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Declaração/conferência de Alma-Ata:
- Carta da 1ª conferência internacional sobre os cuidados de saúde primários, em 1978 no Kazaquistão, surge em um
contexto de profundas desigualdades, pós 2ª guerra mundial, e reafirma o significado de saúde como um direito
humano fundamental e umas das mais importantes metas sociais mundial, direito que resulta em interdependências e
reciprocidades, como a paz mundial, o desenvolvimento socioeconômico e a qualidade de vida.
- Organizada pela OMS e UNICEF → criação de estratégias para promoção da saúde através de ações dos diferentes
atores intersetoriais para ↓diferenças no desenvolvimento econômico e social dos países, para atingir a meta de saúde
para todos no ano 2000 → no Brasil: SUS e PSF.
- Objetivos: definir o papel do governo em relação a saúde; diminuir as desigualdades entre os países; formular
recomendações para o desenvolvimento humano com criação de programas nacionais e internacionais; cuidados
primários (prevenção de doenças e promoção de saúde); tratar regiões de acordo com doenças especificas; participação
da comunidade para atingir o mais alto grau de saúde; integração de diversas áreas da sociedade.
- Ressalta os cuidados de saúde primários: cuidados essenciais de saúde, corresponde ao primeiro nível de contato com
o sistema de saúde do país e deve estar associado a sistemas de referência integrados e funcionais para garantir acesso a
cuidados de saúde. Acessibilidade universal, equidade e justiça social. Respondem as principais necessidades e
problemas de saúde, prestando serviços de proteção da saúde/prevenção de doenças, cura e reabilitação, com equipe
multidisciplinar. Ações prioritárias de intervenção: educação para saúde, nutrição apropriada, qualidade de agua e
saneamento básico, cuidados de saúde materno-infantil, prevenção e controle de doenças endêmicas, tratamento de
doenças e lesões comuns, fornecimento de medicamentos essenciais.
Carta de Ottawa:
- Carta da 1ª conferência internacional sobre a promoção de saúde, em 1986 no Canadá : propõe novo movimento
de saúde pública a nível mundial, como resposta as melhorias no estado de saúde alcançadas após a DAA.
- Saúde é o resultado de condições econômicas e sociais, o foco é a saúde e não a doença.
- Conceito de promoção de saúde: processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e das comunidades de
controlarem/intervirem na sua saúde, no sentido de melhoras; para atingir a saúde (completo bem-estar físico, mental e
social), o indivíduo ou grupo devem estar aptos a identificar e realizar as suas aspirações, satisfazer as suas
necessidades e a modificar ou adaptar-se ao meio; essa capacidade se dá através de sua capacitação para que a
intervenção seja positiva – empowerment; capacitação ocorre através de meios favoráveis e ações comunitárias como
suporte social e financeiro, acesso a informação, sistemas que reforcem a participação pública, oportunidades e recursos
que permitam aprendizagem de estilos de vida e opções saudáveis e sua concretização.
- Campos de ação: orientação do sistema de saúde; desenvolvimento de habilidades individuais; retorno da ação
comunitária; criação de ambientes favoráveis a saúde; elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis de
acordo com as condições econômicas de cada região, mediação de ações coordenadas entre setores; estabelecer vínculo
entre profissional de saúde e paciente, para que ambos estejam integrados no sistema de saúde vigente.
- Pré-requisitos para saúde: paz, habitação, educação, alimentação, recursos econômicos, ecossistema estável, recursos
sustentáveis, justiça social, equidade (importantíssimo) → saúde é um bem a advogar, pois condiciona paz no mundo,
desenvolvimento socioeconômico dos países, desenvolvimento pessoal e qualidade de vida dos cidadãos.
Paradigmas da medicina
-Antigamente:havia roubos e aberturas de corpos para estudos (era considerado crime),a medicina obteve sua evolução
advindas de revoluções
-Hoje: houve uma melhora nos tratamentos e cuidados por causa dos descobrimentos e tecnologia,melhora na relação
médico-paciente,prevenção e promoção da saúde
Promoção de saúde:
- Promoção: apropriar-se da importância dos determinantes das condições sociais, relacionadas com a qualidade
de vida, alimentação, nutrição, educação, habitação, saneamento, recreação e condições agradáveis do lar e no
trabalho, e um espectro adequado de cuidados de saúde. → representa estratégia promissora para enfrentar os
múltiplos problemas de saúde que afetam as populações humanas, como combinação de ações do Estado (políticas
públicas), da comunidade (ações comunitárias), de indivíduos (desenvolvimento de habilidades pessoais), do sistema de
saúde (recreação do sistema) e de parceiros intersetoriais. → responsabilização múltipla, pelos problemas e pelas
soluções deles.
- Redução de custos: 4conferencias – Ottawa 86, Adelaide 88, Sundsvall 91, Jacarta 97. Na américa latina em 92
realizou-se a conferencia internacional de promoção da saúde OPAS, trazendo o tema para contexto sub-regional.
- BR: a péssima distribuição de renda, o analfabetismo e o baixo grau de escolaridade, assim como condições precárias
de habitação e ambiente, tem sido um papel importante nas condições de vida e saúde.
- Diversas conceituações em 2 grandes grupos:
Promoção de saúde como atividades dirigidas à transformação dos comportamentos dos indivíduos,
focando no estilo de vida e localizando nos seios familiares e nos ambientes de cultura da comunidade. Os
programas tendem a concentrar em componentes educativos, relacionados com riscos comportamentais
passiveis de mudanças, que estariam, em partes sob o controle dos indivíduos. Ex: habito de fumar, dieta,
atividade física, direção perigosa no trânsito.
Determinantes gerais agem como protagonistas sobre as condições de saúde: a saúde é produto de um
amplo espectro de fatores relacionados com a qualidade de vida, incluindo padrão adequado de alimentação e
nutrição, habitação e saneamento básico, boas condições de trabalho, oportunidade de educação, ambiente físico
limpo, apoio social para família e indivíduo. Atividades voltadas para o coletivo e ao ambiente (físico, social,
político, econômico, cultural), através de políticas públicas e de condições favoráveis ao desenvolvimento da
saúde (escolhas saudáveis serão mais fáceis) e do reforço “empowerment” da capacidade dos indivíduos e das
comunidades.
- Atividades:
Políticas públicas saudáveis: responsabilidade social do Estado, compromisso com interesse público e com o
bem comum; esforço de superar déficits socioeconômicos. Interlocução e pactuação entre atores sociais.
Intersetorialiedade: processo no qual objetivos, estratégias, atividades e recursos de cada setor são
considerados segundo suas repercussões e efeitos nos objetivos, estratégia, atividades e recursos dos demais
setores. Procura superar a visão isolada e fragmentada da formulação e implementação das políticas públicas e
organização do setor de saúde; adotar uma perspectiva global para análise da saúde, incorporando outros setores
e contextos.
Municípios saudáveis: surgiu na Europa em 86, visa o desenvolvimento de planos de ação locais para
promoção da saúde, baseado no princípio de saúde para todos da OMS, e incorpora a ideia de assistência, cura e
promoção de saúde. Hoje me mais de 1800 cidades no mundo. Criando e melhorando o ambiente físico e social,
fortalecendo os recursos comunitários que possibilitam as pessoas se apoiarem mutuamente no sentido de
desenvolverem seu potencial e melhorarem sua qualidade de vida. Aspectos fundamentais: equidade,
participação social e intersetorialidade.
- Promoção a nível primário PSF e prevenção em todos os níveis de saúde. Para a prevenção, evitar a ocorrência de
enfermidades e a perda do bem-estar é o objetivo final, para a promoção de saúde o objetivo contínuo é buscar expandir
o potencial positivo de saúde, portanto, a ausência de doenças não é suficiente.
Prevenção de doenças:
- Estabelecer estratégias que resultem em menor risco de adquirir ou maneiras de controlar uma doença → pode
se utilizar dados estatísticos e epidemiologia das doenças para obter melhor prevenção.
- Medicina preventiva surgiu no período de 1920 a 1950, na Inglaterra, nos EUA e no Canadá, em critica a medicina
curativa; surgiu em um campo formado por 3 vertentes: a higiene que surgiu no século XIX; a discussão dos custos da
assistência médica; a redefinição das responsabilidades médicas.
- No BR: a concepção de níveis de prevenção foi incorporada no campo da saúde ao discurso de medicina comunitária na
década de 60.
- Leavell & Clark descrevem como ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural da doença, a fim de
tornar improvável o progresso posterior.
Níveis de prevenção:
Prevenção primordial: não há risco de doenças; conjunto de ações que visam o bem-estar e a minimização da
probabilidade de se adquirir certas doenças; evitar a emergência e estabelecer estilos de vida que não aumentem
o risco a doença. Ex: legislação e criação de espaços livres ao fumo.
Prevenção primária: visa evitar ou remover o fator de risco da doença antes que se desenvolva o mecanismo
patológico que levara a doença, ex: vacinação, preservativos.
Prevenção secundária: diagnosticar (detecção precoce) problemas de saúde em indivíduos presumidamente
doentes, mas assintomáticos, e impedir a evolução da doença, enquanto a doença se encontra em fase inicial. Ex:
rastreio e vigilância da pressão arterial e glicemia.
Prevenção terciária: gestão das fases da doença → limitar o progresso da doença, evitar ou diminuir as
consequências ou complexidade de doenças, promover adaptação do doente a consequências inevitáveis e
prevenir recorrências, possibilitando a reabilitação do indivíduo. Ex: educação para deficientes visuais e
auditivos.
Prevenção quaternária: evita iatrogenia e intervenções médicas desnecessárias e incorretas, cabe ao médico
amenizar o sofrimento do paciente.
Sustentabilidade:
- Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam suprir as
necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações.
- A forma mais adequada de evitar grande parte de tais doenças é cuidando da higiene, da limpeza do ambiente
e da alimentação e uma das formas de fazê-lo é através do saneamento. O saneamento básico, portanto, é
fundamental na prevenção de doenças.
- Água: deve ser de qualidade adequada e em quantidade suficiente para atender às necessidades, para
proteção da saúde e para o desenvolvimento econômico. Leva a melhoria da saúde e das condições de vida de
uma comunidade; diminuição da mortalidade em geral, principalmente da infantil; aumento da esperança de
vida da população; diminuição da incidência de doenças relacionadas à água; implantação de hábitos de higiene
na população; facilidade na implantação e melhoria da limpeza pública; facilidade na implantação e melhoria
dos sistemas de esgotos sanitários; possibilidade de proporcionar conforto e bem-estar; incentivo ao
desenvolvimento econômico.
- Sistema de esgotos sanitários é o conjunto de obras e instalações que propicia coleta, transporte e
afastamento, tratamento, e disposição final das águas residuárias, de uma forma adequada do ponto de vista
sanitário e ambiental. Existe para afastar a possibilidade de contato de dejetos humanos com a população, com
as águas de abastecimento, com vetores de doenças e alimentos. Visa a conservação dos recursos naturais;
melhoria das condições sanitárias locais; eliminação de focos de contaminação e poluição; eliminação de
problemas estéticos desagradáveis; redução dos recursos aplicados no tratamento de doenças; diminuição dos
custos no tratamento de água para abastecimento.
Ética humana e o princípio da responsabilidade:
- Principio da responsabilidade: fundado por Hans Jonas em 1979, é uma avaliação crítica da ciência
moderna e da a tecnologia, ele fala que o ser humano deve agir com humildade e cautela diante do extremo
poder transformados da tecnociência. Propõe uma nova ética humana: age de tal modo que os efeitos da tua ação
não sejam nocivos para a futura possibilidade de vida na terra, e exige responsabilidade, sabedoria,
conhecimento e humildade. Propõe um guia de reflexão ética: orientação para o futuro (gerações futuras) e
antecipação do impacto planetário.
- A tremenda vulnerabilidade da natureza submetida à intervenção tecnológica do homem mostra uma situação
inusitada, pois toda a biosfera do planeta torna-se passível de ser alterada, o que torna imprescindível considerar
que não somente o bem humano deve ser almejado, mas também o de toda a natureza extra-humana. Imagina-se
que os males que afligem a sociedade humana podem sempre ter uma solução proporcionada pela ciência.
Funda-se, então a crença de que se pode com a ciência prescindir dos valores. O homem tornou-se perigoso
para o próprio homem, e isso ocorre na medida em que ele põe em perigo os grandes equilíbrios cósmicos e
biológicos que constituem os alicerces vitais da humanidade. De maneira proporcional ao incremento da
periculosidade do homem, cresce em importância sua responsabilidade como tutor de todas as formas de vida.
- Crise ambiental: a Natureza tem sido tão convocada para responder às solicitações humanas que come çou a
esgotar-se progressivamente, constituindo-se o século XX como o auge de atuação e sofrimento da Natureza.
- Em razão da crise atual, está se desenvolvendo uma nova sensibilização para com o planeta como um todo.
Assim, sente-se a necessidade de uma utilização nova da ciência e da técnica em favor da natureza. Hans Jonas
propõe essa nova perspectiva a partir do princípio da responsabilidade entre os seres humanos e dos humanos
com a natureza.
A edição das Normas Operacionais Básicas (NOB’s): trata das normas operacionais para o funcionamento e
operacionalização do SUS, de competência do Ministério da Saúde, tendo sido editadas até hoje: a NOB-SUS 01/91,
NOB-SUS 01/93, NOB-SUS 01/96.
- NOB 01/91: definia o repasse direto e automático de recursos do fundo nacional aos fundos estaduais e municipais
de saúde, sendo 50% por critérios populacionais e os outros 50% segundo o perfil epidemiológico e demográfico, a
capacidade instalada e a complexidade da rede de serviços de saúde, a contrapartida financeira, etc. - redefiniu toda a
lógica de financiamento e, consequentemente, de organização do SUS, instituindo um sistema de pagamento por
produção de serviços que permanece em grande parte vigorando até hoje.
- NOB 01/93: criou critérios e categorias diferenciadas, gestão para a habilitação dos municípios, e segundo o tipo
de gestão implantado (incipiente, parcial, semiplena) haveria critérios também diferenciados de formas de repasse
dos recursos financeiros
- NOB-SUS 01/96: representa um avanço importante no modelo de gestão do SUS, principalmente no que se refere
à consodolidação da Municipalização. Revoga os modelos anteriores de gestão propostos nas NOB anteriores
(gestão incipiente, parcial e semiplena), e propõe aos municípios se enquadrarem em dois novos modelos: Gestão
Plena de Atenção Básica e Gestão Plena do Sistema Municipal
Histórico da AP:
- Relatório Dawson, elaborado pelo Ministério de Saúde do Reino Unido em 1920, é considerado um dos primeiros
documentos a utilizar o conceito de Atenção Primária à Saúde em uma perspectiva de organização sistêmica
regionalizada e hierarquizada de serviços de saúde, por nível de complexidade e sob uma base geográfica definida.
Influenciou a criação do sistema nacional de saúde britânico em 1948, que por sua vez passou a orientar a reorganização
dos sistemas de saúde em vários países do mundo. → contrapôs modelo americano.
- Declaração de Alma-Ata, cidade da URSS em 1978, e Ottawa em 1986.
- Atributos sugeridos por Starfield: primeiro contato, longitudinalidade, integralidade, coordenação, centralização na
família, orientação para a comunidade. Para ela a APS ainda coordena os cuidados quando as pessoas recebem
assistência em outros níveis de atenção.
- OMS em 2008: necessidade de sistemas de atenção à saúde com base numa APS forte e de qualidade: os cuidados
primários podem vir a ser facilitadores de uma convergência, segura, efetiva e socialmente produtiva, da promoção da
saúde, da prevenção da doença, da cura e dos cuidados em geral. Para tal é essencial “dar prioridade às pessoas”
realçando, de uma forma equilibrada, a saúde e o bem-estar, assim como os valores e as capacidades das pessoas nas
suas comunidades e das que trabalham no setor da saúde.
- Brasil:
- 1925 Paulo Souza em SP: propunham ação integral com ênfase em educação sanitária e promoção da saúde: o pioneiro
na implantação desses postos no País a partir da reforma nos serviços de saúde paulistas.
- Expansão dos centros de saúde vinculados às Secretarias de Estado da Saúde durante a década de 1960: atenção
materno-infantil, desenvolvimento de ações de saúde pública, e o enfrentamento das grandes endemias.
- 1970: medicina comunitária sob influência da reforma sanitária e com o apoio das Universidades marcaram o inicio de
participação dos municípios no desenvolvimento da APS. Inicialmente em alguns municípios brasileiros: Campinas,
Niterói, Londrina, Montes Claros, Teresina, São Luís, Cotia, Sete Lagoas, Pelotas e Joinvile.
- Inicio da década de 1980, com o processo de redemocratização no país foram propostas as Ações Integradas de Saúde
(AIS), seguidas pelo Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), até que em 1988 foi instituído o Sistema
Único de Saúde (SUS) com a nova Constituição.
- 1990: municipalização do SUS → estruturação mais uniforme da APS sob responsabilidade dos municípios brasileiros
incentivados pelo MS através de normatizações e financiamento.
- 1994: avaliação positiva do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e foi proposto pelo MS o PSF.
- Portaria 648/GM de 28 de março de 2006, que instituiu a Política Nacional de Atenção Básica: A Atenção Básica
caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a
proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. A
Atenção Básica tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para sua organização de acordo com os preceitos do
Sistema Único de Saúde.
- Entraves: realidade de cada município ou de cada equipe, o que não necessariamente implica em medidas locais para
sua superação; superar um padrão cultural vigente tanto na sociedade como no aparelho formador, na perspectiva de
valorizar e legitimar as práticas que aí se desenvolvem; desdobramentos de desafios que devem ser enfrentados pelo SUS
na atualidade, como fragmentação da oferta de ações e serviços de saúde como prioridade, para que se possa responder
adequadamente às necessidades de saúde dos brasileiros nesse momento.
ESF:
- PSF 1994, ESF 648/2006, reavaliada pela portaria 2488/2011.
- Visa à reorganização da AB no País, de acordo com os preceitos do SUS, é tida pelo MS e gestores estaduais e
municipais, como estratégia de expansão, qualificação e consolidação da atenção básica por favorecer uma reorientação
do processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da AB, de ampliar a
resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades, e propiciar uma importante relação custo-
efetividade.
- Responsabilidade sanitária por um território de referência e vigilância à saúde
- Sua expansão ganhou impulso com a Norma Operacional Básica (NOB-96) que operacionalizou a descentralização de
recursos e a municipalização da saúde, com orientações de repasse, aplicação e mecanismos de controle e
acompanhamento dos recursos financeiros do Piso da Atenção Básica (PAB), e responsabilidade dos municípios
enquanto gestores.
- Atributos: 1. Primeiro contato; 2. Longitudinalidade; 3. Integralidade; 4. Coordenação da atenção; 5. Focalização na
família; 6. Orientação comunitária; 7. Competência cultural.
- Funções: 1. Resolubilidade; 2. Comunicação; 3. Responsabilização.
- Princípios: 1. Integralidade e Hierarquização: porta de entrada do sistema local de saúde, atua em níveis de
complexidade; suas equipes devem realizar, pela territorialização, o diagnóstico de saúde do território adscrito,
identificando o perfil epidemiológico e sociodemográfico das famílias, reconhecendo os problemas de saúde prevalentes
e os riscos a que a população está exposta, elaborando, com a sua participação, um plano local para o enfrentamento dos
problemas de saúde. 2.Territorialização e Adscrição da Clientela: a USF trabalha com território de abrangência
definido (área sob sua responsabilidade), sendo responsável pelo cadastramento e acompanhamento desta população no
SIAB/SISAB através das visitas domiciliares, o que leva ao conhecimento da realidade daquela população, seus
principais problemas de saúde e seu modo de vida (morbidade, condições de moradia, saneamento, ambientais), e
planejar as atividades a serem desenvolvidas, além de iniciar o vínculo da unidade de saúde/equipe com a comunidade.
3. Equipe Multiprofissional. 4. Caráter Substitutivo: substituição das práticas tradicionais de assistência, com foco
nas doenças, por um novo processo de trabalho, centrado na Vigilância à Saúde.
- Principais programas da AP a serem executadas: atenção à saúde da criança; atenção à saúde da mulher; controle de
hipertensão e diabetes; controle de tuberculose: eliminação da hanseníase; ações de saúde bucal, imunizações, pequenas
cirurgias, acompanhamento familiar → todas essas ações de forma conjunta ou isolada, ao trabalhar com os conceitos de
promoção, prevenção e controle de doenças e agravos, estão diretamente ligadas ao processo de vigilância à saúde.
- Instalação das unidades de Saúde da Família: instaladas nos postos de saúde, centros de saúde ou unidades básicas
de saúde já existentes no município, ou naquelas a serem reformadas ou construídas de acordo com a programação
municipal em áreas que não possuem nenhum equipamento de saúde.
- Composição das equipes multiprofissionais: mínimo, médico generalista ou especialista em Saúde da Família ou
médico de Família e Comunidade, enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família, auxiliar ou técnico de
enfermagem e agentes comunitários de saúde, pode acrescentar: os profissionais de saúde bucal (cirurgião-dentista
generalista/saúde da família, auxiliar/técnico em saúde bucal) + ACS. Carga horaria de 40h semanais, exceto medico que
pode dividir entre 2 ESFs. Dedicação mínima de 32 horas para atividades na ESF e dedicar, com autorização, até 8horas
para prestação de serviços na rede de urgência do município ou para atividades de especialização em Saúde da Família,
residência multiprofissional e/ou de Medicina de Família e de Comunidade, bem como atividades de educação
permanente e apoio matricial. Equipes cadastradas de acordo com a carga horaria do médico. O número de ACS deve ser
suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por equipe
de Saúde da Família, não ultrapassando o limite máximo recomendado de pessoas por equipe. Cada equipe deve ser
responsável por, no máximo, 2000-3500 pessoas, respeitando critérios de equidade para essa definição, e, quanto maior o
grau de vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade de pessoas por equipe.
- Atribuições das equipes: mapeamento da área adscrita e dos equipamentos sociais presentes nesse território;
planejamento, busca ativa, cadastramento e acompanhamento das famílias; acolhimento e marcação de consultas; ações
individuais e/ou coletivas de promoção à saúde e prevenção de doenças; consultas domiciliares médicas, de enfermagem
e de odontologia; realização de procedimentos odontológicos, médicos e de enfermagem: imunizações, inalações,
curativos, drenagem de abscessos e suturas; administração de medicamentos orais e injetáveis, terapia de reidratação,
entre outras; acolhimento e urgências básicas de enfermagem, de medicina e de odontologia; realização de
encaminhamento adequado das urgências e de casos de maior complexidade.
E-SUSab:
- A estratégia e-SUS AB busca reestruturar e integrar as informações da Atenção Básica em nível nacional.
- O objetivo é reduzir a carga de trabalho na coleta, inserção, gestão e uso da informação na AB, permitindo que a coleta
de dados esteja inserida nas atividades já desenvolvidas pelos profissionais. Por meio do e-SUS AB, a rede de serviço
que compõe a Atenção Básica alimentará o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB), que
substitui o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB).
- SISAB: foi instituído pela Portaria GM/MS nº 1.412/2013, passando a ser o sistema de informação da AB vigente para
fins de financiamento e de adesão aos programas e estratégias da Política Nacional de Atenção Básica, substituindo o
SIAB definitivamente em julho/2015, sob risco de perder recursos federais do PAB variável se não alimentado por 3
competências seguidas. Integra a estratégia do Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS/MS) denominada e-SUS
AB, que propõe o incremento da gestão da informação, a automação dos processos, a melhoria das condições de
infraestrutura e a melhoria dos processos de trabalho.
Níveis de complexidade do SUS:
- Objetivo: determinar que o acesso dos indivíduos ao sistema de saúde ocorra considerando a gravidade e a urgência;
dessa maneira, evita-se que grandes centros especializados tenham que lidar com um alto número de casos de
simples resolução e sem características que configurem uma situação de urgência.
- Primário: contato preferencial com o SUS, estão UBSs, conhecidas como postos de saúde. Engloba: promoção,
prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e
participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem
responsabilidade. Tecnologias: elevada complexidade e baixa densidade, objetivando solucionar os problemas de
saúde de maior freqüência e relevância das populações. Tarefas: são marcadas consultas e exames básicos (hemograma,
citopatológico), poderem ser realizados procedimentos básicos, como curativos.
- Secundário: Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), os hospitais e outras unidades de atendimento especializado
ou de média complexidade → realizados procedimentos de intervenção, tratamento de situações crônicas e de doenças
agudas; também estão presentes os serviços de urgência e emergência. Disponibilidade tecnológica: equipamentos
mais sofisticados que AP; realização exames ↑complexo que na AP, como endoscopias e ecocardiogramas. Profissionais:
médicos de áreas especializadas, cardiologia, endocrinologia, ortopedia ou mesmo psiquiatria e oftalmologia.
Casos encaminhados pelo nível primário, possam ser atendidos satisfatoriamente por meio do trabalho dos profissionais
e da utilização dos equipamentos que compõem essa etapa de atenção.
Procedimentos especializados; cirurgias ambulatoriais especializadas; procedimentos tráumato-ortopédico;
ações especializadas em odontologia; patologia clínica; anatomopatologia e citopatologia; radiodiagnóstico;
exames ultra-sonográficos; diagnose; fisioterapia; terapias especializadas; próteses e órteses; anestesia.
- Terciário: hospitais de grande porte (alta complexidade), subsidiados pela esfera privada ou pelo estado →
manobras mais invasivas, intervindo em situações de risco de vida. Aparelhamento: máquinas de tecnologia avançada
(equipamentos para ressonância magnética, tomógrafos e hemodinâmicas). Objetivo: garantir que procedimentos para a
manutenção dos sinais vitais possam ser realizados, dando suporte mínimo para a preservação da vida sempre que
preciso. Atuam médicos especialistas em áreas que exigem uma formação mais extensiva, como a neurocirurgia e a
nefrologia pediátrica. A expectativa é que no nível terciário existam suportes tecnológico e profissional capazes de
atender a situações que no nível secundário não puderam ser tratadas por serem casos mais raros ou complexos demais.
Assistência ao paciente portador de doença renal crônica (por meio dos procedimentos de diálise); assistência
ao paciente oncológico; cirurgia cardiovascular; cirurgia vascular; cirurgia cardiovascular pediátrica;
procedimentos da cardiologia intervencionista; procedimentos endovasculares extracardíacos; laboratório de
eletrofisiologia; assistência em tráumato-ortopedia; procedimentos de neurocirurgia; assistência em otologia;
cirurgia de implante coclear; cirurgia das vias aéreas superiores e da região cervical; cirurgia da calota craniana,
da face e do sistema estomatognático; procedimentos em fissuras lábio-palatais; reabilitação protética e
funcional das doenças da calota craniana, da face e do sistema estomatognático; procedimentos para a avaliação
e o tratamento dos transtornos respiratórios do sono; assistência aos pacientes portadores de queimaduras;
assistência aos pacientes portadores de obesidade (cirurgia bariátrica); cirurgia reprodutiva; genética clínica;
- Para cada grupo de serviços de atenção primária (certo número de UBS) deve existir um serviço secundário de
referência (ambulatório de especialidades e hospital geral), da mesma forma para cada conjunto de serviços de atenção
secundária (grupo de hospitais) deve haver hospital e ambulatórios especializados de referência.
- Na maior parte dos estados, esses procedimentos foram historicamente contratados/conveniados junto aos serviços de
saúde, sejam privados com fins lucrativos, sejam filantrópicos ou universitários, conforme a oferta dos prestadores, e seu
acesso para a população sempre dependeu da procura espontânea e voluntária dos pacientes.
- Além do SISAB, temos os sistemas e-SUS AB para captar os dados, que é composto por dois sistemas de software
que instrumentalizam a coleta dos dados que serão inseridos no SISAB. São eles: 1) Coleta de Dados Simplificado
(CDS); 2) Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) e 3) Aplicativos (App) para dispositivos móveis, atualmente
disponível: app AD (Atenção Domiciliar).
- As possibilidades de utilização da estratégia se adaptam à realidade dos municípios, especialmente no que diz respeito
à informatização e à conectividade das UBS. Nas UBS onde os ambientes de atendimento (recepção, consultórios, sala
de procedimentos) contam com computadores, é possível a utilização do Sistema com PEC, mesmo sem acesso à
internet, que fornece informações individualizadas de cada um dos usuários da unidade e contém funcionalidades que
facilitam o dia a dia das equipes, como a organização das agendas dos profissionais que atuam na AB. As UBS que
possuem menos infraestrutura de informática poderão adotar o Sistema com CDS, em que as informações são
registradas em fichas de papel e depois digitadas no sistema. Já os municípios que já contavam com sistema próprio
podem transmitir seus dados a partir da integração dos dois softwares, de acordo com as orientações técnicas
disponíveis no site do e-SUS AB.
- Com o SISAB, será possível obter informações da situação sanitária e de saúde da população do território por meio de
relatórios de saúde, bem como de relatórios de indicadores de saúde por estado, município, região de saúde e equipe.
- O e-SUS AB pode ser utilizado por todos os profissionais e equipes de Atenção Básica.
- Repasse dos recursos: 1. Alimentação e atualização regular dos sistemas de informações que compõem a base
nacional de informações do SUS; 2. Conselho de Saúde instituído e em funcionamento 3. Fundo de Saúde instituído por
lei, categorizado como fundo público em funcionamento; 4. Plano de Saúde, programação anual de saúde e relatório de
gestão submetidos ao respectivo conselho de Saúde;
- 2 blocos: Bloco de Custeio das Ações e Serviços Públicos de Saúde OU Piso da AB fixo PAB fixo; e Bloco de
Investimento na Rede de Serviços Públicos de Saúde OU Piso da AB variável PAB variável.
- Bloco de Custeio: manutenção da prestação das ações e serviços públicos de saúde e ao funcionamento dos órgãos e
estabelecimentos responsáveis pela implementação das ações e serviços públicos de saúde. Fica vedada a utilização para
o pagamento de: servidores inativos; servidores ativos, exceto aqueles contratados exclusivamente para desempenhar
funções relacionadas aos serviços previstos no respectivo Plano de Saúde; gratificação de função de cargos
comissionados, exceto aqueles diretamente ligados às funções relacionadas aos serviços previstos no respectivo Plano de
Saúde; pagamento de assessorias/consultorias prestadas por servidores públicos pertencentes ao quadro do próprio
município ou do estado; e obras de construções novas, bem como reformas e adequações de imóveis já existentes, ainda
que utilizados para a realização de ações e/ou serviços de saúde → 2016 incremento.
- Bloco de Investimento: serão transferidos em conta corrente única, aplicados conforme definido no ato normativo
pactuado e publicado em portaria especifica, e destinar-se-ão, exclusivamente, à: aquisição de equipamentos; obras de
construções novas utilizados para a realização de ações e serviços públicos de saúde; e obras de reforma e/ou adequações
de imóveis já existentes utilizados para a realização de ações e serviços públicos de saúde. Fica vedada a utilização em
órgãos e unidades voltados, exclusivamente, à realização de atividades administrativas.
- Bloco de Financiamento: AB, media e alta complexidade, vigilância em saúde, assistência farmacêutica, gestão e
investimento na rede.
- ESF: Modalidade 1 é de R$ 10.695,00 a cada mês, por Equipe. O valor dos incentivos financeiros referentes às
Modalidade 2 é de R$ 7.130,00 a cada mês, por equipe. Ficam definidos os seguintes valores do incentivo financeiro
para o custeio das Equipes de Saúde Bucal: na Modalidade 1 R$ 2.230,00 e Modalidade 2 serão transferidos R$
2.980,00. Modalidade 1: município até 50 mil habitantes nos Estados da Amazônia Legal e até 30 mil habitantes nos
demais Estados do País; e não incluídos no estabelecido na alínea I e atendam a população remanescente de quilombos
ou residente em assentamentos de no mínimo, 70 pessoas, respeitado o número máximo de equipes por município,
publicado em portaria específica. Modalidade 2: não se enquadram nos critérios da Modalidade 1, por aumento da
população, deixar de ter direito ao valor da Modalidade 1, deverá ser realizada etapa de transição durante o ano da
mudança que busque evitar a perda nominal acentuada de recursos do Bloco de AB.
- 2017 Cálculo do teto máximo de equipes AB e de ESF: o Município e o Distrito Federal poderão fazer jus ao
recebimento de recursos financeiros específicos, conforme a seguinte fórmula: População/2.000.
Redes de atenção à saúde RAS:
- O SUS hoje: mais preparado para o manejo clínico das condições agudas do que para o manejo clínico das condições
crônicas, já que isso envolve o desenvolvimento de práticas de autocuidado, abordagens multiprofissionais e garantia de
continuidade assistencial, o que só pode ser obtido através de sistemas integrados.
- SUS hoje é sistema fragmentado, que dificulta o acesso, gera descontinuidade assistencial e compromete a
integralidade da atenção ofertada. Isso se manifesta como fragilidade na articulação entre as instâncias gestoras do
sistema e/ou entre essas e a gerência dos serviços; como desarticulação entre os serviços de saúde e/ou entre esses e os
de apoio diagnóstico e terapêutico; e, como desarticulação entre as práticas clínicas desenvolvidas por diferentes
profissionais de um ou mais serviços, voltadas a um mesmo indivíduo ou grupo de indivíduos.
- Grande desafio: construção de um sistema integrado, que, respeitando a autonomia de gestão de cada município,
consiga articular suas práticas em âmbito regional (regionalização), visando garantir uma atenção de qualidade e a
observância de boas práticas administrativas → estruturação de redes de atenção à saúde: consolidação de sistemas
de saúde integrados que favoreçam o acesso com continuidade assistencial, a integralidade da atenção e a
utilização racional dos recursos existentes.
- RAS MS: arranjos organizativos de unidades funcionais de saúde, pontos de atenção e apoio diagnóstico e
terapêutico, onde são desenvolvidos procedimentos de diferentes densidades tecnológicas que, integrados através
de sistemas de apoio e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado.
- Importância da APS como instância organizadora das RRAS e coordenadora do cuidado: no processo de
reordenamento de sistemas na perspectiva de estruturação das RRAS, o fortalecimento da APS configura-se
como a principal estratégia; assim as ações e as atividades de APS devem ser resolutivas, visando assegurar a redução
das iniquidades e garantir um cuidado em saúde de qualidade.
- APS: considerar as características e a diversidade da população de cada local e organizar-se respeitando as diretrizes:
territorialização com adscrição de clientela; organização do trabalho com base no perfil epidemiológico da população
adscrita; acolhimento do usuário com garantia de atendimento à demanda espontânea; análise de risco nos processos
assistenciais; e utilização de dispositivos diversos de gestão do cuidado em saúde, visando garantir a integração das
práticas e a continuidade assistencial.
- Para que a APS nas RRAS possa ser efetivamente organizadora do sistema de saúde e coordenadora do cuidado, há que
fazer grandes investimentos voltados a seu aprimoramento e medidas de caráter mais sistêmico. Essas iniciativas devem
contemplar: adequação da infraestrutura física e tecnológica das unidades de saúde já existentes; construção de novas
unidades onde houver necessidade; implantação de mecanismos de valorização e programas de desenvolvimento de seus
profissionais; aperfeiçoamento do processo gerencial em todas as unidades básicas de saúde existentes; implantação de
protocolos clínicos consensuados com as demais unidades componentes da RRAS e a incorporação permanente de
dispositivos relacionados à gestão do cuidado em saúde, com vistas a favorecer a integração das práticas profissionais e a
garantir a continuidade assistencial.
- Rede: 1. População: responsabilização sanitária, higiene; 2. Modelo de atenção: saúde ← doença; 3. Estrutura:
operacional e níveis de referência.
Redes de atenção à saúde RAS:
- O SUS hoje: mais preparado para o manejo clínico das condições agudas do que para o manejo clínico das condições
crônicas, já que isso envolve o desenvolvimento de práticas de autocuidado, abordagens multiprofissionais e garantia de
continuidade assistencial, o que só pode ser obtido através de sistemas integrados.
- SUS hoje é sistema fragmentado, que dificulta o acesso, gera descontinuidade assistencial e compromete a
integralidade da atenção ofertada. Isso se manifesta como fragilidade na articulação entre as instâncias gestoras do
sistema e/ou entre essas e a gerência dos serviços; como desarticulação entre os serviços de saúde e/ou entre esses e os
de apoio diagnóstico e terapêutico; e, como desarticulação entre as práticas clínicas desenvolvidas por diferentes
profissionais de um ou mais serviços, voltadas a um mesmo indivíduo ou grupo de indivíduos.
- Grande desafio: construção de um sistema integrado, que, respeitando a autonomia de gestão de cada município,
consiga articular suas práticas em âmbito regional (regionalização), visando garantir uma atenção de qualidade e a
observância de boas práticas administrativas → estruturação de redes de atenção à saúde: consolidação de sistemas
de saúde integrados que favoreçam o acesso com continuidade assistencial, a integralidade da atenção e a
utilização racional dos recursos existentes.
- RAS MS: arranjos organizativos de unidades funcionais de saúde, pontos de atenção e apoio diagnóstico e
terapêutico, onde são desenvolvidos procedimentos de diferentes densidades tecnológicas que, integrados através
de sistemas de apoio e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado.
- Importância da APS como instância organizadora das RRAS e coordenadora do cuidado: no processo de
reordenamento de sistemas na perspectiva de estruturação das RRAS, o fortalecimento da APS configura-se
como a principal estratégia; assim as ações e as atividades de APS devem ser resolutivas, visando assegurar a redução
das iniquidades e garantir um cuidado em saúde de qualidade.
- APS: considerar as características e a diversidade da população de cada local e organizar-se respeitando as diretrizes:
territorialização com adscrição de clientela; organização do trabalho com base no perfil epidemiológico da população
adscrita; acolhimento do usuário com garantia de atendimento à demanda espontânea; análise de risco nos processos
assistenciais; e utilização de dispositivos diversos de gestão do cuidado em saúde, visando garantir a integração das
práticas e a continuidade assistencial.
- Para que a APS nas RRAS possa ser efetivamente organizadora do sistema de saúde e coordenadora do cuidado, há que
fazer grandes investimentos voltados a seu aprimoramento e medidas de caráter mais sistêmico. Essas iniciativas devem
contemplar: adequação da infraestrutura física e tecnológica das unidades de saúde já existentes; construção de novas
unidades onde houver necessidade; implantação de mecanismos de valorização e programas de desenvolvimento de seus
profissionais; aperfeiçoamento do processo gerencial em todas as unidades básicas de saúde existentes; implantação de
protocolos clínicos consensuados com as demais unidades componentes da RRAS e a incorporação permanente de
dispositivos relacionados à gestão do cuidado em saúde, com vistas a favorecer a integração das práticas profissionais e a
garantir a continuidade assistencial.
- Rede: 1. População: responsabilização sanitária, higiene; 2. Modelo de atenção: saúde ← doença; 3. Estrutura:
operacional e níveis de referência.
Epidemiologia:
- Epidemiologia: ciência que estuda o processo saúde-doença, analisando a frequencia, distribuição populacional
(tempo, lugar, sexo, idade, profissão, etnia, permitindo comparações) e os fatores determinantes das enfermidades
(fatores de risco), danos à saúde e eventos associados a saúde coletiva (população especifica), e aplicando através de
estratégias especificas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, e promoção de saúde. Fornece indicadores que
sirvam de suporte ao planejamento, administração e avalição das ações de saúde (avaliação do impacto das ações e dos
serviços de saúde).
- Dois espaços interdependentes e nem sempre claramente delimitados: o do conhecimento/disciplina (que estuda a
saúde, a doença e os seus determinantes) e o da ação/instrumento (que produz e analisa informações, desenvolve
tecnologias e estratégias de prevenção, partindo do conhecimento dos fatores que a determinam e provendo subsídios
para a prevenção das doenças).
- Incidência: frequência de novos casos de uma determinada doença ou problema de saúde num determinado período de
tempo, oriundo de uma população sob-risco de adoecer no início da observação (x constante de base 10). Pode-se
deduzir que uma mesma doença pode incidir sobre um mesmo indivíduo mais de uma vez durante o período observado,
o que é denominado de incidência total, tal medida é muito utilizada para se calcular a incidência de doenças agudas.
Bastante utilizada em investigações etiológicas para elucidar relações de causa e efeito, avaliar o impacto de uma
política, ação ou serviço de saúde, além de estudos de prognóstico.
- Prevalência: número de casos existentes/totais de uma determinada doença em uma determinada população total e em
um dado momento, são os casos já existentes (antigos) somados aos casos novos, é alimentada pela incidência de casos.
Um dado instante: chamada de prevalência pontual ou instantânea. Num dado período: chamada de prevalência de
período. A prevalência só considera um evento de determinada doença por indivíduo, ou seja, se o indivíduo tiver
gripe por três vezes durante o ano, o evento só será contado uma vez, exceto se ele encontrar com gripe nos dois
momentos em que for mensurada a prevalência pontual para este agravo. É influenciada pelo número de óbitos, curas e
pelo fluxo migratório de indivíduos de uma área para outra. Utilizada para o planejamento de ações e serviços de saúde,
previsão de recursos humanos, diagnósticos e terapêuticos. Ressalta-se que a prevalência é uma medida mais adequada
para doenças crônicas ou de longa duração.
↑prevalencia: maior incidência da doença; melhor tratamento, prolongando a sobrevida do paciente, mas não o
levando à cura; a imigração de indivíduos doentes ou a emigração de indivíduos sadios.
↓: menor incidência da doença; cura por tratamento (principalmente nas doenças infecciosas); óbitos; a
imigração de indivíduos sadios ou a emigração de indivíduos doentes.
- Pandemia: ocorrência epidêmica caracterizada por larga distribuição espacial, atingindo várias nações, pode ser tratada
como uma série de epidemias localizadas em diferentes regiões e que ocorrem em vários países ao mesmo tempo. HIV,
EBOLA.
- Epidemia: ocorrência, numa comunidade ou região, de casos da mesma doença, em números que ultrapassam
nitidamente a incidência normalmente esperada; não está necessariamente associada a um elevado número de casos para
a doença (como é o caso da poliomielite, que foi erradicada do Brasil desde 1990), portanto um único caso autóctone
desta doença já pode ser considerado uma epidemia. Classificação de acordo com a velocidade de instalação, propagação
e desaparecimento, a sua duração e os mecanismos envolvidos no seu desaparecimento → epidemia por fonte comum:
é a epidemia na qual o agente etiológico pode ser veiculado pela água, alimentos ou pelo ar, permitindo a exposição de
um elevado número de indivíduos ao agente etiológico, portanto pode haver uma explosão de casos em um curto período
de tempo; normalmente a doença não é transmitida de pessoa para pessoa, e a velocidade de progressão da epidemia vai
depender das características do agente etiológico (período de incubação); epidemia progressiva ou programada: trata-
se de uma epidemia mais lenta, na qual a forma de transmissão provavelmente se dá de pessoa para pessoa. A
transmissão pode ser direta ou indireta (fômites ou vetores), ex: SIDA, sífilis.
- Endemia: presença constante de uma doença dentro dos limites esperados, em uma determinada área geográfica, por
um período de tempo ilimitado. Acontece quando há uma constante renovação de susceptíveis na comunidade e
exposições múltiplas e repetidas destes a um determinado agente. Ex: endemia da malária na Região Norte do Brasil.
- Surto: ocorrência epidêmica onde todos os casos estão relacionados entre si, atingindo uma área geográfica pequena e
delimitada, como vilas e bairros, ou uma população institucionalizada, como colégios, quartéis, creches, asilos.
Bioética clínica:
- Ramo da bioética que se ocupa do relacionamento entre paciente e o profissional da saúde. Prática diária:
1. Empatia
2. Transferência e regressão: a doença é uma forma de estresse que leva ativação de modos primitivos de
relacionamento e a transferência de expectativas, atitudes e sentimentos para seus relacionamentos adultos,
tornando o médico alvo da transferência uma vez que é nele depositado os sofrimentos e alívios do paciente.
3. Cuidados no exame físico: momento de intimidade na relação médico-paciente, no qual o paciente esta
apreensivo e as impressões sobre o médico, de cuidado, são fundamentais para confiança futura.
- Relação médico paciente: influenciada pela expectativa do paciente e do médico, relação de poder entre consultante e
consultado, fantasias do paciente durante a consulta, relacionadas ao fornecimento de informação acessível, ao tempo e
atenção adequados e à duração da consulta, como a posteriori, relacionadas ao sucesso do tratamento e à satisfação do
paciente. Ex: o paciente com síndrome do pânico, relata doença instalada, o bom diagnóstico é feito pela anamnese e boa
relação médico-paciente. Melhoria da qualidade do serviço de saúde, com personalização da assistência, humanização do
atendimento e direito a informação. Médico deve incorporar cuidados ao sofrimento do paciente, e, além do suporte
técnico-diagnóstico, se faz necessário uma sensibilidade para conhecer a realidade do paciente, ouvir suas queixas e
encontrar, junto com o paciente, estratégias que facilitem sua adaptação ao estilo de vida exigido pela doença.
Problemas que surgem na relação médico-paciente: a) a incompreensão por parte do médico das palavras utilizadas pelo
paciente para expressar a dor, o sofrimento; b) dificuldade de transmitir informações adequadas ao paciente; c) a
dificuldade o paciente na adesão ao tratamento.
- Fatores que prejudicam: tempo de consulta menor que o necessário; discrepância entre tempo de consulta e valor
pago; informações desejadas não fornecidas ao paciente pelo médico; insatisfação no resultado do tratamento; visão
mercantilista do médico, apenas como provedor de serviços e paciente apenas como cliente, deixando de lado visão
humanística da relação (paciente como garantia de sustento).
- Princípios: autonomia; beneficência, justiça e não maleficência.
- HumanizaSUS: tratamento humanitário.
- Influenciadores: escolaridade, religião, sexualidade, idade, regionalidade, estrutura.
Segurança do paciente:
- Reduzir ao mínimo aceitável a ocorrência de aciendtes.
- Portaria GM/MS nº 529/2013 institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) com o objetivo de
contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional.
- PROTOCOLOS BÁSICOS de segurança do paciente: 1. Identificação do paciente. 2. Prevenção de Úlcera por
pressão: devido longa permanência em hospitais e fatores de riscos como idade avançada e restrição ao leito. 3.
Segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos: destacar o grupo de medicamentos chamados de
potencialmente perigosos ou de alta vigilância, que possuem maior potencial de provocar dano no paciente quando existe
erro na sua utilização; reduzir erros humanos minimizando os lapsos de memória, promovendo acesso a informações
sobre os medicamentos e desenvolvendo padrões internos de treinamento; padronização de processos, o uso de recursos
de tecnologia da informação, educação permanente e o acompanhamento das práticas profissionais em todas as etapas do
processo que envolve o medicamento. 4. Cirurgia segura. 5. Pratica de higiene das mãos em serviços de saúde. 6.
Prevenção de quedas.
Mudança de PSF para ESF : O PSF é definido como PROGRAMA, visto que o termo programa aponta para uma atividade
com início, meio e fim. O ESF é uma ESTRATÉGIA de reorganização da atenção primária e não prevê um tempo para sua
finalização
-SRS(Superintendências e Gerências Regionais de Saúde) : Tem por finalidade garantir a gestão do Sistema Estadual de Saúde nas
regiões do Estado, assegurando a qualidade de vida da população ,competindo-lhe: implementar ,assegurar, coordenar,
monitorar ,avaliar e promover a saúde
-PPI(Programa Pactuada e Integrada):Tem por finalidade dar acesso a população aos serviços de saúde.Tem como objetivo organizar a
rede de serviços dando transparência aos fluxos estabelecidos
-CIR(Orgão de instância colegiada): Não é partidária,cujas decisões são tomadas por consenso,em conformidade com as disposições
estabelecidas pelo Pacto pela Saúde (2006)
Pacto pela Saúde 2006: O Pacto pela Saúde é um conjunto de reformas institucionais do SUS pactuado entre as três esferas
de gestão (União, Estados e Municípios) com o objetivo de promover inovações nos processos e instrumentos de gestão,
visando alcançar maior eficiência e qualidade das respostas do Sistema Único de Saúde.
Pacto pela vida: O Pacto pela Vida está constituído por um conjunto de compromissos sanitários, expressos em
objetivos de processos e resultados e derivados da análise da situação de saúde do País e das prioridades definidas
pelos governos federal, estaduais e municipais. Ex: 1. SAÚDE DO IDOSO, 2. CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E DE MAMA, 3.
MORTALIDADE INFANTIL E MATERNA, 4. DOENÇAS EMERGENTES E ENDEMIAS, COM ÊNFASE NA DENGUE, HANSENÍASE,
TUBERCULOSE, MALÁRIA E INFLUENZA, 5. PROMOÇÃO DA SAÚDE, 6. ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
Pacto em defesa do SUS: O Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articuladas pelas três instâncias
federativas no sentido de reforçar o SUS como política de Estado mais do que política de governos; e de defender,
vigorosamente, os princípios basilares dessa política pública, inscritos na Constituição Federal.
Pacto pela gestão: O Pacto de Gestão estabelece as responsabilidades claras de cada ente federado de forma a
diminuir as competências concorrentes e a tornar mais claro quem deve fazer o quê, contribuindo, assim, para o
fortalecimento da gestão compartilhada e solidária do SUS.