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- O Direito, de acordo com Luis Legaz y Lacambra, é uma forma de vida social que realiza um
ponto de vista sobre a justiça, mediante um sistema de legalidades dotado de um valor autárquico
(1961, p. 246). O principal ponto de vista sobre a justiça neste trabalho é o Direito Penal, ramo que
regula o poder punitivo do Estado através de um conjunto de normas sistematizadas, controladoras
dos delitos e das penas (JESUS, 2003, p. 5). O Direito Penal é considerado a ultima ratio (último
recurso) do poder punitivo do Estado, só devendo intervir em ataques absolutamente graves a bens
juridicamente protegidos. Mencionando Montesquieu, o pensador italiano setecentista, Cesare
Beccaria, ilumina: “Toda pena que não derive da necessidade absoluta [...] é tirânica” (2005, p. 42).
As penas 2 são os instrumentos político-jurídicos mais violentos de regulação social. Em meio à
extensa diversidade do rol destes instrumentos (pena de morte, prisão perpétua, multa, restrições de
direitos), o exercício punitivo que interessa à dissertação é o da pena de prisão, um espaço de
custódia e suplício do réu, destituidora da liberdade de ir e vir. (p. 14)
- Direito também pode ser amplamente conceituado, como já debatido na Introdução deste trabalho,
mas para este capítulo do estudo caberá a definição lógica e objetiva: “um conjunto de normas de
conduta social, imposto coercitivamente pelo Estado, [...] segundo os critérios de justiça” (NADER,
2003, p. 74). É claro que estes critérios de justiça não são necessariamente justos, como veremos ao
longo do estudo. (p. 69)
- A literatura das prisões não só revela uma diversidade de tipos humanos absurda, como também
reproduz um novo discurso a partir da visão daqueles que estão fora do sistema /dentro das prisões
23 . Invariavelmente os personagens da Literatura de Cárcere são etiquetados pela sociedade e pelos
dispositivos penais como criminosos capazes de subverter uma ordem estabelecida através de um
caos desestabilizador da estável relação de poder entre o hipossuficiente homem e o omnipresente
Estado. (p. 87)