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TEORIAS DA DOR

Profª Wilma Costa Souza


Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada com
danos reais ou potenciais em tecidos, ou assim percepcionada como dano.
International Association for the Study of Pain

Nociceptores: respondem a estímulos térmicos, químicos e mecânicos e


conduzem estímulos que são percebidos como dor

Possuem dois tipos de axônio

Tipo de fibra diâmetro velocidade


Aδ 1-5μm 5-30 m/s
C 0,2-1,5μm 0,5-2 m/s

Aδ respondem a estímulos mecânicos intensos e térmicos


C respondem a estímulos mecânicos, térmicos e químicos (polimodais)
Dor lenta:
1º neurônio: entram, fazem
sinapses com interneurônios
(INTN) nas lâminas 1 e 2.
Axônios dos INTN, fazem
sinapses com 2º neurônios
ascendentes.
Chegam ao mesencéfalo
através de 3 tratos:

• espinomesencefálico vai
até a subst. cinzenta
periaquedutal no mesencéfalo

• espinorreticular vai até


formação reticular e daí
para núcleos da linha média
e intralaminares do tálamo

• paleoespinotalâmico vai
até núcleos da linha média
e intralaminares do tálamo
Dor rápida: e daí até o córtex cerebral
1º neurônio: entram nas lâminas 1 e 5
2º neurônio: cruzam sobem pelo trato espinotalâmico até
núcleo VPL do tálamo
3º neurônio: até córtex sensorial primário
Fibras A beta:
Diâmetro : 6-12μm
Velocidade: 35-75 m/s

• 1º neurônio: entra na medula e sobe


pela coluna dorsal do mesmo lado. Os
axônios do MS sobem pelo fascículo
cuneiforme e do MI pelo fascículo grácil.
Chegam nos núcleos grácil e
cuneiforme.

• 2º neurônio: dos núcleos grácil e


cuneiforme cruzam a linha média e
chegam ao VPL no tálamo

• 3º neurônio: do tálamo até ao córtex


Tálamo

SG
T

Fibras vermelhas: mielinizadas


largas
> velocidade de condução

Fibras verdes: pouca mielina


nociceptores finas
< velocidade de condução
mecanorrece Tálamo
mecanorreceptores
ptores

SG
T

Fibras vermelhas: mielinizadas


largas
> velocidade de condução

Fibras verdes: pouca mielina


nociceptores finas
< velocidade de condução
Inibição Periférica Inibição Central

Estimulação de mecanorreceptores =>

ativam interneurônios => liberação de


Núcleos da rafe (medula oblonga)
encefalinas => deprime a liberação de Substância cinzenta periaquedutal (mesencéfalo)
Locus ceruleus (ponte)
substância P => hiperpolariza interneurônios Estimulam diretamente os interneurônios e
liberam serotonina e nor epinefrina
=> inibe sinais nociceptivos
MODOS DE INIBIÇÃO DA DOR

•Na periferia – analgésicos “não narcóticos” diminuem a síntese de


prostaglandinas impedindo-as de sensibilizar os receptores de dor

• No corno dorsal – interneurônios inibitórios liberam endorfina, encefalina ou


dinorfina

•Sistema neuronal descendente – substâncias opióides encontradas nos


núcleos da rafe, substância cinzenta periaquedutal e lócus ceruleus

•Sistema hormonal – substância cinzenta periventricular no hipotálamo,


glândula hipófise, medula oblonga supra renal

•Cortical – expectativa, distração .....


Aplicação do TENS no tratamento da dor

Definição : corrente alternada de estímulo transcutâneo.

Tipos :

convencional - Alta frequência (50 a 100 Hz) e baixa intensidade


Trabalha no limiar de percepção (intensidade: a menor possível)

•Produz parestesia

•Atua segundo a Teoria das Comportas

•Alívio rápido da dor (de segundos à 15 minutos), mas efeito dura


poucas horas

•Pode ser usado continuamente

Indicado para dor aguda, pós cirúrgica e trabalho de parto


Baixa frequência (2 a 3 Hz) e alta intensidade

Trabalha no limiar de tolerância


(intensidade: a mais alta capaz de ser suportada pelo paciente)

•Provoca contração muscular

•Atua segundo a teoria farmacológica

•O alívio da dor não é imediato ( 20 a 30 minutos após a aplicação), mas


tem efeito prolongado

•Tempo de aplicação de 30 a 45 minutos por sessão

Indicado para dor crônica

Colocação dos eletrodos : local da dor, dermátomo, ponto de


acupuntura, ponto motor do músculo
DOR FANTASMA

• Amputação da mão, o paciente permanece queixando-se de dor


na mão amputada

•Brotamento colateral ou desinibição de vias pré-existentes

Ramos colaterais nos axônios da face crescem e invadem a área


antes ocupada pela mão

RAMACHANDRAN
MAPA SOMATOSENSORIAL

RESULTADO DA

ATIVIDADE

NEURONAL

PRODUZIDA PELA

ESTIMULAÇÃO

SENSORIAL
A mão amputada está

mapeada no rosto do

paciente.

Ao se estimular áreas

do rosto, a sensação

é percebida na mão

amputada.

Ramachandran
Amputação do braço esquerdo abaixo do cotovelo

Vermelho = face

Verde = mão

Azul = antebraço

Ramachandran
TODA NEUROPLASTICIDADE

É POSITIVA?
CAIXA DE ESPELHO DE RAMACHANDRAN
A observação da imagem da mão ofereceu ao

paciente a ilusão visual da mão amputada em

movimento (aparentemente executando

movimentos de forma suave e controlada)


Feedback visual positivo informando ao cérebro

que o membro desaferentado (amputado)

se movimenta corretamente.
APLICAÇÃO DA CAIXA DE

ESPELHO NA MÃO PÓS AVE


DOING IT WITH MIRRORS: A CASE STUDY OF A NOVEL
APPROACH TO NEUROREHABILITATION
Sathian K, Greenspan AI, Wolf SL
Neurorehabilitation and Neural Repair, Vol. 14, No 1, 2000

Aplicação da técnica em um paciente seis meses após AVE

Protocolo: inicialmente uso do espelho, mais tarde prática sem


espelho com olhos fechados. Tempo de tratamento: 3 meses

Resultados: melhora da coordenação, recuperação da pinça e da


capacidade de pegar pequenos objetos
REABILITAÇÃO DA HEMIPARESIA PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
COM MIRROR VISUAL FEEDBACK

Trevisan CM, Mota CB, Oliveira RM, Trevisan ME, Pratesi R


Fisioterapia Brasil vol. 8 n° 6 p. 452-454, 2007

Design: Aplicação da técnica em um paciente

Protocolo: 3 sessões por semana ao longo de 4 semanas,


durante 30 minutos

Resultados: melhora da coordenação e do tempo de


execução das três tarefas treinadas
MIRROR THERAPY IMPROVES HAND FUNCTION IN SUBACUTE STROKE:
A RANDOMIZED CONTROLLED TRIAL

Yavuser G, Selles R, Nebahat S, Sütbeyaz S, Bussmann J, Köseoglu F, Atay MB, Stam HJ.

Archives Phys Med Rehabil, Vol 89, 393-398, march 2008

Design: 40 pacientes randomizados


20 submetidos a caixa de espelho + terapia convencional
20 submetidos a placebo + terapia convencional

Protocolo: terapia convencional 5 dias por semana, 2 a 5 horas


por dias, durante 4 semanas
Caixa de espelho: 30 minutos diariamente

Resultados: melhora da função motora da mão comparado com o


grupo placebo
Melhora mantida 6 meses depois
Mirror therapy enhances lower – extremity motor recovery and motor
functioning after stroke: a randomized controlled trial

Sütbeyaz S, Yavuzer G, Sezer N, Koseoglu FB

Archives of Physical Medicine and Rehabilitation Vol 88, p. 555-559, may 2007

Design: 40 pacientes randomizados


20 submetidos a caixa de espelho + terapia convencional
20 submetidos a placebo + terapia convencional

Protocolo: terapia convencional 5 dias por semana,


2 a 5 horas por dias, durante 4 semanas
Caixa de espelho: 30 minutos diariamente

Resultados: melhora do movimento de flexão dorsal de TT


comparado com o grupo placebo

Esse movimento não se transferiu para a marcha


ALGUMAS EXPLICAÇÕES

▪A ilusão do movimento normal na mão afetada substitui a

informação proprioceptiva deficiente (Altschuler et al, 1999).

▪ Movimentos ativamente executados ou simplesmente

imaginados ativam as mesmas áreas motoras (Jackson et al,


2001).
ALGUMAS EXPLICAÇÕES

▪A técnica de Mirror Visual Feedback promove plasticidade

induzida pelo estímulo visual (Ramachandran, 2005).

▪Mirror neurônios são ativados durante a observação de

uma ação, durante sua execução ou simplesmente ao

imaginá –la. (Ertelt et al, 2007).

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