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Resgate
A brigada de incêndio da fábrica tentou retirar o trabalhador, mas não conseguiu resgatar o corpo.
O Corpo de Bombeiros chegou à fábrica da Schincariol por volta das 14h30. O trabalhador George
estava preso no silo, apenas com a cabeça para fora da cevada.
“A equipe da fábrica chegou afastar um pouco os grãos, mas não conseguiu salvar o rapaz. Ele já
estava morto quando chegamos. Tentamos retirá-lo pela janela lateral do silo, mas foi impossível,
porque muito material continuava caindo das paredes”, relatou o tenente Márcio Tenório. Márcio
Tenório explicou que foi preciso subir até o topo do silo, que tem aproximadamente 50 metros de
altura, e descer amarrado a um cabo de aço para desenterrar o trabalhador. “Passei cerca de três
horas para conseguir liberar a vítima. O cabo de aço levantou o corpo cerca de dez metros e o
restante da equipe conseguiu puxar-nos pela janela de comunicação entre os silos”, concluiu o
oficial.
Morte
De acordo com o perito do Instituto de Medicina Legal (IML), Alcides Buarque, que realizou a perícia
do corpo, o rapaz morreu por asfixia mecânica (quando algo provoca o sufocamento da pessoa).
Declaração da empresa
O grupo Schincariol divulgou nota oficial através de sua assessoria de Imprensa, lamentando o
ocorrido. Segundo a nota, a prioridade da direção da fábrica é apoiar a família, através de
“assistência social e funeral, bem como a liberação do fundo de seguro de vida para os familiares
dele”. O comunicado ainda alega que George “passou por treinamentos de integração, tomando
conhecimento das normas e procedimentos de segurança da companhia”.
Inquérito policial
A Polícia Civil vai instaurar inquérito para apurar o acidente.
Como ocorreu o acidente
1-Por volta das 14 h, o trabalhador entrou no silo 2 de cevada para fazer varrição na instalação
2-A cevada acumulada nas paredes do silo caiu de repente e soterrou-o. A brigada de incêndio da
fábrica tentou retirá-lo por uma janela entre os silos, mas ele ficou preso.
3-Um bombeiro precisou descer amarrado a um cabo de aço pelo topo do silo para alcançar a
vítima. Depois de 3 horas de trabalho, o bombeiro conseguiu desenterrá-lo e já estava morto e içar
o corpo.
Comentário:
Definição de Espaços Confinados
É qualquer área não projetada para ocupação contínua, à qual tem meios limitados de entrada e
saída, e na qual a ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes perigosos e/ou
deficiência/enriquecimento de oxigênio que podem existir ou se desenvolverem.
Os acidentes fatais ou não fatais envolvendo ambientes confinados revelaram dados alarmantes:
■ Em 100% dos casos o ambiente não foi analisado;
■ Em 95% dos casos não havia um plano de resgate;
■ Em 85% dos casos não havia programa de treinamento para a entrada em espaços confinados
(permissão de acesso);
■ Em 65% dos casos os executantes não sabiam sequer de que se tratava de um espaço confinado;
■ Em 60% dos casos fatais, ocorreram mais de uma morte vitimando pessoas que tentavam resgatar
colegas;
Causa - Sufocamento
Todo trabalho realizado em espaço confinado deve ser acompanhado por supervisão capacitada
para desempenhar as seguintes funções:
a) emitir ordem de bloqueio dos espaços confinados antes do início das atividades;
b) executar os testes, conferir os equipamentos e os procedimentos contidos na Permissão de
Entrada;
c) cancelar a Permissão de Entrada quando necessário;
d) manter o monitoramento e a contagem precisa do número de trabalhadores autorizados no
espaço confinado e assegurar que todos saiam ao término dos trabalhos;
e) permanecer fora do espaço confinado mantendo contato permanente com os trabalhadores
autorizados;
f) adotar os procedimentos de emergência e resgate quando necessário;
g) operar os equipamentos de movimentação ou resgate de pessoas;
h) ordenar o abandono do espaço confinado sempre que reconhecer qualquer indício de situação
não prevista ou quando não puder desempenhar efetivamente suas tarefas;
i) emitir ordem de liberação dos espaços confinados após o término dos serviços
Observação final
Silos
O revestimento interno dos silos deve ter características que impeçam o acúmulo de grãos, poeiras
e a formação de barreiras.
Se a empresa atendesse as recomendações das normas e principalmente o conhecimento de
histórico de ocorrências de acidentes de sufocamento em silos (artigos técnicos), o trabalhador não
sofreria o acidente fatal.
Histórico:
Trabalhador morre soterrado por flocos de milho
Em 15 de Janeiro de 2001, por volta das 19 h, em Campo Erê, no Extremo-oeste do Estado de Santa
Catarina, o trabalhador Claudinei , 21 anos, trabalhava no silo de uma cooperativa, quando foi
vítima de uma avalanche de flocos de milho.
Corpo de Bombeiros
O Corpo de Bombeiros de Chapecó foi acionado e chegou ao local por volta de 21 horas. O
trabalhador ficou preso debaixo de mais de 4 metros de flocos de milho e acabou sendo sufocado
pelo produto.
Causa
Segundo informações obtidas pelo Corpo de Bombeiros no local do acidente, Claudinei Tibber
estava remexendo e soltando os flocos, quando ocorreu deslizamento e boa parte do material se
deslocou de forma rápida e violenta, impedindo que ele fugisse.
Resgate
Na tentativa de resgatá-lo com vida, os bombeiros e funcionários da cooperativa trabalharam
durante toda a madrugada. O corpo só foi encontrado e retirado da montanha de flocos de milho no
início da manhã seguinte, mais de 12 horas depois do acidente.
Fonte: A Noticia - Joinville - 19 de Janeiro de 2001
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