens do LNE baiano, vista pela rodovia BA-099
BA – “Estrada do Coco” (Figura 6).
Isto fez com que, o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Cepram)66 transformasse
aquela área em Zona de Proteção
Proteção Visual (ZPV), em 2001, caracterizada como Área
de Preservação Permanente (APP), segundo o que dispõe o Código Florestal
Brasileiro (BRASIL,
BRASIL, 1965). Na imagem da figura 6 é possível observar a presença de
condomínios e loteamentos perto da praia, bem como os coqueirais, a Lagoa
Grande e, no primeiro plano, a área do loteamento.
São características principais do clima: temperaturas elevadas (sempre
superiores a 22°C) e grandes precipitações durante todo o ano, sem estação seca
marcante (KOEPPEN, 1948; FINCH; TREWARTHA, 1954). Segundo tipologia
climática de Thornthwaite e Matther, pode ser classificado como do tipo úmido, com
pequena ou nenhuma deficiência hídrica (BAHIA, 1998). No período mais chuvoso
(trimestre abril, maio e junho) os rios e lagoas cheios
cheios transbordam nas planícies de
inundação e a vegetação mais verdejante de junco (Juncus
( effusus
effusus) e taboa
(Eleocharis interstincta)) prenominam nessas áreas. Nos meses mais secos (agosto a
fevereiro), entre a vegetação seca, sobressai-se
sobressai se o Rio Capivara Grande, fazendo
meandros na planície.
66
Resolução nº 2.872/2001 (BRASIL, 2001).
2001)
117
67
O termo é empregado para designar dois elementos do meio físico. Em geomorfologia, vincula-se à
história da sedimentação marinha costeira (GUERRA, 1972; ROMARIZ, 1974; AB’ SÁBER, 2003). No
Art. 2º, Item VIII da Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) nº 303/02, passou
a ser entendido também como cobertura vegetal e se encontra em praias, cordões arenosos, dunas e
depressões (CONAMA, 2002). Cumpre notar que esta “obscuridade” terminológica deu margem a
muitas interpretações, que somadas a falta de clareza nas leis conduziu a constantes dificuldades
para aplicar o direito ambiental.
68
Domínio ambiental da planície costeira, constituído de depósitos de sedimentos litorâneos.
118
69
Essa área, devido a sua relevância ambiental e de acordo com a Lei nº 4.771/1965, só poderia ser
alterada, em casos excepcionais, mediante decreto de utilidade pública, interesse social ou baixo
impacto ambiental. Com esse enfoque inequívoco, como forma de flexibilizar a aplicação das normas
ambientais, o CRA, encarregado, na época, de avaliar o projeto do emprendimento, emitiu
autorização para supressão da vegetação e licenciou sua implantação, através do Cepram.
119
72
“[…] l’origine de tous les maux de la ville moderne: la speculation foncière” (TOPALOV, 1984: 5).
73
No caso, o CRA e o Cepram.
122
74
Observe-se que ao conceito “restinga” é conferido o status de “vegetação” ou de “feição
geomorfológica”, indiscriminadamente.
75
Tais leis, vigentes à época de implantação do loteamento, atualmente foram revogadas.
76
Criada pelo Decreto Estadual nº 2.219/1993.
123
impedem o acesso de pessoas não autorizadas para as quais o único acesso é pela
vila de Arembepe.
É simplesmente impossível para os cidadãos comuns o acesso à praia pelo
loteamento, sem o convite de um proprietário, apesar de a citada Lei 6.766/1979
assegurar, desde a constituição original do loteamento, quais as áreas públicas que
passarão ao domínio do município, que regidos pelo Código Civil, podem ser
utilizadas por todos em iguais condições. Caberia ao Poder Público garantir o livre
trânsito das pessoas e seu direito, inalienável, de acesso à praia. Mas,
lamentavelmente, a lei não é aplicada a empreendedores imobiliários que se
apropriam de espaços públicos, para implantar loteamentos destinados a grupos de
média e alta renda.
Uma grande preocupação dos moradores residentes da Área de Influência
Direta (AID) do empreendimento, diz respeito à passagem para a Lagoa Grande,
que acontecia pela rodovia BA-099 – “Estrada do Coco”. Segundo o Sr. V. S.77 (76
anos), “[...] na Lagoa Grande e Lagoa de Santa Maria os pescadores pescavam
traíra no inverno, quando o mar não dava para pescar e eles viviam disso”.
O referido loteamento fecha esse acesso, apesar de se verificar que os
empreendedores, através de gestão em conjunto com a APA do Rio Capivara,
assegurarem, em documentos escritos e registrados em cartório, a utilização plena
pelas comunidades. Mas não é bem assim, dado que apenas indivíduos
regularmente cadastrados no loteamento, podem ter acesso, o que extingue o
direito, inalienável, de “ir e vir” de quaisquer outros cidadãos. Hoje, o acesso pelos
pescadores à lagoa acontece por um caminho feito pelos empreendedores, fora do
loteamento. Assim os empreendedores imobiliários, com a propriedade privada da
terra, redefiniram a forma/conteúdo do local, criando mais uma modalidade de
segregação sócio-espacial.
De acordo com Silva, M.; Hainard (2005), convém aos agentes
(incorporadores imobiliários e comunidades) que atuam nessa área encontrar os
parâmetros necessários para arbitrar os conflitos oriundos desse processo,
considerando o ecossistema e as condições essenciais de sua reprodução. Assim,
na implantação de quaisquer projetos de urbanização exige-se prévia autorização do
órgão gestor da APA, bem como sua adequação ao Zoneamento Ecológico-
77
Entrevista realizada em 14 de novembro de 2013, com pescador aposentado de Arembepe.
124
orientação para consumidores com bom poder aquisitivo, mas pouco exigente em
termos de atendimento às normas e leis ambientais, se comparado com os padrões
exigidos por pessoas de igual padrão de renda, em países “ricos”.
previsto pelo conjunto de normas e leis que disciplinam a ocupação e uso da terra.
Contrariando o citado, os empreendedores afirmam que o loteamento é
destinado a “[...] um turismo residencial (veraneio) para mercados nacionais e locais
[...]” (BAHIA, 2004), compatível com a Resolução Cepram e ao que é referendado no
ZEE e no Plano de Manejo da APA, embora comprove Gomes Sobrinho (2011,
2013) ser o mesmo destinado a uma clientela internacional principalmente europeia.
O Decreto Estadual nº 8.169/2002 permite, e a Resolução nº 3.712/2006 —
que aprovou a Norma Técnica 004/06 — define procedimentos de análise e revisão
de ZEEʼs para os empreendimentos causadores de significativa degradação do meio
ambiente que venham a se instalar nas APAʼs do estado da Bahia. Procurando se
“adequar” às leis ambientais vigentes para a ocupação pretendida, os
empreendedores do Paradiso Laguna apresentaram Estudo de Impacto Ambiental
(EIA)82 ao Cepram83 que acatou seu pleito em 2004. Pretendiam e conseguiram
rezonear a APA, transformando, na área do loteamento, a ZPV em ZTR84, o que
causou muita polêmica entre os moradores locais. Observe-se a seguinte
manifestação: “[...] com a astuciosa ação os desenvolvimentistas do Governo do
estado da Bahia em conivência com os da Prefeitura Municipal de Camaçari, essa
área foi alterada para Zona Turística Residencial” (depoimento de um ambientalista
do LNE da Bahia).
Ao referido estudo ambiental dos empreendedores, faz-se necessárias
algumas considerações:
1º) Aparentemente é uma justificativa tendenciosa dizer-se que a área do
empreendimento já se encontrava antropizada, sem maior prejuízo à paisagem;
2º) A criação, pela Cepram, de uma ZPV na APA, não foi um “equívoco”,
como afirmaram os interessados, haja vista ser a área da APA formada por
ecossistemas que contemplam áreas de preservação permanente;
3º) Ainda que se mencionasse a preocupação dos empreendedores em
82
A exigência de Estudos e Relatórios de Impacto Ambiental (os EIA e RIMA) tenta aproximar a
ecologia e o desenvolvimento socioeconômico. Tal paradigma continua vivo e cada vez mais
abrangente na academia e também nos programas de governo.
83
Na época, o Cepram tinha caráter licenciatório, atribuição, hoje, do Inema.
84
O Cepram não considerou a possibilidade de que a alteração fosse para Zona de Ocupação
Rarefeita (ZOR), com menor densidade de ocupação e construções com apenas um pavimento, o
que não seria de interesse do empreendedor, pois, com baixa densidade construída haveria menor
desembolso de capital em adiantamento à troca (HARVEY, 1980 [1973]). O que ele buscou foi uma
maior renda por unidade de superfície do solo, capaz de pagar o preço elevado do m² do terreno
(TOPALOV, 1984).
127
85
Constituído por representantes de organizações da sociedade civil, dos órgãos públicos e da
população residente.
128
[...] pergunto com quem é que vamos contar para garantir a biodiversidade,
se até uma instituição como o Cepram é capaz de mudar o zoneamento de
uma área tão importante como essa, desrespeitando toda pesquisa e laudos
anteriores e, inclusive, a Lei de Zoneamento das APA`s para beneficiar um
grupo econômico (depoimento de biólogo do Grupo Gambá, em Relatório
do Conselho Gestor da APA do Rio Capivara, em 11/09/2004).
86
Instrumento básico da política municipal de desenvolvimento urbano (artigo 182, § 1°, Constituição
Federal de 1988), cabendo ao mesmo cumprir a premissa constitucional da garantia da função social
da cidade e da propriedade urbana. De acordo com os princípios e diretrizes expressos no Estatuto
da Cidade (Lei 10.257/2001), o Plano Diretor é instrumento obrigatório: para municípios com
população acima de 20.000 habitantes; para aqueles situados em regiões metropolitanas ou
aglomerações urbanas; em áreas de interesse turístico; ou sob influência de empreendimentos de
grande impacto ambiental (BRASIL, 2005).
132
87
O marketing territorial surge e se desenvolve formalmente no início dos anos 1990, incluindo
características gerais do marketing estratégico aplicado a um determinado produto: a terra, suas
133
e clientes. Assim, segundo Serpa (2011: 16), “[...] os lugares estão presentes nos
meios de comunicação e estes também se fazem presentes, de modo material e
concreto, em seus lugares de ocorrência.” Desta relação se produz o espaço urbano
contemporâneo, engendrado pelas táticas, estratégias e discursos de atores que
agem nesse espaço.
De acordo com Ferrás Sexto, et al (2001: 68-69), o conteúdo teórico do
marketing territorial gira em torno de quatro princípios básicos: i) perspectiva para
pensar e planejar o desenvolvimento a partir das expectativas e necessidades de
residentes, turistas e investidores; ii) análise integrada e prospectiva destinada a
atuar; iii) perspectiva de desenvolvimento sustentável que promova a identificação
do território; e iv) prática de promoção territorial destinada à visibilidade e
notoriedade dos lugares. Esse último princípio se aproxima teórica e
metodologicamente dos conceitos de comunicação e publicidade, que através da
propaganda, utiliza o recurso das imagens para valorizar o território e seus produtos,
embutidos aí, a questão da manipulação da informação.
Verifica-se que o marketing territorial busca conduzir o processo de forma a
atrair investimentos e clientes, mas não descaracterizando o território, tentando
manter sua identidade. A estratégia dos vendedores é “vender” a imagem dos locais,
obstante questões fundamentais como os efeitos perversos dos resultados que as
ações desse marketing podem desencadear. Assim, o marketing pode ser entendido
como um conjunto de procedimentos por meio do qual indivíduos ou grupos de
empreendedores, com o recurso da criação, planejamento, administração,
comunicação e oferta do produto, influenciam os desejos e necessidades dos
clientes em potencial.
Na Bahia, o Governo estadual não só apoia iniciativas empresariais, como
tem sido o protagonista na iniciativa de conceber vários planos estratégicos voltados
ao segmento de turismo: em 1970, o Plano de Turismo do Recôncavo, elaborado
pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder); em
1979, o Programa Caminhos da Bahia; posteriormente, o plano Estratégia Turística
da Bahia, ancorado no Prodetur-BA; em 2003, o plano Século XXI — Consolidação
do Turismo; e, atualmente, o Terceiro Salto, uma nova visão de 2010 para o
horizonte de 2016 (BAHIA, 2011).
Foi na fase anterior do turismo na Bahia, denominada Segundo Salto, entre
1970 e 2006, que, propiciada pelo Prodetur-NE e Prodetur-BA, foram criadas as
136
zonas turísticas, dentre elas a Costa dos Coqueiros no LNE do estado. Essa região
vem se afirmando como núcleo estratégico do estado da Bahia não só pelas suas
características geográficas, como materiais e imateriais, sendo adotada pelas
entidades públicas e particulares perspectivas de mercado em relação aos produtos
turísticos/imobiliários, superando fronteiras regionais, nacionais e internacionais.
No setor turístico, o processo de comunicação e o marketing da Bahia fazem
parte do desenvolvimento da estratégia que vem sendo trabalhada pela Setur
principalmente através da Bahiatursa, que atua de forma sincronizada com os
princípios definidos pelo Governo do estado e a Embratur, visando a atração de
turistas para o estado.
As entidades públicas, bem como as particulares através do marketing
territorial promovem a “[...] imagem do território, de modo que esse adquira
características que o tornem distinto dos que com ele directamente competem, na
atractividade junto aos seus públicos alvo e que torne apelativa a sua ‘aquisição’”
(NUNES, 2011: 14). Neste domínio, segundo a autora, o marketing territorial surge
como uma técnica de gestão que compreende: a análise do mercado, a definição de
uma estratégia de mercado e a formatação de uma estratégia de comunicação e de
promoção do produto e da imagem, de forma que transcende ao ato de tornar
público as vantagens ou qualidades do território, visto que segue a análise, a
planificação, a execução e o controle de resultado das medidas implementadas. Tal
gestão, entretanto, segundo a autora, não é fácil de ser alcançada vista a existência
de vários agentes territoriais (pessoas e entidades) que indefinidos quanto a metas
comuns, podem dificultar a estratégia de marketing territorial.
Segundo Dantas (2009), essas informações vêm formar opiniões internas
(escala local) e externas (escala regional, nacional e internacional) conflituosas por
excelência, implicando ganhos e perdas. Assim, enquanto o discurso dos agentes do
desenvolvimento do turismo é formulado para atrair os turistas com representações
que os fazem sonhar com o paraíso90 prometido, os moradores locais
percebem/vivem o espaço litorâneo sem a sua “maquiagem”.
Em razão da demanda turística, de veraneio e lazer em expansão por áreas
costeiras, foi estabelecida para o LNE baiano uma política de exploração fundada
90
Mito moderno originário dos países industrializados se refere às áreas naturais protegidas,
consideradas pelo ecologismo preservacionista como o paraíso, um espaço desabitado, e que a
natureza deve ser conservada virgem e intocada (DIEGUES, 2001).
137
Já imaginou ter uma linda casa de praia sempre que o final de semana
chegar? Pois é isso que o Residencial Dunas de Guarajuba oferece. A
comodidade de estar perto do que você mais precisa: shopping,
supermercados, restaurantes, postos de saúde e combustível, banco,
comércio diversificado, transporte e segurança, tudo isso em Monte
Gordo, pertinho da linda Praia de Guarajuba (site:
http://www.dunasdeguarajuba.com.br, grifos nossos).
indivíduos pertencentes aos grupos de alta renda deixam-se levar pelo “discurso”
das propagandas — que objetivam o máximo de lucro e o sucesso de vendas —
mas o que fica implícito é o desejo latente de autossegregação dessas pessoas.
A ideia de valorização e localização do empreendimento — de importância
vital para o sucesso do negócio imobiliário — são também embutidas nas
propagandas, mantendo uma forte ligação, visto que as melhores localizações são
as mais valorizadas. Com efeito, a própria localização da região do LNE baiano é um
fator decisivo na definição da sua estratégia de afirmação: usufrui da proximidade
urbana das cidades de Lauro de Freitas e Salvador, onde se localiza o aeroporto
internacional, e é servida por uma rodovia estadual — BA-099.
Com base nesses fatores, os agentes imobiliários que operam no LNE baiano
apelam para conceitos inusitados no domínio das representações sociais, que
transformam as praias locais em paraísos turísticos: em Imbassaí, “O Solaris Village
é um empreendimento pronto para você. [...] proporciona uma estrutura de lazer
completa, num lugar paradisíaco de praia, rio e dunas”; em Guarajuba (presente
nos topônimos dos condomínios: Paraíso, Paraíso das Águas, Paraíso dos Lagos,
Paraíso dos Corais); em Praia do Forte, “Villa Verona. Um verdadeiro paraíso para
relaxar e aproveitar o contato com a natureza” ou “Village das Acácias. Tudo que
você precisa para viver em um lugar paradisíaco”; ou até em loteamentos recém
implantados, como o Paradiso Laguna próximo a Arembepe.
As propagandas evocam, também, a tranquilidade e o sossego, a exemplo do
anúncio em uma peça publicitária de vendas de casas em Itacimirim: “Venha viver
com vista para a tranquilidade”. Ou em Praia do Forte “Reserva Timeantube. É um
empreendimento com localização privilegiada [...]. Ideal para você relaxar com a
tranquilidade e a privacidade da Lagoa Timeantube [...]”. Discursos dominantes que
implicam a fragmentação do espaço. Absorvidos por veranistas e turistas, evocam a
distinção dos locais à beira mar afastados de áreas de maior densidade urbana e
onde o ser humano possa reverenciar a natureza e refazer suas energias materiais e
espirituais, o que traduz novas ideologias e tendências globais de apropriação,
ordenação e gestão do território.
De acordo com os corretores de imóveis que atuam no LNE a estratégia para
o sucesso de vendas é que o “cliente paga sempre pelo menor preço”, mas isso é
relativizado em decorrência da diferenciação do produto. E o “cliente paga por essa
diferenciação”, pois, segundo Singer (1982: 23),“[...] os preços no mercado
142
92
O autor subdivide o espaço litorâneo em: águas oceânicas (ocean waters), águas litorais (coastal
waters), espaço intermareal (intertidal área), borda litorânea (coastline), frente litorânea (oceanfront,
shorelands área), terras e águas litorâneas (coastal uplands), terras e águas continentais (inland).
145
administrativas93.
Como resultado da ocupação histórica da humanidade é nas “frentes” e
“terras litorâneas” em várias partes do mundo, por excelência, que as atividades
humanas se concentram com diferentes usos e ocupações: assentamentos
humanos, infraestrutura de transportes e serviços, que, de acordo com Barragán
Muñoz (2014), em princípio, são submetidos a diferentes controles por parte dos
Governos.
Moraes (2007) assevera que as atividades agropecuárias são cada vez
menos praticadas nessas áreas que, em função do seu valor econômico pela
interface com o mar, ficam disponíveis para usos preferencialmente não
agropecuários, possibilitando o monopólio espacial de certas atividades de maior
rentabilidade econômica do uso da terra: instalações industriais, atividades de lazer,
veraneio e turismo. Tal fato determina um adensamento populacional no litoral —
dois terços da humanidade habita essas áreas (MORAES, 2007) —, conferindo-lhe
um perfil claramente urbano, sendo possível verificar que a maior parte das
metrópoles contemporâneas localiza-se à beira-mar e muitas foram convertidas em
importantes centros de atração turística, como Nova York, Singapura, Istambul,
Dubai, Hong Kong, Barcelona, entre outras. No Brasil, a cidade do Rio de Janeiro é
exemplo de um dos principais destinos turísticos dos estrangeiros que viajam para o
país.
Não é exclusividade das atividades turísticas, mas estas contribuem
sobremaneira para reorganizar as relações sociais onde estão inseridas,
mobilizando o mercado dos negócios turísticos e imobiliários: proprietários de terras,
corretores de imóveis, incorporadores imobiliários e a indústria da construção civil
(MORAES, 2007). Isto contribui cada vez mais para aumentar a concentração da
população que, muitas vezes, no caso dos espaços costeiros, ocupa lugares
inapropriados, degradando os ecossistemas, muitos dos quais extremamente
frágeis, a exemplo das áreas de restinga e manguezais dentre outros. Portanto, a
crescente expansão da ocupação sobre as áreas costeiras e os diversos impactos
93
No Brasil, na porção terrestre destaca-se o município como espaço de planejamento e ação
política, conforme os Planos Estaduais de Gerenciamento Costeiro e na porção marítima pela
extensão do Mar Territorial (12 milhas náuticas ou 22,2 km a partir da linha de base). Em termos
legais, novo espaço de gestão territorial (a Orla Marítima) foi definido no Art. 22 do Decreto no
5.300/2004 como a faixa contida na zona costeira, de largura variável, compreendendo uma porção
marítima e outra terrestre, caracterizada pela interface entre a terra e o mar (BRASIL, 2004).
146
94
Entende-se aqui por Estado, o conjunto das instituições públicas que formam o sistema político-
administrativo de um país.
95
Moraes (2007: 27) especifica a relação entre valoração e a valorização dos lugares, sendo a
primeira “[...] um ato de atribuição de valor, isto é, de mensuração qualitativa ou quantitativa de um
bem ou conjunto de bens [...]. O preço aparece como uma boa exemplificação do ato de valorar”. Já
valorizar “[...] significa a realização do valor (objetivação) do valor, sua apropriação material”.
96
Juan Manuel Barragán Muñoz é catedrático da Universidade de Cádiz (UCA), na Espanha, e dirige
o grupo Gestão Integrada de Áreas Litorâneas (GIAL).
147
97
“[...] un proceso legitimado a través de uma política pública, com fundamentación técnico científica
pero que tiene em cuenta los saberes tradicionales, dirigido a la administración de bienes comunes e
intereses públicos; que se orienta a la toma de decisiones para obtener el mejor y más equitativo
benefício de los servicios de los ecosistemas costero marinos, poniendo especial esmero em
conservar el capital natural, el patrimônio cultural, el paisaje; al tiempo que afronta los riesgos y
amenazas que se ciernen sobre personas, bienes o recursos“ (BARRAGÁN MUÑOZ, 2014: 170).
98
Essa ideia surgiu em 1987 com o relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente da ONU
(Relatório Brundtland, publicado em 1987 sob o título Nosso Futuro Comum), ganhando
fortalecimento com a ECO/92. Esta noção significa “[...] obter crescimento econômico necessário,
garantindo a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social para o presente e gerações
futuras”. Para que isso ocorra, seria necessário um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, a
preservação do meio ambiente, a justiça social e o uso dos recursos da natureza. Mas como falar de
equilíbrio no contexto de uma sociedade capitalista?
148
econômicas e jurídicas dos Estados membros99. A dificuldade até então é não ter
conseguido compatibilizar os distintos interesses e contribuir para a solução dos
graves problemas dos recursos costeiros europeus. Outras iniciativas recentes como
o Programa de Demonstração sobre Gestão Integrada de Zonas Costeiras (1997-
1999) e o Conselho da Europa (2000) têm demonstrado interesse na melhoria da
gestão das áreas litorâneas (LOUREIRO FILHO, 2014).
No Brasil, as políticas públicas não identificam áreas específicas para sua
ação, contudo “[...] é possível apontar os setores de atuação da administração
federal, segundo a ótica da gestão costeira, identificando políticas de âmbito federal
que possuem maior incidência e/ou prioridade na vida dessa região” (BRASIL, 2005:
6). Contudo, em 1974, o governo federal criou a Comissão Interministerial para os
Recursos do Mar (CIRM), órgão de assessoria da Presidência da República,
presidida e secretariada pelo Ministério da Marinha, que, em 1987, estabeleceu o
Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro (Gerco). Um ano depois da criação
do Gerco foi elaborado o seu marco legal mais importante, a Lei 7.661 que instituiu o
Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), como parte integrante da
Política Nacional para os Recursos do Mar (PNRM) e da Política Nacional do Meio
Ambiente (PNMA), com o escopo de fazer a gestão da zona costeira, assim definida
pela legislação, nos termos do Decreto Federal nº 5.300/04:
99
A Carta Europeia do Litoral, aprovada em 1981 pela Conferência das Regiões Marítimas Periféricas
da Europa, foi uma das tentativas mais importantes para salvaguardar e valorizar o litoral europeu.
Mas foi a partir da década de 1990 que foram adotadas medidas de proteção, requalificação e
valorização da faixa costeira, muitas delas inspiradas em políticas da União Europeia.
149
100
“[...] una serie de decisiones o de acciones, intencionadamente coherentes, tomadas por diferentes
actores, públicos y a veces no públicos — cuyos recursos, nexos institucionales e intereses varian —
a fin de resolver de manera puntual um problema políticamente definido como colectivo” (SUBIRATS
et al, 2008: 36).
101
O município emerge como instrumento chave na proteção de áreas costeiras urbanas, pois pode
legislar sobre os assuntos de interesse local, desde que observados os princípios estabelecidos pela
Constituição e normas federais, planos nacionais e estaduais de gerenciamento costeiro e de uso e
ocupação de solo urbano.
152
Deve-se reconhecer que uma boa parte desses municípios não está preparada para
as responsabilidades da descentralização política-administrativa, a partir da
promulgação da Constituição de 1988, quando foi atribuído aos municípios diversas
responsabilidades e competências, o que implica dizer: “[...] vivemos num país onde
é mais fácil falar da descentralização do que operá-la” (MORAES, 2007: 121).
Desta maneira, segundo Braga (2001), é muito pequena a quantidade de
municípios que possui o PDDU102, mesmo considerando a obrigatoriedade
constitucional para cidades com população superior a 20.000 habitantes, integrantes
de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, de áreas de especial interesse
turístico, caso de quase a totalidade dos municípios litorâneos; e cidades inseridas
nas áreas de influência de empreendimentos e atividades com impacto ambiental de
âmbito regional ou nacional.
De acordo com Braga (2001), dos PDDUʼs existentes, alguns incluem
diretrizes gerais sobre o desenvolvimento econômico e social dos municípios, pouco
acrescentando ao que já existe nas Leis Orgânicas Municipais, mas de pouca
aplicação efetiva. A mesma consideração pode ser feita após análise pontual do
PDDU de Camaçari e de Mata de São João, no LNE da Bahia (CAMAÇARI (Bahia),
2006; MATA DE SÃO JOÃO (Bahia), 2008) e respectivas Leis Orgânicas
(CAMAÇARI (Bahia), 2008; MATA DE SÃO JOÃO (Bahia), 2005). Assim, costuma-
se dizer, de acordo com Braga (2001: 99) que no Brasil “[...] há leis que pegam e leis
que não pegam e o Plano Diretor tem se encaixado frequentemente no segundo
tipo.”
Elemento intrínseco ao PDDU, o zoneamento urbano deveria servir como
instrumento de solução de conflitos de uso e ocupação do solo, na disputa entre o
interesse público e o privado pelo espaço. Entretanto, segundo Braga (2001), o
PDDU é criticado tanto por sua eventual ineficácia quanto por seus efeitos
negativos, com destaque para a especulação imobiliária cuja formação dos preços
dos produtos imobiliários não tem como ser controlada, e, com isso a segregação
sócio-espacial-residencial aparece.
As causas subjacentes do estado atual das áreas costeiras são complexas e
102
Instrumento público definidor das diretrizes de planejamento e gestão territorial urbana, previsto no
Art. 182, § 1°, da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). O Plano Diretor, consagrado pelo
Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001, Art. 4º III) tem como conteúdo básico o controle do uso,
ocupação, parcelamento e expansão do solo urbano, além de outros como saneamento,
infraestrutura, habitação, sistema viário e transportes urbanos.
153
103
Temporada que se passa na praia, fora das grandes cidades, mais frequentemente no verão. No
Brasil, por esse motivo, o termo veraneio é mais usual, assim como na região do Litoral Nordeste da
Bahia, razão pela qual o adotamos no presente texto.
104
Termo adotado neste texto.
105
Neste texto, a expressão é utilizada com relação à ocupação residencial e grande distância social
— em termos de renda — entre os distintos grupos de pessoas na região do LNE baiano.
157
Uma possível manifestação desse fato pode ser revelada com base em
pesquisa dos classificados de venda de terrenos — Jornal A Tarde — nas
localidades escolhidas para o estudo, nos anos de 1970, 1980, 1990, 2000, 2010 e
2012, sendo encontrados 828 anúncios de terrenos naqueles anos (Apêndice B a
M). Através desses dados se pretende compreender o desenvolvimento do mercado
imobiliário formal de terras urbanas, no LNE da Bahia.
Nas localidades de Areias, Malhadas, Açú da Torre, Barra do Pojuca, situadas
a oeste da rodovia BA-099 – “Estrada do Coco”, o número de oferta de terrenos é
bem menor, destacando-se a vila de Monte Gordo, com 8%, enquanto nas
localidades situadas na Orla Atlântica a oferta é bem maior, com destaque para o
povoado de Jauá, com 19%. Neste caso, a exceção vai para a localidade de Praia
do Forte onde apenas foram colocados à venda seis terrenos (1%), durante os
citados anos (Figura 11). Mas é nela onde há a maior procura de imóveis, afirmam J.
C. S. (37 anos) e demais corretores entrevistados que atuam naquelas áreas. Isso
implica a produção da escassez planejada das mercadorias pelos agentes
imobiliários.
Guarajuba Itacimirim
11% 16%
Abrantes Arembepe
15% 16%
106
Segundo entrevistas realizadas, em 2013, com corretores que atuam no LNE baiano.
160
Figura 12 Preço médio de terrenos (em US$/m²) nas localidades estudadas no LNE
baiano - 1980, 1990, 2000, 2010 e 2012
161
Figura 13 – Área dos terrenos à venda nas localidades estudadas no LNE baiana – 1980,1990, 2000, 2010 e 2012
163
Tabela 12 Área média (m²) de terrenos à venda nas localidades estudadas no LNE
baiano – 1980, 1990, 2000, 2010 e 2012
Anos
Localidades
1980 1990 2000 2010 2012
Abrantes 37.034 179.520 14.863 15.477 3.166
Açú da Torre 5.000 5.198 10.437 13.600 -
Areias 1.000 - 1.000 4.000 -
Arembepe 60.650 47.425 30.094 23.599 749
Barra do Pojuca - 1.000 29.295 1.168 2.776
Barra do Jacuípe 1.337 146.691 3.299 3.919 1.075
Guarajuba 48.575 9.021 1.162 851 1.746
Itacimirim 14.720 2.821 36.234 2.555 4.303
Jauá 14.720 1.414 1.051 1.460 3.737
Malhadas - - - 1.028 -
Monte Gordo 16.403 4.760 27.633 44.800 6.117
Praia do Forte 4.478 41.238 3.051 1.679 22.908
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 1970, 1980, 1990, 2000, 2010 e 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2012 e 2013.
Nota: No ano de 1970 não houve registro de terrenos à venda nas localidades estudadas.
107
O fato de não aparecerem anúncios em jornais de grande vinculação sobre oferta de terrenos, não
quer dizer que não houvesse negociação, pelo menos diretamente entre os interessados.
164
Quadro 1 – Características da ocupação do solo nas localidades do Litoral Nordeste da Bahia, 2015
Continua
Ocupação: predominantemente horizontal com edificações de até Ocupação: predominantemente horizontal com edificações de até
dois pavimentos; dois pavimentos;
Uso: predominantemente residencial (população predominante de Uso: predominantemente residencial (população predominante de
renda baixa e média) e comercial; renda baixa) e comercial;
Parcelamento do solo: formal ou informal; Parcelamento do solo: formal ou informal;
Arruamento: regular e irregular. Arruamento: predominantemente irregular.
169
Continua
AREIAS AREMBEPE
Ocupação: predominantemente horizontal com edificações de até Ocupação: predominantemente horizontal com edificações de até
dois pavimentos; dois pavimentos;
Uso: predominantemente residencial (população predominante de Uso: predominantemente residencial (população predominante de
renda baixa) e comercial; renda baixa e média) e comercial;
Parcelamento do solo: formal ou informal; Parcelamento do solo: formal ou informal;
Arruamento: predominantemente irregular. Arruamento: regular e irregular.
170
Continua
Ocupação: predominantemente horizontal com edificações de até Ocupação: predominantemente horizontal com edificações de até
dois pavimentos; dois pavimentos;
Uso: predominantemente residencial (população predominante de Uso: predominantemente residencial (população predominante de
renda baixa e média) e comercial; renda baixa) e comercial;
Parcelamento do solo: formal ou informal; Parcelamento do solo: formal ou informal;
Arruamento: regular e irregular. Arruamento: predominantemente irregular.
171
Continua
GUARAJUBA ITACIMIRIM
Ocupação: predominantemente horizontal com edificações de até Ocupação: predominantemente horizontal com edificações de até
dois pavimentos; dois pavimentos;
Uso: residencial (população de renda média e alta) e comercial; Uso: predominantemente residencial (população de renda média e
Parcelamento do solo: formal; alta) e comercial;
Arruamento: regular. Parcelamento do solo: formal ou informal;
Arruamento: regular e irregular;
172
Continua
JAUÁ MALHADAS
Ocupação: predominantemente horizontal com edificações de até Ocupação: predominantemente horizontal com edificações de até
dois pavimentos; dois pavimentos;
Uso: predominantemente residencial (população predominante de Uso: predominantemente residencial (população predominante de
renda baixa e média) e comercial; renda baixa) e comercial;
Parcelamento do solo: formal ou informal; Parcelamento do solo: formal ou informal;
Arruamento: regular e irregular. Arruamento: predominantemente irregular.
173
Conclusão
Ocupação: predominantemente horizontal com edificações de até Ocupação: predominantemente horizontal com edificações de até
dois pavimentos; dois pavimentos;
Uso: predominantemente residencial (população predominante de Uso: predominantemente residencial (população predominante de
renda baixa e média) e comercial; renda baixa e alta) e comercial;
Parcelamento do solo: formal ou informal; Parcelamento do solo: formal;
Arruamento: predominantemente irregular. Arruamento: predominantemente irregular.
Fonte: Características de ocupação do solo. Sedam, 2009; Ortofotos digitais do mapeamento digital do estado da Bahia, SEI; Trabalho de campo, 2011-
2015.
Elaboração: Denise Magalhães, 2015.
174
Açuzinho Malhadas
Abrantes Jauá
108
“[...] onde privilegia-se no espaço urbano lugares para o lazer, seja recreativo ou turístico, com
edificações e infra-estrutura voltada para este fim e com paisagens em forma de cenários
reproduzindo a estética da natureza e a cultura típica local”, como instrumentos para o consumo do
espaço (SANTOS, T., 2006: 77).
179
Figura 20 População total residente por setores censitários urbanos Litoral Nordeste da Bahia, 2010
Fonte: Derba. Sistema de Transporte, 2010; IBGE. Censo Demográfico, 2010; SEI. Limites Municipais. 2014.
Elaboração: Denise Magalhães e Harlan Rodrigo, 2014.
182
109
Restaurantes, lanchonetes, panificadoras, bares, mercadinhos, vendas, quitandas, mercearias,
drogarias/farmácias, casas de materiais de construção, madeireiras, barbearias, salões de beleza,
padarias, pet shops, bombonieres, papelarias, armarinhos, vidraçarias, borracharia, depósitos de
bebida, copiadoras, academias de ginástica, peixarias, barracas de praia, bicicletaria, oficinas
mecânicas, estofarias, sorveterias, sapatarias, artesanato e bijuterias, lan house, docerias, lojas de:
móveis e eletrodomésticos, confecções, eletroeletrônicos, produtos agropecuários, variedades,
equipamentos de informática, decoração, motos, refrigeração, dentre outras.
110
Isso é de se esperar entre os pequenos, pois é na grande empresa, no modo capitalista de
produção, que há a necessidade de separações das tarefas — o que barateia suas partes individuais
— e alienação do trabalho para aumentar a produtividade. “[...] em termos de mercado, isto significa
que a força de trabalho capaz de executar o processo pode ser comprada mais barato como
elementos dissociados do que como capacidade integrada num só trabalhador” (BRAVERMAN,
2011[1974]: 79).
184
9,8% Herança
Família
11,9%
Forma de sobrevivência
Estabeleceu-se a trabalho
deles (82,4%) está satisfeita em morar e trabalhar no local e 62,1% não pretende
mudar.
Tabela 17 – Local de residência dos empregados domésticos – Litoral Nordeste da Bahia, 2014
Local de residência
Rio de Janeiro
Praia do Forte
Monte Gordo
Açú da Torre
Guarajuba
Arembepe
Malhadas
Camaçari
Itacimirim
Açuzinho
Salvador
Areias
Total
Jauá
Catu
Localidades
Areias 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Barra do Pojuca 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4
Guarajuba 0 0 8 1 0 0 117 0 1 11 0 2 1 1 0 0 0 0 142
Itacimirim 0 0 0 35 10 0 3 0 0 6 3 0 0 0 0 0 0 0 57
Jauá 0 0 0 0 0 11 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 13
Monte Gordo 0 0 0 0 0 0 3 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 4
Praia do Forte 1 0 0 4 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 2 1 0 2 13
Fonte: Trabalho de campo, 2014.
Elaboração: Denise Magalhães, 2015.
190
Lauro de Freitas
Porto do Sauípe
Barra do Pojuca
Praia do Forte
Monte Gordo
Açú da Torre
Dias D'Ávila
Guarajuba
Arembepe
Campinas
Malhadas
Camaçari
Itacimirim
Açuzinho
Abrantes
Salvador
Embaçai
Areias
Diogo
Total
Jauá
Localidades
Total 26 16 71 2 5 1 6 17 77 25 7 2 1 1 1 7 2 2 1 3 1 9 283
Açú da Torre 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 12
Areias 0 11 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11
Local de trabalho
Barra do Pojuca 0 0 45 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 47
Guarajuba 0 0 3 0 0 1 0 0 30 0 0 0 0 0 0 3 0 0 1 1 0 0 39
Itacimirim 0 0 10 0 0 0 3 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 15
Jauá 0 5 0 0 0 0 0 17 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 0 1 0 0 27
Monte Gordo 0 0 0 0 0 0 0 0 44 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 44
P. do Forte 16 0 13 0 5 0 3 0 3 25 7 2 1 1 1 3 0 0 0 1 0 8 89
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
Elaboração: Denise Magalhães, 2015.
191
60
50
Número d e c o merciário s
Utilização de meios
40
de transporte
Não utiliza
30 Utiliza
Eventualmente utiliza
20
10
Localidades
Figura 23 – Fluxo de linhas de transportes rodoviários intermunicipais de passageiros – Litoral Nordeste da Bahia, 2015
Tabela 19 – Cidades da Região Metropolitana de Salvador mais frequentadas pelos comerciários residentes em
localidades do Litoral Nordeste da Bahia, 2014.
Cidades da Região Metropolitana de Salvador
Localidades Lauro de Simões Dias Mata de Sem
Salvador Camaçari Outra Total
Freitas Filho D'Ávila São João Mobilidade
Total 31,6 4,2 6,0 37,9 1,0 6,0 5,6 7,9 285
Açú da Torre 41,7 0 0 33,3 0 8,3 16,7 0 12
Areias 36,4 9,1 0 45,4 0 0 0 9,1 11
Barra do Pojuca 12,7 2,1 36,2 10,6 4,2 17,0 2,1 14,9 47
Guarajuba 23,1 2,5 0 61,5 0 0 12,8 0 39
Itacimirim 46,7 13,3 0 26,7 0 0 6,7 6,7 15
Jauá 28,6 0 0 60,7 0 0 0 10,7 28
Monte Gordo 13,6 4,5 0 50,1 2,3 6,8 13,6 0 44
Praia do Forte 50,6 5,6 0 25,8 0 5,6 1,1 11,2 89
Fonte: Trabalho de campo, 2014.
Elaboração: Denise Magalhães, 2015.
196
Tabela 20 – Percentual de frequências das viagens a Salvador pelos comerciários residentes em localidades no Litoral Nordeste, 2014
residencial ao longo de suas margens. Esse processo foi criado pelo mercado de
loteamentos e condomínios de alto luxo na extensão praieira, e, do outro lado
da pista, a outra, formada por localidades praticamente abandonadas pelo poder
público, onde o mercado de terras de status elevado não lançou seus olhos e garras,
portanto, onde sobrou como alternativa de moradia a porção economicamente mais
frágil da população.
A partir da ocupação e uso do solo modificou-se a estrutura fundiária da
região. Grandes fazendas foram compradas, a exemplo da Fazenda Sauípe, pela
construtora Norberto Odebrecht e a Fazenda Praia do Forte pelo empresário Klaus
Peters, ambas em Mata de São João, na margem da BA-099. Essas fazendas foram
desmembradas e suas glebas parceladas em loteamentos residenciais para famílias
de grupos de renda média e alta.
Famílias de posseiros que viviam nessas terras, há gerações, dedicando-se,
principalmente, ao cultivo de coco-da-baía, frutas e produtos da agricultura familiar e
à criação de pequenos animais, se viram obrigadas a migrar para áreas menos
valorizadas pelo capital.
A resistência dos que ainda lutam para garantir sua sobrevivência, como
habitantes das áreas de praia, foi relatada em entrevista do dia 6/12/2013: “o turismo
é que traz a destruição da natureza, antes a gente pegava pitu com a mão [...] hoje
emprego é para poucos. Meu desejo é ir para a roça” (Sr. J. B., 55 anos).
Grande parte das pessoas que vivia nessas terras, e conseguiu permanecer,
foi desviada de suas antigas formas de trabalho familiar, tendo que se adaptar às
novas relações de trabalho e produção do sistema capitalista onde predomina o
assalariamento. Tal processo ocorreu em função das novas modalidades de
ocupação e uso do solo, advindas do veraneio e turismo. Esses moradores pobres
são atraídos pelas transformações socioeconômicas desse espaço, criando novos
valores, novos hábitos e novos costumes.
Líderes comunitários das zonas rurais e urbanas falaram sobre as
transformações no modo de vida da população, com perdas de antigas tradições:
111
bocapio , chapéu [...]. A agricultura acabou. Lá em Praia do Forte ainda
persistem essas manifestações, pois, por estarem em zonas de turismo eles
112
recebem apoio da Prefeitura (Sra. D. S. S., 53 anos) .
111
Sacola de palha, feita artesanalmente.
112
Entrevistas do dia 6/12/2013, com a Associação Comunitária e Recreativa dos Moradores de
Campinas de Açú da Torre.
113
Entrevista do dia 13/12/2013, com a Sociedade São Francisco de Assis dos Pescadores e
Moradores de Praia do Forte.
114
Moradora de Monte Gordo, em entrevista do dia 16/11/2013.
115
Morador antigo de Monte Gordo, em entrevista do dia 16/11/2013.
200
“clientelismo”, negociando para que o trio elétrico não saísse mais de Guarajuba116,
perturbando o “paraíso” da localidade.
116
A tradição “parece” não ter mudado, pois continua a sair de Guarajuba, mas sem a presença do
trio elétrico que, atualmente, sai de Monte Gordo.
201
manifesta não só em razão das desigualdades sociais, mas também culturais entre
ricos e pobres.
Líderes de associações comunitárias justificam a transformação da região do
LNE da Bahia com o aumento populacional, pelo processo de migração de pessoas
atraídas para o local devido ao trabalho doméstico em residências secundárias e
busca de emprego em instalações hoteleiras, empreendimentos imobiliários e outras
empresas.
A situação percebida, vivenciada e representada pelos diferentes grupos
sociais que vivem e/ou trabalham na região é que um fato concreto — a rodovia BA-
099 — contribui para estabelecer a fragmentação espacial em consequência de uma
segregação sócio-espacial-residencial ao longo da rodovia. Na visão
117
sociopolítica/econômica do Sr. J. C. S. (37 anos) , “deste lado está tudo bonito. Do
outro lado... Migrantes118 vêm e ficam na periferia”119, dando ênfase ao componente
espacial e salientando as bem equipadas áreas costeiras (praias) e o oposto das
margens (denominadas periferias), mal equipadas, e de moradias populares.
Essas transformações na região se intensificaram a partir da década de 1980
e vários foram os fatores que, segundo a população local, contribuíram para isso:
elevação do nível de vida da população brasileira; implantação da rodovia BA-099;
belezas naturais (praias, lagoas, dunas, rios); saturação de Salvador e Lauro de
Freitas, transformando o LNE em opção de residência ou residência secundária,
como refúgio dos problemas urbanos da capital e de Lauro de Freitas.
A influência do empresário Klaus Peters em Praia do Forte é dicotômica.
Apesar de alguns habitantes locais considerarem que “o alemão”, muitas vezes, com
o uso da força, não preservou a cultura dos povos tradicionais — objetivando a
segregação — prevalece a visão dos que admitem a nova situação e têm interesse
pessoal nisso:
Eles podem fazer de tudo. Tiram a vegetação das lagoas, mas aqui nos
proíbem de fazer tudo. Klaus Peters foi um exterminador como foi o Garcia
D’Ávila. Proibição foi o que ele fez. Proibia pesca, criação, coleta de frutas,
coleta de madeira [...] (Sr. J. B., 55 anos).
[...] tem a questão de que quem tem dinheiro e de quem não tem. Ganha
quem tem e aí, ele [Klaus Peters] venceu (Sr. L. C., 59 anos)120.
117
Corretor de imóveis de Guarajuba. Entrevista realizada no dia 06/12/2013.
118
Um dos resultados das situações de desigualdade espacial, são as migrações, sejam inter-
regionais, rurais-urbanas ou inter-urbanas (SANTOS, M., 2008 [1978]).
120
Da Sociedade São Francisco de Assis dos Pescadores e Moradores de Praia do Forte, em
203
A ação de Peters foi boa. Ele organizou a comunidade e não deixou criar
favela. Do entroncamento para lá tem favela, droga (Sr. M. S. S., 37 anos).
especiais124.
Na morfologia dessas localidades, reflete-se o desenvolvimento econômico —
retratado no uso do solo e diferenças de renda dos indivíduos e dos grupos sociais
— com paisagens diferenciadas internamente entre setores “ricos” e “pobres”, sendo
observados: a composição dos habitantes, aspectos relacionados com as
características e problemas sociais, qualidade construtiva das habitações e espaços
públicos.
A abordagem marxista, segundo Clark (1985[1937]), explica a questão em
termos da organização da sociedade no capitalismo: os proprietários fundiários e os
operadores do mercado imobiliário impõem as maneiras lucrativas de assegurar a
ordenação do uso do solo numa certa localização de seu interesse (atividades
comerciais e residenciais), fragmentando-a cada vez mais e segregando seus
moradores de acordo com a estratificação social, sendo os pobres as grandes
vítimas dessa segregação, que, no “partir do bolo” lhes reserva o menor ou pior
pedaço (SANTOS, M., 1990).
Até mesmo no sistema socialista, a redistribuição pelo poder público de boas
habitações “[...] em uma boa localização foi uma maneira de garantir privilégio nas
sociedades [...]. Portanto, a evolução nem sempre desafia o passado capitalista,
mas, ao contrário, continua seus padrões sócio-espaciais [...]125 (ROUPPILA, 2004:
15, tradução nossa) fragmentando e segregando a cidade. Ou seja, os processos de
segregação sócio-espacial-residencial não são concernentes às cidades capitalistas,
mas são configurados em benefício dos grupos mais privilegiados da população.
De acordo com Topalov (1984: 160, tradução nossa)126, o espaço dos grupos
de alta renda “[...] não pode ser marcado de distinções porque é ‘objetivamente’
diferente”. Segundo Carlos (2004) essas diferenças — forma mais visível das
diferenciações de grupos sociais no espaço — são resultantes dos processos de
produção material, com predominância das formas capitalistas de construção da
habitação, processos que por si próprios operam, segundo Topalov (1984), a
fragmentação e a segregação espacial. Assim, as localidades habitadas pelos ricos
124
Por não ser objeto de investigação do trabalho em pauta, a questão não foi investigada.
125
“[...] in a good location was one way to grant privilege in socialist societies [...]. Therefore,
developments did not always challenge the capitalist past, but rather continued its socio-spatial
patterns [...]” (ROUPPILA, 2004: 15).
126
“[...] ne peut être signe de distinction que parce qu’il est ‘objectivement’ différent” (TOPALOV,
1984: 160).
205
Estamos hoje com uma apartheid na região. Do lado contrário ao mar muita
droga, prostituição, criminalidade e uma vergonha na questão de
127
Membro da Associação Unidos de Areias, em entrevista do dia 14/12/2013.
128
Moradora de Areias, em entrevista do dia 10/05/2014.
129
Vereador de Açú da Torre – Mata de São João, em entrevista do dia 06/12/2013.
206
130
infraestrutura básica (Sr. S.)
[...] se antes a sede mantinha o litoral, hoje, o litoral mantém a sede. Aqui
[Praia do Forte] conseguimos o maior montante de nossos recursos. Em
2005, a arrecadação do município girava em torno de R$ 50.000.000,00 No
ano passado [2012] nossa arrecadação girou em torno de R$
113.000.000,00 sendo, a maior parte, recursos próprios. Mas muita coisa
nós conseguimos em termos de captação do governo federal. Existem em
Brasília projetos aprovados girando em torno de R$ 200.000.000,00, como a
estrada que fará ligação sede-litoral. Isso seria relevante para que os
moradores da sede venham ao litoral [...].
130
Presidente do Partido Verde, em depoimento no Seminário Saberes do Litoral Norte, em
21/08/2013.
131
Situações urbanísticas que não chegam a configurar uma concentração urbana completa e
complexa e com a função principal de atendimento às demandas turísticas, tanto para veraneio como
para férias, além de abrigarem, em pequena escala, a moradia fixa (PROJETO ORLA, 2002).
132
Elaboração de política vinculada ao turismo tem por objetivo a exploração econômica da orla
marítima e, a partir deste produto, despertar o interesse turístico do município como um todo (BAHIA,
2006, Capítulo I, Art. 17 – VI).
207
Areias
133
Considerados os bens (públicos ou privados), de utilidade pública, implantados mediante
autorização do poder público, em espaços públicos ou privados, e necessários ao funcionamento das
localidades. Funcionam como suporte material para a prestação de serviços básicos de educação,
saúde, segurança, lazer etc.
134
O trabalho de campo foi realizado em 2013, quando foram feitas observações in loco e entrevistas
com moradores e comerciantes locais.
209
Tabela 21 - Equipamentos urbanos e infraestrutura básica das localidades ao longo da rodovia BA-099, 2013
Continua
Municípios - Localidades
Equipamentos urbanos e Camaçari Mata de São João
infraestrutura básica Barra do Barra do Monte Açu da Praia do
Abrantes Areias Arembepe Guarajuba Jauá Itacimirim Malhada
Jacuípe Pojuca Gordo Torre Forte
Total 28 20 28 20 27 23 25 13 27 18 21 28
Lan House 1 1 1 1 1 0 1 0 1 1 1 1
telecomuni-
cações
Escola de Ensino
1 1 1 1 1 0 1 0 1 1 1 1
Fundamental
Segurança Pública 1 0 1 0 1 1 1 0 1 1 1 1
Unidade de Saúde 1 1 1 1 1 0 1 0 1 0 1 1
Agência Bancária 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 1 1
Casa Lotérica 1 0 1 0 1 0 0 0 1 0 0 1
Centro Comercial
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
serviços privados
Varejista
Farmácia 1 0 1 1 1 1 1 0 1 0 1 1
Comércio e
Mercearia 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0
Posto de
Autoatendimento (Caixa 1 0 1 0 0 1 1 0 1 0 0 1
Eletrônico)
Segurança Particular
1 0 1 0 1 1 1 1 1 0 0 1
(Ronda, Residencial)
Shopping Center 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1
Supermercado 1 1 1 0 1 1 1 0 1 0 0 1
210
Conclusão
Municípios - Localidades
Equipamentos urbanos e Camaçari Mata de São João
infraestrutura básica Barra do Barra do Monte Açu da Praia do
Abrantes Areias Arembepe Guarajuba Jauá Itacimirim Malhada
Jacuípe Pojuca Gordo Torre Forte
Saneamento básico
e limpeza pública
Água Encanada 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Esgotamento Sanitário 0 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 1
Coleta de Lixo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Limpeza Urbana 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Transporte
Ônibus (Empresa) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
público
Alternativo(Van e Moto
1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Táxi)
Não Pavimentada 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1 1 0
Vias
Pavimentada 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Praças, Parques,
Área de Lazer 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1
Lazer
(calçadão à beira-mar)
Barraca de Praia 0 0 1 1 0 1 1 1 0 0 0 1
Restaurante 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1
Fonte: Pesquisa Direta, 2013.
Notas: Formatação da tabela a partir da ideia de Pereira, 2012.
o. o.
O n 0 indica a inexistência do equipamento; o n 1 indica a existência do equipamento.
Elaboração: Denise Magalhães, 2015.
211
Praia do Forte é um local que tem segurança [...] um lugar mais ordeiro (Sr.
135
E. A. B., 52 anos) .
137
Ana Maria Mandim é jornalista e editora do jornal “Jauá Abre o Bico”.
213
138
Por conta da concessão, pelo Estado, à Concessionária Litoral Norte (CLN).
139
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores.
216
140
Ocupação humana nos ambientes costeiros vem acentuando, cada vez mais, a erosão costeira
local, evidenciando transformações no ambiente praial, fazendo com que os comerciantes recorram à
utilização de sacos de areia com o propósito de conter o intenso processo erosivo, principalmente por
ocasião das marés de sizígia (marés vivas). Os danos materiais que o fenômeno tem gerado veem
preocupando pesquisadores (DOMINGUEZ et al, 2006), considerando que a vulnerabilidade à erosão
no trecho do LNE baiano poderá a se tornar mais acentuada nas décadas vindouras, provocando
potenciais consequências na linha da costa (BITTENCOURT et al, 2010).
218
2,67%
1,33%
3,33% Pedágio: Falta de vias alternativas
ou trásito congestionado.
Pedágio: falta de
viasvéiculo
Acesso com alternativas ou
em Praia do
Forte. trânsito
14,00% congestionado.
28,67%
Acesso às praias, por
Acesso com veículofechados,
loteamentos/condomínios
hoteis. em Praia do Forte.
Depois desses hotéis, todo mundo está perdido. Os nativos não entram na
praia. Os “barão” tomaram conta da cidade. Quem manda agora são os
hotéis. Os nativos estão sem moral. Você hoje não pode mais pescar um
peixinho, pegar lagosta. A tradição da pesca acabou (Sr. G., 52 anos,
morador nascido em Açú da Torre).
Só quem tem direito de ter acesso à praia é barão, é turista (Sr. B. C. C., 58
anos, morador de Areias).
Fonte: http://www.aluguetemporada.com.br/imovel/p3692750.
Acesso em: 20 jul. 2015.
141
O povoado de Praia do Forte já não comporta o fluxo de veículos e visitantes em certos períodos
do ano e buscando o ordenamento local a Prefeitura de Mata de São João determinou que apenas os
veículos de moradores, com adesivo identificador, podem entrar.
222
Quadro 2 - Empreendimentos hoteleiros, loteamentos e condomínios nas localidades ao longo da BA-099 – “Estrada do Coco”, 2013
Hotéis
Pousadas
Resorts
Flats
Albergues
Loteamentos e
Verticais
condomínios
Horizontais
Villages
142
Entrevista com o corretor da imobiliária F. S. S. (37 anos), em Guarajuba, no dia 06/09/2014.
225
144
Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza.
145
Imposto sobre Operações relativos à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação.
146
Imposto sobre a Propriedade Predial Urbana.
147
“[…] el uso de la segunda residencia varía en función de la distancia que la separa de la residencia
principal. Las más próximas pueden ser usadas con mayor frecuencia y en visitas cortas durante los
fines de semana, mientras que las situadas en zonas más remotas ven limitado su uso a vacaciones
más extensas” (MÜLLER, 2009: 26).
229
Para estes, bem como para proprietários provenientes de outros estados do país, o
fator tempo-custo-distância é irrelevante, mesmo considerando o tempo gasto
viajando de automóvel ou de avião para Salvador, acrescidas das horas de
deslocamento do aeroporto de Salvador até o local de veraneio pela rodovia BA-099.
A esse respeito Gomes Sobrinho (2013) considera que
148
Em média, quatro a seis dias, com diária variando segundo o imóvel e o local, entre R$400,00 a
R$ 1.500,00 ou mais em período de alta estação.
149
Considerados os domicílios ocupados e construídos para servir exclusivamente à habitação e, na
data do recenseamento, servindo de moradia a uma ou mais pessoas. Tais domicílios foram
caracterizados quanto ao tipo, condição de ocupação, forma de abastecimento e canalização de
água, esgotamento sanitário, característica dos residentes, renda, dentre outros itens.
232
Figura 32 – Total de domicílios particulares permanentes por setores censitários urbanos Litoral Nordeste da Bahia, 2010
Fonte: Derba. Sistema de Transporte, 2010; IBGE. Censo Demográfico, 2010; SEI. Limites Municipais. 2014.
Elaboração: Denise Magalhães e Harlan Rodrigo, 2010.
233
21%
Salvador
79% Outros locais
14
Número de proprietários
12
10
Localizações
150, e 80% em Itacimirim do total de 75. Em Praia do Forte, local de veraneio onde
predomina famílias de média e alta renda, do total de 85 residências pesquisadas
93% são principais e apenas 7,05% são secundárias. Todavia, como não foi
possível o acesso aos loteamentos e condomínios fechados, estima-se que, por
observação direta e sondagem com a população local, quase a totalidade das
150
residências é para veraneio . Nas localidades de Açú da Torre, Barra do Pojuca,
Monte Gordo e Jauá, por ser área residencial popular, o número das residências
secundárias é inexpressivo, com maior destaque para essa última (13,82% do total
de 94). Entretanto, ressalta-se a grande quantidade de sítios e chácaras com
residências secundárias nessas localidades, bem como em Areias.
Assim, os grupos sociais podem adquirir ou construir imóveis nas áreas
costeiras (praias), onde o preço médio dos terrenos é mais alto: Guarajuba,
Itacimirim, Praia do Forte. Tal localização, segundo Lojkine (1997), revela uma
“primeira segregação” no nível da habitação e no padrão construtivo da residência
— 100 a 300 m² de área construída — havendo grande diferença entre as
habitações do lado costeiro e a “vizinhança”, a oeste da rodovia BA-099 – “Estrada
do Coco”, conforme a seguinte afirmação: “[...] tem dois lados residenciais. Do lado
direito da pista só condomínio, do lado esquerdo é favela. Não se vê loteamentos
151
populares” . Demonstra-se com isso que a localização, segundo Harvey (1980
150
Observa-se que, com base nos censos do IBGE de 2000 e 2010, Gomes Sobrinho verifica que a
variação de crescimento dessas residências em Mata de São João é de 154,45%, enquanto para
Camaçari é de 59,85% (Cf. LUNDGREN, 1974), sendo que os dois municípios apresentam variações
de crescimento maiores do que o total para o crescimento nacional (46,45%).
151
Entrevista realizada em 06/12/2013, com o Sr. J. B., líder comunitário de Pau Grande (município
235
Fonte: Derba. Sistema de Transporte, 2010; IBGE. Censo Demográfico, 2010; SEI. Limites Municipais. 2014.
Elaboração: Denise Magalhães e Harlan Rodrigo, 2014.
239
Tomando-se como parâmetro a renda domiciliar per capita por salário mínimo
por setores censitários urbanos (Figura 36) reitera-se a situação de grande
desigualdade social entre os dois lados da rodovia. Ao longo da orla marítima a
renda domiciliar nas localidades de Jauá, Barra do Jacuípe, Guarajuba, Itacimirim e
Praia do Forte chega a atingir valores entre 6,32 a 11,57 salários mínimos e a oeste
da rodovia, abrangendo a maioria dos setores censitários e localidades de Abrantes,
Areias, Monte Gordo, Barra do Pojuca, Açú da Torre e Malhadas, a renda domiciliar
é menor que um salário mínimo (0,97).
Do total de 1.060152 pessoas entrevistadas nas localidades em estudo,
incluindo proprietários de residência e comerciários153 observa-se (Figura 37) que a
renda mensal familiar, per capita, da maioria das famílias de Açú da Torre, Barra do
Pojuca, Monte Gordo e Praia do Forte (estes antigos moradores) está situada entre
1 ├ 2 salários mínimos (SM), existindo famílias, como no caso de Monte Gordo e
Barra do Pojuca, que vivem com renda mensal inferior a 1 SM. Essas remunerações
refletem os níveis de pobreza local, o que contrasta especialmente com a chegada
do capital estrangeiro à região investindo no turismo, fato que tem encarecido o
custo de vida nas localidades, diminuindo o poder aquisitivo da população. Cresce a
faixa salarial familiar mensal em Jauá e Areias (2 ├ 5 SM) e reforçando a injusta
distribuição de renda local se destacam, com elevada amplitude de renda, Itacimirim,
com 22 famílias na faixa entre 10 ├ 30 SM, e Guarajuba, com 57 famílias na faixa de
renda maior que 30 SM. Guarajuba registra, ainda, níveis mais extremados de
concentração de renda: 31 entrevistados têm a renda familiar acima de 60 SM.
A distribuição espacial de domicílios com três ou mais banheiros, apresentada
no mapa (Figura 38), revela também a desigualdade social entre as duas áreas no
entorno da rodovia, concernente à tipologia de habitação. Há uma concentração dos
setores censitários urbanos com valores superiores a 40% desses tipos de
domicílios na área próxima à costa, compreendendo localidades como Guarajuba,
Itacimirim e Praia do Forte. O fato é indicativo da predominância de habitações
unidomiciliares — a maioria tida como residências secundárias em loteamentos e
condomínios fechados de alto padrão — de melhor qualidade construtiva, cuja forma
de aquisição se dá, sempre por meio do mercado imobiliário formal. Nesse setor, as
152
Desse total, 137 pessoas não responderam ao quesito renda familiar.
153
Excluíram-se os comerciantes que não foram questionados quanto à renda.
240
Figura 36 Renda domiciliar per capita por salário mínimo, por setores censitários urbanos Litoral Nordeste da Bahia, 2010
Fonte: Derba. Sistema de Transporte, 2010; IBGE. Censo Demográfico, 2010; SEI. Limites Municipais. 2014.
Elaboração: Denise Magalhães e Harlan Rodrigo, 2014.
241
60
50
Salários
Percentual de proprietários
<1
40 1Ⱶ2
2Ⱶ5
5 Ⱶ 10
30
10 Ⱶ 30
>30
20
10
Localidades
Fonte: Derba. Sistema de Transporte, 2010; IBGE. Censo Demográfico, 2010; SEI. Limites Municipais. 2014.
Elaboração: Denise Magalhães e Harlan Rodrigo, 2014.
243
Tabela 24 – Grau de instrução dos proprietários de residência pesquisadas nas localidades - Litoral Nordeste da Bahia, 2014
Analfabeto Fundamental Médio Superior Especialização Mestrado Doutorado
Localidades Total
Total (%) Total (%) Total (%) Total (%) Total (%) Total (%) Total (%)
Total 19 2,5 247 24,1 270 34,0 128 17,0 72 9,6 15 2,0 2 0,3 753
Açú da Torre 1 1,4 45 64,3 4
20 28,5 3 4,282 1 1,4 0 0,0 0 0,07 70
Areias 6 6,8 57 64,8 25 28,4 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 88
Barra do Pojuca 5 5,2 38 45,6 46 47,9 7 0,29 0 0,0 0 0,0 0 0,0 96
Guarajuba 0 0,0 8 5,3 30 20,0 63 42,0 37 24,7 9 6,0 2 1,3 149
Itacimirim 2 2,7 2 2,7 18 24,0 23 30,7 25 33,3 5 6,6 0 0,0 75
Jauá 1 1,1 27 28,9 42 45,2 17 18,3 6 6,4 0 0,0 0 0,0 93
Monte Gordo 3 3,0 34 34,3 55 55,1 5 5,0 2 2,0 0 0,0 0 0,0 99
Praia do Forte 1 1,1 36 38,3 34 36,2 10 11,7 1 10,6 1 1,1 0 1,1 83
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
Elaboração: Denise Magalhães, 2015.
245
120
100
P e rce n tu a l d e p ro p rietá rio s
80
Empregados
60 Não possui
40 Possui
20
Localidades
154
Percentagem de domicílios particulares permanentes com forma de abastecimento de água;
percentagem de domicílios particulares permanentes com esgoto; percentagem de domicílios
particulares permanentes com lixo coletado; número médio de pessoas por banheiros; percentagem
de analfabetismo de moradores de 10 a 14 anos em relação a todos os moradores nessa faixa etária;
rendimento médio dos responsáveis por domicílio em salários mínimos; percentagem dos
responsáveis por domicílio que têm rendimento até dois salários mínimos; e percentagem dos
responsáveis por domicílio que têm rendimento igual ou superior a 10 salários mínimos.
246
Figura 40 Índice de Desenvolvimento Social (IDS), por setores censitários urbanos Litoral Nordeste da Bahia, 2010
Fonte: Derba. Sistema de Transporte, 2010; IBGE. Censo Demográfico, 2010; SEI. Limites Municipais. 2014.
Elaboração: Denise Magalhães e Harlan Rodrigo, 2014.
247
Fonte: Foto, Denise Magalhães, 2015. Fonte: Foto, Ricardo Kassius, 2015.
Fonte: Foto, Ricardo Kassius, 2015. Fonte: Foto, Ricardo Kassius, 2015.
Fonte: Foto, Ricardo Kassius, 2015. Fonte: Foto, Ricardo Kassius, 2015.
expansão urbana, como produto de uma racionalização do uso do solo urbano, pelo
mercado imobiliário.
A região do LNE baiano foi incorporada ao turismo como Zona Turística Costa
dos Coqueiros, em fins dos anos 1990, a partir das ações, incentivos e
investimentos econômicos do Governo federal, estadual e da iniciativa privada,
principalmente com a implantação de projetos turísticos e empreendimentos
imobiliários de capital internacional ou em associação com o capital nacional.
Considera-se que o Brasil constitui uma economia periférica e neste contexto, o
estado da Bahia participa como um dos extremos desta periferia, mas em ambiente
de economia neoliberal, o que implica a inserção do turismo de maneira pouco
robusta gerando postos de trabalho na atividade turística em grande parte
subalternos e de remuneração baixa.
Apesar de uma parte dos moradores locais apontarem os efeitos negativos
gerados pelo turismo, outra parte da população entende que gera emprego e renda,
e quem não trabalha é porque não quer. Mas, subjacente a isso os grupos
econômicos multinacionais e nacionais dominam a região estabelecendo suas
próprias normas e estratégias de regulação e controle do espaço, lhes trazendo
poucos benefícios. Nesse sentido, manifesta-se também na região uma segregação
não só em razão das desigualdades sociais, mas também cultural entre “ricos” e
“pobres”, pois os moradores locais só à custa de muita luta conseguem manter
antigas tradições, mesmo que seja através de manifestações para turista ver, como
em Praia do Forte.
Estas grandes corporações privadas nacionais e estrangeiras que se instalam
no LNE baiano atuam por meio de práticas espaciais voltadas às atividades
turísticas e imobiliárias que, favoravelmente, concorrem para a sua manutenção no
espaço. Esses incorporadores selecionam os locais segundo suas características
físicas, adquirem grandes extensões de terras a baixo custo numa visão antecipada
de renda futura com a sua ocupação e uso e através de uma “chantagem locacional”
(ACSELRAD, 2010), buscam obter vantagens subsidiadas pelos Governos federal,
estadual, municipal, para a implantação dos empreendimentos que acabam gerando
“enclaves fortificados” (CALDEIRA, 2000) contribuindo para manter a fragmentação
espacial e a segregação sócio-espacial-residencial. À medida que essas práticas
espaciais se expandem provocam mudanças sócio-espaciais no LNE baiano,
sobretudo com a expansão das áreas de residências secundárias cada vez mais
255
REFERÊNCIAS
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seus bairros. Caderno CRH, Salvador, UFBA, v. 3, n. 13, p. 39-61, 1990.
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______. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225 § 1°, incisos
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APÊNDICE A Empreendimentos turísticos privados previstos e em implantação do LNE do estado da Bahia 2013
Continua
Unidades Incorporador ou Investimento Empregos
Empreendimento Origem Localização Situação
habitacionais proprietário estimado diretos
Complexo Sol Meliá - 1ª etapa (The
Reserve Paradisus Hotel - Guarajuba
Espanha 225 Grupo Sol Meliá 60.000.000 Licenciamento 225
Guarajuba) – Guarajuba /Camaçari
Empreendimentos S.A.
Complexo Sol Meliá - 2ª etapa (The Guarajuba
Espanha 1.000 Grupo Sol Meliá 700.000.000 Planejamento 500
Guarajuba Beach Resort) /Camaçari
Imbassaí /
Costa de Imbassaí Resort e Cyrela Brazil
Brasil Mata de São 2.714 450.000.000 Licenciamento 2.714
Residence (Orissio Norte) Realty
João
Imbassaí /
Orissio Sul Itália Mata de São 533 Alcebíades Barata 14.500.000 Planejamento 533
João
Itacimirim
Double Tree / Les Terrasses Brasil 110 Thomas Magnus 30.000.000 Licenciamento 180
/Camaçari
Barra do
Grupo Lena (Liz
Bahia dos Coqueiros Portugal Jacuípe / 770 220.000.000 Licenciamento 1.200
Construções
Camaçari
Praia do Forte /
Iberostar (3ª Etapa) Espanha Mata de São 240 - - Planejamento 400
João
Complexo Turístico em Praia do Praia do Forte/
Forte - Norte / Bensal Holding do Espanha Mata de São 1.200 Grupo TRUSAM 500.000.000 Licenciamento 2.000
Brasil João
279
Conclusão
Unidades Incorporador ou Investimento Empregos
Empreendimento Origem Localização Situação
habitacionais proprietário estimado diretos
Complexo Turístico em Praia do Praia do Forte/
Forte - Sul / Amagerone Capital Espanha Mata de São 2.500 Grupo TRUSAM 700.000.000 Planejamento 5.000
Holding do Brasil João
Baixio –
Plano Baixio (1ª Etapa) Espanha 60 Grupo É de Prima 398.000.000 Licenciamento 1.450
Esplanada
Busca Vida Grupo Lena / Liz
Busca Vida Bangalô Resort Portugal 45 40.000.000 Planejamento 50
/Camaçari Construtora
Naurigas
Massarandupió
Naurigas/Aguaduna Espanha 970 Empreendimentos 195 000.000 Planejamento 2.983
/Entre Rios
e Participações
Costa Azul Bahia Golf Resort & Costa Azul
Espanha 2 250 Grupo Invisa 312.500.000 Planejamento 1.500
Condomínio /Jandaíra
Lauro de Graute
Aero Espaço Empresarial & Hotel Brasil 187 30.000.000 Implantação 200
Freitas Empreendimentos
Arembepe
Quintas de Arembepe Portugal 350 Design Resorts 150.000.000 Licenciamento 400
/Camaçari
Malhadas /
Fazenda Santa Clara Brasil Mata de São 150 Ernani Castro 8.400.000 Planejamento 1.000
João
Caixa de
Costa do Investimentos dos
Arena Sauípe Brasil - 6.850.000 Implantação 700
Sauípe Funcionários do
Banco do Brasil
Fonte: Superintendência de Investimentos em Pólos Turísticos – SUINVEST/Secretaria de Turismo, 2013; GOMES SOBRINHO, 2013.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
280
APÊNDICE B Tabelas de vendas de terrenos em Abrantes
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 518.476 18.920.764,0 358.280 22,3 4,2
504 7.500,0 142,0 0,3
102.000 3.570.000,0 67.600,8 0,7
26.500 1.500.000,0 28.403,7 1,0
5.000 1.000.000,0 18.935,8 3,8
102.000 3.570.000,0 67.600,8 0,7
Alta estação 1,0
10.000 350.000,0 6.627,5 0,7
102000 3.000.000,0 56.807,4 0,6 0,1
102 3.264,0 61,8 0,6
60000 1.200.000,0 22.723,0 0,4
4.000 200.000,0 3.788,0 0,9
102.000 3.570.000,0 67.600,8 0,7
1.170 230.000,0 4.355,2 3,7
Baixa estação 3,2
1.200 220.000,0 4.166,0 3,5
2.000 500.000,0 9.467,9 4,7
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 1.795.200 7.063.000,0 103.791,4 7,1 1,6
2.000 100.000,0 1.469,5 0,7
1.000 23.000,0 338,0 0,3
1.742.400 4.000.000,0 58.780,3 0,0
Alta estação 0,4
1.000 20.000,0 293,9 0,3
2.300 30.000,0 440,9 0,2 0,7
16.000 1.000.000,0 14.695,1 0,9
5.000 250.000,0 3.673,8 0,7
5.000 240.000,0 3.526,8 0,7
Baixa estação 1,1
18.000 1.000.000,0 14.695,0 0,8
2.500 400.000,0 5.878,0 2,3
281
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 386.437 1.946.900,0 1.946.900,0 121,0 8,7
35.000 30.000,0 16.483,5 0,5
1.000 5.500,0 3.022,0 3,0
160 1.600,0 879,1 5,5
4.000 58.500,0 32.142,9 8,0
1.000 9.000,0 4.945,0 5,0
Alta estação 3,5
1.000 9.000,0 4.945,0 5,0
160 900,0 494,5 3,0
5.000 15.000,0 8.241,8 1,6
18.000 38.000,0 20.879,1 1,1
37.000 129.500,0 71.153,8 1,9
5.080 17.100,0 9.395,6 1,8
25.000 53.000,0 29.120,9 1,2
5.000 20.000,0 10.989,0 2,2 4,6
5.600 30.000,0 16.483,5 2,9
12.087 60.000,0 32.967,0 2,7
400 8.000,0 4.395,6 11,0
600 12.000,0 6.593,4 11,0
5.000 18.000,0 9.890,1 2,0
Baixa estação 5,4
12.000 60.000,0 32.967,0 2,7
5.000 50.000,0 27.472,5 5,5
1.000 25.000,0 13.736,2 13,7
1.200 20.000,0 10.989,0 9,1
5.000 70.000,0 38.461,5 7,7
1.000 5.000,0 2.747,2 2,7
150 1.800,0 989,0 6,6
200.000 1.200.000,0 659.340,7 3,3
282
Continua
2010
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 866.720 18.809 000,0 11.330.722,8 2.458,6 90.0
6.000 200.000,0 120.481,9 20,1
1.000 40.000,0 24.096,4 24,1
330 25.000,0 15.060,2 45,6
300 45.000,0 27.108,4 90,3
165 28.000,0 16.867,5 102,2
110 13.000,0 7.831,3 71,2
330 25.000,0 15.060,2 45,6
1.000 22.000,0 13.253,0 13,2
200 29.000,0 17.469,9 87,3
2.100 95.000,0 57.228,9 27,2
8.044 500.000,0 301.204,8 37,4
2.100 100.000,0 60.240,9 28,7
1.470 30.000,0 18.072,3 12,3
2.100 110.000,0 66.265,0 31,5
4.000 135.000,0 81.325,3 20,3
10.000 130.000,0 78.313,2 7,8 43,9
Alta estação 37,2
17 000 450.000,0 271.084,3 15,9
243 31.000,0 18.674,7 76,8
50.000 80.000,0 48.192,8 0,9
2.100 100.000,0 60.240,9 28,7
2.100 140.000,0 84.337,3 40,1
7.000 25.000,0 15.060,2 2,1
70.000 150.000,0 90.361,4 1,3
830 29.000,0 17.469,9 21,0
2.100 90.000,0 54.216,8 25,8
3.000 300.000,0 180.722,9 60,2
175.546 685.000,0 412.650,6 2,3
2.000 10.000,0 6.024,1 3,0
1.000 60.000,0 36.144,6 36,1
7.000 65.000,0 39.156,6 5,6
8.000 1.000.000,0 602.409,6 75,3
51 11.000,0 6.626,5 129,9
283
Conclusão
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
130.680 23.000,0 13.855,42 0,1
35.000 1.200.000,0 722.891,57 20,6
200 35.000,0 21.084,3 105,4
1.900 250.000,0 150.602,4 79,2
1.000 20.000,0 12.048,2 12,0
880 88.000,0 53.012,0 60,2
10.000 130.000,0 78.313,2 7,8
220.000 7.040.000,0 4.240.963,8 19,3
6.011 360.000,0 216.867,5 36,1
1.300 160.000,0 96.385,5 74,1
1.080 110.000,0 66.265,1 61,3
1.200 120.000,0 72.289,1 60,2
Baixa estação 52,8 43,9
2.280 280.000,0 168.674,7 73,1
35.000 1.200.000,0 722.891,6 20,6
5.000 250.000,0 150.602,4 30,1
4.200 370.000,0 222.891,6 53,1
880 88.000,0 53.012,0 60,2
1.000 80.000,0 48.192,8 48,2
180 32.000,0 19.277,1 107,1
7.650 1.225.000,0 737.951,8 96,4
8.000 650.000,0 391.566,3 48,9
2.100 90.000,0 54.216,9 25,8
160 35.000,0 21.084,3 131,8
3.800 220.000,0 132.530,1 34,9
284
2012
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 50.663 9.818.000,0 4.860.000,0 1.326,5 165,8
1.200 100.000,0 49.504,9 41,3
4.700 1.645.000,0 814.356,4 173,3
200 20.000,0 9.901,0 49,5
300 110.000,0 54.455,4 181,5
Alta estação 99,1
128 20.000,0 9.901,0 77,3
320 70.000,0 34.653,4 108,3
30.000 6.000.000,0 2.970.297,0 99,0
135 17.000,0 8.415,8 62,3 82,9
2.200 190.000,0 94.059,4 42,7
3.800 530.000,0 262.376,2 69,0
1.400 300.000,0 148.514,8 106,1
200 18.000,0 8.910,9 44,5
Baixa estação 66,7
2.030 400.000,0 198.019,8 97,5
2.500 160.000,0 79.207,9 31,7
1.050 180.000,0 89.108,9 84,9
500 58.000,0 28.712,9 57,4
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
285
APÊNDICE C Tabelas de vendas de terrenos em Açú da Torre
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 5.000 175.000,0 3.313,8 0,7 0,7
Alta estação 5.000 175.000,0 3.313,8 0,7 0,7 0,7
Baixa estação Sem registros 0,0
1990
Valor em
Valor m² em Preço médio Preço médio total
Período m² moeda Valor em US$
US$ sazonal em US$/m² em US$/m²
corrente (Cr$)
Total 36.387 2.070.00,0 30.418,8 10,7 1,5
Alta estação Sem registros 0,0
800 300.000,0 4.408,5 5,5
5.000 350.000,0 5.143,3 1,0
1.225 60.000,0 881,7 0,7 1,5
Baixa estação 1.250 50.000,0 734,7 0,6 1,5
600 60.000,0 881,7 1,5
22.512 1.000.000,0 14.695,1 0,6
5.000 250.000,0 3.673,8 0,7
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 93.937 238.292,5 130.929,9 16,6 3,7
5.000 22.000,0 12.087,9 2,4
5.200 8.000,0 4.395,6 0,8
Alta estação 1,7
1.020 5.000,0 2.747,2 2,7
1,8
22.500 35.000,0 19.230,8 0,8
5.000 7.000,0 3.846,1 0,8
Baixa estação 22.517 56.292,5 30.929,9 1,4 2,0
5.200 10.000,0 5.494,5 1,1
286
2010
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 27.200 740.000,0 443.783,1 41,1 41,1
Alta estação 1.200 50.000,0 30.120,5 25,1 25,1 20,5
Baixa estação 26.000 690.000,0 415.662,6 16,0 16,0
2012
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Alta estação Sem registros 0,0 0,0
Baixa estação Sem registros 0,0
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
287
APÊNDICE D Tabelas de vendas de terrenos em Areias
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 1.000 420.000,0 7.953,0 7,9 7,9
Alta estação Sem registros 0,0 7,9
Baixa estação 1.000 420.000,0 7.953,0 7,9 7,9
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Alta estação Sem registros 0,0 0,0
Baixa estação Sem registros 0,0
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 1.000 5.500,0 3.022,0 3,0 0,00
Alta estação Sem registros 0,00 3,0
Baixa estação 1.000 5.500,0 3.022,0 3,0 0,00
2010
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 4.000 90.000,0 54.216,2 13,5 13,5
Alta estação 4.000 90.000,0 54.216,9 13,5 13,5 13,5
Baixa estação Sem registros 0,0
2012
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Alta estação Sem registros 0,0 0,0
Alta estação Sem registros 0,0
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
288
APÊNDICE E Tabelas de vendas de terrenos em Arembepe
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 485.196 7.659.350,0 145.036,0 40,0 26,0
187 9 350,0 177,0 0,9
8.000 400.000,0 7.574,3 0,9
172.000 1.000.000,0 18.935,8 0,1
Alta estação 1.209 250.000,0 4.733,9 4,0 2,3 5,0
300.000 3.000.000,0 56.807,4 0,2
800 150.000,0 2.840,4 3,6
1.000 350.000,0 6.627,5 6,7
Baixa estação 2.000 2.500.000,0 47.339,5 23,7 23,7
Continua
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 1.565.028 11.371.800,0 167.109,5 202,8 12,3
360 5.000,0 73,5 0,2
1.372.140 2.700.000,0 39.676,7 0,0
300 5.000,0 73,5 0,2
310 100.000,0 1.469,5 4,7
300 80.000,0 1.175,6 3,9
1.400 40.000,0 587,8 0,4
1.228 150.000,0 2.204,3 1,80
30.000 80.000,0 1.175,6 0,0
6,1
Alta estação 480 20.000,0 293,9 0,6 6,1
480 20.000,0 293,9 0,6
600 180.000,0 2.645,1 4,4
400 500.000,0 7.347,5 18,4
200 250.000,0 3.673,8 18,4
400 500.000,0 7.347,5 18,4
200 200.000,0 2.939,0 14,7
20.000 350.000,0 5.143,3 0,3
250 350.000,0 5.143,3 20,6
289
Conclusão
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
90.000 900.000,0 13.225,6 1,4
300 300.000,0 4.408,5 0,6
510 50.000,0 734,7 1,4
8.000 350.000,0 5.143,3 0,6
300 70.000,0 1.028,7 3,4
350 400.000,0 5.878,0 16,8
900 160.000,0 2.351,2 2,6
13.000 2.000.000,0 29.390,1 2,3
Baixa estação 6,2 6,1
510 70.000,0 1.028,7 2,0
20.000 196.800,0 2.892,0 0,1
510 300.000,0 4.408,5 8,6
510 85.000,0 1.249,1 2,5
300 40.000,0 587,8 2,0
240 200.000,0 2.939,0 12,0
300 400.000,0 5.878,0 19,6
250 320.000,0 4.702,4 18,8
290
Continua
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 13,6 1.007.200,0 553.406,6 510,8 34,9
670 12.000,0 6.593,4 9,8
1.200 5.000,0 2.747,2 2,3
1.000 7.000,0 3.846,1 3,8
350.000 175.000,0 96.153,9 0,3
1.000 5.000,0 2.747,2 2,7
1.038 35.000,0 19.230,8 18,5
300 1.500,0 824,2 2,7
300 1.500,0 824,2 2,7
70.000 28.000,0 15.384,6 0,2
200 4.000,0 2.197,8 11,0
500 7.500,0 4.120,9 8,24
650 11.000,0 6.044,0 9,3 13,6
Alta estação 5,2
915 4.900,0 2.692,3 2,9
915 4.000,0 2.197,8 2,4
20.000 12.000,0 6.593,41 0,3
500 4.000,0 2.197,8 4,4
400 12.000,0 6.593,4 16,5
670 11.000,0 6.044,0 9,0
87.120 17.000,0 9.340,6 0,1
32.000 23.000,0 12.637,3 0,4
43.560 12.000,0 6.593,4 0,1
20.000 12.000,0 6.593,4 0,3
200 5.000,0 2.747,2 13,7
1.000 4.500,0 2.472,5 2,5
291
Conclusão
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
660 7.000,0 3.846,1 5,8
300 180.000,0 98.901,1 329,7
2.500 25.000,0 13.736,3 5,5
500 5.900,0 3.241,8 6,45
261.360 45.000,0 24.725,3 0,1
1.000 8.400,0 4.615,4 4,6
Baixa estação 1.500 30.000,0 16.483,5 11,0 29,7 13,6
20.000 17.000,0 9.340,7 0,5
20.000 17.000,0 9.340,7 0,5
1.000 8.000,0 4.395,6 4,4
100.000 85.000,0 46.703,3 0,5
510 15.000,0 8.241,8 16,2
70.000 150.000,0 82.417,6 1,2
Continua
2010
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 802.373 4.812.565,0 2.899.135,5 1.497,6 89,5
1.000 35.000,0 21.084,3 21,1
250 40.000,0 24.096,4 96,4
1.400 250.000,0 150.602,4 107,6
300.000 900.000,0 542.168,7 1,8
20.000 60.000,0 36.144,6 1,8
100.000 300.000,0 180.722,9 1,8
44,1
Alta estação 70.000 630.000,0 379.518,0 5,4 38,4
1.125 37.000,0 22.289,2 19,8
1.400 250.000,0 150.602,4 107,6
70.000 630.000,0 379.518,1 5,4
30.000 130.000,0 78.313,2 2,6
1.000 35.000,0 21.084,3 21,1
500 25.000,0 15.060,2 30,1
292
Conclusão
2010
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
250 50.000,0 30.120,5 120,5
95.000 200.000,0 120.481,9 1,3
250 60.000,0 36.144,6 144,6
Alta estação 38,4
69.100 217.665,0 131.123,5 1,9
600 24.000,0 14.457,8 24,1
620 16.000,0 9.638,5 15,6
30.000 75.000,0 45.180,7 1,5
782 65.000,0 39.156,6 50,1
270 34.900,0 21.024,1 77,9
250 25.000,0 15.060,2 60,3
274 25.000,0 15.060,2 55,0 44,1
2.200 150.000,0 90.361,4 41,1
1.000 35.000,0 21.084,3 21,1
Baixa estação 360 12.000,0 7.228,9 20,1 51,1
250 38.000,0 22.891,6 91,6
300 14.000,0 8.433,7 28,1
755 43.000,0 25.903,6 34,3
782 65.000,0 39.156,6 50,1
1.000 49.000,0 29.518,0 29,5
255 42.000,0 25.301,2 99,2
1.400 250.000,0 150.602,4 107,6
293
2012
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 15.720 1.779.000,0 880.693,1 1.038,7 76,7
250 70.000,0 34.653,5 138,6
230 50.000,0 24.752,5 107,6
600 55.000,0 27.227,7 45,4
1.000 45.000,0 22.277,2 22,3
2.070 900.000,0 445.544,5 215,2
1.000 80.000,0 39.603,0 39,6
900 60.000,0 29.703,0 33,0
300 37.000,0 18.316,8 61,0
Alta estação 300 20.000,0 9.901,0 33,0 56,3
1.000 32.000,0 15.841,6 15,8
49,5
250 40.000,0 19.802,0 79,2
1.100 55.000,0 27.227,7 24,7
1.000 50.000,0 24.752,5 24,7
1.000 13.000,0 6.435,6 6,4
360 15.000,0 7.425,7 20,6
500 55.000,0 27.227,7 54,5
1.200 85.000,0 42.079,2 35,1
1.000 48.000,0 23.762,4 23,8
300 10.000,0 4.950,5 16,5
Baixa estação 20,4
360 14.000,0 6.930,7 19,2
1.000 45.000,0 22.277,2 22,3
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
294
APÊNDICE F Tabelas de vendas de terrenos em Barra do Pojuca
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Alta estação Sem registros 0,0 0,0
Baixa estação Sem registros 0,0
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 1.000 20.000,0 2.939,0 2,9 0,0
Alta estação Sem registros 0,0 0,0
Baixa estação 1.000 200.000,0 2.939,0 2,9 0,0
Continua
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 761.660 254.660,0 139 923,1 14,09 0,9
5.500 5.000,0 2.747,2 0,5
60.000 15 000,0 8.241,8 0,1
1.000 1.000,0 549,4 0,5
5.000 5.500,0 3.021,0 0,6
304.920 45.000,0 24.725,3 0,1
60.000 15.000,0 8.241,8 0,1
1.000 1.000,0 549,4 0,5 0,5
Alta estação 0,5
10.000 12.500,0 6.868,1 0,7
56.000 20.160,0 11.076,9 0,2
1 000 1.000,0 549,4 0,5
6.000 7.500,0 4.120,9 0,7
174.240 46.000,0 25.274,7 0,1
10.000 12.500,0 6.868,1 0,7
1.000 1.000,0 549,4 0,5
295
Conclusão
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
6 000 7.500,0 4.120,9 0,7
1.500 2.500,0 1.373,6 0,9
Baixa estação 16.500 23.000,0 12.637,3 0,8 0,6
10.000 12.500,0 6.868,1 0,7
1.000 1.000,0 549,4 0,5
6.000 7.500,0 4.120,9 0,7
0,5
1.000 2.000,0 1.098,9 1,1
1.000 2.000,0 1.098,9 1,1
Baixa estação 1.000 1.000,0 549,5 0,5 0,38
1.000 1.000,0 549,5 0,5
20.000 6.000,0 3.296,7 0,2
1.000 500,0 274,7 0,3
2010
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 5.842 59.000,0 35.542,2 94,8 19,0
Alta estação Sem registro 0,0
150 8.000,0 4.819,3 32,1
150 12.000,0 7.228,9 48,2 19,0
Baixa estação 3.000 15.000,0 9.036,1 3,0 19,0
1.400 12.000,0 7.228,9 5,2
1.142 12.000,0 7.228,9 6,3
296
2012
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 33.310 388.000,0 192.079,2 451,9 59,2
1.000 7.500,0 3.712,9 3,7
5.000 65.000,0 32.178,2 6,4
Alta estação 5,4
6.000 65.000,0 32.178,2 5,4
2.800 35.000,0 17.326,7 6,2
150 7.000,0 3.465,3 23,1
150 10.000,0 4.950,5 33,0 37,7
15.000 120.000,0 59.405,9 4,0
150 7.500,0 3.712,87 24,7
Baixa estação 53,8
1.000 11.500,0 5.693,1 5,7
1.000 8.500,0 4.207,9 4,2
60 40.000,0 19.802,0 330,0
1.000 11.000,0 5.445,5 5,5
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
297
APÊNDICE G Tabelas de vendas de terrenos em Barra do Jacuípe
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 4.010 540.000,0 10.225,4 7,6 5,2
1.350 170.000,0 3.219,1 2,4
Alta estação 2,4 2,5
1.330 170.000,0 3.219,1 2,4
Baixa estação 1.330 200.000,0 3.787,2 2,9 2,9
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 15.000 550.000,0 565.000,0 24,6 5,6
1.120 85.000,0 1.249,1 1,1
4,0
1.150.000 140.000.000,0 2.057.310,8 1,8
Alta estação 5.100 2.000.000,0 29.390,2 5,8
510 6.000,0 88,2 0,2 5,6 3,1
600 450.000,0 6.612,8 11,0
1.200 300.000,0 4.408,5 3,7
Baixa estação 5.000 200.000,0 2.939,0 0,6 1,6
10.000 350.000,0 5.143,3 0,5
298
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 65.988 433.140,0 237.989,0 140,4 13,4
600 2.000,0 1.098,9 1,8
510 15.000,0 8.241,8 16,2
230 5.640,0 3.098,9 13,5
510 15.000,0 8.241,8 16,2
826 8.000,0 4.395,6 5,4
6.000 32.000,0 17.582,5 2,9
Alta estação 8,3
826 8.000,0 4.395,6 5,3
510 13.000,0 7.142,9 14,0
600 3.500,0 1.923,1 3,2
826 8.000,0 4.395,6 5,3 7,0
500 12.000,0 6.593,4 13,2
1.000 4.000,0 2.197,8 2,2
500 10.000,0 5.494,5 11,0
5.050 25.000,0 13.736,3 2,7
1.000 8.500,0 4.670,3 4,7
1.400 12.000,0 6.593,4 4,7
Baixa estação 5,2
22.000 120.000,0 65.934,1 3,0
600 2.500,0 1.373,6 2,3
22.000 120.000,0 65.934,1 3,0
500 9.000,0 4.945,0 9,9
299
2010
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 74.460 21.168.000,0 12.751.807,2 930,5 93,7
5.000 290.000,0 174.698,8 34,9
600 65.000,0 39.156,6 65,3
510 60.000,0 36.144,6 70,9
43.000 20.000 000,0 12.048.192,8 280,2
600 65.000,0 39.156,6 65,3
300 12.000,0 7.228,9 24,1
Alta estação 300 14.000,0 8.433,7 28,1 52,6
300 13.000,0 7.831,3 26,1
530 32.000,0 19.277,1 36,4
49,0
6.000 90.000,0 54.216,9 9,0
3.500 100.000,0 60.241,0 17,2
2.000 75.000,0 45.180,7 22,6
5.900 35.000,0 21.084,3 3,6
420 65.000,0 39.156,6 93,2
1.000 15.000,0 9.036,1 9,0
600 55.000,0 33.132,5 55,2
Baixa estação 41,1
1.800 70.000,0 42.168,7 23,4
1.800 95.000,0 57.228,9 31,8
300 17.000,0 10.241,0 34,1
300
2012
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 13.895 1.326.000,0 656.435,6 751,2 124,5
455 24.000,0 11.881,2 26,1
300 21.000,0 10.396,0 34,6
420 85.000,0 42.079,2 100,2
160 35.000,0 17.326,7 108,3
Alta estação 400 60.000,0 29.703,0 74,2 63,0
400 60.000,0 29.703,0 74,3 62,6
1.400 120.000,0 59.405,9 42,4
2.800 350.000,0 173.267,3 61,9
5.000 450.000,0 222.772,3 44,5
1.000 28.000,0 13.861,4 13,9
Baixa estação 260 68.000,0 33.663,4 129,5 61,5
300 25.000,0 12.376,2 41,2
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
301
APÊNDICE H Tabelas de vendas de terrenos em Guarajuba
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 1.165.791 13.900.000,0 263.207,7 114,2 9,8
350.000 1.750.000,0 33.137,6 0,1
361.548 2.000.000,0 37.871,6 0,1
18.000 500.000,0 9.467,9 0,5
1.000 280.000,0 5.302,0 5,3
1.000 180.000,0 3.408,45 3,4
1.500 250.000,0 4.733,9 3,2
1.000 200.000,0 3.787,2 3,8
Alta estação 4,2
1.463 260.000,0 4.923,3 3,4
1.000 300.000,0 5.680,7 5,7
1.680 180.000,0 3.408,4 2,0
1.000 150.000,0 2.840,4 2,84
4,8
1.400 250.000,0 4.733,9 3,4
700 300.000,0 5.680,7 8,1
750 650.000,0 12.308,3 16,4
360.000 2.880.000,0 54.535,1 0,1
1.000 200.000,0 3.787,2 3,8
1.000 120.000,0 2.272,3 2,3
1.000 250.000,0 4.733,9 4,7
Baixa estação 1.000 300.000,0 5.680,7 5,7 5,7
750 1.500.000,0 28.403,7 37,9
18.000 500.000,0 9.467,9 0,5
18.000 500.000,0 9.467,9 0,5
18.000 150.000,0 2.840,4 0,2
302
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 234.551 14.794.900,0 217.412,2 253,3 18,0
1.078 80.000,0 1.175,6 1,1
428 30.000,0 440,8 1,0
1.000 50.000,0 734,7 0,7
209.088 199.900,0 2.937,5 0,0
1.300 50.000,0 734,7 0,6
Alta estação 1.000 135.000,0 1.983,8 2,0 11,6
600 800.000,0 11.756,1 19,6
1.000 2.500.000,0 36.737,7 36,7
400 1.100.000,0 16.164,6 40,4
1.000 500.000,0 7.347,5 7,3
2.000 2.500.000,0 36.737,7 18,4
700 500.000,0 7.347,5 10,5
1.000 350.000,0 5.143,3 5,1 9,7
1.125 200.000,0 2.939,0 2,6
760 700.000,0 10.286,5 13,5
1.080 200.000,0 2.939,0 2,7
2.000 550.000,0 8.082,3 4,0
718 600.000,0 8.817,0 12,3
Baixa estação 718 600.000,0 8.817,0 12,3 8,3
400 500.000,0 7.347,5 18,4
711 500.000,0 7.347,5 10,3
1.058 300.000,0 4.408,5 4,2
687 500.000,0 7.347,5 10,7
700 680.000,0 9.992,6 14,3
1.000 120.000,0 1.763,4 1,8
3.000 550.000,0 8.082,3 2,7
303
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 9.751 286.800,0 157.582,4 339,9 41,1
400 16.000,0 8.791,2 21,6
405 10.000,0 5.494,5 13,6
4.000 30.000,0 16.483,5 4,1
600 32.000,0 17.582,4 29,3
Alta estação 30,1
4.000 8.000,0 4.395,6 1,1
100 30.000,0 16.483,5 164,8
405 2.000,0 1.098,9 2,7
1.200 7.000,0 3.846,1 3,2
20,0
1.000 17.000,0 9.340,7 9,3
1.000 16.000,0 8.791,2 8,8
1.278 4.800,0 2.637,4 2,0
525 12.000,0 6.593,4 12,6
Baixa estação 1.000 8.000,0 4.395,6 4,4 11,0
560 25.000,0 13.736,3 24,5
1.278 4.000,0 2.197,8 1,7
1.000 32.500,0 17.857,1 17,9
1.000 32.500,0 17.857,1 17,9
304
2010
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 11.067 2.314.000,0 1.393.975,0 1.779,0 253,0
500 150.000,0 90.361,4 180,7
500 230.000,0 138.554,2 277,1
1.012 17.000,0 10.240,9 10,1
638 200.000,0 120.481,9 189,0
Alta estação 2.000 850.000,0 512.048,2 256,0 153,4
1.000 36.000,0 21.686,7 21,7
136,8
745 270.000,0 162.650,6 218,3
534 180.000,0 108.433,7 203,0
1.186 49.000,0 29.518,1 24,9
440 180.000,0 108.433,7 246,4
500 100.000,0 60.241,0 120,5
Baixa estação 99,5
1.000 33.000,0 19.879,5 19,9
1.012 19.000,0 11.445,8 11,3
2012
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 15.718 2.938.000,0 1.454.455,4 1.577,0 405,1
425 190.000,0 94.059,4 221,3
500 210.000,0 103.960,4 207,9
1.500 68.000,0 33.663,4 22,4
Alta estação 1.000 40.000,0 19.802,0 19,8 157,5
175,2
10.500 1.500.000,0 742.574,3 70,7
425 190.000,0 94.059,4 221,3
420 270.000,0 133.663,4 318,2
448 260.000,0 128.712,9 287,3
Baixa estação 247,6
500 210.000,0 103.960,4 207,9
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
305
APÊNDICE I Tabelas de vendas de terrenos em Itacimirim
Continua
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 848.509 32.077.400,0 607.911,4 173,1 6,4
5.300 185.000,0 3.503,1 0,6
500 2.000,0 37,9 0,1
1.400 280.000,0 5.302,0 3,8
1.800 270.000,0 5.112,7 2,8
Alta estação 1.000 300.000,0 5.680,7 5,7 2.2
5.250 145.000,0 2.745,7 0,5
1.800 270.000,0 5.112,7 2,8
6.000 150.000,0 2.840,4 0,5
16.000 2.400.000,0 45.445,9 2,8
5.200 120.000,0 2.272,3 0,4
1.000 300.000,0 5.680,7 5,7
131.000 150.000,0 2.840,4 0,0
5.344 185.000,0 3.503,1 0,7
1.800 171.000,0 3.238,0 1,8
6.000 90.000,0 1.704,2 0,3 3,0
150.000 150.000,0 2.840,4 0,0
15.900 477.000,0 9.032,4 0,6
1.400 280.000,0 5.302,0 3,8
1.000 300.000,0 5.680,7 5,7
Baixa estação 3.000 180.000,0 3.408,4 1,1 3,2
174.240 3.150.000,0 59.647,8 0,3
131.000 3.000.000,0 56.807,4 0,4
5.000 1.200.000,0 22.723,0 4,5
1.220 100.000,0 1.893,6 1,5
5.400 1.500.000,0 28.403,71 5,3
28.300 700.000,0 13.255,1 0,5
9.000 360.000,0 6.816,9 0,8
5.400 1.500.000,0 28.403,7 5,3
16.000 500.000,0 9.467,9 0,6
5.000 250.000,0 4.733,9 0,9
306
Conclusão
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
6.000 2.500.000,0 47.339,5 7,9
6.200 600.000,0 11.361,5 1,8
5.500 1.500.000,0 28.403,7 5,2
16.000 500.000,0 9.467,9 0,6
6.200 800.000,0 15.148,6 2,4
850 250.000,0 4.733,9 5,6
5.000 100.000,0 1.893,6 0,34
5.000 150.000,0 2.840,4 0,6
5.000 180.000,0 3.408,4 0,7
240 170.000,0 3.219,1 13,4
1.000 180.000,0 3.408,4 3,4
1.000 200.000,0 3.787,2 3,8
1.890 300.000,0 5.680,7 3,0
1.000 180.000,0 3.408,4 3,4
Baixa estação 3,2 3,0
5.000 220.000,0 4.165,9 0,8
1.000 180.000,0 3.408,4 3,4
6.000 2.100.000,0 39.765,2 6,6
5.060 506.000,0 9.581,5 1,9
1.000 180.000,0 3.408,4 3,4
2.700 500.000,0 9.467,9 3,5
200 280.000,0 5.302,0 26,5
5.200 280.000,0 5.302,0 1,0
6.675 450.000,0 8.521,1 1,3
5.040 176.400,0 3.340,3 0,7
5.000 250.000,0 4.733,9 0,9
1.000 180.000,0 3.408,4 3,4
1.500 300.000,0 5.680,7 3,8
1.000 200.000,0 3.787,2 3,8
307
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 39.499 5.604.760,0 82.362,4 44,62 7,2
7.000 36.000,0 529,00 0,1
15.000 1.200.000,0 17.634,1 1,2
Alta estação 5.500 1.200.000,0 17.634,1 3,2 5,0
1.300 1.493.760,0 21.950,9 16,9
1.000 250.000,0 3.673,8 3,7
1.000 250.000,0 3.673,8 3,7
1.000 80.000,0 1.175,6 1,2 3,2
1.000 300.000,0 4.408,5 4,4
1.000 90.000,0 1.322,1 1,3
Baixa estação 1.080 190.000,0 2.792,1 2,6 2,2
1.059 130.000,0 1.910,4 1,8
1.000 80.000,0 1.175,6 1,2
1.560 195.000,0 2.865,5 1,8
1.000 110.000,0 1.616,5 1,6
308
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 579.738 354.500,0 194.780,2 88,4 10,3
900 35.000,0 19.230,8 21,4
1.200 11.000,0 6.044,0 5,0
450 15.000,0 8.241,8 18,3
5.200 2.500,0 1.373,6 0,3
174.240 46.000,0 25.274,7 0,1
Alta estação 6,6
361.548 85.000,0 46.703,3 0,1
1.400 6.000,0 3.296,7 2,3
1.400 6.000,0 3.296,7 2,3 5,5
1.000 25.000,0 13.736,3 13,7
1.800 6.500,0 3.571,4 2,0
1.800 6.500,0 3.571,4 2,0
5.000 3.000,0 1.648,3 0,3
20.000 70.000,0 38.461,5 1,9
Baixa Estação 3,8
1.400 6.000,0 3.296,7 2,3
1.400 6.000,0 3.296,7 2,3
1.000 25.000,0 13.736,3 13,7
309
2010
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 53.652 7.322.000,0 4.410.843,4 1.292,5 121,1
3.700 190.000,0 114.457,8 30,9
1.000 60.000,0 36.144,6 36,1
800 30.000,0 18.072,3 22,6
1.000 50.000,0 30.120,5 30,1
1.000 40.000,0 24.096,4 24,1
Alta estação 2.000 60.000,0 36.144,6 18,0 75,0
2.150 1.000,0 602,4 0,3
5.652 1.600.000,0 963.855,4 170,5
8.000 2.500.000,0 1.506.024,1 188,2
805 32.500,0 19.578,3 24,3
61,5
2.150 1.000.000,0 602.409,6 280,2
2.000 190.000,0 114.457,8 57,2
1.000 40.000,0 24.096,4 24,1
1.000 40.000,0 24.096,4 24,1
8.000 450.000,0 271.084,3 33,9
800 40.000,0 24.096,4 30,1
Baixa estação 46,1
2.725 320.000,0 192.771,1 70,7
220 13.500,0 8.132,5 37,0
800 80.000,0 48.192,8 60,2
850 135.000,0 81.325,3 95,7
8.000 450.000,0 271.084,3 33,9
310
2012
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 98.971 7.788.720,0 3.855.802,0 1.674,3 145,8
1.000 50.000,0 24.752,5 24,7
920 370.000,0 183.168,3 199,1
1.000 40.000,0 19.802,0 19,8
1.000 210.000,0 103.960,4 104,0
3.000 310.000,0 153.465,3 51,2
1.000 30.000,0 14.851,49 14,8
3.000 310.000,0 153.465,3 51,2
Alta estação 72,3
920 370.000,0 183.168,3 199,1
1.000 60.000,0 29.703,0 29,7
1.000 70.000,0 34.653,4 34,6
1.000 230.000,0 113.861,4 113,9
72,8
1.000 50.000,0 24.752,5 24,7
670 65.000,0 32.178,2 48,0
1.000 197.000,0 97.524,7 97,5
1.000 22.000,0 10.891,1 10,9
2.040 250.000,0 123.762,4 60,7
1.600 200.000,0 99.009,9 61,9
2.000 200.000,0 99.009,9 49,5
Baixa estação 3.000 310.000,0 153.465,3 51,2 73,5
3.096 2.167.720,0 1.073.128,7 346,6
2.725 305.000,0 150.990,1 55,4
65.000 1.950.000,0 965.346,5 14,8
1.000 22.000,0 10.891,1 10,9
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
311
APÊNDICE J Tabelas de vendas de terrenos em Jauá
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 338.562 18.327.000,0 347.036,5 152,9 13,2
550 250.000,0 4.733,9 8,6
600 300.000,0 5.680,7 9,5
14.000 2.100.000,0 39.765,2 2,8
14.000 380.000,0 7.195,6 0,5
6.000 1.300.000,0 24.616,5 4,1
300 250.000,0 4.733,9 15,8
Alta estação 8,0
300 150.000,0 2.840,4 9,5
3.400 1.300.000,0 24.616,5 7,2
1.070 642.000,0 12.156,8 11,4
260 260.000,0 4.923,3 18,9
1.112 450.000,0 8.521,1 7,7
6,6
230.000 2.500.000,0 47.339,5 0,2
750 225000,0 4.260,6 5,7
16.000 1.920000,0 36.356,7 2,3
16.000 1.600 000,0 30.297,3 1,9
800 350.000,0 6.627,5 8,3
5.000 600.000,0 11.361,5 2,3
Baixa estação 16.000 1.280.000,0 24.237,8 1,5 5,2
550 250.000,0 4.733,9 8,6
320 200.000,0 3.787,2 11,8
6.000 1.500.000,0 28.403,7 4,7
5.000 270.000,0 5.112,7 1,0
550 250.000,0 4.733,9 8,6
312
Continua
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 62.217 11.138.500,0 163.681,1 162,6 8,6
1.240 35.000,0 514,3 0,4
600 30.000,0 440,8 0,7
500 50.000,0 734,7 1,5
5.000 180.000,0 2.645,1 0,5
1.000 48.000,0 705,4 0,7
1.170 85.000,0 1.249,1 1,1
940 45.000,0 661,3 0,7
1.000 160.000,0 2.351,2 2,3
2.700 70.000,0 1.028,7 0,4
12.000 80.000,0 1.175,6 0,1
1.000 60.000,0 881,7 0,9
1.170 140.000,0 2.057,3 1,7
300 45.000,0 661,3 2,2
1.000 30.000,0 440,8 0,4
600 12.000,0 176,3 0,3
Alta estação 3,3 3,7
1.000 120.000,0 1.763,4 1,7
600 54.000,0 793,5 1,3
2.000 1.800.000,0 26.451,1 13,2
1.600 800.000,0 11.756,0 7,3
860 350.000,0 5.143,3 6,0
1.200 300.000,0 4.408,5 3,7
1.000 650.000,0 9.551,8 9,5
600 400.000,0 5.878,0 9,8
1.000 450.000,0 6.612,8 6,6
1.500 750.000,0 11.021,3 7,3
1.200 350.000,0 5.143,3 4,3
500 350.000,0 5.143,3 10,3
400 90.000,0 1.322,5 3,3
390 110.000,0 1.616,5 4,1
800 149.500,0 2.196,9 2,7
313
Conclusão
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
1.525 200.000,0 2.939,0 1,9
600 150.000,0 2.204,3 3,3
1.000 160.000,0 2.351,2 2,3
Alta estação 3.3
1.800 350.000,0 5.143,3 2,9
2.700 400.000,0 5.878,0 2,2
1.170 185.000,0 2.719,0 2,3
2.700 450.000,0 6.612,8 2,4
3.7
102 100.000,0 1.469,5 14,4
600 250.000,0 3.673,8 6,1
1.000 250.000,0 3.673,8 3,6
Baixa estação 5,2
500 230.000,0 3.379,9 6,75
600 140.000,0 2.057,3 3,4
1.200 280.000,0 4.114,6 3,4
1.850 200.000,0 2.939,0 1,6
Continua
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 54.668 544.500,0 299.175,8 414,6 16,3
675 5.000,0 2.747,2 4,1
300 7.000,0 3.846,1 12,8
1.000 5.000,0 2.747,2 2,7
300 6.000,0 3.296,7 11,0
1.245 12.000,0 6.593,4 5,3
1.000 6.000,0 3.296,7 3,3 8,0
Alta estação 6,7
1.000 4.000,0 2.197,8 2,2
1.000 6.000,0 3.296,7 3,3
600 7.000,0 3.846,1 6,4
1.980 24.000,0 13.186,8 6,7
500 3.000,0 1.648,3 3,3
100 1.800,0 989,0 9,9
314
Continuação
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
1.000 7.000,0 3.846,1 3,8
300 2.900,0 1.593,4 5,3
1.080 8.300,0 4.560,4 4,2
1.245 12.000,0 6.593,4 5,3
300 2.900,0 1.593,4 5,3
300 6.000,0 3.296,7 11,0
1.000 2.900,0 1.593,4 1,6
500 9.000,0 4.945,05 9,9
Alta estação 1.000 7.000,0 3.846,1 3,8 6,7
2.000 20.000,0 10.989,0 5,5
600 19.500,0 10.714,3 17,9
3.000 15.000,0 8.241,8 2,75
800 11.000,0 6.044,0 7,5
350 15.000,0 8.241,8 23,5
500 5.000,0 2.747,2 5,5
500 5.000,0 2.747,2 5,5
500 5 000,0 2.747,2 5,5 8,0
381 6.500,0 3.571,4 9,4
10.000 13.000,0 7.142,9 0,7
1.160 7.000,0 3.846,1 3,3
1.000 3.500,0 1.923,1 2,0
300 5.000,0 2.747,2 9,2
500 4.500,0 2.472,5 4,9
600 9.000,0 4.945,0 8,2
1.000 6.000,0 3.296,7 3,3
Baixa estação 9,5
900 42.000,0 23.076,9 25,6
300 5.000,0 2.747,2 9,2
1.000 3.800,0 2.087,9 2,1
1.160 7.000,0 3.846,1 3,3
400 42.000,0 23.076,9 57,7
266 3.200,0 1.758,2 6,6
1.246 1.200,0 659,3 0,5
1.160 7.000,0 3.846,1 3,3
315
Conclusão
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
900 42.000,0 23.076,9 25,6
1.050 50.000,0 27.472,5 26,2
1.600 12.000,0 6.593,4 4,1
Baixa estação 1.000 1.500,0 824,2 0,8 9,5 8,0
1.250 11.000,0 6.043,9 4,8
1.140 10.000,0 5.494,5 4,8
1.680 12.000,0 6.593,4 3,9
2010
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 29.200 1.556.000,0 337.349,4 731,3 72,1
2.100 130.000,0 78.313,2 37,3
390 30.000,0 18.072,3 46,3
2.100 130.000,0 78.313,2 37,4
900 20.000,0 12.048,2 13,4
Alta estação 33,4
900 27.000,0 16.265,0 18,1
4.000 90.000,0 54.216,9 13,5
160 10.000,0 6.024,1 37,6
520 55.000,0 33.132,5 63,7
900 22.000,0 13.253,0 14,7
2.000 85.000,0 51.204,8 25,6 36.6
3.100 105.000,0 63.253,0 20,4
2.100 130.000,0 78.313,2 37,3
190 25.000,0 15.060,2 79,3
1.000 78.000,0 46.987,9 47,0
Baixa estação 38,7
1.200 50.000,0 30.120,5 25,1
360 28.000,0 16.867,5 46,8
2.100 130.000,0 78.313,2 37,3
1.850 185.000,0 111.445,8 60,2
600 26.000,0 15.662,6 26,1
2.730 200.000,0 120.481,9 44,1
316
2012
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 41.109 2.460.000,0 1.217.821,8 416,3 67,5
900 22.000,0 10.891,1 12,1
600 35.000,0 17.326,7 28,9
Alta estação 1,87
4.000 130.000,0 64.356,4 16,1
4.000 145.000,0 71.782,2 17,9
1.200 70.000,0 34.653,5 28,9
37,8
1.000 55.000,0 27.227,7 27,2
1.000 120.000,0 59.405,9 59,4
Baixa estação 2.000 240.000,0 118.811,9 59,4 48.8
1.080 75.000,0 37.128,7 34,4
25.000 1.500.000,0 742.574,2 29,7
329 68.000,0 33.663,3 102,3
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
317
APÊNDICE K Tabelas de vendas de terrenos em Malhadas
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Alta estação Sem registros 0,0 0,0
Baixa estação Sem registros 0,0
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Alta estação Sem registros 0,0 0,0
Baixa estação Sem registros 0,0
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Alta estação Sem registros 0,0 0,0
Baixa estação Sem registros 0,0
2010
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 400 15.000,0 9.036,1 22,6 22,6
Alta estação Sem registros 0,0 22,6
Baixa estação 400 15.000,0 9.036,1 22,6 22,6
2012
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Alta estação Sem registros 0,0 0,0
Baixa estação Sem registros 0,0
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
318
APÊNDICE L Tabelas de vendas de terrenos em Monte Gordo
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 147.625 4.041.500,0 76.529,0 17,4 3,3
1.300 221.000,0 4.184,8 3,2
330 170.000,0 3.219,1 9,7
5.905 200.000,0 3.787,2 0,6
Alta estação 5.505 200.000,0 3.787,2 0,7 2,1
1,9
40.000 550.000,0 10.414,7 0,3
42 500,0 9,5 0,2
43.000 500.000,0 9.467,9 0,2
40.000 1.000.000,0 18.935,8 0,5
Baixa estação 1,2
11.543 1.200.000,0 22.723,0 2,0
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 28.562 1.540.000,0 22.630,4 17,4 5,8
20.000 20.000,0 293,9 0,0
Alta estação 3,7
1.020 480.000,0 7.053,6 6,9
2,9
3.522 200.000,0 2.939,0 0,8
Baixa estação 1.000 200.000,0 2.939,0 2,9 2,1
2.000 350.000,0 5.143,3 2,8
319
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 746.104 509.900,0 280.164,8 73,5 5,9
5.100 4.500,0 2.472,5 0,5
1.000 5.500,0 3.022,0 3,0
300 1.700,0 934,1 3,1
1.749 14.500,0 7.967,0 4,5
566.280 40.000,0 21.978,0 0,0
1.000 5.500,0 3.022,0 3,0
300 2.000,0 1.098,9 3,6
300 1.500,0 824,2 2,7
1.400 8.500,0 4.670,3 3,3
Alta estação 2.2
875 7.000,0 3.846,1 4,4
1.000 3.500,0 1.923,01 1,9
800 2.000,0 1.098,9 1,4
10.000 23.000,0 12.637,4 1,3
2,7
10.000 23.000,0 12.637,4 1,3
14.000 30.000,0 16.483,5 1,2
20.000 60.000,0 32.967,0 1,6
1.800 5.000,0 2.747,2 1,5
20.000 60.000,0 32.967,0 1,6
300 700,0 384,6 1,3
4.000 40.000,0 21.978,0 5,5
4.000 40.000,0 21.978,0 5,5
18.000 27.000,0 14.835,2 0,8
Baixa estação 1.000 15.000,0 8.241,8 8,2 3,7
13.000 20.000,0 10.989,0 0,8
16.500 30.000,0 16.483,5 1,0
400 7.000,0 3.846,1 9,6
33.000 33.000,0 18.131,8 0,5
320
2010
Período m² Valor em moeda Valor em US$ Valor m² em US$ Preço médio Preço médio total
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 672.000 2.130.079,0 1.283.180,1 227,5 30,1
130 6.500,0 3.915,7 30,1
566.280 900.000,0 542.168,6 1,0
760 17.000,0 10.241,0 13,5
1.800 30.000,0 18.072,3 10,0
Alta estação 16,9
130 6.500,0 3.915,7 30,1
250 6.000,0 3.614,5 14,5
5.000 220.000,0 132.530,1 26,5
15,2
1.100 18.000,0 10.843,4 9,9
1.000 15.000,0 9.036,1 9,0
250 15.000,0 9.036,1 36,1
1.000 15.000,0 9.036,1 9,0
Baixa estação 63.000 2.079,0 1.252,4 0,0 13,1
12.000 14.000,0 8.433,7 0,7
1.000 15.000,0 9.036,1 9,0
18.300 850.000,0 512.048,2 28,0
2012
Período m² Valor em moeda Valor em US$ Valor m² em US$ Preço médio Preço médio total
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 79.525 838.500,0 415.099,0 202,0 30,2
4.000 45.000,0 22.277,2 5,5
1.400 60.000,0 29.703,0 21,2
2.775 70.000,0 34.653,5 12,5
Alta estação 120 12.500,0 6.188,1 51,6 21,0
400 15.000,0 7.425,7 18,6
250 9.000,0 4.455,4 17,8
15,5
2.080 85.000,0 42.079,2 20,2
4.000 45.000,0 22.277,2 5,6
2.000 30.000,0 14.851,5 7,4
500 30.000,0 14.851,5 29,7
Baixa estação 9,1
60.000 420.000,0 207.920,8 3,5
1.000 7.000,0 3.465,3 3,5
1.000 10.000,0 4.950,5 5,0
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
321
APÊNDICE M Tabelas de vendas de terrenos em Praia do Forte
1980
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Alta estação Sem registros 0,0 0,0
Baixa estação Sem registros 0,0
1990
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Alta estação Sem registros 0,0 0,0
Baixa estação Sem registros 0,0
2000
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 7.660 24.000,0 13.186,8 4,9 2,4
Alta estação Sem registros 0,0
2,4
660 4.000,0 2.197,8 3,3
Baixa estação 2,5
7.000 20.000,0 10.989,0 1,6
2010
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 1.560 75.000,0 45.180,7 57,6 57,7
Alta estação 760 30.000,0 18.072,3 23,8 23,8 28,8
Baixa estação 800 45.000,0 27.108,4 33,9 33,9
2012
Valor em moeda Preço médio Preço médio total
Período m² Valor em US$ Valor m² em US$
corrente (Cr$) sazonal em US$/m² em US$/m²
Total 18.160 500.000,0 247.524,7 35,0 35,0
Alta estação 3.160 150.000,0 74.257,4 23,5 23,5 0,0
Baixa estação 15.000 350.000,0 173.267,3 11,5 11,5
Fonte: Classificados de terrenos do jornal A Tarde, 2012.
Elaboração: Denise Magalhães, 2013.
322
Pesquisador:
Data: Data:
Local da entrevista:
Residência
Reside aqui? a) Sim ( ) Não ( ) Onde?
Esta casa é para veraneio e fins de semana? a) Sim ( ) Não ( )
Há quanto tempo tem este imóvel? a) Anos ( ) b) Meses ( )
O porquê da escolha do local:
Pretende se desfazer deste imóvel? a) Sim ( ) Não ( )
Por que pretende se desfazer do imóvel?
Empregados
Possui empregado(s)? a) Sim (---) b) Não ( ) Quantos? ( )
Função(ões) que ocupam?
Empregado(os) possui(em) vínculo empregatício? a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Sim e Não ( )
Quais?
Em qual época do ano?
Local de morada do(s) prestador(es) de serviço(s), em sua maioria:
Pedágio
O que o pedágio significa para o seu deslocamento a esse local?
Trabalho
Onde trabalha? Qual a função que exerce?
Renda familiar: a) – 1 SM ( ) b) 1├ 2 SM ( ) c) 2├ 5 SM ( ) d) 5├ 10 ( ) e) 10├ 20 SM
f) 20├ 30 SM ( ) g) 30├ 40 ( ) h) 40├ 50 SM ( ) i) 50├ 60 SM ( ) j) ± 60 SM ( )
l) Não respondeu ( )
Você foi impedido ou teve alguma restrição de passar em alguma localidade em área de praia no
Litoral Nordeste da Bahia? Sim ( ) Não ( ) Onde e por quê?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
323
Pesquisador:
Data: Data:
Local da entrevista:
Endereço
Residencial: Comercial:
Comércio
Tipo de comércio:
O porquê da escolha do local para montar o negócio:
Tempo de funcionamento: a) Anos ( ) b) Meses ( )
Estabelecimento próprio? a) Sim ( ) b) Não ( )
Como está o comércio ao longo do tempo? a) Melhorando ( ) b) Decaindo ( ) c) Estável ( )
Por quê?
Pretende mudar o ramo de negócios? a) Sim ( ) b) Não ( )
Por quê?
Empregados
Possui empregado(s)? a) Sim ( ) b) Não ( ) Quantos? ( )
O (os) empregado (os) possui(em) vínculo empregatício? a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Sim e Não ( )
Local de morada do(os) empregado(os), em sua maioria:
Como se desloca(m) para o trabalho?
Contrata serviços temporários? a) Sim ( ) b) Não ( )
Quais?
Em qual época do ano?
Local de morada do(s) prestador (es) de serviço(s), em sua maioria:
Como se desloca(m) para o trabalho?
Pedágio
O que o pedágio significa para o seu comércio?
Você foi impedido ou teve alguma restrição de passar em alguma localidade em área de praia no
Litoral Nordeste da Bahia? Sim ( ) Não ( ) Onde e por quê?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
324
Residência
Local de residência: Tempo de residência neste local:
Último local de residência:
Forma de apropriação da moradia: a) Própria ( ) b) Alugada ( ) c) Outra ( )
O porquê da escolha do local:
Está satisfeito em morar nesse local? a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Indiferente ( )
Por quê?
Pretende residir em outro local? a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Não sabe ( )
Onde?
Por quê?
Trabalho
Onde trabalha? Qual a função que exerce?
Vínculo empregatício? a) Sim ( ) b) Não ( )
Temporário ou permanente? Em qual época do ano?
Está satisfeito em trabalhar neste local? a) Sim ( ) b) Não ( ) c) Indiferente ( )
Por quê?
Renda familiar: a) Menos de 1 sm ( ) b) 1 sm ( ) c) 2 a 3 sm ( ) d) + 4 sm ( )
e) Não respondeu ( )
Você foi impedido ou teve alguma restrição de passar em alguma localidade em área de praia do
Litoral Nordeste da Bahia? Sim ( ) Não ( ) Onde e por quê?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
325
Município: ________________________________________________________________________
Cargo que ocupa: __________________________________________________________________
2. Que ações esta administração vem desenvolvendo no sentido de mobilizar esse interesse?
(infraestrutura, meio ambiente, urbanismo, turismo, lazer).
326
6. Quais são as ações dos incorporadores imobiliários no sentido de influenciar e/ou contribuir direta
e indiretamente para a valorização dos terrenos em áreas adjacentes à rodovia BA-099, trecho
Estrada do Coco?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
8. O que justifica a grande valorização dos preços de terrenos no LNE baiano, na década de 2010?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
9. Atualmente em qual das localidades do LNE baiano há maior procura e produção de imóveis?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
11. Qual a participação dos clientes na dinâmica do mercado de imóveis no Litoral Nordeste da
Bahia?
a) Principais países emissores: ________________________________________________________
1. Nacionalidade: 2. Naturalidade:
Pós-graduação
(---) Especialização
(---) Mestrado
(---) Doutorado
(---) Pós-doutorado
Não alfabetizado 0 0
Alfabetizado 1 20
Fundamental 2 40
Técnico e médio 3e4 60
Superior 5 80
Pós-graduação 6 100
<1 sm 0 0
1 ├ 2 sm 1 12,5
2 ├ 5 sm 2 25
5 ├ 10 sm 3 37,5
10 ├ 20 sm 4 50
20 ├ 30 sm 5 62,5
30 ├ 40 sm 6 75
40 ├ 50 sm 7 87,5
> 50 sm 8 100
Veraneio (não) 0 0
Veraneio (sim) 100 100
Possui (não) 0 0
Possui (sim) 100 100
331
Total 12 350
Grau de instrução 6 100
Renda Familiar 4 50
Residência 1 100
Empregados 1 100
Intervalo de classes: H / N, onde H (maior valor: 100 – menor valor: 0) = 100 / 3 = 33,34
iii. Tabulação simples ou marginal (processo manual para perguntas abertas e eletrônico para
perguntas fechadas);