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Universidade Estadual de Maringá – UEM

Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – ANAIS - ISSN 2177-6350


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A RELAÇÃO ENTRE O EU E O OUTRO NA LITERATURA FANTÁSTICA DE


HOJE

Adriano Julio Nogueira (G-UNESP/ASSIS)


Ester Mirian Osório Rojas (UNESP/ASSIS)

Introdução

A literatura fantástica foi muitas vezes deixada de lado, por causa dos cânones de
uma literatura clássica, mesmo sendo uma literatura, de autores de prestigio, o grande
desafio sempre foi entendê-la, como uma arte que também é capaz de revelar algo a
mais ao leitor. Assim, o que buscaremos apresentar aqui, é uma leitura de como é o
fantástico nos dias de hoje, destacaremos como é a relação dos seres fantásticos e para
alcançar esse objetivo pensaremos na relação do “eu e o outro”.
Basicamente usaremos duas fontes teóricas. Uma sobre o fantástico, tendo como base
as idéias do escritor Todorov no seu livro Introdução à Literatura Fantástica, e os
conceitos de relações estudado por Bakhtin, principalmente nos que constam no livro
Estética da Criação Verbal. Nesse trabalho não se tratara de nenhum enredo fantástico
especifico, já que o foco é verificar como é a relação, do fantástico e dos seres fantástico
nos dias de hoje.
O que dizer de vampiros, lobisomens, bruxos, fantasmas e zumbis. Podemos passar o
artigo inteiro, citando as criaturas fantásticas que povoam essas obras. O fato é que
esses mitos estão intrínsecos em cada sujeito. Você pode não gostar dessas histórias, ou
de um mito propriamente dito, mas, isso não apaga o mito como expressão social. São
mitos justamente porque ultrapassam o tempo, viajam pelas épocas, são inacabados. Ora
o mito torna-se algo corrente em determinada época, ora é esquecido. São enunciados
que sempre retornam com novas roupagens.
Pensando assim, os mitos figuram basicamente num coletivo, num contexto que
indica também a sociedade da época. Tudo tem uma base nas questões ideológicas, e
por consequência, como algo do social e de uma época, dialógico. Esses mitos são
regidos socialmente, estando sempre num circulo de relações, o sujeito em sua época
que dialoga com esses mitos e os mitos que dialogam com os próprios mitos, cria-se um
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contraponto daquilo que é o estético e esta diante do leitor, e o ético e real numa
compreensão social. O senso lúdico é que define aquilo como algo aceitável ou não a
cada sujeito.
O escritor, Todorov, afirma que é preciso uma aceitação ou não da obra. O leitor
aceitando essa literatura, com o estético posto ali, vai acreditar em vampiros,
lobisomens, fantasmas e qualquer outra criatura fantástica. Deste modo, não basta o
escritor criar sua obra, ele precisa tentar fazer que haja a aceitação do leitor. Para isso
ele segue o enunciado da época, faz uma leitura social, a fim de descobrir qual mito
fantástico cabe melhor naquele momento, desta forma, surge à literatura fantástica da
nossa época.
Ao tratar então desses enunciados faremos algumas reflexões a partir das idéias do
filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin. O que define aquilo que será vinculado, nos
enunciados de determinada época? Se for o sujeito, é ele que no alto de sua necessidade
de vir a ser, determina quais serão os diálogos na sociedade de tempos em tempos. Tal
postura deixa evidente a necessidade das relações, do eu mais um outro.
Tudo isso faz com que entendamos aquilo que vem sendo produzido na literatura e
no cinema. O sujeito de hoje, absorve e produz discursos, que servem de base para uma
construção fantástica, essa seria a razão pela qual um mito esteja aparecendo com maior
frequência, sendo fruto daquilo que o próprio leitor ou telespectador pensa, vê e sente
no seu mundo em determinada época.
Na literatura então teremos obras que reapresentam um mito, criando uma
segmentação desse mesmo mito. É isso que faz com que outros escritores escrevam
sobre o mesmo mito, ou faz o próprio leitor buscar livros com a mesma temática. E
nessa busca, ele recupera alguns escritores e obras, de outra época que não a sua. Cria-
se então circularidade, ou seja, dialogismo.
No cinema o que ocorre é a revitalização das obras literárias. Ou seja, o cinema se
preocupa com o enunciado vigente, revitalizando as obras com os mitos. Pensamos
nessa idéia revitalizadora porque acreditamos que o termo adaptação cria juízo de valor,
o que não cabe quando se trata de obras artísticas e expressões artísticas. Cada gênero é
importante, e tem sua função social. O cinema então revela por uma outra ótica esses
mesmos mitos que estão sendo apresentados na literatura. E, se o sujeito busca outras
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obras literárias com as mesmas temáticas, o mesmo faz no cinema, criando assim um
dialogo entre as obras e os sujeitos, deste modo, vemos a circularidade entre literatura,
cinema e sujeito. Relação continua entorno de uma mesma questão, o mito fantástico
que estiver corrente na época.
Essa segmentação cria, por determinado tempo, uma necessidade por essas obras
fantásticas caracterizadas principalmente pela literatura e o cinema, elas encontram um
lugar certo na sociedade e por sua vez no circulo das relações. Ao definir assim, a arte
no tempo, nos deparemos com a idéia principal que é o fantástico nos dias de hoje, e,
para chegar a isso precisamos entender como esse gênero funciona.

1 - Conceitos fantásticos

O termo fantástico abrange obras que mexem profundamente com os sujeitos,


positiva ou negativamente. Como já dito, quando é positiva cria-se uma ligação entre
obra e leitor, no qual tudo que é posto ali se torna aceitável. Agora quando essa
aceitação é negativa acontece por sua vez o afastamento. Tal fato pode-se dizer que
ocorre em todas as artes, mas no fantástico, por se tratar de um mundo regido
diferenciadamente muitos procuram uma ligação na realidade pura, o que não é possível
acontecer na maioria dessas obras.
Essas obras exigem que seja aceito novas regras de mundo, que é necessário para que
surja uma zona de contato (BAKHTIN, 1990, p. 414) entre leitor e obra, e essa seja
efetiva. Assim, o leitor que aceita essas obras precisa acreditar em tudo que a obra
apresenta. O que faz com que ele interaja com essas novas regras de mundo e o mito
apresentado. Acreditar e aceitar passam a ser as palavras-chave para entender essa
forma literária. Todorov trata desses assuntos antes de tratar o gênero em si. Vejamos
então nas próprias palavras do Todorov:

Em um mundo que é o nosso, que conhecemos, sem diabos,


sílfides, nem vampiros se produz um acontecimento impossível
de explicar pelas leis desse mesmo mundo familiar. Que percebe
o acontecimento deve optar por uma das duas soluções
possíveis: ou se trata de uma ilusão dos sentidos, de um produto
de imaginação, e as leis do mundo seguem sendo o que são, ou o
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acontecimento se produziu realmente, é parte integrante da


realidade, e então esta realidade está regida por leis que
desconhecemos. (TODOROV, 1981, p. 15)

A partir disso Todorov apresenta duas idéias básicas, servindo para uma melhor
compreensão. Uma que dará conta dos sujeitos que não aceitam essas obras, e outra que
trata de quem aceita. São eles o estranho e o maravilhoso. O entendimento desses temas
é fundamental, para sabermos, como uma mesma obra pode ter uma ligação diferente
entre sujeitos distintos. Ligados socialmente por uma mesma época, mas, com ligações
ideológicas diferentes.
O estranho trata do sujeito que não aceita essas obras. Para eles as ordens do mundo
continuam iguais, nada muda, e ele não aceita essa obra por isso. Pois, ele consegue
explicar tais fenômenos sociais, como aceitar vampiros ou lobisomens, se seu senso
lúdico diz que isso não existe no mundo real. A obra não é mais nada do que algo
estranho, pois provoca o estranhamento nesse sujeito. “Se decidir que as leis da
realidade ficam intactas e permitem explicar os fenômenos descritos, dizemos que a
obra pertence a outro gênero: o estranho.” (TODOROV, 1981, p. 24)
Outro elemento é o maravilhoso. Por consequência, esse dá conta dos sujeitos que
aceitam essas obras. O que acontece é uma comprovação, de que existem outras regras
que regem o mundo, e por consequência a sociedade. Regras que podem identificar
aquilo como algo real. O sujeito que aceita essa obra sempre a entende como algo
natural, e por isso esse maravilhoso causa o efeito esperado nele. “Se, pelo contrário,
decide que é necessário admitir novas leis da natureza mediante as quais o fenômeno
pode ser explicado, entramos no gênero do maravilhoso.” (TODOROV, 1981, p. 24)
Essas idéias possuem outras divisões, mas, não trataremos aqui, já que o que importa
é entender principalmente esses sujeitos distintos. Um que lê toma contato com a obra,
mas, não provoca movimento social. E aquele que também toma contato, mas, responde
a arte com a vida e por sua vez, consegue criar tal movimento. Esse leitor circular, e por
assim dialógico, é capaz de ter uma visão de mundo aberta para novas leituras, não
somente das artes, senão para fazer novas leituras do mundo e da época que está
vivendo.
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São muitas as relações socialmente possíveis, somos vários “eu” e vários “outro”,
com idéias diferentes, ideologias diferentes, e que se relacionam. Os enunciados
também são diversos, compreender esses é muito importante. Porém, entender a ligação
desses nas obras artísticas, nos autores e nos leitores, aqui será mais importante. Pois,
não existe uma única visão sobre uma época, ou sobre um mito. O que interfere
realmente é o enunciado mais usado em determinadas épocas e as relações, por fim, do
“eu” e o “outro”.

2 - Eu e o outro

Como existir socialmente sem essa relação? Não é possível, existimos e nos
constituímos como seres, porque existe essa relação. É uma aliança, um circulo sem
fim, de relações e de troca de conhecimentos, assim tentamos nos constituirmos como
pessoas com ideologias, e, que não existe porque só pensa, existe porque dialoga com o
seu outro e, vive socialmente inserido. Seres inacabados num mundo inacabado, com
mitos inacabados, com artes inacabadas.
Sabemos que pessoas com formação social ideológica diferente, convivem nesse
mesmo circulo. Porém, as relações mais efetivas se dão, sem dúvida, entre pessoas com
idéias e ideologias iguais. Vejamos duas pessoas, uma que acredita num estranho, e
uma que acredita num maravilhoso, estas possuem uma visão de mundo diferenciada.
Um não deixara de existir por isso, pois fazem parte de um corpo social, o que segue é
somente um embate ideológico.
Na arte quem deve criar esse desafio, é o autor e artista. É ele que transporta o ético
para o estético, a fim de criar embates, por sua vez inevitáveis, pois já vimos que podem
existir dois tipos de leitores das obras fantásticas. Nessa criação ele deve imaginar quem
será o público e leitores alvos. Para determinar seu material de trabalho, existe então a
relação do autor com um “auditório virtual” (BAKHTIN, 1930, p.5). Nesse ele imagina
todas as situações possíveis.
Do outro lado, tem então o leitor. Esse deve compreender a arte com a vida, podendo
aceita-la ou não, isso move sua condição de inacabado. Para não deixar que a arte fique
inerte na sociedade é preciso que o sujeito compreenda isso. “Pelo que vivenciei e
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compreendi na arte, devo responder com minha vida para que o todo vivenciado e
compreendido nela não permaneçam inativos” (BAKHTIN, 2003, p. XXXIII; XXXIV).
Sabemos que deve existir o apoio mutuo entre autor e leitor. Para que haja aceitação e
por sua vez, compreensão a fim de criar discursos na sociedade, para que esses sirvam
de compreensão, de um momento distinto.
Robert Stam apresenta essa idéia de forma bem clara. Vejamos o que ele fala nesse
trecho sobre essa relação:

Bakhtin argumenta que cada um de nós ocupa um lugar e um


tempo específicos no mundo, e que cada um de nós é
responsável, ou “respondível” por nossas atividades. Essas
atividades ocorrem nas fronteiras entre o eu e o outro, e,
portanto, a comunicação entre as pessoas tem uma importância
capital. O eu, para Bakhtin, não é autônomo nem monádico, o
cogito autocriador de Descartes; em vez disso, existe somente
em dialogo com outros eus. O eu necessita da colaboração de
outros para poder definir-se e ser “autor” de si mesmo. (STAM,
1992, p. 17)

Assim, cada eu e cada outro, só se constituem por causa do seu ponto de contato. O
que torna tudo inacabado por sua vez. É tratar o outro, como coisa integrante de si
mesmo, pensar que sem esse contato, não existiria nenhum outro. Nossa relação é
definida para nós, e definimos o outro e os objetos. Quando isso é arbitrário modifica
nossa relação e as determinidades do mundo. Pensando no fantástico, por exemplo,
quando nossa ligação é aleatória, perdemos nossa relação principal, e não nos
constituímos na sociedade.

O que na vida, na cognição e no ato chamamos de objeto


definido só adquire determinidade na nossa relação com ele: é
nossa relação que define o objeto e sua estrutura e não o
contrário; só onde a relação se torna aleatória de nossa parte,
meio caprichosa, e nos afastamos da nossa relação de principio
com as coisas e com o mundo, a determinidade do objeto resiste
a nós como algo estranho e independente e começa a
desagregar-se, e nós mesmos ficamos sujeitos ao domínio do
aleatório, perdemos a nós mesmo e perdemos também a
determinidade estável do mundo. (BAKHTIN, 2003, p. 4)
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Os mitos que povoam o fantástico é o alimento para as obras, fazendo parte das
relações sociais. Devendo ser seguido pelos enunciados de determinada época. São
esses enunciados, como já dito, que determina o mito que estará sendo usado com mais
frequência, em determinadas épocas. Os discursos e enunciados hoje, privilegiam um
mito vampirico. Servindo de material para escritores, diretores e produtores de filmes.
Assim, o que essa relação gera é um dialogismo com outros mitos, e com o próprio mito
no decorrer dos tempos.

3 - Variações dentro de um mito

Temos então o mito corrente na nossa época, o vampirico. Esse mito não é o mesmo
desde sua criação, ele é inacabado e assim, sofre adequação no decorrer dos tempos. O
vampiro retratado por Bram Stocker publicado no romance Drácula (STOCKER,
1897), ou o retratado por E.T.A. Hoffimann, não é o mesmo de hoje. Esses vampiros
possuíam o desejo de sangue e o desejo de matar, que era a característica primordial
desses seres fantásticos. Assim, eles não poderiam ser heróis.
Essa idéia de vampiro herói, nos é dada na modernidade. O que mudou as
características desses seres, ou melhor, ocorreu na adequação do mito à nossa época.
Para isso foi preciso uma mudança, o vampiro precisou ser retratado não como, violento
e sanguinário, mas, como mocinho e bom. Sua forma é retratada como algo natural. O
fato é que esse vampiro que conhecemos, sofre de uma crise existencial, e por isso ele
tenta se adequar socialmente. Deixando de ser vilão, passando a se tornar mocinho.
Desse modo, autores como Charlaine Harris, L. J. Smith ou Stephenie Meyer, criam
seres vampirico, que representam essa mudança. Seres que não tem o interesse em suas
imortalidades, preferindo respeitar uma ordem social ao invés de respeitarem suas
próprias condições como seres diferenciados. Isso também pode ser visto no cinema
como em filmes como Anjos da Noite (WISEMAN, 2003) ou nas diversas revitalizações
que as obras desses mesmos autores sofreram, tanto no cinema, quanto em seriados de
televisão.
Essa adequação do mito traz consigo algo muito interessante que é a questão de
quando se trata isso, uma obra é capaz de mudar a interpretação, e no nosso caso, de um
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mito. O sentido anterior, não é apagado. Surgindo conforme o interesse pelo mito
retorna. Visto isso, temos o retrato do Drácula no filme Van Helsing (SOMMERS,
2004). Nesse o vampiro não é bonzinho, e é obvio, pois, o vilão é o próprio Drácula.
Podendo então ter variações desse tipo, vemos que os enunciados estão em todos os
momentos dialogando, com tudo que está no social. Essa enunciação pode ser vista na
obra do Todorov:

A evolução segue aqui um ritmo muito diferente: toda obra


modifica o conjunto das possibilidades; cada novo exemplo
modifica à espécie. Poderia dizer-se que estamos frente a uma
língua na qual tudo o que é enunciado torna-se àgramatical no
momento de sua enunciação. (TODOROV, 1981, p. 6)

Algo interessante, encontramos também, na obra de determinado mito que trata de


outro mito. Por exemplo, num livro ou num filme de vampiros, lobisomens serão
sempre vilões. Salvo Van Helsing (SOMMERS, 2004), como já dito, por causa do
Drácula. Em obras como Harry Potter (ROWLING, 1997), todos os sete livros,
concentram a maioria dos seres fantásticos, no nosso tempo. Na obra Harry Potter
(ROWLING, 1997), tem ainda a questão, dos lobisomens como seres superiores,
enquanto, os vampiros existem como sendo seres pequenos e sem importância.
Temos a partir disso, as relações entre os mitos. E as variações que essas relações
trazem. Nos diários do Vampiro (SMITH, 1991) também existe uma ligação dialógica,
entre os mitos, que é bem interessante. Nessa obra não serão vampiros, nem lobisomens,
mas, sim vampiros e bruxos. E como esses convivem entre si, não da pra saber se são
amigos ou inimigos, se ajudam em determinados casos, mas conservam uma certa
insegurança uns com os outros.
E mesmo em obras como Os vampiros sulinos (HARRIS, 2008), ou se preferirmos o
mesmo livro revitalizado num seriado, True Blood (BALL, 2008). Ainda sendo a obra
vampirica de nossa época com cenas de maior impacto e violência, ainda, conserva a
mudança na caracterização do vampiro. Essa obra também é interessante por que mostra
alguns mitos gregos. E claro sem esquecer a forma intrigante, das construções feitas
pela autora das personagens.
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Certas ligações são necessárias para entendermos o movimento circular que os mitos
conservam. O mito decorrente é sem dúvida, na literatura fantástica e no cinema, o
vampiro. Isso já aconteceu em outras épocas, agora o fenômeno se repete. Assim
sabemos que num outro momento esses mitos estarão escondidos, até que tornem a
surgir novamente em outras circunstancias, com outras ideologias, com outras
caracterizações, e por sua vez, com outros discursos e construindo novos diálogos.
Enquanto os autores explorarem esses mitos, cabe ao leitor definir a hora que o discurso
precisa mudar, no nosso caso, na literatura fantástica.
Portanto, todas as relações entre eu e o outro que encontramos na literatura fantástica
nos dias de hoje, provêem dos mitos decorrentes, adequados para nossa época. O que
faz com que haja diferenciações entre um mito, e os outros que constam no social. Esse
movimentar entre sujeito, arte e mito é a expressão máxima de um vir a ser. Cabe ao
sujeito e leitor, decidir qual caminho escolher, para compreensão e aceitação dessas
obras, que já constam num repertorio social, como representação dos enunciados da
nossa época.

Referências

BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. 4.ed. Martins Fontes. São Paulo.
2003. Trad. de Paulo Bezerra.
_____.Estrutura do enunciado. 1930. [Trad. Ana Vaz], Para fins didáticos.
_____.Questões de Literatura e de Estética: a Teoria do Romance. [Trad. Aurora
Bernadini et al]. São Paulo: Hucitec, 1990.
STAM, Robert, Bakhtin, Da teoria literária à cultura de massa. São Paulo: Ática, 1992.
TODOROV,Tzevtan. Introdução à Literatura Fantástica. São Paulo: Pespectiva,2007.

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