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Michael Lowy
A estrela
A estrela
manha
da manhã
Surrealismo ee marxismo
Surrealismo marxismo
TRADU<;AO DE
TRADUÇÃO DE
Eliana Aguiar
Eliana Aguiar
CIVILlZAÇAO
Q
CIVILIZA(:,\O BHASILEIHA
iiiiiiiiiiiim
iiiiiiiiiiiiiii
HHASILElllA
Rio de
Rio de Janeiro
Janeiro
2002
2002
COPYRIGHT©
COPYRIGHT © Michael L6wv.
Michael Lowv. 2002
2002
TfTULO ORIGINAL
TfTULO ORIGINAL
L'Etoile du
L'Etoile du matin
matin -- Surréa/isme
Surrcalisme et
et marxisme
marxisme Sumario
Sumário
CAPA
CAPA
Evelyn Grumach
Eve/yn Grumacb
PROJETO GRAFICO
PROJETOGRÁFICO
Evelyn Grumach
Eve/yn Grumach ee João de Souza
]oiio de Souza Leite
Leite
ENCARTE
ENCARTE
EC Design
EG Design /I Fernanda
Fernanda Garcia
Garcia
OP-BRASIL. CAT
CIP-BRASIL. CATALOGAçAO-NA-FONTE
ALOGA<;:AO-NA-FONrE
SINDICATO NACIONAL
NACIONAL DOS
DOS EDITORES
ED ITO RES DE
DELlIVROS,
IVROS, RJ
RJ Romper aa gaiola de aço
gaiola de aco 77
SINDICATO Romper
Lowy, Michael,
Lowy, Michael, 1938-
1938-
L956e
L956e
A estrela
A estrela da
da manhã:
rnanha: surrealismo marxismo /I Michael
surrealismo ee marxismo Michael A estrela
A estrela da
da manhã:
manha: oo mito
mito novo
novo do
do romantismo
romantismo ao
ao surrealismo
surrealismo 21
21
Lowy; tradução
L6wy; rraducao dede Eliana
Eliana Aguiar.
Aguiar. -- Rio
Rio de
de Janeiro: Civili-
Janeiro: Civili-
zacao Brasileira,
zação 2002.
Brasileira, 2002. oO marxismo
marxismo libertário
libertario de
de André
Andre Breton
Breton 29
29
Traducao de:
Tradução de: L'Étoile
L'Etoile du
du matin:
matin: surréalisme
surrealisrne et
et marxisme
marxisme
lnclui bibliografia
Inclui bibliografia Walter Benjamin
Walter Benjamin ee oo surrealismo:
surrealismo: história
hist6ria de
de um
um encantamento
encantamento re-
re-
ISBN 85-200-0573-X
ISBN 85-200-0573-X volucionario 37
volucionário 37
1. Marxismo
Marxismo ee literatura.
literatura. 2.
2. Surrealismo
Surrealismo -- Aspectos
Aspectos políti-
politi-
1.
cos. L
I. Título.
Tftulo. lI.
II. Título:
Titulo: Surrealismo
Surrealismo ee marxismo.
marxismo.
Pessimismo revolucionário:
Pessimismo revolucionario: Pierre
Pierre Naville
Naville ee oo surrealismo
surrealismo 55
55
cos.
CDD -- 335.4
CDD 335.4 oO romantismo noir de
romantismo noir de Guy
Guy Debord
Debord 77
77
02-1194
02-1194 CDU -- 330.85
CDU 330.85
Vincent Bounoure:
Vincent Bounoure: aa espada cravada na
espada cravada na neve
neve ou
ou oo espírito
espirito que
que que-
que-
bra mas
bra mas não
nao dobra
dobra 89 89
oO surrealismo
surrealismo depois de 1969
depois de 1969 97
97
Todos os
Todos os direitos
direitos reservados.
reservados. Proibida
Proibida aa reprodução, armazenamento ou
reproducao, armazenamento ou
transrnissao de
transmissão de partes
partes deste
deste livro,
livro, através
atraves de
de quaisquer
quaisquer meios, sem prévia
meios, sem previa Glossario
Glossário 105
105
aurorizacao por
autorização escrito.
por escrito.
Notas
Notas 115
115
Direitos desta
Direitos desta edição
edicao adquiridos
adquiridos
EDITORA CIVILIZAÇÃO
EDITORA CIVILIZA<;AO BRASILEIRA
BRASILEIRA
Um selo
Um selo da
da citada
Bibliografia citada
Bibliografia 121
121
DISTRIBUIDORA RECORD
DISTRIBUIDORA RECORD DE DE SERVIÇOS
SERVIc;:os DEDE IMPRENSA
IMPRENSA S.A.S.A.
Rua Argentina
Rua Argentina 171
171 -- Rio
Rio de
de Janeiro,
Janeiro, RJ
RJ -- 20921-380
20921-380 -- Te!':
Tel.: 2585-2000
2585-2000 Anexo
Anexo 127
127
PEDIDOS PELO
PEDIDOS PELO REEMBOLSO
REEMBOLSO POSTAL
POSTAL Notas acerca
acerca do
do movimento
movimento surrealista
surrealista no
no Brasil
Brasil (da
(da década
decada de
de
Caixa Postal
Postal 23.052
23.052 -- Rio
Rio de
de Janeiro,
Notas
Caixa RJ -- 20922-970
Janeiro, RJ 20922-970
1920 aos dias de hoje) - Sergio Lima
1920 aos dias de hoje) - Sergio Lima 129 129
lmpresso no
Impresso no Brasil
Brasil
2002
2002
55
Romper aa gaiola
Romper aco
de aço
gaiola de
Anny Banin,
Anny Bonin, Borra
Borra de
de café:
cafe. Triângulos, mina de
Tridngulos, mina de grafite, 1998.
grafite, 1998. Anny Banin, Borra de cafe: Mu/heres, bestas e passaros, mina de grafite 1998.
Bonin, Borra
Anny de café: Mulheres, bestas e pássaros, mina de grafite 1998.
77
o surrealismo
O surrealismo nao não e,é, nunca
nunca foifoi ee nunca
nunca seraserá uma
uma escola
escola litera-
literá-
ria ou um grupo de artistas, mas propriamente
ria ou um grupo de artistas, mas propriamente um movimento um movimento
de
de revolta
revolta do espírito ee uma
do espirito uma tentativa
tentativa eminentemente
eminentemente subver-subver-
siva
siva de
de re-encantamento
re-encantamento do do mundo,
mundo, isto isto e,
é, de
de restabelecer,
restabelecer, no no
coração da
coracao da vida
vida humana,
humana, os os momentos
momentos "encantados"
"encantados" apaga-apaga-
dos pela civilizacao burguesa: a poesia, a paixao,
dos pela civilização burguesa: a poesia, a paixão, o amor-lou- o amor-lou-
co,
co, aa imaginacao,
imaginação, aa magia, magia, oo mito,
mito, oo maravilhoso,
maravilhoso, oo sonho,sonho, aa
revolta,
revolta, aa utopia.
utopia. Ou,Ou, sese assim
assim oo quisermos,
quisermos, um protesto con-
um protesto con-
tra
tra aa racionalidade
racionalidade limitada,
limitada, oo espirito
espírito mercantilista,
mercantilista, aa logica
lógica
mesquinha, o realismo rasteiro de nossa sociedade
mesquinha, o realismo rasteiro de nossa sociedade capitalista- capitalista-
industrial,
industrial, ee aa aspiracao
aspiração utopica
utópica ee revolucionaria
revolucionária de de "mudar
"mudar aa
vida". E
vida". É uma
uma aventura
aventura ao ao mesmo tempo intelectual
mesmo tempo intelectual ee passional,
passional,
poli tica ee magi
política mágica,ca, poetica
poética ee onirica,
onírica, que
que comecou
começou em em 1924
1924 masmas
que esta bem
que está bem longe de ter dito suas ultimas
longe de ter dito suas últimas palavras. palavras.
Se
Se vivemos, como tão bem demonstrou Max
vivemos, como tao bem demonstrou Max Weber,*
Weber, * em em
um
um mundo
mundo que que sese tornou
tornou uma verdadeira gaiola de
uma verdadeiragaio/a aço -
de aco - ouou
seja, uma
seja, uma estrutura
estrutura reificada
reificada ee alienada
alienada que que encerra
encerra os os indivf-
indiví-
duos
duos nasnas "leis
"leis dodo sistema"
sistema" comocomo em em uma prisão -,
uma prisao -, oo sur-
sur-
realismo e
realismo é o martelo encantado que nos permite romper as
o martelo encantado que nos permite romper as
grades para ter acesso à liberdade. Se a civilização burguesa eé
grades para ter acesso a liberdade. Se a civilizacao burguesa
por excelencia,
por segundo oo mesmo
excelência, segundo sociólogo alernao,
mesmo sociologo alemão, oo uni- uni-
9
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LÕWY
A
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHÃ:
DA MANHA: SURREALISMO
SURREALISMO E
E MARXISMO
MARXISMO
verso da
verso da Rechnenhaftigkeit,
Reehnenhaftigkeit, oo espírito do cálculo
espfrito do racional -
calculo racional- Ora, aa experiência
Ora, experiencia da da deriva,
deriva, tal tal como
como era era praticada
praticada pelos pelos
aa medida
medida quantitativa de perdas
quantitativa de perdas ee lucros
lucros -, surrealismo ée oO
-, oo surrealismo surrealistas ee pelos
surrealistas situacionistas, ée um
pelos situacionistas, um alegre passeio fora
alegre passeio fora das
<las
punhal aguçado
punhal agucado que
que permite
permite cortar
cortar os
os fios
fios dessa
dessa teia
teia de
de ara-
ara- pesadas coações
pesadas coacoes do do reino
reino da da Razão
Razao instrumental.
instrumental. Como Como ob- ob-
nha aritmética.
nha aritmetica,
servava
servava Guy Debord, as
Guy Debord, as pessoas pessoas que se
que se entregam a deriva
entregam à deriva "re- "re-
Com excessiva
Com frequencia, reduziu-se
excessiva freqüência, reduziu-se oo surrealismo
surrealismo aa pin-
pin- nunciam, por um periodo mais
nunciam, por um período mais ou menos longo, ou menos longo, àsas razões
razoes para para
turas, esculturas ou coletaneas de poemas. Ele inclui
turas, esculturas ou coletâneas de poemas. Ele inclui todas estas todas estas se deslocar
se deslocar ee agir que elas
agir que elas conhecem
conhecem geralmente
geralmente (... ( ... )) para
para se se
manifesta�6es,
manifestações, mas mas é,e, em
em última
ultima instância,
instancia, algo
algo indefinível,
indefinfvel, deixarem levar
deixarem levar pelas
pelas solicitações
solicitacoes do do terreno
terreno ou ou dos
dos encontros
encontros
que escapa àa racionaliza�6es
que escapa racionalizações de de leiloeiros
leiloeiros oficiais, de colecio-
oficiais, de colecio- que aa ele
que ele correspondem"
correspondem" (Debord (Debord 1956).1956).
nadores, de arquivistas e de
nadores, de arquivistas e de entomólogos. O surrealismo ée
entom6logos. O surrealismo De uma forma lúdica e irreverente, aa deriva
De uma forma ludica e irreverente, deriva rompe
rompe com com
sobretudo, e antes de tudo, um certo estado
sobretudo, e antes de tudo, um certo estado de espírito. de espfrito. UmUm os princípios
os princfpios mais mais sacrossantos
sacrossantos da da modernidade
modernidade capitalista,
capitalista,
estado de
estado de insubmissao,
insubmissão, de de negatividade,
negatividade, de de revolta,
revolta, que retira
que retira com as
com as leis
leis de de ferro
ferro do do utilitarismo
utilitarismo ee com com as as regras
regras
sua força
sua forca positiva erotica ee poética
positiva erótica poetica das <las profundezas
profundezas cristali-
cristali- onipresentes da
onipresentes da Zweekrationalitiit.
Zioechrationalitat, Ela Ela pode tornar-se, gra-
pode tornar-se, gra-
nas do inconsciente, dos abismos insones
nas do inconsciente, dos abismos insones do desejo, do dos poços
desejo, dos po�os �as as virtudes magicas de ta! ato de ruptura,
ças às virtudes mágicas de tal ato de ruptura, um passeio en- um passeio en-
magicos do princfpio do prazer, <las rmisicas
mágicos do princípio do prazer, das músicas incandescentes incandescentes cantado no
cantado no reino
reino da da Liberdade,
Liberdade, com com oo acaso
acaso como
como única unica
da imagina�ao. Esta postura do espirito
da imaginação. Esta postura do espírito está presente esta presente não nao bussola.
bússola.
apenas nas
apenas nas "obras"
"obras" -- que que povoam
povoam museus museus ee bibliotecas
bibliotecas _- Sob certos
Sob certos aspectos,
aspectos, aa deriva
deriva pode pode ser
ser considerada
considerada herdeiraherdeira
mas igualmente nos jogos, nos
mas igualmente nos jogos, nos passeios, nas
passeios, nas atitudes, nos com-
atitudes, nos com- da perambulacao do seculo XIX pois,
da perambulação do século XIX pois, como observa Walter como observa Walter
portamentos. A deriva e um
portamentos. A deriva é um belo exemplo belo disso.
exernplo disso. Benjamin em
Benjamin em seuseu Livre
Livre desdes passages
passages parisiens,
parisiens, "a"a ociosidade
ociosidade
Para compreender melhor o alcance
Para compreender melhor o alcance subversivo subversivo da da deriva,
deriva, perambulante ée um
do perambulante
do um protesto
protesto contracontra aa divisão
divisao dodo trabalho"
trabalho"
voltemos mais
voltemos mais umauma vez
vez aa Max
Max Weber.Weber. A A quintessência
quintessencia da da ci-
ci- (1989). Todavia,
(1989). Todavia, ao ao contrário
contrario destedeste último,
ultimo, oo "derivante"
"derivante" não nao
vilizacao ocidental moderna
vilização ocidental moderna é, segundoe, segundo ele, a
ele, a ação-racional-em-
a�ao-racional-em- eé mais
mais prisioneiro
prisioneiro do do fetichismo
fetichismo da da mercadoria,
mercadoria, do do imperati-
imperati-
finalidade (Z.Weckrationalitat), a racionalidade
finalidade (Zweekrationalitat), a racionalidade instrumental. instrumental. Ela Ela vo consumista
vo consumista -- mesmo mesmo se se lhe
lhe acontecer
acontecer de de comprar
comprar um um
impregna completamente a vida de nossas
impregna completamente a vida de nossas sociedades e mol- sociedades e mol- achado em uma
achado uma barraca
barraca ou de entrar entrar em um bistrô.bistro. Ele não nao
da cada
da cada gesto,
gesto, cada
cada pensamento,
pensamento, cada cada comportamento.
comportamento. O O esta hipnotizado
está hipnotizado pelo pelo brilho
brilho das <las vitrines
vitrines ee das
das prateleiras,
prateleiras, mas mas
movimento dos indivfduos na rua
movimento dos indivíduos na rua é um bom exemplo:e um born exernplo, semsern mantem seu olhar
mantém olhar alhures.
ser tao ferozmente regulamentado quanto
ser tão ferozmente regulamentado quanto o das formigas o <las ver-
formigas ver- Sem objetivo
Sem objetivo ee semsem razão,
razao, sem sem Zweek
Zweck ee semsem rationalitat:
rationalitat:
melhas, ele nao e menos estritamente
melhas, ele não é menos estritamente orientado para orientado para objeti-
objeti- eis em
eis em duas
duas palavras
palavras oo significado
significado profundo
profundo da da deriva,
deriva, que que
vos racionalmente determinados. Vai-se
vos racionalmente determinados. Vai-se sempre "a algum sempre "a algum tern oo dom
tem <lorn misterioso
misterioso de de nos
nos devolver,
devolver, de de uma
uma só s6 vez,
vez, oo sen-sen-
lugar", sempre apressado para acertar um "neg6cio",
lugar", sempre apressado para acertar um "negócio", dirigin- dirigin- tido da liberdade. Esta experiencia da liberdade
tido da liberdade. Esta experiência da liberdade produz uma produz uma
do-se para
do-se para oo trabalho
trabalho ou ou para
para casa:
casa: nada
nada dede gratuito
gratuito nono mo-
mo- especie de
espécie de embriaguez,
embriaguez, uma uma exaltação,
exaltacao, um um verdadeiro
verdadeiro "esta- "esta-
vimento browniano das
vimento browniano das multidões. multidoes, do dede graça".
graca". Revela
Revela umauma face
face escondida
escondida da da realidade
realidade -- ee de de
do
11 o
0 11 11
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LÓWY A
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHA:
DA MANHÃ: SURREALISMO
SURREALISMO E
E MARXISMO
MARXISMO
nossa própria
nossa realidade. As
pr6pria realidade. As ruas,
ruas, os
os objetos, os passantes,
objetos, os re-
passantes, re- Ferdinand Alquié
Ferdinand Alquie não nao se
se enganava
enganava ao ao insistir,
insistir, em
em sua
sua
pentinamente aliviados
pentinamente aliviados dada cobertura
cobertura de de chumbo
chumbo do do razoável,
razoauel, Philosophie du
Philosophie du surréalisme,
surrealisme, sobre sobre aa contradição
contradicao entre entre oo
aparecem sob
aparecem sob outra luz, tornam-se
outra luz, tornam-se estranhos,
estranhos, inquietantes,
inquietantes, àsas historicista de
racionalismo historicista
racionalismo de Hegel
Hegel eeaa alta
alta exigência
exigencia moral
moral que
que
vezes engraçados.
vezes Eles nos
engracados, Eles nos provocam
provocam angústia,
angustia, masmas também
tarnbem os surrealistas. Mas ele nao considera
inspira os surrealistas. Mas ele não considera a distinção, já
inspira a distincao, ja
jubilo.
júbilo. operada pelo
operada hegelianos de
pelo hegelianos de esquerda
esquerda no no século
seculo XIX,
XIX, entre
entre sis-
sis-
Tudo leva
Tudo leva aa crer,
crer, escrevia
escrevia Debord,
Debord, "que
"que oo futuro
futuro precipi-
precipi- metodo no
tema ee método
tema no autor
autor dada Fenomenologia
Fenomenologia do espirito. A
do espírito. A ten-
ten-
tara aa mudança
tará irreversivel do
rnudanca irreversível comportamento ee do
do comportamento do cenário
cenario tativa de
tativa de Alquié
Alquie dede eliminar
eliminar Hegel
Hegel ee Marx
Marx substituindo-os
substituindo-os por por
da sociedade
da sociedade atual. Um dia,
atual. Um dia, cidades
cidades serão
serao construídas
construfdas para se
para se e
Descartes e Kant,
Descartes substituindo a dialetica pela transcendencia
Kant, substituindo a dialética pela transcendência
derivar". Atividade de um mundo futuro, a deriva
derivar". Atividade de um mundo futuro, a deriva não seria nao seria ee pela metafisica,
pela metafísica, nãonao poderia senao passar
poderia senão passar ao ao largo
largo do
do essen-
essen-
tarnbern protegida
também protegida por uma tradicao
por uma arcaica mesmo
antiga, arcaica
tradição antiga, mesmo cial. O
cial. O próprio reconhecc, para
Alquie reconhece,
proprio Alquié para lamentá-Io,
lamenta-lo, que que "Breton
"Breton
-
- aa das
das atividades
atividades gratuitas
gratuitas que caracterizam as
que caracterizam as sociedades
sociedades levado aa sublinhar
foi levado
foi sublinhar aa estrutura
estrutura hegeliana
hegeliana das<las análises
analises de
de Marx,
Marx,
ditas primitivas?
ditas primitivas? aa esclarecer ea valorizar Marx atraves de Hegel".
esdarecer e a valorizar Marx através de Hegel". Ele reconhe- Ele reconhe-
ce que oo autor
tarnbern que
ce também autor dos
dos Manifestos
Manifestos do do surrealismo "sempre
surrealtsmo "sempre
A abordagem
A abordagem surre surrealista
alista eé {mica
única pela grandeza ee audácia
pela grandeza audacia condenou aa transcendência
condenou transcendencia ee aa metafísica".
metaffsica". Mas Mas pretende
pretende fa- fa-
de sua
de sua ambição:
ambicao: nada nada menos
menos que que superar
superar as as oposições estati-
oposicoes estáti- zer abstração
zer abstracao dodo "conteúdo
"conteudo explícito
explicito das<las fórmulas"
formulas" de de Breton,
Breton,
cas, cuja
cas, cuja confrontação
confrontacao nutre nutre ha tempo oo teatro
longo tempo
há longo teatro de
de som-
som- em de uma
nome de uma interpretação
em nome bastante arriscada do
interpretacao bastante arriscada do "espíri- "espiri-
bras da cultura: materia e espfrito,
bras da cultura: matéria e espírito, exterioridade exterioridade ee to" dos
to" dos textos
textos (Alquié 1977, p,
(Alquie 1977, p. 145).
145).
interioridade, racionalidade
interioridade, racionalidade ee irracionalidade,
irracionalidade, vigília
vigflia ee sonho,
sonho,
passado ee futuro,
passado sagrado ee profano,
futuro, sagrado profano, arte arte ee natureza.
natureza. Não Nao sese Os reunidos neste
ensaios reunidos
Os ensaios neste volume,
volume, sejaseja oo seu
seu objeto
objeto "his-
"his-
trata, para
trata, para oo surrealismo,
surrealismo, de de uma
uma pobre "sfntese", mas
pobre "síntese", mas dessa
dessa torico" ou
tórico" contemporaneo, têm
OU contemporâneo, tern por
por intenção
intencao fazer
fazer valer
Valer aa
operacao forrnidavel que e designada, na dialetica
operação formidável que é designada, na dialética hegeliana, hegeliana, atualidade das ideias, dos valores, dos mitos
atualidade das idéias, dos valores, dos mitos e dos sonhos e dos sonhos
como uma
como uma Aufhebung:*
Aufhebung:* aa negação/conservação
negacao/conservacao dos dos contrá-
contra- surrealistas.
surre O fio
alistas. O fio vermelho
vermelho ee negro que os
negro que os atravessa
atravessa ée aa ques-
ques-
rios ee sua
rios sua superacao
superação em em direção
direcao aa um um nível
nfvel superior.
superior. tao sempre
tão apaixonante da
sempre apaixonante da revolução.
revolucao. Para Para osos astrônomos,
astr6nomos,
Como Breton
Como afirmou, desde
sempre afirmou,
Breton sempre desde o o Segundo
Segundo Manifes-
Manifes- 1727, aa revolução
desde 1727,
desde revolucao éeaa rotação
rotacao de de um
um corpo
corpo aoao redor
redor dede
to do surrealismo ate seus ultimas escritos,
to do surrealismo até seus últimos escritos, a dialética hege-a dialetica hege- seu eixo. Para o surrealismo, reuoluctio significa
seu eixo. Para o surrealismo, revolução significa exatamente exatamente
liana-marxista esta no coracao da filosofia
liana-marxista está no coração da filosofia do surrealismo. do surrealismo. oO contrário: trata-se de
contrario: trata-se de interromper
interromper aa rotação
rotacao monótona
mon6tona da da
Ainda em
Ainda em 1952,
1952, em em Entretiens,
Entretiens, ele ele não
nao deixava
deixava nenhuma
nenhuma ocidental ao
civilizacao ocidental
civilização ao redor
redor de
de si
si mesma,
mesma, de de romper
romper este
este eixo
eixo
duvida aa esse
dúvida esse respeito:
respeito: o o método
metodo de de Hegel "colocou na
Hegel "colocou indi
na indi- de uma vez
de uma vez por todas ee criar
por todas possibilidade de
criar aa possibilidade de um
um outro
outro
todos os
gencia todos
gência outros. Onde
os outros. Onde aa dialética
dialetica hegeliana
hegeliana não nao fun-
fun- de um movimento livre e
movimento, de um movimento livre e harmônico, de uma
movimento, harrnonico, de uma
ciona, nao ha, para mim, pensamento, esperanca
ciona, não há, para mim, pensamento, esperança de verdade" de verdade" civilizacao da
civilização da atração apaixonada. A
atracao apaixonada. A utopia
utopia revolucionária
revolucionaria ée
(Breton 1969, p.
(Breton 1969, 152).
p. 152). aa energia musical deste
energia musical deste movimento
movimento (Surr 1996).
(Surr 1996).
11 2 11 3
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LÓWY A
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHÃ
DA MANHA: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
A maioria
A maioria destes
destes textos
textos foi foi publicada
publicada em em revistas
revistas utopistas no
utopistas no pós-guerra;
pos-guerra, aa tentativa
tentativa de de aproximação
aproximacao com com os os
surrealistas, especialmente em Praga, Madri
surrealistas, especialmente em Praga, Madri e Estocolmo. A e Estocolmo. A no curso dos anos 1949-1953;
anarquistas no curso dos anos 1949-1953; o Manifesto dos
anarquistas o Manifesto dos
inclusao de
inclusão de ensaios
ensaios aa respeito
respeito de de certos
certos personagens
personagens não nao per-
per- 121 pelo
121 direito àa insubmissão
pelo direito insubmissao naArgélia
na Argelia eeaa participação
participacao ativa ativa
tencentes diretamente ao surrealismo - mas
tencentes diretamente ao surrealismo - mas que nem por isso que nem por isso nos movimentos
nos movimentos de de Maio
Maio de de 68,
68, por fim. Durante
por fim. Durante todostodos esses
esses
deixaram de
deixaram de tirar
tirar dele
dele uma
uma parteparte dede sua
sua força subversiva
forca subversiva anos, oo grupo
anos, surrealista recusou-se
grupo surrealista recusou-se obstinadamente
obstinadamente aa esco- esco-
(Walter Benjamim, Guy Debord)
(Walter Benjamim, Guy Debord) - visa a sugerir - visa a sugerir laços
laces de de lher entre
lher entre oo "mundo
"mundo ocidental"
ocidental" -- isto isto é,
e, as
as potências
potencias impe-
impe-
"afinidade eletiva"
"afinidade eletiva" que que se se podem estabelecer entre
podem estabelecer entre oo rialistas - e o
rialistas - e o pretenso "campo socialista"
pretenso "campo socialista" - ou seja, oo - ou seja,
surrealismo ee outras
surrealismo outras expressões
express6es críticas
criticas dodo pensamento
pensamento con- con- totalitarismo stalinista.
totalitarismo stalinista. O 0 mesmo
mesmo não nao pode
pode ser
ser dito
dito da
da maio-
maio-
temporaneo. Os
temporâneo. Os dois
dois últimos
ultimas capítulos tratam da
capitulos tratam da continua-
continua- ria dos
ria dos intelectuais
intelectuais "engajados".l
"engajados". 1
s;ao do
ção do surrealismo
surrealismo depoisdepois de de 1969,
1969, data
data da da tentativa
tentativa de de Se tantos
Se tantos pensadores marxistas -- como
pensadores marxistas como Pierre
Pierre Naville,
Naville,
dissolucao do movimento por alguns de seus
dissolução do movimento por alguns de seus animadores Gean animadores (jean Carlos Walter Benjamin,
Mariategui, Walter Benjamin, Guy Debord, dis-
Jose Carlos Mariategui,
José Guy Debord, dis-
Schuster, Jose Pierre, Gerard Legrand etc.).
Schuster, José Pierre, Gérard Legrand etc.). O principal 0 principal ini- ini- cutidos neste
cutidos neste livro
livro -- ficaram
ficaram fascinados
fascinados pelopelo surrealismo,
surrealismo, foi foi
ciador da
ciador da continuação
continuacao da da aventura
aventura em em Paris
Paris foi
foi oo poeta
poeta ee compreenderam que
porque compreenderam
porque que eleele representava
representava aa mais mais alta
alta ex-
ex-
ensafsta Vincent
ensaísta Vincent Bounoure,
Bounoure, falecido
falecido emem 1996;
1996; suasua obstinação,
obstinacao, pressao do
pressão do romantismo
romantismo revolucionário
revolucionario no no século
seculo XX. XX. Por Por
necessariamente contra a corrente,
necessariamente contra a corrente, encontrou eco, encontrou eco, todavia,
todavia, "romantismo revolucionário"
"romantismo revolucionario" entendo entendo aa vasta
vasta corrente
corrente de de
nao apenas em Paris, mas tambem em outras
não apenas em Paris, mas também em outras partes da Euro- partes da Euro- cultural contra a civilizacao capitalista
protesto cultural contra a civilização capitalista moderna, que
protesto moderna, que
pa ee do
pa do mundo.
mundo. Hoje,
Hoje, no no ano 2000, encontra-se,
ano 2000, encontra-se, por exern-
por exem- se inspira
se inspira emem certos
certos valores
valores do do passado
passado pré-capitalista,
pre-capitalista, mas mas
plo, uma
plo, uma atividade
atividade surrealista
surrealista coletiva
coletiva em em Paris,
Paris Praga,
Praga que antes de
aspira antes
que aspira de tudo
tudo aa umauma utopia
utopia revolucionária
revolucionaria nova- nova-
Chicago, Estocolmo, Madri, Sao
Chicago, Estocolmo, Madri, São Paulo e Leeds. Paulo e Leeds. ' ' desde Rousseau e Fourier ate os surrealistas e
desde Rousseau e Fourier até os surrealistas e os situacionistas. os situacionistas.
A maioria
A maioria dosdos ensaios
ensaios publicados
publicados nesta nesta coletânea
coletanea tratamtratam O laço
O profundo entre
laco profundo entre oo romantismo
romantismo ee oo surrealismo,
surrealismo, alta- alta-
da filosofia
da filosofia política
polttica do do surrealismo
surrealismo ee de de sua
sua relação
relacao com com oo mente reivindicado
mente reivindicado por Breton, manifesta-se
por Breton, manifesta-se não nao apenas
apenas em em
marxismo. A
marxismo. A adesão
adesao dos dos surrealistas
surrealistas ao ao materialismo
materialismo históri-
histori- temas como
temas como oo mito mito novo,
novo, mas mas nono conjunto
conjunto dos dos sonhos,
sonhos, das<las
co, solenemente
co, solenemente afirmada
afirmada por por Breton
Breton no no Segundo
Segundo Manifesto,
Manifesto, revoltas ee das
revoltas <las utopias
utopias do do movimento.
movimento. O 0 que
que oo surrealismo
surrealismo
marcou profundamente a hist6ria do movimento
marcou profundamente a história do movimento ee particu- particu- com Friedrich
partilha com Friedrich Schlegel
partilha e Novalis, com
Schlegel e Novalis, com Victor Hugo Victor Hugo
larmente aquela de seu posicionamento
larmente aquela de seu posicionamento político. São conhe-polf tico. Sao conhe- ee Petrus
Petrus Borel/
Borel," com com Mathew
Mathew Lewis Lewis ee Charles
Charles Maturin,
Maturin, com com
cidos os
cidos os principais
principais momentos
momentos desse desse percurso:
percurso: aa entrada
entrada no no William Blake"
William Blake" ee Samuel
Samuel TaylorTaylor Coleridge,
Coleridge, ée aa tentativa
tentativa in- in-
Partido Comunista
Partido Comunista Francês
Frances em em 1927;
1927; aa ruptura
ruptura com com oo comu-
cornu- tensa, por
tensa, vezes desesperada,
por vezes desesperada, de de re-encantar
re-encantar oo mundo
mundo -- de- de-
nismo stalinista por ocasiao
nismo stalinista por ocasião do Congressodo em Defesa
Congresso em Defesa da Cul- da Cul- certo não
certo nao através
atraves da da religião,
religiao, comocomo em em tantos
tantos românticos,
rornanticos, mas mas
tura de
tura de 1935;
1935; aa visita
visita de
de Breton
Breton aa Trotski
Trotski no no México
Mexico em em 19381938 pela poesia.
pela Uma tentativa inseparavel, para
poesia. Uma tentativa inseparável, para os surre alistas, os surrealistas,
eea fundacao da
a fundação da Fiari (Federacao I,nternacional
Fiari (Federação Internacional de de Arte
Arte Revo-
Revo- da luta revolucionaria da
transforrnacao revolucionária
pela transformação
da luta pela da sociedade
sociedade (L6wy(Lowy
lucionaria Independente)'~;
lucionária Independente)*; aa redescoberta
redescoberta de de Fourier
Fourier ee dos dos ee Sayre 1992).
Sayre 1992).
11 44 11 55
MICHAEL LÓWY
MICHAEL LOWY AA ESTRELA
ESTRELA DAMANHÃ:
DA MANHA: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARX IS MO
Pierre Naville
Pierre Naville oferece
oferece aa particularidade
particularidade de de ter
ter sido
sido ao
ao futuro. Por
futuro. Por que esta aposta
que esta seria então
aposta seria en tao melancólica?
melanc6lica? O 0 argu-
argu-
mesmo tempo um dos fundadores do
mesmo tempo um dos fundadores do surrealismo e, surrealismo e, alguns
alguns mento de
mento de Daniel
Daniel Bensa"idé
Bensaid e de de uma
uma impressionante
impressionante lucidez:lucidez:
anos mais tarde, da Oposicao Comunista
anos mais tarde, da Oposição Comunista de Esquerda de Esquerda os revolucionários,
os revolucionarios, escreve escreve ele ele -- Blanqui,
Blanqui, Benjamin,
Benjamin, Trotski
Trotski
("trotskista"). * Se sua passagem pelo movimento
("trotskista"). * Se sua passagem pelo movimento surrealista surrealista ou Guevara-, tern a consciencia aguda
ou Guevara -, têm a consciência aguda do perigo, o senti- do perigo, o senti-
foi relativamente
foi relativamente breve
breve -- 1924-1929
1924-1929 -,-, eleele não
nao deixou
deixou de de mento da
mento da recorrência
recorrencia do do desastre.
desastre. Nada Nada ée mais
mais estranho
estranho ao ao
desempenhar um papel importante
desempenhar um papel importante na guinada na de
guinada de Breton ee
Breton revolucionario melancólico
revolucionário melanc6lico que que aa féfe paralisante
paralisante em em umum pro-
pro-
de seus
de seus amigos
amigos em em direção
direcao ao
ao marxismo
marxismo ee ao ao engajamento
engajamento necessario, em
gresso necessário,
gresso em umum futuro
futuro garantido.
garantido. Pessimista,
Pessimista, ele ele se
se
politico. Tanto para Pierre Naville quanta para Walter
político. Tanto para Pierre Naville quanto para Walter Benja- Benja- recusa, a capitular, a dobrar-se diante
porem, a capitular, a dobrar-se diante do fracasso. Sua
recusa, porém, do fracasso. Sua
min, o ponto de encontro, o lugar de convergencia
min, o ponto de encontro, o lugar de convergência mais pro- mais pro- utopia e aquela do
utopia é aquela do princípio
principio de resistencia àa catástrofe
de resistência catastrofe pro-
pro-
funda entre o surrealismo e o comunismo era
funda entre o surrealismo e o comunismo era o pessimismo o pessimismo vavel (Bensa"id1997).
vável (Bensaid 1997).
reuolucionario.
revolucionário. Seo marxismo foi foi um
um aspecto decisivo do
aspecto decisivo do itinerário
itinerario polí-
poli-
Se o marxismo
Este pessimismo
Este pessimismo nãonao quer dizer, ée mais
quer dizer, mais que
que evidente, acei-
evidente, acei- tico do
tico do surrealismo
surrealismo -- sobretudosobretudo durantedurante os os vinte
vinte primeiros
primeiros
tacao resignada
tação resignada do
do pior:
pior: significa
significa que nao confiamos
que não confiamos nono "curso
"curso anos do movimento -, ele esta longe
anos do movimento -, ele está longe de ser exclusivo. Desdede ser exclusivo. Desde
natural da
natural da história",
hist6ria", que
que nos
nos preparamos
preparamos para nadar na
para nadar na aa origem
origem do do movimento,
movimento, uma uma sensibilidade
sensibilidade libertária
libertaria percor-
percor-
contracorrente,
contracorrente, sem certeza de vit6ria. Nao
sem certeza de vitória. Não é a crença e a crenca re oo pensamento
re pensamento político politico dos dos surrealistas.
surrealistas. É E evidente
evidente parapara
teleologica em um triunfo rapido e certo que motiva
teleológica em um triunfo rápido e certo que motiva o revo- o revo- conforme tento
Breton, conforme
Breton, tento demonstrar
demonstrar em em umum dos
dos trabalhos
trabalhos aqui
aqui
lucionário, mas aa convicção
lucionario, mas conviccao profundamente enraizada de
profundamente enraizada de que
que reunidos, mas vale tambern para a
reunidos, mas vale também para a maioria dos outros. maioria dos outros.
nao se pode viver como um ser humano digno
não se pode viver como um ser humano digno desse nome desse nome Benjamin Péret
Benjamin Peret ée umum daqueles
daqueles cuja cuja obra
obra resplandece
resplandece des- des-
sem combater
sem combater com
com pertinácia
pertinacia ee vontade
vontade inabalável
inabalavel aa ordem
ordem sa luz
sa luz dupla, vermelha ee negra.
dupla, vermelha negra. EleEle é, e, sem
sem dúvida,
duvida, de de todos
todos os
os
estabelecida.
estabelecida. surrealistas, oo mais mais engajado
engajado na na ação
acao política
polf tica nono seio
seio dodo mo-
mo-
surrealistas,
Em um
Em um ensaio
ensaio dede 1977,
1977, publicado
publicado nana revista
revista Surrealisme,
Surrealisme, vimento e revolucionario marxista,
operario e revolucionário marxista, primeiramente
vimento operário primeiramente
Vincent Bounoure insistia na ideia de que a
Vincent Bounoure insistia na idéia de que a revolta ou revolta ou aa ação
a�ao como comunista,
como comunista, em em seguida (durante os
seguida (durante os anos 30), como
anos 30), como
revolucionaria nao dependem,
revolucionária não dependem, para sua
para sua justificação, de
justificacao, de seu seu trotskista ee finalmente,
trotskista finalmente, no no pós-guerra,
pos-guerra, como como marxista
marxista revo-
revo-
sucesso. Se e a vitoria que legitima o combate, entao
sucesso. Se é a vitória que legitima o combate, então se deve- se deve- lucionario independente.
lucionário independente. Não Nao ée porpor acaso
acaso que
que no no tempo
tempo de de
ria concluir,
ria concluir, escrevia
escrevia ele,
ele, que
que "Babeuf
"Babeuf errou, Ravachol errou,
errou, Ravachol errou, sua estada
sua estada nana Espanha, durante aa Guerra
Espanha, durante Guerra Civil,
Civil, eleele escolheu
escolheu
Delescluze errou, Trotski errou, Guevara errou"
Delescluze errou, Trotski errou, Guevara errou" (Bounoure (Bounoure combater o fascismo nas fileiras da coluna
combater o fascismo nas fileiras da coluna libertária dirigi libertaria dirigida
da
1999, p.
1999, p. 226).
226). Buonaventura Durruti. *
por Buonaventura Durruti. *
por
Ideias análogas
Idéias analogas podem
podem ser ser encontradas
encontradas no no recente
recente livro
livro Isso se
Isso se manifesta
manifesta tambémtambem em em seusseus escritos
escritos políticos
politicos ouou
de Daniel Bensaid, Le Pari melancolique, o
de Daniel Bensai"d,Le Pari mélancolique: o engajamento engajamento po- po- hist6ricos. Um
históricos. Um exemplo interessante ée seu
exemplo interessante seu notável
notavel ensaio
ensaio de
de
litico revolucionario nao e baseado em uma "certeza
lítico revolucionário não é baseado em uma "certeza científi- cientffi- 1955-56 sobre
1955-56 sabre Palmares,
Palmares, uma uma comunidade
comunidade de de negros
negros
ca" progressista qualquer,
ca" progressista qualquer, masmas emem uma
uma aposta arrazoada no
aposta arrazoada no (fugitivos) do Nordeste brasileiro
quilombolas (fugitivos) do Nordeste brasileiro que resistiu, ao que resistiu, ao
quilombolas
11 6 11 7
MICHAEL LOWY
MICHAEL LOWY A ESTRELA
A ESTRELA DAMANHÃ:
DA MANHA: SURREALlSMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
longo de
longo de todo
todo oo século
seculo XVII,
XVII, às as expedições holandesas ee
expedicoes holandesas formula utópica
antiga fórmula
antiga saint-sirnoniana (retomada
ut6pica saint-simoniana (retomada por por
portuguesas que
portuguesas que tentavam
tentavam dar dar um
um fim fim àquele reduto de
aquele reduto de Marx), Péret
Marx), Peret afirma
afirma queque oo regime interior de
regime interior de Palmares
Palmares se se
insubmissos. A
insubmissos. A "República
"Republica Negra Negra de de Palmares"
Palmares" só s6 seria
seria vencida
vencida mais da administracao dos
aproximava mais da administração dos bens do que do go-
aproximava hens do que do go-
em 1695,
em 1695, com com aa morte
morte de de seus
sens últimos
ultimos defensores
defensores ee de de seu
seu verno
verno de de pessoas.
pessoas.
ultimo chefe, Zumbi
último chefe, Zumbi (Péret 1999).2 (Peret 1999). 2
AA obra
obra dede Péret,
Peret, como
como aa dede Breton
Breton -- ee como
como aa de de muitos
muitos
A interpretacao destes
A interpretação destes acontecimentos poracontecimentos Peret ée in-
por Péret in- outros membros
outros membros do do movimento,
movimento, sem sem esquecer
esquecer as as declarações
declaracoes
dubitavelmente marxista,
dubitavelmente marxista, mas mas seu sen marxismo
marxismo distingue-se
distingue-se por por ee os
os panfletos coletivos -, mostra
panfletos coletivos -, mostra que, no terreno propria-
que, no terreno propria-
uma sensibilidade
uma sensibilidade libertária
libertaria que que dáda ao
ao livro
livro umum alcance
alcance ee umauma mente político,
mente politico, oo surrealismo
surrealismo conseguiu, atraves de
conseguiu, através de uma
uma ope-
ope-
originalidade marcantes.
originalidade marcantes. A A introdução anuncia sua
introducao anuncia sua cor:
cor: oo alqufmica cujo
racao alquímica
ração cujo segredo
segredo só s6 ele
ele conhece,
conhece, fundir
fundir em em umauma
desejo de liberdade e o mais imperioso
desejo de liberdade é o mais imperioso dos sentimentos hu- dos sentimentos hu- mesma liga
mesma liga aa revolta
revolta ee aa revolução,
revolucao, oo comunismo
comunismo ee aa liberda-
liberda-
manos, porque
manos, porque estaesta última
iiltima é, e, para
para oo espírito
espfrito ee para
para oo coração,
coracao, de, aa utopia
de, utopia ee aa dialética,
dialetica, aa ação
acao ee oo sonho.
sonho. Graças
Cracas aa ele,
ele, Blanqui
Blanqui
o oxigênio sem o qual eles definham. Ao escrever que aa histó-
o oxigenio sem o qual eles definham. Ao escrever que histo- ee Baudelaire,
Baudelaire, Marx Marx ee Rimbaud,
Rimbaud, Fourier
Fourier ee Hegel, Flora Tristan
Hegel, Flora Tristan
ria humana
ria humana consiste consiste essencialmente
essencialmente na na luta
Iota dos
dos oprimidos
oprimidos por por ee William
William Blake,
Blake, Leon
Leon Trotski
Trotski ee Sigmund Freud, Buonaventura
Sigmund Freud, Buonaventura
sua libertacao, Peret re-interpreta a tese
sua libertação, Péret re-interpreta a tese marxista "clássica" marxista "classica" Durruti ee aa Religiosa
Durruti Religiosa portuguesa embarcaram na
portuguesa embarcaram na mesma
mesma via-via-
- aa luta
- Iota de de classes
classes como
como luta luta dosdos explorados
explorados contracontra os os ex-
ex- viagem que
gem, viagem
gem, esta apenas
que está apenas começando.
cornecando. Uma Uma longa
longa ee difícil
diffcil
ploradores -- em
ploradores em umauma ótica
6tica libertária.
libertaria. É E toda
toda umauma antropo-
antropo- viagem, para a qual, no entanto, o surrealismo
viagem, para a qual, no entanto, o surrealismo é um socorro e um socorro
logia da liberdade que se
logia da liberdade que se encontra aqui encontra aqui esboçada.
esbocada, precioso: como
precioso: como oo astrolábio,
astrolabio, ele ele permite aos viajantes
permite aos viajantes guiar
guiar
EÉ essa
essa mesma
mesma perspectiva
perspectiva que que oo leva
leva aa privilegiar,
privilegiar, na na aná-
ana- seu caminho
seu caminho pelaspelas estrelas.
estrelas.
lise da
lise da comunidade
comunidade quilombola,
quilombola, os os aspectos
aspectos "anárquicos",
"anarquicos",
antiautoritarios: o primeiro perfodo
antiautoritários: o primeiro período do quilombo de do quilombo de Palmares
Palmares Scriptum: oo poder
Post Scriptum:
Post magico ee subversivo
poder mágico subversivo da da imagem,
imagem, aa
se caracterizava,
se caracterizava, insiste insiste ele,ele, pela "ausencia de
pela "ausência de coação"
coacao" ee pelapela forca transgressiva
força transgressiva dodo erotismo,
erotismo, oo mistério
misterio ee oo enigma
enigma das<las
"liberdade total", assim como por
"liberdade total", assim como por uma "generosidade uma "generosidade frater-frater- sombras que
sombras atravessam oo espelho
que atravessam espelho sãosao temas
temas essenciais
essenciais dada
nal" inspirada pela consciencia
nal" inspirada pela consciência do perigo comum. do perigo corn um. Os Os escra-
escra- reflexao surrealista
reflexão surrealista sobre
sobre aa arte. E nesse
arte. É nesse espírito
espfrito que
que alguns
alguns
vos fugidos
vos fugidos viviam viviam em em um um estado
estado natural
natural definido
definido pela pela ·· de mens amigos surrealistas- da Franca, das Republicas
de meus amigos surrealistas - da França, das Repúblicas Tche- Tche-
"ausencia de
"ausência de qualquer
qualquer autoridade"
autoridade" ee pela solidariedade ele-
pela solidariedade ele- ca ee Eslovaca,
ca Eslovaca, da
da Espanha, da Inglaterra,
Espanha, da Inglaterra, do
do Brasil
Brasil ee dos
dos Esta-
Esta-
mentar. O
mentar. 0 modo
modo de de existência
existencia da da Com
Comuna una de de Palmares
Palmares esta-esta- dos Unidos
dos Unidos- aceitaram contribuir
- aceitaram contribuir com
com algumas
algumas dede suas
suas obras
obras
va em "estado de incompatibilidade
va em "estado de incompatibilidade com qualquer com forma
qualquer forma de de para aa iluminação
plasticas para
plásticas profana deste
iluminacao profana deste livro.
livro.
governo que
governo que implique
implique uma uma autoridade
autoridade regular",
regular", na na medida
medida
em que
em que aa repartição
reparticao igualitária
igualitaria dos dos recursos,
recursos, aa comunidade
comunidade
de pelo
de pelo menos
menos uma uma parte
parte dos dos bens
hens não
nao favoreciam
favoreciam uma urna di-di-
ferenciacao social mais aprofundada.
ferenciação social mais aprofundada. Inspirando-se em uma Inspirando-se em uma
11 8 11 9
A estrela da manha:
o mito novo do romantismo ao
surrealismo
2 1
N
Entre
Entre asas esrrategias
estratégias romanticas
românticas de de re-encantamento
re-encantamento do do mun-
mun-
do,
do, oo recurso
recurso ao ao mito
mito ocupa
ocupa um lugar aà parte.
um lugar parte. NaNa intersecao
interseção
magica de
mágica de multiplas
múltiplas tradicoes,
tradições, ele ele oferece
oferece um um reservat6rio
reservatório
inesgotável de símbolos e alegorias, de fantasmas ee dernonios,
inesgotavel de sfrnbolos e alegorias, de fantasmas demônios,
de deuses ee víboras.
de deuses viboras. Existem múltiplas maneiras
Existem mulriplas maneiras de de beber
beber desse
desse
perigoso
perigoso tesouro:
tesouro: aa referencia poetica ou
referência poética ou literaria
literária aos aos mitos
mitos
antigos, oo estudo
antigos, "erudito" da
estudo "erudito" mitologia ea
da mitologia e a tentativa
tentativa de de criar
criar
um mito novo. Nos tres casos, a perda de substancia
um mito novo. Nos três casos, a perda de substância religiosa religiosa
do mito
do mito fazfaz dele uma figura
dele uma profana do
figura profana re-encantamento ou
do re-encantamento ou
antes uma
antes uma via via não-religiosa
nao-religiosa parapara reencontrar
reencontrar oo sagrado.
sagrado.
A sinistra
A perversão dos
sinistra perversao dos mitos pelo fascismo
mitos pelo fascismo alemao,
alemão, suasua
manipulacao como sfrnbolos nacionais e raciais
manipulação como símbolos nacionais e raciais contribuíram contribufram
amplamente
amplamente para desacreditar aa mitologia
para desacreditar mitologia depois
depois da da Segunda
Segunda
Guerra
Guerra Mundial.
Mundial. Todavia,
Todavia, alguns intelectuais alernaes
alguns intelectuais alemães
antifascistas,
antifascistas, como
como Ernst
Ernst Bloch," acreditavam na
Bloch, * acreditavam na possibilidade
possibilidade
de
de salvar o mito da mácula nazista - com a condição de
salvar o mito da macula nazista - com a condicao de que
que
ele fosse iluminado pela "luz ut6pica do porvir"
ele fosse iluminado pela "luz utópica do porvir" (Frank 1982). (Frank 1982).
Na origem,
Na origem, no primeiro romantismo,
no primeiro romantismo, esta luz eé onipre-
esta luz onipre-
sente; ela eé oo candeeiro
sente; ela candeeiro escondido
escondido que que alumia,
alumia, do do interior,
interior, aa
ideia
idéia do "mito novo" inventada na aurora do século XIX
do "mito novo" inventada na aurora do seculo XIX porpor
Friedrich Schlegel. Se nos remetemos a esta alta
Friedrich Schlegel. Se nos remetemos a esta alta fonte, o con- fonte, o con-
traste eé marcante
traste mar cante com com asas sombrias
sombrias afetacoes mitologicas pro-
afetações mitológicas pro-
Bill Howe,
Howe, A pdgina talismd,
A página colagem ee nanquim
talismã, colagem nanquim sobre papel, 1995.
BilI sobre papel, 1995. movidas
movidas pelopelo Terceiro
Terceiro Reich.
Reich.
22 33
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LÓWY A
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHÃ:
DA MANHA: SURREALISMO
SURREALISMO E
E MARXISMO
MARXISMO
24
24 2 55
2
MICHAEL LOWY
MICHAEL LOWY AA ESTRELA
ESTRELA DAMANHÃ:
DA MANHA: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
mais belas, demoli-las e que nao reste pedra sabre pedra. E E ciade
degeração domundo".
geracao do mundo". NaNaconclusão
conclusaododolivro
livro--umumdosdos
mais belas, demoli-Ias e que não reste pedra sobre pedra. cia
viva entao o mito nova!" (Beaujour) maisluminosos
luminososdo dosurrealismo
surrealismo-,-,todas
todasestas
estasfiguras miticas
figurasmíticas
viva então o mito novo!" (Beaujour) mais
Nos Prolegomenos aaum
NosProlegômenos um terceiro
terceiro manifesto, Breton colo-
manifesto, Breton colo- correm, como
correm, como rios
riosde
defogo,
fogo, para umaimagem
parauma que asascontém
imagem que contern
ca (e se coloca) a quesrao. "Em que medida podemos esco- todas ee que
todas que é,e, aos
aos olhos
olhos de
de Breton,
Breton, "a"aexpressão
expressao suprema do
supremado
ca (e se coloca) a questão: "Em que medida podemos esco-
Iher ou adotar, e impor, um mito que corresponde a sociedade romantico" ee "o
pensamento romântico" "o símbolo
sfmbolo mais
mais vivo
vivo que ela nos
que ela nos
lher ou adotar, e impor, um mito que corresponde à sociedade pensamento
que julgamos desejave]?" (Breton 1967).2 Tudo parece indi- legou": aaestrela
esttelada
damanhã,
manha, "caída
"caidadadafronte
fronte do
do anjo Lucifer".
anjo Lúcifer".
que julgamos desejável?" (Breton 1967).2 Tudo parece indi- legou":
car, portanto, que para ele mito e utopia sao inseparaveis; nao Este astro
Este astro representa assim aa mais
representa assim mais alta
alta imagem
imagem alegórica
aleg6rica da da
car, portanto, que para ele mito e utopia são inseparáveis; não
sao identicos, mas nao deixam de estar ligados por um siste- insubmissao: uma
insubmissão: umaimagem
imagem que nos ensina
que nos ensina que "e aarevolta,
que "é revolta, ee
são idênticos, mas não deixam de estar ligados por um siste-
ma de vasos comunicantes que assegura a passagem do desejo
ma de vasos com uni cantes que assegura a passagem do desejo somente aa revolta
somente que ée criadora
revolta que criadora de de luz.
luz. EE esta
esta luz
luz não
nao pode
pode
entre as
entre as duas
duas esferas.
esferas. ser conhecida
conhecida senão
senao por tres vias:
por três vias. aa poesia,
poesia, aa liberdade
liberdade ee oo
ser
Os surrealistas não
Os surrealistas
nao conseguiram "irnpor " um
conseguiram "impor" um mito
mito coleti-
coleti- amor" (Breton
amor" 1944, 1965).
(Breton 1944, 1965).
vo, mas eles o criaram - segundo o metodo rornantico, au
vo, mas eles o criaram - segundo o método romântico, ou Ora, qual ée este
Ora, qual este mito
mito novo
novo que contern (em
que contém (em suas
suas formas
formas
seja, bebendo "nas profundezas mais fntimas do espfrito" modernas), unifica
que unifica (graças a suas afinidades eletivas),
(gracas a suas afinidades eletivas), que que
seja, bebendo "nas profundezas mais íntimas do espírito" modernas), que
(Schlegel) ou, segundo as palavras de Breton, na "ernocao mais reune (sem
reúne hierarquiza-las) aa revolta,
(sem hierarquizá-Ias) revolta, aa poesia,
poesia, aa liberdade
liberdade ee
(Schlegel) ou, segundo as palavras de Breton, na "emoção mais
profunda do ser, ernocao incapaz de se projetar no quadro do oo amor?
amor? Não
Nao pode ser outra
pode ser outra coisa
coisa senão
senao oo próprio surrealismo,
pr6prio surrealismo,
profunda do ser, emoção incapaz de se projetar no quadro do
mundo real e que nao tern outra safda, em sua pr6pria preci- em sua
em sua "força divinat6ria" (Schlegel),
"forca divinatória" (Schlegel), em em seuseu olhar
olhar utópico
ut6pico
mundo real e que não tem outra saída, em sua própria preci-
pitacao, senao responder a eterna solicitacao dos sfmbolos e voltado para "a idade de ouro ainda por vir" (Schlegel). Como
pitação, senão responder à eterna solicitação dos símbolos e voltado para "a idade de ouro ainda por vir" (Schlegel). Como
dos mitos"
dos mitos" (Breton).
(Breton). SeSe não
nao puderam
puderam constituir
constituir "uma
"uma mito-
rnito- mito poético,
mito surrealismo ée oo herdeiro
poetico, oo surrealismo herdeiro do do programa
programa anun- anun-
logia universal dotada de uma simbolica geral" (Schelling*), ciado, um
ciado, um século
seculo ee meio
meio antes,
antes, pela Friihromantik. Ele
pela Frühromantik. Ele tem,
tern,
logia universal dotada de uma simbólica geral" (ScheIling'f),
os surrealistas não
os surrealistas
nao deixaram
deixaram de de inventar
inventar -- no no sentido
sentido no entanto,
no entanto, de de particular
particular oo fatofato dede se
se tratar
tratar de de um
um mitomito em em
alqufmico da palavra - um mito novo, destinado
alquímico da palavra - um mito novo, destinado aa atraves-
atraves- movimento, sempre incompleto e sempre
movimento, sempre incompleto e sempre aberto à criação de aberto a criacao de
sar como
sar como umum cometa
cometa incendiário
incendiario oo morno
morno céuceu da
da cultura
cultura novas figuras
novas figuras ee dede imagens Sendo antes
rnitologicas, Sendo
imagens mitológicas. antes de de tudo
tudo
moderna.
moderna. uma atividade
uma atividade do do espírito,
espfrito, oo surrealismo
surrealismo não nao pode imobili-
pode imobili-
Qual e este mito? Para poder responder a esta questao,
Qual é este mito? Para poder responder a esta questão, zar-se em
zar-se em umum "mito
"mito último",
ultimo", um um Graal
Graal aa serser reconquistado
reconquistado
nao seria inutil voltar a obra mais "mitologica" de Breton, ou uma "surrealidade" reificada: o inacabamento
ou uma "surrealidade" reificada: o inacabamento perpétuo perpetuo ée
não seria inútil voltar à obra mais "mitológica" de Breton,
Arcano 17.
Arcano 17. O
0 poeta
poeta evoca,
evoca, transfigurando-os, os mitos
transfigurando-os, os mitos de
de Ísis
Isis seu elixir
seu elixir de
de imortalidade.
imortalidade.
e de Osiris, o mito da Melusina, o mito da Salvacao da Terra Em seu
Em seu discurso
discurso de de 1942
1942 aos
aos estudantes
estudantes de de Yale,
Yale, Breton
Breton
e de Osíris, o mito da Melusina, o mito da Salvação da Terra
pela Mulher, o mito astrol6gico do Arcano 17, o mito de Sata, como um
apresenta como um dos
dos objetivos
objetivos do do surrealismo
surrealismo aa "prepara-
"prepara-
pela Mulher, o mito astrológico do Arcano 17, o mito de Satã, apresenta
Anjo da Liberdade - e sobretudo, "um mito dos mais pode- de ordem pratica para uma intervencao sabre
i;ao de ordem prática para uma intervenção sobre a vida mítica a vida mftica
Anjo da Liberdade - e sobretudo, "um mito dos mais pode- ção
rosos [que] continua aqui a me enlacar ", o amor louco, "o assume primeiro,
que assume primeiro, em em maior
maior escala,
escala, aa figura
figura dada limpeza"
limpeza"
rosos [que] continua aqui a me enlaçar", o amor louco, "o que
amor que toma todo o poder" e no qua) "reside toda a poten- (Breton 1942).
(Breton Esta tarefa
1942). Esta tarefa continua,
continua, em em nossa
nossa época,
epoca, aa serser da
da
amor que toma todo o poder" e no qual "reside toda a potên-
2 66
2 2 7
27
MICHAEL LOWY
MICHAEL LOWY
3 11
MICHAEL LOWY
MICHAEL LOWY
A A ESTRELA
ESTRELA DA
DA MANHÃ:
MANHA: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
Revolucao de
Revolução Outubro ee às
de Outubro ideias de
as idéias Trotski. Em
Leon Trotski.
de Leon Em 19 19 dede
novembro de
novembro 1957, em
de 1957, em umauma intervenção,
intervencao, André Breton per-
Andre Breton per-
siste assinala: "Contra
siste ee assinala: ventos ee marés,
"Contra ventos entre aqueles
estou entre
mares, estou aqueles
encontram ainda,
que encontram
que ainda, na na lembrança
Iernbranca da Revolucao de
da Revolução Outu-
de Outu-
bro, uma boa parte desse impulso incondicional
bro, uma boa parte desse impulso incondicional que me le- que me le-
vou para
vou ela quando
para ela quando era jovem ee que
erajovem implicava aa entrega
que implicava total
entrega total
de Saudando oo olhar
mesmo." Saudando
de sisi mesmo." olhar de Trotski, tal
de Trotski, coma apare-
tal como apare-
ce, com
ce, uniforme do
com oo uniforme Exercito Vermelho,
do Exército Verrnelho, em em umaumavelhavelhafo-fo-
tografia de 1917, ele proclama: "Um
tografia de 1917, ele proclama: "Um olhar assim e a luz que olhar assim ea luz que Walter Benjamin e o
dele emana, nada conseguiria apaga-los, assim coma Walter Benjamin e o
dele emana, nada conseguiria apagá-Ios, assim como
Thermidor não nao conseguiu
conseguiu apagar apagar os traces de
os traços de Saint-Just."
Saint-Just."
surrealism 0:
surrealismo:
Thermidor
Enfim, em
Enfim, 1962, em
em 1962, homenagem aaNatalia
umahomenagem
em uma SedovaTro-
NataliaSedova Tro- hist6ria de
história encantamento
um encantamento
de um
tskipor
tski ocasiao de
par ocasião morte, ele
suamorte,
de sua invocaem
ele invoca em seus votos oo dia
seusvotos dia revolucionario
revolucionário
em que, finalmente, "nao somente se
em que, finalmente, "não somente se fará justiça a Trotski, fara justica a Trotski,
mas tambernserão
mastambém chamadasaaassumir
seraochamadas assumirtodo todoooseu vigoreetoda
seuvigor toda
suaamplitude
aasua amplitudeas ideiaspelas
asidéias quaisele
pelasquais suavida"
deusua
eledeu (Schwarz
vida"(Schwarz
1977,
1977, pp. 194, 200).
pp. 194, 200).
Para
Para concluir, surrealismo ee oo pensamento
concluir, oo surrealismo pensamento de Andre
de André
Bretonsão
Breton talvezooponto
sao talvez ponto de de convergência
convergenciaideal, estelugar
ideal, este lugar
supremodo
supremo doespírito
espfritoonde encontramaatrajetória
ondeseseencontram libertaria
trajet6rialibertária
eeaatrajetória
trajet6riado domarxismo revolucionario,Mas
marxismorevolucionário. Masnão naosesepodepode
esquecer que o surrealismo contern
esquecer que o surrealismo contém aquilo que Ernst Bloch aquilo que Ernst Bloch
chamavade
chamava de "um excedenteutópico",
"umexcedente ut6pico",um excedentede
umexcedente deluzluz
negraque
negra escapaaos
queescapa limitesdedequalquer
aoslimites movimentosocial
qualquermovimento social
ououpolítico,
politico,por pormais revolucionarioque
maisrevolucionário Estaluz
seja.Esta
queseja. emana
luzemana
do núcleo inquebrantável de noite do espírito surrealista, dede
do nucleo inquebrantavel de noite do espfrito surrealista,
sua obstinadapelo
buscaobstinada
suabusca peloouro ourodo tempo,dedeseu
dotempo, seumergulho
mergulho
perdidonos
perdido abismosdodosonho
nosabismos maravilhoso.
sonhoe edodomaravilhoso.
3 36 6 3 7
37
Fascinacao, ée ooúnico unicotermo
termoque que dádaconta
con tada daintensidade
intensidadedos dos
t
Fascinação,
sentimentosde
sentimentos deWalter
WalterBenjamin
Benjaminquandoquandode desua
suadescoberta
descobertado do
surrealismo em
surrealismo em 1926-1927.
1926-1927. Uma Uma fascinação
fascinacao que que se se traduz
traduz
inclusive em
inclusive em seus
seus esforços
esforcos parapara escapar
escapar ao ao envolvimento
envolvimento do do
movimento fundado por Andre Breton
movimento fundado por André Breton e seus amigos. e seus amigos.
Como se
Como se sabe,
sabe, foi
foi aapartir
partir dessa
dessa descoberta
descobertaque que nasceu
nasceu oo
projeto do
projeto Livresdes
doLivres despassages parisiens. Em
passagesparisiens. Emuma umacarta
cartaaaAdor-
Ador-
no" de
no* de 1935,
1935, Benjamin
Benjamin descreve
descreve nos nos seguintes termos aage-
seguintes termos gê-
nese desse Passagenwerk que iria ocupa-lo
nese desse Passagenwerk que iria ocupá-lo durante treze anos durante treze anos
de sua
de sua vida:
vida: "No
"No começo
comeco foi foi Aragon,
Aragon, Le Le Paysan
Paysan de de Paris,
Paris, do
do
~ qual, àa noite
qual, noite nana cama,
cama, eu eu nunca
nunca conseguia
conseguia ler ler mais
mais que duas
que duas
ou três
ou tres páginas,
paginas, poispois meu
meu coração batia tão
coracao batia tao forte
forte que
que eueu pre-
pre-
cisava deixar o livro" (Benjamin 1979,
cisava deixar o livro" (Benjamin 1979, pp. 163-164).1 pp. 163-164). 1
39
AA ESTRELA
ESTRELA DAMANHÃ:
DA MANHA: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
MICHAEL LÓWY
MICHAEL LOWY
dede tendência
tendenciamaterialista
materialistametafísica
metaftsicaee contaminada
contarninadapela ideo-
pelaideo-
outros termos:
outros termos: "Ele
"Ele lia
lia as
as revistas
revistas em
em que Aragon ee Breton
que Aragon Breton
evolucionista do
logia evolucionista
logia do progresso. Parece-rne, entretanto,
progresso. Parece-me, entretanto, que que
proclamavam algumas
proclamavam algumas idéias
ideias que, em um
que, em um certo
certo sentido, vi-
sentido, vi-
esta autora
esta autora segue
segue oo caminho
caminho errado
errado ao ao definir
definir oo marxismo
rnarxisrno
nham ao encontro de sua pr6pria mais
experiencia mais profun-
nham ao encontro de sua própria experiência profun-
cornurn aa Benjamin
comum Benjamin ee aos aos surrealistas
surrealistas como
corno "uma
"uma genealogia
genealogia
da" (Scholem 1981, pp. 157-158). Veremosmais adiante
da" (Scholem 1981, pp. 157-158). Veremos mais adiante que que
"ideias" eram
eram essas.
essas. rnarxista fascinada
marxista fascinada pelos aspectos irracionais do
pelos aspectos irracionais do processo processo so- so-
"idéias"
cial, uma
cial, uma genealogia
genealogia que que pretende estudar aa maneira
pretende estudar rnaneira como corno oo
Nao sabemos
Não sabemos se se Benjamin
Benjamin encontrou
encontrou Breton
Breton ouou outros
outros
irracional penetra
irracional penetraaa sociedade
sociedade existente
existente ee que sonhaem
que sonha em utilizá-
utiliza-
surrealistas nesta ocasiao: nada o indica em
surrealistas nesta ocasião: nada o indica em sua correspon- sua correspon-
lo para
10 realizar aa mudança
para realizar social" (Cohen
mudanca social" 1993).
(Cohen 1993).
dência. No entanto, parece que, segundo Adorno ee Scholem
dencia. No entanto, parece que, segundo Adorno Scholem
OO conceito
conceito de de "irracional"
"irracional" está esta ausente
ausente tanto
tanto dos dos escri-
escri-
(em seu
(em prefacio aaBriefe),
seu prefácio ele teria
Briefe), ele teria trocado
trocado correspondências
correspondencias
tos de
tos de Walter
Walter Benjamin
Benjamin quantoquanto daqueles
daqueles de de Breton:
Breton: ele ele re-
re-
-- hoje
hoje "perdidas
"perdidas ou ou inincontráveis"
inincontraveis" -- com com oo autor
autor do Ma-
do Ma-
rnete aa uma
mete uma visão
visao racionalista
racionalista do do mundo
mundo herdada
herdada da da filosofia
filosofia
nifesto do surrealismo (Adorno e Scholem
nifesto do surrealismo (Adorno e Scholem 1981). 1981).
das Luzes
das Luzes que nossos dois
que nossos dois autores
autores sese propunham
propunharn justamen-justarnen-
A marca dessa descoberta se deixa perceber -- até
A marca dessa descoberta se deixa perceber ate certo
certo
te a superar (no sen ti do da Aufhebung hegeliana).
hegeliana). Por Por outro
outro
ponto -- no no livro
livro que
que Benjamin
Benjamin publicou
publicou naquele memen-
naquele momen- te a superar (no sentido da Aufhebung
ponto Iado, oo termo
termo marxismo g6tico ée esclarecedor,
rnarxisrno gótico esclarecedor, com com aa condi-
condi-
Sens Unique
to, Sens Unique (1928),
(1928), de de forma
forrna tal tal que Ernst Bloch
que Ernst Bloch achou
achou lado,
to, �ao de de que esse adjetivo
que esse adjetivo sejaseja compreendido
cornpreendido em em sua
sua acepção
acepcao
que poderia
poderia falar
falar desta
desta obra
obra como
como representante do
"tfpica" do
representante "típica" ção
que romantica: aa fascinação
fascinacao pelo encantamento ee pelo
pelo encantamento maraui-
pelo maravi-
"pensamento surrealista" - uma bastante
afirrnacao bastante exage- romântica:
"pensamento surrealista" - uma afirmação exage-
lhoso, assirn corno pelos aspectos
lhoso, assim como pelos aspectos "enfeitiçados" <las
"enfeiticados" das socie- socie-
rada e, em ultima analise, inexata (Bloch 1978,
rada e, em última análise, inexata (Bloch 1978, p. 340; Izard p. 340; Izard
1990, p. 3). dades ee das
dades das culturas
culturas pré-modernas.
pre-rnodernas. O roman noir
0 roman noir inglês
ingles do do
1990, p. 3).
seculo XVIII
século XVIII ee alguns rornanticos alemães
alguns românticos alemaes do do século
seculo XIX XIX são sao
Com efeito,
Com efeito, Benjamin
Benjamin tenta
tenta fugir
fugir dede uma
uma fascinação
fascinacao que
que
referencias "góticas"
referências "g6ticas" que que se se encontram
encontrarn no no coração
coracao da da obra
obra
lhe parece perigosa e destacar a diferentia
lhe parece perigosa e destacar a diferentia specifica de seu
specifica de seu
de Breton e de
de Breton e de Benjamin. Benjamin.
pr6prio projeto.
próprio projeto. EmEm novembro
novembro de de 1928,
1928, em em uma
uma carta
carta aa
O marxismo
O marxismo gótico g6tico comum
comum aos aos dois
dois seria,
seria, portanto,
portanto, um urn
Scholem, ele ele explica
explica que
que sente
sente necessidade
necessidade de de "afastar
"afastar seu
seu
sensfvel àa dimensão
Scholem,
rnaterialismo histórico
materialismo hist6rico sensível dimensao mágicamdgica das das cultu-
cultu-
trabalho de
trabalho de uma
uma vizinhança excessivamente ostensiva
vizinhanca excessivamente ostensiva comcom oo
ras do
ras do passado. "G6tico" aqui
passado. "Gótico" deve ser
aqui deve ser tomado
tornado -- também tambern
movimento surrealista, que, por mais e funda-
compreensfvel e funda-
movimento surrealista, que, por mais compreensível
da que fosse, poderia ser-rne fatal" - sem com
com isso
isso recusar-·
recusar- · -- no no sentido
sentido literal
literal dede referência
referencia positiva
positiva aa certos
certos momen-
mornen-
da que fosse, poderia ser-me fatal" - sem
tos-chave da cultura profana medieval:
tos-chave da cultura profana medieval: não é por acaso que nao e por acaso que
se aa recolher
se beranca filosófica
recolher aa herança do surrealismo.
filos6fica do surrealismo.
tanto Breton
tanto Breton quanto
quanta Benjamim admiram oo amor
Benjamim admiram amor cortês
cortes da da
Em que
Em que consiste
consiste esta
esta "vizinhança" "compreensfvel" ee
"vizinhanca" "compreensível"
Idade Média
Idade Media provençal,
provencal, que constitui, aos
que constitui, aos olhos
olhos dodo segundo,
segundo,
mesmo "fundada"? Uma hipótese interessante ée sugerida
mesmo "fundada"? Uma hip6tese interessante sugerida emem
urna dasdas mais
mais puras
puras manifestações
manifestacces de iluminacao, Eu
de iluminação. Eu insisto
insisto
uma obra de Margaret Cohen, Profane Illumination uma
uma obra de Margaret Cohen, Profane lllumination (1993), (1993),
em "profana", pois nada e mais aborninavel para os surrealistas
que se refere a abordagem comum a Benjamim
que se refere à abordagem comum a Benjamim e André Breton e Andre Breton em "profana", pois nada é mais abominável para os surrealistas
do que
do que aa religião
religiao em em geral
geral ee aa católica
cat6lica apóstolica romana em
ap6stolica romana em
como aa um
como marxismo gótico,
um marxismo g6tico, distinto
distinto dada versão
versao dominante,
dominante,
4 11
40
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LOWY A DA MANHA:
ESTRELA DAMANHÃ:
A ESTRELA SURREALlSMO MARXISMO
E MARXISMO
SURREALISMO E
4 2
42 4 3
43
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LOWY A ESTRELA DA MANHA: SURREALISMO E MARXISMO
ESTRELA DAMANHÃ:
A SURREALISMO E MARXISMO
volta que
volta lhe fora
que lhe fora feita
feita desde
desde sempre
sempre por seu próprio
por seu pr6prio nome"nome" liberdade espiritual radical" que
espiritual radical" levou oo surrealismo
que levou surrealismo para para aa
liberdade
(Benjamin 1971,
(Benjamin 1971, pp. 297-298; 1977,
pp. 297-298; 1977, pp. pp. 297-298).3
297-298). 3
esquerda, para a revolucao e, a partir da guerra do
para a revolução e, a partir da guerra do Rif, para Rif, para oo
esquerda,
ÉE verdade
verdade que Benjamin tem
que Benjamin tern umauma concepção extremamen-
concepcao extremamen- comunismo (Benjamin
comunismo (Benjamin 1977, 1977, pp.
pp. 306,
306, 310).
310).
te ampla
te ampla do do anarquismo.
anarquismo. Descrevendo
Descrevendo as as origens
origens distantes!
distantes/ Essa tendência
tendencia aa uma uma politização
politizacao eea um engajamento
engajamento cres- cres-
Essa a um
pr6ximas do surrealismo, ele escreveu:
próximas do surrealismo, ele escreveu: "Entre 1865 ee 1875, "Entre 1865 1875, centes não
centes nao significa,
significa, aosaos olhos
olhos de
de Benjamin,
Benjamin, que que oo surrealismo
surrealismo
alguns grandes
alguns grandes anarquistas,
anarquistas, sem sem comunicação
comunicacao entre entre si,si, traba-
traba- deva abdicar de sua magi ca e libertaria. Ao contrario,
carga mágica e libertária. Ao contrário, ée
deva abdicar de sua carga
lharam em
lharam em suas
suas máquinas
maquinas infernais. surpreendente ée que,
infernais. EE oo surpreendente que, gracas aa essas
essas qualidades que ele pode desempenhar urn pa-
graças qualidades que ele pode desempenhar um pa-
de forma
de forma independente,
independente, eles eles tenham
tenham regulado
regulado seus seus mecanis-
mecanis- uni co e insubstituivel no movirnento revolucionario: "Dar
pel único
pel e insubstituível no movimento revolucionário: "Dar
mos de relojoaria exatamente a mesma
mos de relojoaria exatamente à mesma hora: foi simultanea- hora: foi sirnultanea- a revolucao asas forças
à revolução
forcas da da embriaguez,
embriaguez, ée para para isso
isso que
que tende
tende oo
mente que,
mente que, quarenta
quarenta anos anos mais
rnais tarde,
tarde, explodiram
explodiram na na Europa
Europa surrealismo em todos os seus escritos e em todas
surrealismo em todos os seus escritos e em todas as suas ações. as suas as;6es.
Ocidental os
Ocidental os escritos
escritos de de Dostoievski,
Dostoievski, de de Rimbaud
Rimbaud ee de de Pode-se dizer
dizer que
que ée sua
sua tarefa
tarefa mais
mais própria."
pr6pria." Para
Para realizar
realizar esta
esta
Pode-se
Lautreamont" (Benjamin
Lautréamont" (Benjamin 1977, 1977, p. p. 308).4
308). A4 A data,
data, quarenta
quarentaanos anos tarefa e preciso, todavia,
tarefa é preciso,
todavia, que
que oo surrealismo
surrealismo supere
supere umauma pos-pos-
depois de
depois 1875, ée evidentemente
de 1875, evidentemente uma uma referência
referencia ao ao nascimen-
nascirnen- tura demasiado
tura dernasiado unilateral
unilateral ee aceite
aceite associar-se
associar-se ao ao comunismo:
comunismo:
to do surrealismo com a publicacao,
to do surrealismo com a publicação, em 1924, do primeiro em 1924, do primeiro "Nao basta um de embriaguez
componente de embriaguez viva,
que um componente viva, como
como
"Não basta que
Manifesto. Se
Manifesto. Se ele
ele designa
designa estesestes três
tres autores
autores como como "grandes
"grandes todos sabemos,
sabemos, em em qualquer revolucionaria. Ele
as;ao revolucionária.
qualquer ação Ele se
se con-
con-
todos
anarquistas", não
anarquistas", nao ée somente
somente porqueporque aa obra obra dede Lautréamont,
Lautreamont, funde com
com oo componente anarquista. Mas
componente anarquista. Mas insistir
insistir nisso
nisso de de
funde
"verdadeiro bloco erratico",
"verdadeiro bloco errático", pertence a
pertence à tradição insurrecional
tradicao insurrecional modo exclusivo
modo exclusivo seria seria sacrificar
sacrificar inteiramente
inteiramente aa preparação
preparacao
ou porque
ou Rimbaud fez
porque Rimbaud fez parte
parte da Comuna. ÉE sobretudo
da Comuna. sobretudo por- por- metodica e da revolucao a uma
disciplinar da revolução a uma práxis que praxis que oscila
oscila
metódica e disciplinar
que seus
que seus escritos
escritos fizeram
fizeram saltar
saltar pelos ares, como
pelos ares, como aa dinamite
dinamite entre oo exercício
entre exercfcio ee aa véspera
vespera da da festa"
festa" (Benjamin
(Benjamin 1977,1977, p. p.
de Ravachol
de Ravachol ou ou dosdos niilistas
niilistas russos
russos em em um um outro
outro terreno,
terreno, aa 311).6
311).6
ordem moral
ordem moral burguesa,
burguesa, oo "diletantismo
"diletantismo moralizador"
moralizador" dos dos Em queconsiste
consiste então
entaoesta
esta"embriaguez",
"embriaguez", este
esteRausch
Rausch cujas
Em que cujas
Spiesser e dos philistins (Benjamin
Spiesser e dos philistins (Benjamin 1977, p. 305).5 1977, p. 305). 5
forcas Benjamin tanto quer dar a revolucao? Em
forças Benjamin tanto quer dar à revolução? Em Sens unique
Sens unique
Mas aa dimensão
Mas dimensao libertária
libertaria do do surrealismo
surrealismo manifesta-se
rnanifesta-se
(1928), Benjamin se
(1928), Benjamin refere àa embriaguez
se refere ernbriaguez como
como expressão
expressao dada
tambern de
também de maneira
maneira mais mais direta:
direta: "Depois
"Depois de de Bakhunin,
Bakhunin, fal- fal- magica do
relacao mágica do homem antigo corn o cosmo, mas deixa
relação homem antigo com o cosmo, mas deixa
tou àa Europa
tou Europa uma uma idéia
ideia radical
radical da da liberdade.
liberdade. Os Os surre
surrealistas
alistas entender que aaexperiência (Erfahrung) do Rausch que carac-
experiencia(Brfahrung)
entender que do Rausch que carac-
tern esta ideia." Na imensa literatura sobre
têm esta idéia." Na imensa literatura sobre o surrealismo dos o surrealismo dos terizava esta relacao ritual com o mundo desapareceu da daso-
so-
terizava esta relação ritual com o mundo desapareceu
ultimas setenta
últimos setenta anos,anos, ée raro
raro encontrar
encontrar uma uma forma
forma assimassim tão
tao ciedade moderna. Ora, no ensaio da Literarische
ciedade moderna. Ora, no ensaio da Literarische Welt ele Welt ele
pregnante, tão
pregnante, tao capaz
capaz de de exprimir,
exprimir, graçasgracas aaalgumas
algumas palavras
palavras te-la reencontrado, sob uma nova forma, no sur-:
parece tê-Ia
parece reencontrado, sob uma nova forma, no sur-"
simples ee afiadas,
simples afiadas, oo "núcleo
"nucleo inquebrantável
inquebrantavel de de noite"
noite" do do realisrno.7
realismo'?
movimento fundado
movimento fundado por por André
Andre Breton.
Breton. Segundo
Segundo Benjamin,
Benjamin, Trata-se de
Trata-se de uma
umaabordagem
abordagern que que atravessa
atravessavários
variesescritos
escritos
foi "a hostilidade da burguesia contra qualquer
foi "a hostilidade da burguesia contra qualquer declaração de declaracao de de Benjamin: a utopia revolucionaria passa pela redescoberta
de Benjamin: a utopia revolucionária passa pela redescoberta
44
44 4 5
45
MICHAEL LOWY
MICHAEL LOWY A A ESTRELA
ESTRELA DAMANHÃ:
DA MANHA: SURREALISMO
SURREALISMO E E MARXISMO
MARXISMO
44 66 4 7
47
MICHAEL LÕWY
LOWY A ESTRELA DA MANHA: SURREALISMO E MARXISMO
MICHAEL A ESTRELA DAMANHÃ: SURREALISMO E MARXISMO
diferentes abordagens,
abordagens, não nao necessariamente
necessariamente contraditórias,
contradit6rias, cia efetivo entre surrealismo e comunismo (Benjamin 1971,
diferentes cia efetivo entre surrealismo e comunismo (Benjamin 1971,
masque estao bem longe de exprimir um
mas que estão bem longe de exprimir um critério unívoco. criterio univoco. A A p. 132). Desnecessario dizer que nao se trata de um sentimento
p. 132). Desnecessário dizer que não se trata de um sentimento
menos que este critério
que este criterio seja
seja oo "truque"
"truque" que consiste em
que consiste em "tro-
"tro- contemplative e fatalista, mas de um pessimismo atiuo, "or-
menos contemplativo e fatalista, mas de um pessimismo ativo, "or-
car o olhar hist6rico sabre o passado pelo politico", isto e, ganizado", pratico, inteiramente voltado para o objetivo de
car o olhar histórico sobre o passado pelo político", isto é, ganizado", prático, inteiramente voltado para o objetivo de
observar cada
observar cada "objeto"
"objeto" do do ponto
ponto de de vista
vista dede sua
sua futura
futura _- impedir, por todos os meios possiveis, o advento do pior.
impedir,
Em que consiste o meios
por todos os possíveis,
pessimismo o advento doBenjamin
dos surrealistas? pior.
pr6xima- abolicao revolucionaria (Benjamin 1971, p. 302).11
próxima - abolição revolucionária (Benjamin 1971, p. 302).11 Em que consiste o pessimismo dos surrealistas? Benjamin
Entretanto, Benjamin
Benjamin censura
censurano no surrealismo,
surrealismo, prisioneiro
prisioneiro se refere a certas "profecias" e ao "pressentimento" de certas
Entretanto, se refere a certas "profecias" e ao "pressentimento" de certas
de certos
certos "preconceitos
"preconceitos românticos",
romanticos", uma uma maneira
maneira "dema-
"derna- "atrocidades" em Apollinaire e Aragon: "Tomam-se as casas
de "atrocidades" em Apollinaire e Aragon: "Tomam-se as casas
siadorápida
rapidaeenada
nadadialética
dialeticade deconceber
conceber aaessência
essenciada daembria-
embria- editoras de assalto, jogam-se ao fogo as coletaneas de poesia,
siado editoras saode assalto, jogam-se ao fogo as coletâneas de poesia,
assassinados." 0 impressionante neste trecho nao
guez". Os surrealistas nao se dao conta de
guez". Os surrealistas não se dão conta de que a leitura ee ooque a leitura poetas
pensamento sao, eles tambern, fonte de iluminacao profana: e apenas a previsao exata de um acontecimento que iria efeti-
poetas são assassinados." O impressionante neste trecho não
pensamento são, eles também, fonte de iluminação profana: évamente
apenas a previsão exata de um acontecimento que iria efeti-
por exemplo,
por exemplo, "a "a pesquisa
pesquisa maismais apaixonada concernente àa
apaixonada concernente produzir-se seis anos depois - o auto-de-fe de li-
vamente"antialemaes"
produzir-se seis anos nazistas
depois - em o auto-de-fé de li-
1934; bastaria
embriaguezdo dohaxixe
haxixenão naofornecerá
forneceranem nemaametade
metadedas <lasinfor-
infor- vros pelos
embriaguez vros "antialemães" pelos nazistas em 1934; bastaria
macoes que pode dar a iluminacao profana do pensamento acrescentar as palavras "de autores judeus" (ou antifascistas)
mações que pode dar a iluminação profana do pensamento acrescentar as palavras "de autores judeus" (ou antifascistas)
sabreaaembriaguez
sobre embriaguezdo dohaxixe"
haxixe"(Benjamin 1971,p.p.311).12Esta
(Benjamin1971, 311).12 Esta depois de "coletaneas de poesia" -, mas tambem, e sobretu-
depois de "coletâneas de poesia" -, mas também, e sobretu-
crf ticafica
crítica ficaainda
aindamaismaisestranha
estranhaporqueporqueos ossurrealistas
surrealistas- -con- con- do, a expressao que Benjamin utiliza (e que nao se encontra
do, a em expressão que Benjamin utiliza (e que não se encontra
trariamente aaBenjamin!
trariamente Benjamin! (ver (ver seu
seu texto
texto sobre "Haschisch àa
sabre "Haschisch nem Apollinaire nem em Aragon) para designar tais "atro-
nem em Apollinaire
Marseille") - jamais estiveram muito inclinados as experien- cidades": "um pogrom de poetas" ... para
nem em Aragon) designar
Trata-se tais "atro-
de poetas ou de
Marseille") - jamais estiveram muito inclinados às experiên- cidades": A"um pogrom nao de poetas" ...osTrata-se de poetaspor
ou este
de
ciasdedeconsumo
consumodededrogas drogaseesempre manifestarammaior
sempremanifestaram maiorin- in- judeus? menos que estejam dois ameacados
cias judeus? A menos queComo não estejam os dois
teressepelas
pelasConfissões
Confiss6esdedeum uminglês
inglsstomador
tomadordedeópio, 6pio,dedeDe De inquietante porvir. veremos, este ameaçados
nao e o unico por estra-
este
teresse inquietante porvir. Como veremos, este de
nãosurpresas.
é o único estra-
Quincey,do doque
quepelopelopróprio consumodeste
pr6prioconsumo destedocedocenarcótico.
narc6tico. nho "pressentimento" desse texto rico
Quincey, nho "pressentimento" desse texto rico de surpresas.
Entre as iluminacoes profanas de que
Entre as iluminações profanas de que é rico o ensaio e rico o ensaiodede Perguntamo-nos, por outro lado, ao que pode fazer refe-
nenhumaé etão
Benjamin,nenhuma taosurpreendente,
surpreendente,tão taoestranha
estranha- -nono rencia o conceito de pessimismolado,
Perguntamo-nos, por outro ao que
aplicado aospode fazer refe-
comunistas: sua
Benjamin, rência o conceito de pessimismo aplicado aos comunistas: sua
sen ti do do unheimlich alemao - por sua forca premonit6ria, doutrina em 1932, celebrando os triunfos da construcao do
socialismo URSS e a queda iminente do capitalismo nao e,
sentido do unheimlieh alemão - por sua força premonitória, doutrina emna 1932, celebrando os triunfos da construção do
quantoo oapelo
quanto instanteà a"organização
apeloinstante "organizacaododopessimismo".
pessimismo".
socialismo nabelo URSS e a queda iminente do capitalismo não é,
Nada parece mais derris6rio e idiota aos olhos de Benja- em si, um exemplo de ilusao otimista? Efetivamente,
Nada parece mais derrisório e idiota aos olhos de Benja- em si, um belo exemplo de ilusão otimista? Efetivamente,
minminquequeo ootimismo
otimismodos dospartidos
partidosburgueses
burguesese esocial-democra-
social-dernocra- Benjamin tomou emprestado o conceito de "organizacao do .
Benjamin tomou emprestado o conceito de "organização do
tas, cujo programa politico nao passa de um "mau poema de
tas, cujo programa político não passa de um "mau poema de
pessimismo" a uma obra que qualifica coma "excelente", La
pessimismo"
Revolution eta uma obra que qualifica
les intellectuels (1926), de como "excelente",
Pierre La
Naville. Mern-
primavera". Contra este "otimismo sem
primavera". Contra este "otimismo sem consciência", este consciencia", este
Révolution et les intelleetuels (1926), de Pierre Naville. Mem-
"otimismo de diletantes", inspirado pela ideologia do progres- bro ativo do grupo surrealista (ele foi um dos redatores da
"otimismo de diletantes", inspirado pela ideologia do progres- bro ativoLa
so linear, ele descobre no pessimismo o ponto de convergen- revista doRevolution
grupo surrealista (ele foi
Surrealiste), um dos
Naville redatores
acabara da
de fazer,
so linear, ele descobre no pessimismo o ponto de convergên- revista La Révolution Surréaliste), Naville acabara de fazer,
49
4848 49
MICHAEL LOWY
LOWY
MICHAEL AA ESTRELA
ESTRELA DA
DA MANHÃ:
MANHA: SURREALlSMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
55 o0 5 11
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LÓWY A ESTRELA
ESTRELA DA
DA MANHA:
MANHÃ: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
mo antropologico"
mo antropológico" de de Hebbel,
Hebbel, Georg Büchner, Nietzsche
Georg Buchner, Nietzsche ee O
O que significa esta
que significa esta enigrnatica alegoria de
enigmática alegoria de um
um desperta-
desperta-
Rimbaud: uma surpreendente
Rimbaud: uma surpreendente coleção de precursores! Este
colecao de precursores! Este dor que toca "a cada minuto durante
dor que toca "a cada minuto durante sessenta segundos"?sessenta segundos"?
novo materialismo distingue-se, segundo
novo materialismo distingue-se, segundo Benjamin, daquele Benjamin, daquele Benjamin sugere sem
Benjamin sugere sem duvida
dúvida que valor unico
que oo valor único do do surrealismo
surrealismo
de Vogt e de Bukharin - e impossfvel
de Vogt e de Bukharin - é impossível deixar de pensar quedeixar de pensar que consiste
consiste emem sua disposição aa considerar
sua disposicao considerar cada segundo como
cada segundo como
ele leu
ele leu aa crftica
crítica de de Lukacs
Lukács ao ao materialismo
materialismo de de Bukharin
Bukharin, aa porta
porta estreita
estreita pelapela qual pode entrar
qual pode entrar aa revolucao
revolução - - para
para
publicada em 1926 -, que
publicada em 1926 -, queque eleele qualifica
qualifica de metafísico. O
de metaffsico. O que parafrasear uma formula que Benjamin s6
parafrasear uma fórmula que Benjamin só escreverá bem mais escrevera bem mais
significa exatamente
significa exatamente "materialismo
"materialismo antropologico"?
antropológico"? Benjamin
Benjamin tarde. Porque eé da
tarde. Porque da reuoluciio
revolução que que sese trata
trata desde
desde oo comeco
começo
nao oo explicita,
não explicita, porern
porém sugere
sugere que que sese trata
trata da da compreensao
compreensão ate
até oo fim
fim desse
desse ensaio,
ensaio, ee todas
todas as as iluminacoes profanas s6
iluminações profanas só
de que
de que "a coletividade eé um
"a coletividade corpo vivo":
um corpo quando aa tensão
vivo": quando tensao re- re- tern
têm sentido
sentido em relação aa este
em relacao ponto de
este ponto convergência ultimo
de convergencia último
volucionaria deste corpo vivo coletivo se
volucionária deste corpo vivo coletivo se transforma em des-transforma em des- e decisivo.
decisivo.1414
carga revolucionaria,
carga revolucionária, "somente "somente entao então aa realidade
realidade esta,está, ela
ela Uma
Uma analise
análise do lugar do
do lugar do surrealismo
surrealismo no no Passagenwerk
Passagenwerk
mesma, suficientemente
mesma, suficientemente ultrapassada
ultrapassada para responder as
para responder às exi-
exi- pediria outro
pediria artigo. Limitar-me-ei
outro artigo. Limitar-me-ei aqui aqui aa chamar
chamar aa atencao
atenção
gencias do
gências Manifesto comunista".
do Manifesto comunista". para um
para aspecto diretamente
um aspecto diretamente ligado esta conclusao
ligado aa esta conclusão do do arti-
arti-
Que
Que exigencias
exigências sao são essas? Benjamin nao
essas? Benjamin responde, mas
não responde, mas go da Literarische Welt.
go da Literarische Welt. Apresenta-se com
Apresenta-se com frequencia a
freqüência a dife-dife-
acrescenta um cornentario que constitui
acrescenta um comentário que constitui o ponto final do en-o ponto final do en- rença - e mesmo a contradição - entre aa abordagem
renca - e mesmo a contradicao - entre abordagem
saio: "por enquanto os surrealistas sao
saio: "por enquanto os surrealistas são os únicos que com- os unicos que com- surrealista
surrealista ee aa do do Livre
Livre desdes passages
passages parisiens
parisiens como
como aa oposi-
oposi-
preenderam aa ordem
preenderam ordem que ele [o
que ele [o Manifesto
Manifesto comunista]
comunista] nos nos dadá �ao entre oo sonho
ção entre sonho ee o despertar. Com
o despertar. Com efeito,
efeito, desde
desde osos primei-
primei-
hoje. Um depois do outro, eles trocam
hoje. Um depois do outro, eles trocam sua gesticulacao sua gesticulação pelo pelo ros
ros esbocos do
esboços do projeto encontra-se a
projeto encontra-se a seguinte seguinte afirmacao:
afirmação:
mostrador de
mostrador de umum despertador
despertador que que toca
toca aa cada
cada minuto
minuto duran-
duran- "Delimitação da tendência deste trabalho contra Aragon: en-
"Delimitacao da tendencia deste trabalho contra Aragon: en-
te sessenta
te sessenta segundos."
segundos." Esta afirrnacao eé surpreendente
Esta afirmação surpreendente sob sob quanto
quanto Aragon persevera no
Aragon persevera no reino
reino dos
dos sonhos,
sonhos, trata-se
trata-se aqui
aqui
muitos aspectos. De um lado,
muitos aspectos. De um lado, ela parece, ela parece, apesar de
apesar de todas
todas as as de
de encontrar
encontrar aa constelacao
constelação do despertador (Erwachen).
do despertador (Erwachen). En- En-
crf ticas a suas limitacoes, privilegiar os surrealistas
críticas a suas limitações, privilegiar os surrealistas como os como os quanto
quanto persiste em
persiste em Aragon um elemento impressionista - aa
Aragon um elemento impressionista -
unicos aa se
únicos se situarem
situarem aà altura
altura das<las exigencias
exigências do do marxismo-
marxismo - 0o 'mitologia' -
'mitologia' - ee eé este impressionismo oo responsavel
este impressionismo responsável por por nu-
nu-
que colocaria
que colocaria em em umum nf vel inferior
nível inferior os os outros
outros intelectuais
intelectuais mar-
mar- merosos
merosos filosofemas
filosofemas informes (gestaltlosen) do
informes (gestaltlosen) do livro
livro -,-, tra-
tra-
xistas (prov av el referencia
xistas (provável referência a Bukharin). a Por outro
Bukharin). Por outro Iado, lado, Ionge
longe ta-se aqui de
ta-se aqui de uma dissolução da
uma dissolucao 'mitologia' no
da 'mitologia' espaço da
no espaco da
de identificar o movimento surrealista
de identificar o movimento surrealista com a Vague com a Vague des
des reues
rêves hist6ria.
história. Bern
Bem entendido,
entendido, isso isso s6 pode ter
só pode lugar atraves
ter lugar através do do
de Aragon-, que ele cita no corneco
de Aragon -, que ele cita no começo do ensaio como exem- do ensaio coma exem- despertar (Erweckung) de um conhecimento
despertar (Erweckung) de um conhecimento não ainda cons-. nao ainda cons- .
plo tf
plo pico do
típico "estagio heróico"
do "estágio heroico" do do movimento,
movimento, quando quando seu seu ciente
ciente dodo passado" (Benjamin 1980,
passado" (Benjamin pp. 571,
1980, pp. 571, 572).
572).
"n6 dialetico" ainda estava "envolvido"
"nó dialético" ainda estava "envolvido" em uma substancia em uma substância Considerando
Considerando que que este
este texto
texto foi redigido mais
foi redigido mais ouou menos
menos
opaca -,
opaca -, eleele oo associa
associa indiretamente
indiretamente aà imagemimagem dialetica
dialética do do na
na mesma
mesma epocaépoca que que oo artigo
artigo dede 1929, como torna-lo
1929, coma torná-Io com-
com-
despertador,
despertador. patf vel com a imagem do despertador permanente
patível com a imagem do despertador permanente como quin- como quin-
5 2
52 55 33
MICHAEL LOWY
MICHAEL LOWY
5 45 4 5 5
55
oO encontro
encontro entre
entre surrealismo marxismoéecoisa
surrealismoeemarxismo coisabem
hemdiver-
diver-
sada
sa darelação conflitivaentre
relacaoconflitiva entreum umpartido politicoeeuma
partidopolítico uma"van-
"van-
artfstica", como
guarda artística",
guarda como ele ele tem
tern sido
sido apresentado
apresentado com com
0
frequencia. O que
freqüência. estava em
que estava em jogo nessa convergencia era aa
jogo nessa convergência era
forrnacao de
formação de uma
uma cultura
cultura revolucionária
revolucionaria capaz capaz dede realizar
realizar
J
~
~ enfim oovoto
enfim vototãotao caro
caro aaBaudelaire:
Baudelaire: conjugar
conjugar oosonho
sonho ee aaação,
acao,
~�
.£
aapoesia
poesia ee aa subversão.
subversao.
.z Por sua
sua tentativa
tentativa de de articular
articular comunismo
comunismo ee surrealismo,
surrealismo,
Por
Pierre Naville ocupa um lugar particular
Pierre Naville ocupa um lugar particular na história da na historia dacultu-
cultu-
ra crítica
ra crftica na
na França.
Franca. Tentaremos
Tentaremos dar dar conta
conta dessa
dessa experiência,
experiencia,
privilegiando os
privilegiando os anos 1926-1928.
anos 1926-1928.
Nascido em
Nascido 1903 em
em 1903 em umauma família
familia de de banqueiros
banqueiros protes-
protes-
1]
~
tantes
aa idade
suf
idade de
cos, Naville
18 anos,
de 18
cornecou
anos, criando
criando com
suas
com oo amigo
atividades
tantes suíços, Naville começou suas atividades literárias com literarias
Gerard Rosenthal
amigo Gérard
com
Rosenthal aa
j1 revista LOeu]Dur,
revista LOeuf Dur, onde
onde publicaria
publicaria seus seus primeiros poemas.
primeiros poemas.
,·l·�
.f�);
.1."
.(~7t: '>13
'>\) Durante oo inverno
Durante inverno de 1923-1924, Naville
de 1923-1924, Naville conheceu
conheceu Breton
Breton
;-
'I\
", J"
e seus amigos da revista Litterature e os dois
e seus amigos da revista Littérature e os dois grupos uniram- grupos unirarn-
~�'
1
se para
para criar
criar aquele
aquele que que logo
logo se se transformaria
transformaria no no primeiro
primeiro
"'
'" se
surrealista. No
grupo surrealista.
grupo Primeiro manifesto
No Primeiro manifesto do do surrealismo
surrealismo
(1924), Breton
(1924), Breton oo citacita como
como um um dosdos 1919 membros
membros fundadore.s
fundadores
que "fizeram
que "fizeram profissão
profissao de de fé
fe de
de SURREALISMO
SURREALISMO ABSOLUTO".
ABSOLUTO". Seu Seu
Franklin Rosemont, Michael Lowy, Penelope Rosemont, Cadaver excelente, nome aparece em todos os panfletos coletivos
nome aparece em todos os panfletos coletivos e nas procla- e nas procla-
FrankIín Rosemont, MichaeI Léiwy, Penelope Rosemont, Cadáver excelente,
nanquim sabre papel, 1993.
nanquim sobre papel, 1993.
macoes do
mações do grupo durante os
grupo durante os quatro
quatro anosanos seguintes.
seguintes.
57
MICHAEL
MICHAEL LOWY
lOWY
A ESTRELA DA MANHA: SURREALISMO E MARXISMO
A ESTRELA DA MANHÃ: SURREAlISMO E MARXISMO
mente a um conflito com a burguesia ea uma convergencia proletariado, mas, "enquanto esperam", desejam dar prosse-
mente a um conflito com a burguesia e a uma convergência
com o movimento revolucionario. Contudo, ele conclamava guimento a suas
proletariado, mas, "enquanto sobre
experiencias esperam", desejam sem
a via interna, dar nenhum
prosse-
com o movimento revolucionário. Contudo, ele conclamava
seus amigos surrealistas a irem alem de um ponto de vista guimento a suas
controle do exterior. experiências sobre a via interna, sem nenhum
seus amigos surrealistas a irem além de um ponto de vista controle do exterior.
puramente negativo, "metafisico" e anarquista para adotar a
puramente negativo, "metafísico" e anarquista para adotar a Respondendo especificamente a Naville, Breton rejeitava
abordagem dialetica do comunismo, aceitando assim a "acao as ilus6es
Respondendo "maquinismo" ea justificava,
sobre o especificamente Naville, Bretonem compensa-
rejeitava
abordagem dialética do comunismo, aceitando assim a "ação
disciplinada" da única via revolucionária:
marxismo. Ele
disciplinada" da unica via revolucionaria: oo marxismo. Ele s;ao, a "esperanca secreta" dos surrealistas no Oriente. Ele
as ilusões sobre o "maquinismo" e justificava, em compensa-
insistia na necessidade de nao hesitar mais e escolher um cam-
insistia na necessidade de não hesitar mais e escolher um cam-
ção, a "esperança
recusava-se sobretudo
secreta" a separar "a realidade
dos surrealistas interior"Ele
no Oriente. do
po: anarquismo ou comunismo, revolucao do espfrito ou re- "mundo
recusava-se dos fatos"
sobretudo e confessava
a separar a "aambicao
realidade surrealista
interior" de su-
do
po: anarquismo ou comunismo, revolução do espírito ou re-
volucao pela mudanca do mundo dos fatos. Celebrando "mundoesta
perar
fatos" eartificial
dosoposicao confessava utilizando
a ambição todossurre meiosde
os alista _possf-
su-
volução pela mudança do mundo dos fatos. Celebrando
sempre o surrealismo como "uma atitude do espfrito mais veis -
perar estaa cornecar
oposição pelo artificial utilizando otodos
mais primitivo: apelo os marauilhoso.
ao meios possí-
sempre o surrealismo como "uma atitude do espírito mais
subversivo que implica tambern uma crens;a na desconstrucao Com a ajuda da poesia e da imaginacao, o surrealismo quer
veis - a começar pelo mais primitivo: o apelo ao maravilhoso.
subversivo que implica também uma crença na desconstrução
do estado atual de coisas", Naville critica as ilus6es sabre a a oposicao
abolira ajuda
Com tradicional
da poesia entre a acao
e da imaginação, e a palavra, quer
o surrealismo o so-
do estado atual de coisas", Naville critica as ilusões sobre a
oposicao entre o "Oriente" e o "Ocidente", o peso excessivo nho ea
abolir a oposição Saudando sempre
realidade.tradicional entre a oação e a palavra,hist6rico
materialismo o so-
oposição entre o "Oriente" e o "Ocidente", o peso excessivo
dado ao sonho e a hostilidade ao maquinismo moderno. Em como
nho e a uma
realidade. genial, Breton
teoria Saudando sempre insistia no fato de que
o materialismo ele "s6
histórico
dado ao sonho e a hostilidade ao maquinismo moderno. Em
ultima analise, ele esperava que o surrealismo, apesar de seu pode nascer na negacao exasperada, definitiva" do materia-
como uma teoria genial, Breton insistia no fato de que ele "só
última análise, ele esperava que o surrealismo, apesar de seu
carater "nitidamente romantico", fosse capaz de dar o passo lismonascer
pode puro.naOra, negaçãoobserva com acuidade
exasperada, o poeta,
definitiva" as velhas
do materia-
que vai da revolta a revolucao (Naville 1928, 1975, p. 92).
caráter "nitidamente romântico", fosse capaz de dar o passo 1
ideiaspuro.
lismo materialistas
Ora, observavulgares, acuidade por
comrejeitadas Marx, as"parecem
o poeta, velhas
que vai da revolta à revolução (Naville 1928, 1975, p. 92).1
O livrete - divulgado pelo Bureau surrealista" - foi ate idéias materialistas
seguir sub-repticiamente curso no por
vulgares,seurejeitadas espirito
Marx, certos diri-
de "parecem
O livrete - divulgado pelo Bureau surrealista'f - foi até
bem recebido pelos surrealistas; em uma carta a companhei- gentes do Partido Comunista Frances" (Breton 1926; diri-
seguir sub-repticiamente seu curso no espírito de certos 1948,
bem recebido pelos surrealistas; em uma carta à companhei-
ra Denise, no outono de 1926, Naville regozija-se por ter re- gentes do Partido
2
pp. 56-71). Comunista Francês" (Breton 1926; 1948,
ra Denise, no outono de 1926, Naville regozija-se por ter re-
cebido "uma mocao geral de confianca" sobre as ideias Este debate mostra que os desacordos entre Naville e
pp.56-71).2
cebido "uma moção geral de confiança" sobre as idéias
expressas nesse texto. Andre Breton respondeu em setembro Breton eram menos
Este debate que os -
mostrapoliticos mesmo que
desacordos entre Naville con-
o segundo e
expressas nesse texto. André Breton respondeu em setembro
de 1926, com o artigo "Legitime defense" (publicado em La siderasse, contra o primeiro, que uma reconciliacao com os
Breton eram menos políticos - mesmo que o segundo con-
de 1926, com o artigo "Légitime défense" (publicado em La
Reuolution surrealiste n- 7), que aceitava adotar um apoio siderasse,
anarquistas era,o "ate
contra primeiro, que uma possivel
certo ponto", - do com
reconciliação que filo-
os
Rél/olution surréaliste n° 7), que aceitava adotar um apoio
"entusiasta" ao programa comunista, mas criticava a polftica s6ficas: o autor
anarquistas do Manifesto
era, "até surrealista
certo ponto", considerava-se
possível- mar-
do que filo-
"entusiasta" ao programa comunista, mas criticava a política
cultural do Partido Comunista Frances e recusava qualquer xista, omas
sóficas: ele o marxismo
do Manifesto
autorpara significava
surrealista a super
considerava-se acao
mar-
cultural do Partido Comunista Francês e recusava qualquer
colaboracao com Henri Barbusse, redator Iiterario de
colaboração com Henri Barbusse, redator literário de dialetica - no sentido da Aufhebung hegeliana - das ve-
xista, mas para ele o marxismo significava a superação
EHurnanite. '' Todos os surrealistas, asseverava, desejam uma lhas oposicces
dialética - no sentidoentre idealismo
da Aufhebung das ve- ·e
hegeliana - interior
e materialismo,
I:Humanité.'f Todos os surrealistas, asseverava, desejam uma
revolucao social que transfira o poder da burguesia para o lhas oposições entre idealismo e materialismo,
exterior. interior ·e
revolução social que transfira o poder da burguesia para o exterior.
Na realidade, os surrealistas estavam divididos em tres
*Joma! do Partido Comunista Frances. (N. da T.)
*Jornal do Partido Comunista Francês. (N. da T.)
Na realidade,
tendencias: os surrealistas
aqueles Naville, insistiam
que, como estavam emrevolu-
divididos na três
tendências: aqueles que, como Naville, insistiam na revolu-
6060 6 1
MICHAEL LOWY
MICHAEL LOWY AA ESTRELA DA MANHA: SURREALlSMO
ESTRELA DAMANHÃ: SURREALISMO E
E MARXISMO
MARX IS MO
i;ao nos
ção nos fatos;
fatos; aqueles
aqueles que,
que, como nao acreditavam
Artaud, não
coma Artaud, acreditavam versao surrealista
pr6pria versão
própria surrealista do do marxismo,
marxismo, além alem das
das antinomias
antinomias
senao na
senão na revolução
revolucao espiritual,
espiritual, ee aqueles
aqueles que,
que, como Breton eea
coma Breton a filosoficas tradicionais.
filosóficas tradicionais.
maioria do
maioria do grupo,
grupo, buscavam
buscavam aa unidade,
unidade, aa essência
essencia comum
comum dos
dos No começo
No corneco do do ano
ano dede 1927,
1927, influenciados
influenciados pelo pelo chama-
chama-
dais, partindo
dois, partindo do
do postulado
postulado de
de que
que aa poesia
poesia ee aa revolução sao
revolucao são mento de
mento de Naville, Breton ee vários
Naville, Breton varies dosdos principais
principais membros
membros do do
irmas.
irmãs. surrealista decidiram seguir seu exemplo
grupo surrealista decidiram seguir seu exemplo filiando-se ao
grupo filiando-se ao
Quando de
Quando de umauma reunião
reuniao do do grupo surrealista em
grupo surrealista em novem-
novem- Partido Comunista
Partido Comunista -- reservando-se
reservando-se sempre sempre um um "direito
"direito de de
bro de
bro de 1926,
1926, asas relações
relacoes entre
entre surrealismo
surrealismo ee comunismo
comunismo fo- fo- crftica" ...
crítica" ... Este
Este novo
nova passo tornou-se público
passo tornou-se publico em em abril
abril na na de-
de-
ram novamente
ram novamente discutidas.
discutidas. Segundo
Segundo Naville,
Naville, não nao havia
havia "Au grand jour",
claracao "Augrand
claração incluia uma
que incluía
jour", que uma carta
carta aberta
aberta muito
muito
em La Revolution
contradição entre colaborar em La Révolution Surréaliste ee
contradicao entre colaborar Surrealiste amistosa
amistosa para Pierre Naville: "Em seu livrete
para Pierre Naville: "Em seu livrete La Révolution La Revolution
em Clarte-
em Clarté uma revista
- uma revista cultural
cultural ligada ao PCF
ligada ao PCF ee dirigi
dirigida por
da por et les
et !es intelleetuels,
intellectuels, você voce foifoi oo primeiro
primeiro aa colocar
colocar aa questão
questao que que
Pierre Naville, Marcel Fourrier, Victor Castre
Pierre Naville, Marcel Fourrier, Victor Castre e Jean Bernier. e Jean Bernier. ora debatemos."
ora debatemos." AssinadaAssinada por Andre Breton,
por André Breton, Benjamin
Benjamin Péret, Peret,
Nao somente
Não somente eleele continuava
continuava aa dar dar "uma
"uma importância
importancia capital"
capital" Louis Aragon,
Louis Aragon, Paul Paul Éluard
Eluard ee Pierre
Pierre Unik,
Unik, aa carta
carta rende
rende home-home-
aà atividade
atividade surrealista
surrealista pura,
pura, como
como acrescentava
acrescentava que esta
que esta não nao ao
nagem ao "espírito
nagem "espfrito de decisão", à "coragem intelectual ee àa
de decisao", a "coragem intelectual
deveria ser
deveria ser de
de forma
forma alguma subordinada àa tática
alguma subordinada tatica dada Terceira
Terceira "lucidez" de
"lucidez" de Naville
Naville ee insiste
insiste emem sua
sua concordância
concordancia fundamen-
fundamen-
Internacional. Breton
Internacional. Breton responde
responde insistindo
insistindo nono acordo
acordo entre
entre eles:
eles: tal: "Somos
tal: "Somos profundamente
profundamente ligados ligados às as mesmas
mesmas coisas
coisas há ha mui-
mui-
"O livrete
"O livrete dede Naville
Naville foi foi de
de grande eficacia. É
grande eficácia. E uma
uma das <las coisas
coisas to tempo."
to tempo." Mas Mas oo que eles não
que eles nao sabiam
sabiam ée queque oo amigo
amigo -- sempresempre
que mais contribufram para sacudir as pessoas
que mais contribuíram para sacudir as pessoas de seu torpor." de seu torpor." um a frente dos outros! - decidira
passo à frente dos outros! - decidira nesse meio-tempo
um passo nesse rneio-ternpo
Ele silencia
Ele silencia sobre
sobre seusseus desacordos
desacordos filosóficos
filos6ficos ee limita-se
limita-se aa la-la- tomar posicao no
tomar posição no conflito
conflito interno
interno do do movimento
movimento comunista,
comunista,
mentar que
mentar que "a
"a exposição
exposicao histórica
hist6rica imparcial"
imparcial" do do ensaio
ensaio "não
"nao apoiando aa Oposição
apoiando Oposicao de de Esquerda Internacional dirigi
Esquerda Internacional dirigida por
da por
comporte aa conclusão
comporte conclusao bem hem precisa
precisa que dela se
que dela se esperava"
esperava" -- Trotski.
Leon Trotski.3 3
6 2
62 63
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MICHAEL
MICHAEL LOWY
LOWY A
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHA:
DAMANHÃ: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
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MICHAEL LOWY
LOWY A ESTRELA DA MANHA: SURREALISMO E MARXISMO
MICHAEL A ESTRELA DA MANHÃ: SURREALISMO E MARXISMO
De volta
volta aa Paris,
Paris, Naville
Naville anunciou
anunciou publicamente
publicamente seu seu apoio
apoio Clarie. Depois de algumas replicas polemicas de ambos os
De Clarté. Depois de algumas réplicas polêmicas de ambos os
àa Oposição
Oposicao de de Esquerda
Esquerda -- oo que lhe valeu,
que lhe valeu, pouco
pouco depois,
depois, lados, Naville levantou-se, foi embora. Ele nunca mais volta-
lados, Naville levantou-se, foi embora. Ele nunca mais volta-
em fevereiro
fevereiro de de 1928,
1928, como como era era dede sese prever,
prever, aa exclusão
exclusao do do ria (Naville 1977, pp. 344-345).4
em ria (Naville 1977, pp. 344-345).4
PCP. Alguns meses depois, seus dois ensaios foram publica- Ora, tudo parece indicar que Breton nao desejava uma
PCE Alguns meses depois, seus dois ensaios foram publica- Ora, tudo parece indicar que Breton não desejava uma
dos juntos
dos juntos sobsob oo título
titulo de La Révolution
de La Revolution et et les
les intelleetuels.
intellectuels. ruptura com Naville. A prova disso e que ele lhe escreveu,
ruptura com Naville. A prova disso é que ele lhe escreveu,
A publicação
A publicacao do do livro
livro suscitou
suscitou um um ecoeco imediato
imediato além alem das
das alguns meses depois, junto com Aragon, Peret, Queneau e
alguns meses depois, junto com Aragon, Péret, Queneau e
fronteiras francesas:
francesas: atraiuatraiu aa atenção
atencao de de Walter
Walter Benjamin
Benjamin ee Unik, uma carta amistosa convidando-o com insistencia a
fronteiras Unik, uma carta amistosa convidando-o com insistência a
inspirou, em larga medida, seu brilhante
inspirou, em larga medida, seu brilhante ensaio de 1929, ensaio de 1929, LeLe participar de uma discussao sobre Trotski no grupo surrealista,
participar de uma discussão sobre Trotski no grupo surrealista,
surrealisme. Le
surrealisme. Ledernier
dernierinstantané
instantanede de fintelligence europeenne.
['intelligence européenne. que deveria ter lugar em marco de 1929. Sabemos, observam
que deveria ter lugar em março de 1929. Sabemos, observam
Fascinado, depois
depois de de suasua visita
visita aa Paris
Paris emem 1926-1927,
1926-1927, pelas pelas eles, que sua principal atividade se situa em outro terreno, mas
Fascinado, eles, que sua principal atividade se situa em outro terreno, mas
"iluminacoes profanas"
profanas" dos dos surre
surrealistas, Benjamin esperava,
esperava, sua ausencia de tal reuniao seria uma lamentavel
"iluminações alistas, Benjamin sua ausência de tal reunião seria uma lamentável
como Naville, que eles logo se juntassem
como Naville, que eles logo se juntassem ao movimento co- ao movimento co- "dessolidarizacao". Estamos certos, acrescentavam eles, que
"dessolidarização". Estamos certos, acrescentavam eles, que
munista.
munista. o destino de Trotski nao pode ser-lhe indiferente e pensamos
o destino de Trotski não pode ser-lhe indiferente e pensamos
Como Naville,
Como Naville, cujo "excelente ensaio"
cujo "excelente ensaio" ele ele saudava,
saudava, Ben-Ben- que o autor de La Revolution et les intellectuels deveria estar
que o autor de La Révolution et les intelleetuels deveria estar
acreditavaque
jamin acreditava
jamin que aahostilidade
hostilidade burguesa
burguesaaaqualquer
qualquer aspi-aspi- presente ao debate (Naville 1977, p. 346).
presente ao debate (Naville 1977, p. 346).
Naville recusou-se a cornparecer. A questao de fundo era
racao de liberdade espiritual empurrara os
ração de liberdade espiritual empurrara os surrealistas para aa surrealistas para Naville recusou-se a comparecer. A questão de fundo era
Todavia,ao
esquerda.Todavia,
esquerda. aocontrário
contrariode dePierre
PierreNaville,
Naville,Walter
WalterBen-
Ben- que ele nao se considerava mais como membro do grupo
que ele não se considerava mais como membro do grupo
tinha muita
jamin tinha muita simpatia
simpatia pelo pelo componente
componente libertárioIibertario do do surrealista. Como escrevera rnuito mais tarde, em um texto
jamin surre alista. Como escreverá muito mais tarde, em um texto
surrealismo.
surrealismo. autobiografico: "Nao respondi [ao convite], decidido que
autobiográfico: "Não respondi [ao convite], decidido que
Nadaparece indicar que
parece indicar Naville tenha
que Naville tenhaconhecido
conhecido oo en- en- estava a deixar o surrealismo falar sua pr6pria lingua sem
Nada estava a deixar o surrealismo falar sua própria língua sem
saiode deWalter
WalterBenjamin
Benjamin--na naépoca
epocaum umcrítico
crfticoliterário
literariopou-
pou- critica-lo" (Naville 1977, p. 346).
saio criticá-lo" (Naville 1977, p. 346).
cococonhecido
conhecidofora foradas<lasfronteiras
fronteirasda daAlemanha.
Alemanha.Depois Depoisde deseu
seu Quais foram as raz6es dessa partida? Efetivamente, Naville
Quais foram as razões dessa partida? Efetivamente, Naville
retornoda
retorno daURSS,
URSS,ele elededicou-se inteiramenteàaorganização
dedicou-seinteiramente organizacao parecia ter chegado a conclusao de que havia tens6es demais
parecia ter chegado à conclusão de que havia tensões demais
da Oposicao Comunista de Esquerda na Franca - principal- entre a ambicao surrealista de revolucionar o espfrito e as
da Oposição Comunista de Esquerda na França - principal- entre a ambição surrealista de revolucionar o espírito e as
menteatravés
mente atravesda darevista Clarte,que
revistaClarté, quelogo
logo(março
(marcode de1928)
1928)sese exigencias concretas da revolucao social. Conseqtienternen-
exigências concretas da revolução social. Conseqüentemen-
transformariaem
transformaria Luttedes
emLutte desClasses
Classes-,-,afastando-se
afastando-sepouco poucoaa te, ele decidiu privilegiar a segunda opcao, nao acreditando
te, ele decidiu privilegiar a segunda opção, não acreditando
poucodos dossurrealistas.
surrealistas.Ele Eleainda
aindaparticipou
participoudos dosdebates
debatesdo do nas tentativas de Breton visando a uma reconciliacao entre os
pouco nas tentativas de Breton visando a uma reconciliação entre os
grupo sobre a sexualidade em janeiro
grupo sobre a sexualidade em janeiro de 1928, mas um em- de 1928, mas um em- dois. A esta divergencia fundamental, pode-se acrescentar que
dois. A esta divergência fundamental, pode-se acrescentar que
batedesagradável
bate desagradavelcom comBretonBretonem emjulho
julhodede19281928esfriaria
esfriariasuas
suas Naville, ao contrario dos surrealistas, nao era um romantico:
Naville, ao contrário dos surrealistas, não era um romântico:
relacces, O0objetoobjetodo dodebate
debateera eraum umartigo
artigodedeVictor
VictorSerge
Serge ele tinha confianca na tecnologia rnoderna e rejeitava, con-
relações. ele tinha confiança na tecnologia moderna e rejeitava, con-
sobreososacordos
sobre Brest-Litovsk,* *publicado
acordosdedeBrest-Litovsk, publicadopor Navilleem
porNaville em forme vimos, qualquer crftica ao "rnaquinismo", assim como
forme vimos, qualquer crítica ao "maquinismo", assim como
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66 6 7
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MICHAEL LOWY A ESTRELA DA MANHA: SURREALISMO E MARXISMO
MICHAEL LOWY
A ESTRELA DAMANHÃ: SURREALISMO E MARXISMO
os sonhos e especulacoes sobre o Oriente. Alem disso, ele nao sabre os resultados desse pedido e sublinhava o fato de que,
os sonhos e especulações sobre o Oriente. Além disso, ele não sobre os resultados os oposicionistas
desse pedido e sublinhava o fato exilados
continuavam de que,
partilhava a hostilidade de Breton em relacao ao materialis- enquanto esperavam,
partilhava a hostilidade de Breton em relação ao materialis-
mo do seculo XVIII - ele ira escrever alguns anos depois um enquanto
ou deportados ... (Trotski
esperavam, 1975, pp. 325-331).
os oposicionistas continuavam exilados
mo do século XVIII - ele irá escrever alguns anos depois um
livro em homenagem ao barao de Holbach - nem sua fasci- Em ultima analise, a hipotese sugerida por Naville nao e
ou deportados ... (Trotski 1975, pp. 325-331).
livro em homenagem ao barão de Holbach - nem sua fasci-
pela dialética
nacao pela dialeticahegeliana.
hegeliana. Em
realmente última análise, a outros
convincente: hipótese surrealistas
sugerida por - como
NavilleBenjamin
não é
nação
Alguns meses mais tarde, saia no ultimo numero de La realmente tambern se outros
Peret - convincente: a favor
surre alistas
posicionaram - como corrente
daBenjamin
Alguns meses mais tarde, saía no último número de La
Revolution Surrealiste (dezembro de 1929) o Segundo mani- Péret sem com se
- também
trotskista, serem atingidos
issoposicionaram favor raios
a pelos e trov6es
da corrente
Révolution Surréaliste (dezembro de 1929) o Segundo mani-
festo do surrealismo, que inclufa um virulento ajuste de con- de Andre Breton. Ademais, desde que escrevera, em trovões
trotskista, sem com isso serem atingidos pelos raios e outubro
festo do surrealismo, que incluía um virulento ajuste de con-
tas de Andre Breton com certos surrealistas, entre os quais dede 1925, um resumo entusiasta do livro de Trotski sobre Lenin,
André Breton. Ademais, desde que escrevera, em outubro
tas de André Breton com certos surrealistas, entre os quais de 1925, nunca
um resumodeixara de consagrar
entusiasta uma
do livro sobre Lenin,ao
Trotski admiracao
deintensa
Naville. Dizer que os insultos dirigidos aquele que foi o pri- Breton
Naville. Dizer que os insultos dirigidos àquele que foi o pri- Breton nunca da deixara consagrar mesmo
ExercitodeVermelho; uma intensa por um curto
que, admiração ao
meiro redator da revista surrealista eram excessivos e injus- fundador
meiro redator da revista surrealista eram excessivos e injus-
tos e dizer pouco. Em uma <las passagens menos ofensivas, periodo, tenha aderido ao PCF, ele nunca se tornou, como
fundador da Exército Vermelho; mesmo que, por um curto
tos é dizer pouco. Em uma das passagens menos ofensivas, período, tenha surrealistas,
aderido ao um PCF,stalinista.
ele nunca se tornou, como
Breton compara Naville a uma "jiboia de maus bofes" e ma- tantos outros
Breton compara Naville a uma "jibóia de maus bofes" e ma-
nifesta sua esperan�a de que os "domadores da forca de Trotski au tor <las
tantosO outros surre alistas,oferece,
injurias em Entretiens, de 1952, uma
um stalinista.
nifesta sua esperança de que os "domadores da força de Trotski
e mesmo de Suvarin acabem por trazer a razao o eminente O autor
outra das injúriasdesculpando-se
interpretacao: oferece, em Entretiens, de 1952,de
pelos "excessos uma lin-
e mesmo de Suvarin acabem por trazer à razão o eminente
(Breton 1994, pp. 105-106)!
reptil"(Breton
réptil" 1994, pp. 105-106)! guagem" do Segundo Mani{esto, ele os atribui a uma "tensao
outra interpretação: desculpando-se pelos "excessos de lin-
Por que este ataque brutal contra o autor de La Revolution nervosa"doprovocada
guagem" pela situacao
Segundo Manifesto, ele cntica
os atribui uma "tensãona-
do asurrealismo
Por que este ataque brutal contra o autor de La Révolution
et !es intellectuels, que, alguns meses antes, ele mesmo tao quele momento
nervosa" provocada e por
pelaproblemas de suado
situação crítica vida Intima - na-
surrealismo uma
et les intellectuels, que, alguns meses antes, ele mesmo tão
amistosamente convidara para uma discussao interna do gru- referencia
quele momento evidente seu div6rciodedasua
e pora problemas primeira mulher,
vida íntima - umaSimo-
amistosamente convidara para uma discussão interna do gru-
po? A explicacao proposta pelo proprio Naville, muitos anos ne, prima de Denise Naville. Mesmo levando em considera-
referência evidente a seu divórcio da primeira mulher, Simo-
po? A explicação proposta pelo próprio Naville, muitos anos
O aspecto pessoal, e dificil acreditar que ele possa constituir
depois, e essencialmente polftica: teria sido a recusa de Breton, ne,�aoprima de Denise Naville. Mesmo levando em considera-
depois, é essencialmente política: teria sido a recusa 5de Breton, ção razao do
o aspecto pessoal,
a principal ataque
é difícil contraque
acreditar o antigo
ele possa editor de La
constituir
naquela epoca, de escolher entre Stalin e Trotski que o leva-
naquela época, de escolher entre Stalin e TrotskiS que o leva- a Revolution
principal razãoSurrealiste (Breton
do ataque 1969,o p.
contra 152). editor de La
antigo
ra a abrir fogo contra ele, um partidario ativo da Oposicao de
ra a abrir fogo contra ele, um partidário ativo da Oposição de
Esquerda. Breton justificava sua posicao de neutralidade com Révolution
Parece-me que seria
Surréaliste necessario
(Breton 1969, p.acrescentar
152). uma terceira
Esquerda. Breton justificava sua posição de neutralidade com
o fato de que o proprio Trotski reconhecera, em uma carta de motivacao para a irritacao de Breton: o sentimento
Parece-me que seria necessário acrescentar uma de que
terceira
o fato de que o próprio Trotski reconhecera, em uma carta de
25 de setembro de 1929, que a direcao da Terceira Interna- Naville o abandonara em um momento crucial que
motivação para a irritação de Breton: o sentimento de - a
25 de setembro de 1929, que a direção da Terceira Interna- Naville o abandonara em um momento crucial - a
cional evolufra para a esquerda. Como Trotski apoiava o pe- "dessolidarizacao" de que fala a carta de marco de 1929 -,
cional evoluíra para a esquerda. Como Trotski apoiava o pe- deixando o grupodesem
"dessolidarização" quedarfalaexplicacoes. Enquanto
a carta de março o livro
de 1929 -, de
dido de reintegr acao ao partido de Rakovsky e de outros
dido de reintegração ao partido de Rakovsky e de outros deixando o grupo visar sem adaruma convergencia,
explicações. talvez mesmo
Enquanto o livro de uma
oposicionistas de esquerda, por que os surrealistas seriam mais Naville parecia
oposicionistas de esquerda, por que os surre alistas seriam mais
irredutfveis do que ele mesmo? 0 argumento nao e falso, mas especie de fusao ou liga alqufmica entre o surrealismo e o
Naville parecia visar a uma convergência, talvez mesmo uma
irredutíveis do que ele mesmo? O argumento não é falso, mas espécie de fusãosua ou sugeria antes
liga alquímica
defeccao surrealismodee uma
entre a onecessidade o
e preciso acrescentar que Trotski nao estava muito otimista marxismo,
é preciso acrescentar que Trotski não estava muito otimista marxismo, sua defecção sugeria antes a necessidade de uma
69
686 8
69
MICHAEL
MICHAEl LOWY
lÕWY A
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHÃ:
DA MANHA: SURREALISMO
SURREAllSMO E
E MARXISMO
MARXISMO
escolha: ou
escolha: ou umum ouou outro. Alern do
outro. Além do mais,
mais, com com suasua partida,
partida, dir em
dir em uma
uma publicação
publicacao comum
comum (o (o projeto
projeto dede La
La Guerre
Guerre Civile),
Civile),
Naville impedia a construção de pontes entre os surrealistas ee
Naville impedia a construcao de pontes entre os surrealistas constatava com
constatava com satisfação,
satisfacao, no no entanto,
entanto, que os surre
que os surrealistas es-
alistas es-
Trotski: eé por
Trotski: isso que
por isso que Breton
Breton oo acusava,
acusava, no no Segundo Mani-
Segundo Mani- creviam na
creviam na revista
revista comunista
comunista ee que que Breton
Breton ee Aragon
Aragon "subs-
"subs-
festo, de
festo, "afastar Leon
de "afastar Leon Trotski
Trotski de de seus
seus únicos
unicos amigos".
amigos". Ele Ele creviam a concepcao marxista da revolucao"
creviam a concepção marxista da revolução" (Mariátegui (Mariategui
repetiu esta
repetiu acusacao varies
esta acusação anos depois,
vários anos depois, em em Entretiens,
Entretiens, ao ao 1973a).
1973a).
afirmar que durante todos aqueles
afirmar que durante todos aqueles anos em que anos em Naville
que Naville foi foi anos mais
Alguns anos
Alguns mais tarde,
tarde, em em umum artigo
artigo intitulado
intitulado "O "O ba-
ba-
um dos dirigentes da secao francesa da IV
um dos dirigentes da seção francesa da IV Internacional, de Internacional, de do surrealismo",
lance do
lanço surrealismo", Mariátegui saudava as
Mariategui saudava as origens roman-
origens român-
1930 aa 1939,
1930 1939, eleele fez
fez tudo
tudo oo que
que podia
podia para tornar impossível
para tornar impossfvel ticas do surrealismo - orgulhosamente
ticas do surrealismo - orgulhosamente assumidas por assumidas por
qualquer aproximacao
qualquer aproximação entre entre osos surrealistas
surrealistas ee os os partidários
partidarios Breton no
Breton no Segundo Mani{esto -- ee igualmente
Segundo Manifesto igualmente seu seu
de Trotski. De fato, esta acusacao nao
de Trotski. De fato, esta acusação não é infundada, e infundada, porém porern se se engajamento no
engajamento no "programa marxista". Manifestando
"programa marxista". Manifestando sem- sem-
aplica apenas
aplica apenas aosaos primeiros
primeiros cincocinco ou ou seis anos deste
seis anos deste perfodo
período pre sua
pre sua "simpatia
"simpatia ee esperança"
esperanca" em em relação
relacao aosaos surrealistas,
surrealistas,
(Breton 1969,
(Breton 1969, p. p. 137).
137). ele nao deixa de criticar aquilo que chama
ele não deixa de criticar aquilo que chama de "agressão pes-de "agressao pes-
Curiosamente,
Curiosamente, Naville Naville encontrou
encontrou um um defensor
defensor contra
contra os os soal extrema"
soal extrema" de de Breton
Breton contracontra Naville,
Naville, apresentado
apresentado no no
ataques do Segundo Manifesto na pessoa de
ataques do Segundo Manifesto na pessoa de um admirador do um admirador do Manifesto como
Manifesto como um um oportunista
oportunista obcecadoobcecado pelo pelo desejo
desejo de de
surrealismo
surrealismo do do outro
outro ladolado dodo oceano:
oceano: oo grandegrande pensador
pensador notoriedade: "Parece-me
notoriedade: "Parece-rne que Naville tem
que Naville tern um
um caráter
carater muito
muito
marxista peruano Jose Carlos Mariategui.
marxista peruano José Carlos Mariátegui. O revolucionário 0 revolucionario mais serio. E nao excluo a possibilidade de
mais sério. E não excluo a possibilidade de que Breton pos- que Breton pos-
latino-americano estava
latino-americano estava em contato com
em contato com Naville
Naville -- enviara-
enviara- sa, mais
sa, mais tarde,
tarde, corrigir
corrigir seu seu ponto
ponto de de vista
vista sobre
sabre eleele -- se se
lhe uma
lhe uma c6pia
cópia dede seu
seu livro Sete ensaios
livro Sete ensaios de interpretar;iio da
de interpretação da Naville corresponder
Naville corresponder às as minhas
minhas próprias
pr6prias esperanças
esperancas -, -, dada
realidade peruana (1928) - e publicara em
realidade peruana (1928) - e publicara em sua revista Amautasua revistaAmauta mesma maneira
mesma maneira nobre
nobre com com aa qual,
qual, depois
depois dede uma
uma longa
longa que-
que-
alguns artigos
alguns favoraveis ao
artigos favoráveis ao surrealismo.6
surrealism 0. 6 Em Em termos
termos muito
muito rela, ele reconheceu a persistencia de Tristan
rela, ele reconheceu a persistência de Tristan Tzara em seu Tzara em seu
semelhantes aos
semelhantes aos de
de Walter
Walter Benjamin
Benjamin (que ele certamente
(que ele certamente não nao ousado ee em
engajamento ousado
engajamento em seuseu trabalho
trabalho sério."
serio." A A previsão
previsao não nao
conhecia), ele insistia no fato
conhecia), ele insistia no fato de que de nao se tratava
que não se tratava de um de um era falsa,
era falsa, mas
mas só veio aa se
s6 veio se realizar
realizar oitooito anos
anos mais mais tarde
tarde
fenorneno Iiterario ou de uma
fenômeno literário ou de uma moda artfstica,moda mas
artística, mas "de um "de um (Mariategui 1973b,
(Mariátegui 1973b, 1973c).
1973c).
protesto do espírito", que "denunciava ee condenava,
protesto do espfrito", que "denunciava condenava, em em blo-
blo- Em 1930, Naville
Em 1930, Naville tornou-setornou-se um um dosdos fundadores
fundadores da da Liga
Liga
co, aa civilizacao
co, capitalista". Por
civilização capitalista". Por seu
seu espfrito
espírito ee sua sua ação,
acao, oo Comunista- a organizacao francesa da Oposicao
Comunista - a organização francesa da Oposição de Esquerda de Esquerda
surrealismo era
surrealismo era um
um movimento
movimento romântico,
rornantico, mas mas "por sua re-
"por sua re- -- e um dos membros
membros do secretariado
secretariado internacional
internacional do movi- movi-
jeicao revolucionaria do pensamento e da
jeição revolucionária do pensamento e da sociedade capita- sociedade capita- mento. Aos
mento. Aos 2727 anos,
anos, ele
ele era
era umum dosdos principais
principais dirigentes
dirigentes do do
listas, ele coincide historicamente com o
listas, ele coincide historicamente com o comunismo, no nfvel
comunismo, no nível trotskismo mundial.
trotskismo mundial. As As relações
relacoes de de Naville
Naville comcom Trotski
Trotski du-du-
politico". Mariategui seguia com o mais vivo
político". Mariátegui seguia com o mais vivo interesse a apro- interesse a apro- rante os anos 30 nem sempre foram faceis,
rante os anos 30 nem sempre foram fáceis. Eles divergiam Eles divergiam
ximacao entre
ximação entre oo grupo
grupo surrealista
surrealista ee Clarté;
Clarie; lamentando,
lamentando, em em muitas vezes
muitas vezes sobre
sobre questões taticas e,
quest6es táticas e, em
em umum debate
debate comcom seusseus
um artigo de 1926, que eles nao tivessem
um artigo de 1926, que eles não tivessem conseguido conseguido se fun-se fun- camaradas franceses
camaradas franceses em em agosto
agosto de de 1934,
1934, Trotski
Trotski reclamou
reclamou do do
0
7 o 1
7 1
MICHAEL LOWY AA ESTRELA
ESTRELA DAMANHÃ:
DA MANHA: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
MICHAEL LÕWY
77 22 77 3
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LÕWY A ESTRELA
A ESTRELA DAMANHÃ:
DA MANHA: SURREALISMO
SURREALISMO E MARXISMO
E MARXISMO
da criação
da criacao intelectual,
intelectual, "um "um regime
regime anarquista
anarquista de de liberdade
liberdade Esquerda em
Esquerda em 19551955 ee do
do PSU
PSU em 1960, uma
em 1960, uma viavia socialista
socialista al- al-
individual". O
individual". 0 poeta
poeta surrealista
surrealista ee oo bolchevique
bolchevique exiladoexilado ape-
ape- ternativa.
ternativa.
lavam àa cooperacao
lavam cooperação entre entre marxistas
marxistas ee anarquistas
anarquistas -- um um ve-ve- Nos anos
Nos anos do do pós-guerra, Naville ainda
pos-guerra, Naville ainda encontrará
encontrara Breton Breton
lho sonho
lho sonho de Breton, como
de Breton, como se viu -- ee àa criação
se viu criacao de de uma
uma ee Benjamin Peret, mas as
Benjamin Péret, mas as relações entre eles sao
relacoes entre eles são esparsas. As esparsas. As
organizacao comum dos artistas revolucionarios
organização comum dos artistas revolucionários contra o fas- contra o fas- crfticas que
críticas Breton lhe
que Breton lhe faz
faz em
em Entretiens (1952)-
Entretiens (1952) - só s6 em
em parte
parte
cismo, oo stalinismo
cismo, stalinismo ee oo sistema
sistema capitalista:
capitalista: aa Federação
Federacao Inter-Inter- justificadas, como
justificadas, como se se viu
viu -- em em nada
nada ajudaram.
ajudaram. Em 1975,
Em 1975,
nacional pela
nacional Arte Revolucionária
pela Arte Revolucionaria Independente
Independente (Fiari). (Fiari). Naville reedita
Naville reedita La La Révolution
Revolution et et les
les intelleetuels
intellectuels com com um um in-in-
O comentário
O comentario de de Naville
Naville sobre
sobre oo discurso
discurso de de Breton,
Breton, em em teressante e substancioso
tereSS;:lntee substancioso prefácio
prefacio que que apresenta
apresenta sua sua própria
pr6pria
uma carta enviada a van Heijenoort, e entusiasta
uma carta enviada a van Heijenoort, é entusiasta e, desta vez, e, dcsta vez, versao dos debates no grupo surrealista
versão dos debates no grupo surrealista entre 1925-1928. Suaentre 1925-1928. Sua
sem reservas:
sem reservas: "Breton
"Breton fezfez em
em nossa
nossa assembléia
assernbleia do do dia 11 um
dia 11 um conclusao ée que
conclusão Breton ee seus
que Breton seus amigos
amigos foram foram poupados
poupados da da
6timo discurso.
ótimo discurso. Havia
Havia 350 350 pessoas
pessoas presentes. Publicaremos
presentes. Publicaremos stalinista de
degradacao stalinista
degradação de Aragon
Aragon ee outros outros menos
menos por por razões
raz6es
seu texto
seu texto na revista. Ele
na revista. Ele falou
falou com
com muita
muita emoção,
ernocao, partilhada
partilhada politicas do
políticas do que por sua
que por fidelidade àa revolução
sua fidelidade revolucao surrealista.
surrealista.
pelo publico" (Trotski, Naville
pelo público" (Trotski, Naville 1989, p. 1989, 202). No decorrer
p. 202). No decorrer dos dos Em 1977, Naville
Em 1977, Naville publica publica- primeira vez
pela primeira vez desde
- pela 1928
desde 1928
meses que
meses que se seguiram, trotskistas
se seguiram, trotskistas ee surrealistas
surrealistas irãoirao trabalhar
trabalhar -- umauma obraobra dedicada
dedicada ao ao surrealismo,
surrealismo, Le Le Temps
Temps du du surréel.
surreel.
juntas na
juntos na Fiari
Fiari -- cuja
cuja publicação,
publicacao, Clé, Cle, tinha
tinha como
coma redator
redator autobiografica, ela
Largamente autobiográfica,
Largamente ela reúne
reune seus seus poemas
poemas ee artigos
artigos
um dos
um dos melhores amigos de
melhores amigos de Pierre
Pierre Naville,
Naville, oo jovem Maurice
jovem Maurice de I;Oeuf
de J;Oeuf Dur Dur ee de de LaLa Révolution
Revolution Surréaliste,
Surrealiste, assim assim como
como
Nadeau.
Nadeau. outras matérias dos anos 20. Inclui também a introdução àa
outras materias dos anos 20. Inclui tambern a introducao
A guerra
A guerra porápora umum ponto
ponto final
final nesta
nesta apaixonante
apaixonante mas mas reedicao de
reedição de LaLa Révolution
Revolution et et les
!es intelleetuels
intellectuels além alern de de ensaios
ensaios
efernera iniciativa.
efêmera Recrutado pelo
iniciativa. Recrutado Exercito em
pelo Exército 1939, feito
em 1939, feito sabre aa literatura
sobre literatura automática,
automatica, aa sexualidade,
sexualidade, aa pintura pintura
prisioneiro por
prisioneiro por ocasião
ocasiao da da derrota,
derrota, Naville
Naville ficará
ficara sabendo
sabendo em em surrealista, Sade,
surrealista, Sade, Benjamin Peret, Paul
Benjamin Péret, Paul Éluard
Eluard ee Salvador
Salvador Dalí.Dali.
1940, em um campo de prisioneiros alemao,
1940, em um campo de prisioneiros alemão, do assassinato do assassinato Em sua conclusao, ele afirma sua conviccao
Em sua conclusão, ele afirma sua convicção de que "a paixão de que "a paixao
de Leon Trotski.
de Leon Esse acontecimento
Trotski. Esse acontecimento parece te-lo convencido
parece tê-Io convencido surreal" assumirá
pelo surreal"
pelo assumira no no futuro
futuro formas
formas ee dimensões
dimens6es novas, novas,
de que
de que aa Quarta Internacional, da
Quarta Internacional, da qual ele fora
qual ele fora um um dosdos fun-
fun- hem além
bem alern das
das "formas
"formas tradicionais
tradicionais da da intervenção
intervencao surrealista",
surrealista",
dadores em
dadores 1938, não
em 1938, nao tinha
tinha mais futuro. Durante
mais futuro. Durante os os dez
dez anos
anos ja ultrapassadas.9
já 9 A ultima palavra de Naville sobre o
ultrapassadas. A última palavra de Naville sobre o
seguintes, sua evolucao politica iria afasta-lo
seguintes, sua evolução política iria afastá-l o novamente de novamente de surrealismo ée um
surrealismo um documento
documento bastantebastante surpreendente.
surpreendente. Em Em 66
Breton, mas
Breton, paradoxalmente na
mas paradoxalmente na direção contraria de
direcao contrária de suas
suas de abril
de abril de 1993, algumas
de 1993, semanas antes
algumas semanas antes de de sua
sua morte
morte (23 (23 dede
antigas divergências
antigas divergencias de 1929-1935. Enquanto
de 1929-1935. Breton se
Enquanto Breton se tor-
tor- em reação
abril), em
abril), reacao ao ao envio
envio por Franklin Rosemont
por Franklin Rosemont de de um
um en-en-
na cada
na cada vez
vez mais hostil àa corrente
mais hostil corrente dominante
dominante (stalinista)
(stalinista) do do saio dos
saio dos surrealistas
surrealistas de de Chicago
Chicago sobresobre aa revolta
revolta de de LosLos Angeles
Angeles
movimento comunista,
movimento Naville tenta
comunista, Naville tenta sese aproximar
aproximar dela, dela, prin-
prin- -- aa violenta
violenta sublevação,
sublevacao, em em protesto
protesto contra
contra um um julgamento
julgamento
cipalmente participando,
cipalmente participando, depois da guerra,
depois da guerra, da Revue da Revue racista, da populacao negra, latina e pobre
racista, da população negra, latina e pobre da cidade em da cidade em abril-
abril-
Internationale, antes de encontrar,
Internationale, antes de encontrar, com com aa fundação
fundacao da da Nova
Nova maio de
maio 1992 -,
de 1992 -, ele
ele escreve
escreve aa esteeste último
ultimo uma uma cartacarta entu-
entu-
74 7 55
7
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LÕWY
siasmada: "Fiquei
siasmada: maravilhado com
"Fiquei maravilhado com seu texto." Saudando
seu texto." Saudando aa
verve ea
verve desse documento
precisao desse
e a precisão documento "brilhante",
"brilhante", eleele nao hesi-
não hesi-
ta em
ta em apresenta-lo como "um
apresentá-lo como "um modo modo novo novo ee dede considerável
consideravel
importância para mostrar que o mundo atual deverá conhe-
importancia para mostrar que o mundo atual devera conhe-
cer uma
cer uma explosao surrealista
explosão surre muito maior
alista muito maior do que aquela
do que aquela que
que
se deu
se deu em
em Paris, em 1924".
Paris, em 1924". Curiosamente,
Curiosamente, Naville retoma por
Naville retoma por
sua conta
sua conta uma
uma imagem
imagem do artigo de
do artigo Benjamin sobre
de Benjamin sobre oo
surrealismo: o nascimento
surrealismo: nascimento do movimento
movimento em 1924 como a
"explosao" de uma "máquina infernal". Ele
"maquina infernal". termina esta
esta car-
"explosão"
ta com
ta com uma
de uma
mensagem calorosa:
uma mensagem calorosa: "Pode
Ele termina
"Pode dizer
dizer aa seus
seus amigos
car-
amigos
o romantismo
O romantismo noir
noir de
de
americanos, como
americanos, aqueles do
como àqueles exterior, que
do exterior, que eu espero vivamen-
eu espero vivamen- Guy Debord
Guy Debord
te que seu movimento surrealista renovar
te que seu movimento surrealista consiga renovar aquilo que
consiga aquilo que
tentamos ha
tentamos tanto tempo.
há tanto tempo. ""1010
Em outros
Em terrnos, as
outros termos, às vesper
vésperas as da
da morte,
morte, em em sua
sua carta de
carta de
adeus -
adeus - especie
espécie dede "testamento
"testamento surrealista"
surrealista" -, Pierre Naville
-, Pierre Naville
parece reencontrar suas esperancas surrealistas
parece reencontrar suas esperanças surrealistas da juventude, da juventude,
nos anos
nos anos 20. Mas desta
20. Mas desta vez,
vez, em em lugar
lugar do pessimismo revolu-
do pessimismo revolu-
cionario, ele
cionário, ele eé inspirado
inspirado por aquilo que
por aquilo que Breton chamava de
Breton chamava de
"otimismo antecipat6rio"
"otimismo antecipatário" dos surrealistas ...
dos surrealistas ...
Rosemont, sem
Penelope Rosemont,
Penelope sem ritulo, sobre papel,
nanquim sobte
título, nanquim 1999.
papel, 1999.
76
7 6 7777
Debord nunca
Guy Debord
Guy nunca fezfez parte de um
parte de um grupo
grupo surrealista. Mas aa
surrealista. Mas
Internacional Letrista" dos
Internacional Letrista" dos anos 50, da
anos 50, qual ele
da qual um dos
foi um
ele foi dos
fundadores, não
fundadores, deixava por
nao deixava isso de
por isso herdeira
considerar-se herdeira
de considerar-se
da abordagem
da surrealista -- propondo,
abordagem surrealista propondo, no radicaliza-
entanto, radicalizá-
no entanto,
Ia: "Ji repetimos
la: "Já suficientemente que
repetimos suficientemente programa de
que oo programa reivin-
de reivin-
dicacoes definido outrora pelo surrealismo
dicações definido outrora pelo surrealismo - para citar este - para citar este
sistema-
sistema - nosnos parece
parece um mfnimo cuja
um mínimo urgencia não
cuja urgência deve nos
nao deve nos
1996). A
(Debord 1996).
escapar" (Debord
escapar" A única tentativa de
unica tentativa colaboracao
de colaboração
entre o letrista e os surrealistas -
grupo letrista e os surrealistas - contra as
entre o grupo contra comemo-
as comemo-
racoes do
rações centenario de
do centenário nascimento de
de nascimento Rimbaud, em
de Rimbaud, 1954
em 1954
encerrou-se com
-- encerrou-se com um fracasso ee foi
um fracasso seguida de
foi seguida violentos
de violentos
ataques recíprocos.
ataques seus amigos
Debord ee seus
reefprocos. Debord vao, por
amigos vão, lado,
outro lado,
por outro
colaborar, em
colaborar, 1955-1956, na
em 1955-1956, na revista belga Les
surrealista belga
revista surrealista Les
Leures Nues, * dirigida pelos poetas Marcel
Levres Nues, * dirigi da pelos poetas Marcel Marien e Paul Marien e Paul
Nouge -- em
Nougé em conflito, verdade, com
conflito, ée verdade, com os surrealistas de
os surrealistas Paris.
de Paris.
Apesar das
Apesar polernicas ee das
das polêmicas excomunhoes mútuas,
das excomunhões nao se
rmituas, não se
deixar de
pode deixar
pode constatar uma
de constatar uma profunda
profunda "afinidade eletiva"
"afinidade eletiva"
entre sua tentativa de subversao cultural
entre sua tentativa de subversão cultural e aquela de Andrée aquela de Andre
Breton ee amigos.
Breton amigos. Como observa com
Como observa inteligencia um
com inteligência estudo
um estudo
recente sobre
recente autor de
sobre oo autor de La Societe du
La Société "Nunca se
spectacle: "Nunca
du speetacle: se
sublinhará bast ante aa dívida
sublinhara oo bastante contraida por
divida contraída seus
Debord ee seus
por Debord
ao surrealismo do entre-guerras: basta
junto ao surrealismo do entre-guerras: basta que se leia
amigos junto
amigos que se leia
colorida àa mão,
Jan Fellacius CEdipius,
Svankmajer, Fellacius
Jan Svankmajer, tEdipius, gravura
gravura colorida 1973.
rnao, 1973.
oo primeiro surrealista distribuído,
panfleto surrealista
primeiro panfleto artigo da
men or artigo
distribui do, oo menor da
7 9
79
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LOWY A ESTRELA
A ESTRELA DAMANHÃ:
DA MANHA: SURREALISMO E
SURREALISMO E MARXISMO
MARXISMO
Litterature OU
Littérature ou qualquer
qualquer correspondência
correspondencia de de um
um surrealista
surrealista tilo: "Quando
tilo: "Quando ele ele deixou
deixou estes
estes grandes alernaes, sua
grandes alemães, sua prosa
prosa
para que
para que se se fique
fique convencido
convencido disso. disso. Este
Este parentesco evidente
parentesco evidente ressentiu-se, Para
ressentiu-se. Para melhor."
melhor." No No lugar
lugar dede Marx
Marx ee Hegel,
Hegel, oo au-au-
nunca será
nunca sera assinalado
assinalado pelos situacionistas" (Gonzalez
pelos situacionistas" (Gonzalez 1998, 1998, tor deste
tor deste ensaio
ensaio prefere referir-se aa Rivarol
prefere referir-se Rivarol ee Ezra
Ezra Pound.
Pound.
p. 22). Deve-se, no entanto, notar que, em
p. 22). Deve-se, no entanto, notar que, em seus escritos de seus escritos 80
de 80 Questao de
Questão de estilo,
estilo, sem duvida (Guilbert
sem dúvida 1996).
(Guilbert 1996).
90, Debord
ee 90, Debord tomarátornara aa defesa
defesa de de André
Andre Breton, denunciando
Breton, denunciando Outros, ao
Outros, contrario, não
ao contrário, nao retêm
retern mais
mais que
que aa obra
obra de 1967,
de 1967,
ou, antes, seu titulo, reduzindo suas teses a uma critica banal
aa utilização
utilizacao sistemática
sisternatica contra
contra ele ele do
do termo
termo depreciativo
depreciativo ou, antes, seu título, reduzindo suas teses a uma crítica banal
"papa" como
coma "uma "uma ignomínia
ignomfnia derrisória"
derris6ria" (Debord,
(Debord, p. 57).
p. 57). das midias. Ora,
das mídias. Ora, aquilo que ele
aquilo que ele chamava
chamava de de "sociedade
"sociedade do do
"papa"
Diferencas evidentes existem entre
Diferenças evidentes existem entre Debord e Breton: ooDebord e Breton: espetaculo" não
espetáculo" nao eraera apenas
apenas aa tirania
tirania dada televisão
televisao -- aa mani-mani-
prirneiro ée bem
primeiro hem mais
mais racionalista
racionalista ee maismais próximo
pr6ximo do do materia-
materia- festacao mais
festação mais superficial
superficial ee imediata
imediata de de uma
uma realidade
realidade mais mais
lismo francês
frances das das Luzes.
Luzes. O 0 que eles partilham,
que eles partilham, além alern do do gran-
gran- profunda -, mas todo o sistema econ6mico,
profunda -, mas todo o sistema econômico, social e político social e politico
lismo
de alcance
alcance poético
poetico ee subversivo
subversivo que que sese propõe
prop6e aa superarsuperar aa do capitalismo
do capitalismo modernomoderno (e (e de
de suasua cópia burocratica no
c6pia burocrática no Les-
Les-
de
dualidade entre "arte" e "acao",
dualidade entre "arte" e "ação", do espírito do espfrito orgulhoso
orgulhoso de de re-
re- te), baseado na
te), baseado na transformação
transforrnacao do do indivíduo
individuo em em espectador
espectador
volta, de
volta, insubmissao ee de
de insubmissão de negatividade,
negatividade, ée aa sensibilidade
sensibilidade ro- ro passivo do
passivo do movimento
movimento das das mercadorias
mercadorias ee dos dos acontecimen-
acontecirnen-
mdntica revolucionária.
mântica revoluciondria. tos em
tos em geral. Tal sistema separa os indivi
geral. Tal sistema separa os indivíduos uns dos duos uns dos outros,
outros,
Debord ée uma
Guy Debord
Guy maquina infernal
urna máquina diftcil de
infernal difícil de desmontar.
desmontar. inclusive através
inclusive atraves de de uma
uma produção material que
producao material que tende
tende aa re-re-
E, no entanto, nao e por falta de tentativas.
E, no entanto, não é por falta de tentativas. Tenta-se ainda Tenta-se ainda hoje.
hoje. criar continuamente
criar continuamente tudo tudo oo que isolamento ee sepa-
engendra isolamento
que engendra sepa-
Tenta-se neutraliza-la, adoca-la, estetiza-la,
Tenta-se neutralizá-Ia, adoçá-Ia, estetizá-Ia, banalizá-Ia. Mas banaliza-la, Mas racao, do
ração, do automóvel
autom6vel àa televisão.
televisao, O 0 espetáculo
espetaculo moderno,
moderno,
de nada
nada adianta.
adianta. A A dinamite
dinamite segue segue sempre
sempre lá, la, ee arrisca
arrisca explo-
explo- escrevia
escrevia Guy Debord em uma daquelas
Guy Debord em uma daquelas fórmulas soberbasformulas sober bas das
das
de
dir entre
dir entre as as mãos
rnaos daqueles
daqueles que que aa manipulam
manipulam com com oo objetivo
objetivo quais ele possuía
quais ele segredo, ée "um
possufa oo segredo, "um canto
canto épico",
epico", mas
mas nãonao canta,
canta,
torna-la inofensiva.
de torná-Ia inofensiva. como aa llíada,
como Ilfada, os os homens
homens ee suas
suas armas,
armas, mas
mas "as
"as mercadorias
mercadorias
Eis um
Eis um exemplo,
exemplo, recente,
recente, no no livro
livro de
de Cécile
Cecile Guilbert,
Guilbert, Pour Pour ee suas
suas paixões"
paix6es" (La Societe du
(La Société du spectacle).
spectacle).
Guy Debord,
Guy Debord, publicado
publicado em em uma
uma coleção
colecao dirigi
dirigida por Philippe
da por Philippe EÉ uma
uma evidência,
evidencia, mas mas hoje e
hoje é preciso lernbra-lo com
preciso lembrá-Io com insis-
insis-
Sollers. Debord
Sollers. Debord não nao seria
seria mais
mais queque umum "escritor
"escritor dândi"dandi" de de tencia: Guy
tência: Debord era
Guy Debord era marxista.
marxista. Bastante
Bastante heterodoxo
heterodoxo em em
estilo fulgurante:
estilo fulgurante: "tudo"tudo oo que dele ée literatura".
resta dele
que resta literatura". A A bem
hem relacao às
relação as correntes
correntes dominantes
dominantes do do marxismo
marxismo na na França,
Franca, semsern
dizer, em sua obra a "etica se reabsorve
dizer, em sua obra a "ética se reabsorve na estética". Como na estetica". Como dúvida, formidavelmente inovador
duvida, formidavelmente inovador ee abertoaberto às as intuições
intuicoes
integrar nesta
integrar nesta abordagem
abordagem asséptica
asseptica um urn livro
livro revolucionário
revolucionario libertarias, Mas
libertárias. Mas não nao deixava
deixava de de reivindicar-se
reivindicar-se marxista.
rnarxista. Sua Sua
como La
como Societe du
La Société du spectacle?
spectacle? Simplesmente evacuando-o: ele
Simplesmente evacuando-o: ele analise do deve muito a Hist6ria e
espetaculo deve muito à História e consciência de
análise do espetáculo consciencia de
nao ée tão
não tao digno
digno assim
assim de de interesse,
interesse, pois,
pois, enquanto
enquanto "obra "obra teó-
te6- classe de
classe de Lukács,
Lukacs, que colocara no
que colocara no centro
centro dede sua
sua teoria
teoria dada
rica impessoal", nao e redigido na
rica impessoal", não é redigido na primeira pessoa primeira do
pessoa do singu-singu- reificacao aa transformação
reificação transforrnacao dos dos seres
seres humanos
humanos em em espectado-
espectado-
lar. De resto, e excessivamente marcado
lar. De resto, é excessivamente marcado pelos volteios ee pelo
pelos volteios pelo res do
res do automovimento
autornovimento das das mercadorias.
mercadorias. Como Como Lukács,Lukacs,
Iexico do jovem Marx e de Hegel, que
léxico do jovem Marx e de Hegel, que estragam seu belo es- estragam seu belo es- Debord ve no
Debord vê no proletariado o exemplo de uma
proletariado o exemplo de uma força capaz deforca capaz de
88 o0 88 11
MICHAEL
MICHAEL LOWY
L6WY A
A ESTRELA
ESTRELA DA
DA MANHA:
MANHÃ: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
resistir aà reificacao:
resistir graças aà pratica,
reificação: gracas prática, aà luta,
luta, aà atividade,
atividade, Oo su-
su- aa civilizacao capitalista/industrial moderna,
civilização capitalista/industrial moderna, em em nome
nome de de va-
va-
jeito emancipador rompe com a
jeito emancipador rompe com a conternplacao. Desse
contemplação. Desse ponto ponto lores
lores dodo passado,
passado, que começa no
que comeca no seculo
século XVIII
XVIII com com Jean-
Jean-
de vista, os conselhos operarios, ao abolirem
de vista, os conselhos operários, ao abolirem a separacao a separação en-en- Jacques Rousseau
jacques Rousseau ee que persiste, passando
que persiste, passando pelaFruhromantik
pela Frühromantik
tre
tre produto
produto ee produtor,
produtor, decisao
decisão ee execucao,
execução, sao são aa antitese
antítese alerna,
alemã, pelo simbolismo e pelo surrealismo, ate
pelo simbolismo e pelo surrealismo, até os
os nossos
nossos dias.
dias.
radical
radical da sociedade do
da sociedade do espetaculo
espetáculo (Iappe
Uappe 1996).
1996).11 Trata-se,
Trata-se, comacomo oo pr6prio
próprio MarxMarx ja já constatara,
constatara, de de uma
uma critica
crítica
Contra todas as
Contra todas as neutralizacoes
neutralizações ee castracoes,
castrações, eé precise
preciso lem-
lem- que acompanha oo capitalismo
que acompanha capitalismo comocomo uma uma sombra
sombra aa ser ser arras-
arras-
brar o essencial: a obra de Guy Debord- que ainda
brar o essencial: a obra de Guy Debord - que ainda será lem- sera lem- tada
tada desde
desde oo seu
seu nascimento
nascimento ate até oo dia
dia (bendito)
(bendito) de de sua
sua morte.
morte.
brada
brada no pr6ximo seculo
no próximo século -- foi
foi redigida
redigi da par
por alguem
alguém queque sese Como
Como estrutura de sensibilidade, estilo de pensamento, visao
estrutura de sensibilidade, estilo de pensamento, visão
considerava
considerava "um "um revolucionario profissional na
revolucionário profissional na cultura".
cultura". Ele
Ele do
do mundo,
mundo, oo romantismo
romantismo atravessaatravessa todos todos os os domfnios
domínios da da
contribuiu
contribuiu parapara fazer
fazer da
da Internacional
Internacional Situacionista
Situacionista umauma cor-
cor- cultura
cultura - - aa literatura,
literatura, aa poesia,
poesia, as as artes,
artes, aa filosofia,
filosofia, aa
rente que tentou associar as tradicoes
rente que tentou associar as tradições do comunismo do comunismo historiografia, aa teologia,
historiografia, teologia, aa polf tica. Dilacerado
política. Dilacerado entre entre nostal-
nostal-
conselhista
conselhista ao ao espirito
espírito libertario
libertário do anarquismo em
do anarquismo em um
um mo-
mo- gia do passado e sonho do porvir, ele denuncia
gia do passado e sonho do porvir, ele denuncia as desolações as desolacoes
vimento
vimento pelapela transforrnacao
transformação radical
radical da sociedade, da
da sociedade, da cultura
cultura da
da modernidade
modernidade burguesa:burguesa: desencantamento
desencantamento do do mundo,
mundo, me- me-
ee da
da vida
vida cotidiana
cotidiana - - umum movimento
movimento que fracassou, mas
que fracassou, mas aoao canização, reificacao,
canizacao, quantificação, dissolucao
reificação, quantificacao, dissolução da da comunida-
comunida-
qual o imaginario de 68 deve alguns de
qual o imaginário de 68 deve alguns de seus impulses seus impulsos maismais de
de humana. Apesar da
humana. Apesar da referencia permanente aà idade
referência permanente idade dede ouro
ouro
audaciosos.
audaciosos.
perdida, o romantismo não é necessariamente retrógrado: no
perdida, o romantismo nao e necessariamente retr6grado: no
Pode-se criticar Guy
Pode-se criticar Guy Debord:
Debord: espirito aristocrático, fecha-
espírito aristocratico, fecha- decorrer de sua longa hist6ria, ele conheceu
decorrer de sua longa história, ele conheceu tanto formas rea- tanto formas rea-
do em
do uma orgulhosa
em uma orgulhosa solidao,
solidão, admirador
admirador do do barroco
barroco ee dosdos cionarias quanto formas
cionárias quanta formas revolucionarias.'
revolucionárias.2
estrategistas polf ti cos astuciosos
estrategistas políticos astuciosos (Maquiavel,
(Maquiavel, Castiglione,
Castiglione, EÉ aa esta
esta ultima tradição do
última tradicao do romantismo,
romantismo, ut6pica utópica ee subver-
subver-
Baltasar Gracian, o cardeal de Retz), ele era bastante
Baltasar Gracian, o cardeal de Retz), ele era bastante megalo- megalo- siva, que vai
siva, que vai de
de William
William Blake
Blake aa William
William Morris"
Morris* ee de de Charles
Charles
maniaco ee não
maníaco nao escondia
escondia - - sobretudo
sobretudo em em seus
seus escritos
escritos auto-
auto- Fourier
Fourier a André Breton, que pertence Guy Debord. Ele nun-
a Andre Breton, que pertence Guy Debord. Ele nun-
biograficos -- aa pretensao
biográficos pretensão desmesurada
desmesurada de de ser
ser oo tinico
único ca
ca deixou de denunciar e de ridicularizar as ideologias da
deixou de denunciar e de ridicularizar as ideologias da
indivf duo livre em uma sociedade de escravos.
indivíduo livre em uma sociedade de escravos. Mas é precise Mas e preciso "modernização", sem
"modernizacao", sem temer
temer porpor um um instante sequer aa acusa-
instante sequer acusa-
reconhecer o seguinte: ao contrário de tantos outros de
reconhecer o seguinte: ao contrario de tantos outros de sua
sua ção de
<;ao de "anacronismo":
"anacronismo": "Quando "Quando 'ser 'ser absolutamente
absolutamente moder- moder-
geracao, ele jamais aceitou, sob qualquer forma
geração, ele jamais aceitou, sob qualquer forma que fosse, que fosse, no'
no' tornou-se uma lei especial proclamada pelo tirano, aquilo
tornou-se uma lei especial proclamada pelo tirano, aquilo
reconciliar-se com
reconciliar-se com aa ordem
ordem de de coisas
coisas existente.
existente. que o honesto escravo teme antes de tudo é que se possa
que o honesto escravo teme antes de tudo e que se possa
Uma <las raz6es da fascinacao
Uma das razões da fascinação que que seus
seus textos
textos exercem
exercem eé imaginá-Io passadista"
imagina-lo (Panégyrique, 1989).
passadista" (Panegyrique, 1989).
esta irredutibilidade
esta irredutibilidade que resplandece com
que resplandece com umum sombrio
sombrio brilho
brilho E
E ele jamais escondeu
ele jamais escondeu uma uma fascinacao
fascinação par por certas
certas formas
formas
rornantico. Por romantismo nao entendo
romântico. Por romantismo não entendo - ou não apenas - ou nao apenas pré-capitalistas da
pre-capitalistas comunidade. 0
da comunidade. O valor
valor dede troca
troca ee aa socieda-
socieda-
-- uma
uma escola
escola literaria
literária dodo seculo
século XIX,
XIX, mas algo muito
mas alga muito mais
mais de
de do espetáculo dissolveram a comunidade humana, basea-
do espetaculo dissolveram a comunidade humana, basea-
vasto ee mais
vasto profundo: aa grande
mais profundo: grande corrente
corrente de protesto contra
de protesto contra da
da na experiência direta
na experiencia direta dos
dos fatos,
fatos, no no verdadeiro
verdadeiro dialogo
diálogo entre
entre
8822 8833
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LÓWY A
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHA:
DAMANHÃ: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
os indivíduos
os indivf duos ee nana ação
a�ao comum
com um para resolver os
para resolver os problemas.
problemas. as trata
as trata como
coma os os bandidos
bandidos da da estrada
estrada tratam
tratam os os bens
bens de de suas
suas
Debord menciona freqilentemente
Debord menciona freqüentemente as realizações as realizacoes parciais
parciais da da vitimas. Ele
vítimas. Ele arranca
arranca as as passagens citadas de
passagens citadas de seu
seu contexto
contexto para para
comunidade autêntica
comunidade autentica no no passado:
passado: aa pólis polis grega,
grega, as as repúbli-
republi- em seu discurso, o que lhes da,
integra-las em seu discurso, o que lhes dá, assim, um sentido
integrá-Ias assim, um sentido
cas medievais
cas medievais italianas,
italianas, as as aldeias,
aldeias, os os bairros,
bairros, as as tavernas
tavernas po- po- nova.
novo.
pulares. Retomando
pulares. Retomando (implicitamente)
(implicitamente) por sua conta
par sua conta aa célebre
celebre Profissional da
Profissional da provocação,
provocacao, Debord Debord começa
comeca oo roteiro
roteiro porpar
distincao de Ferdinand T onnies
distinção de Ferdinand T õnnies entre Gesellsehaft* entre Gesellschaft* ee um ataque
um contra seu
ataque contra seu público. Publico composto,
publico. Público composto, em em sua
sua es-
es-
Gemeinschaft*, ele
Gemeinsehaft*, ele estigmatiza
estigmatiza oo espetáculo
espetaculo como coma "uma"uma so- so- magadora maioria, de assalariados
magadora maioria, de assalariados da sociedade mercantil,da sociedade mercantil,
ciedade sem
ciedade sem comunidade"
comunidade" (La (La Société
Societe du du speetacle).
spectacle). Nos Nos vitimas consentidas da
vítimas consentidas da sociedade
sociedade do do espetáculo, incapazes de
espetaculo, incapazes de
Commentaires sur
Commentaires sur tala société
societe du du speetacle,
spectacle, de de 1988,
1988, eleele esta-
esta- se desvencilhar
se desvencilhar "da "da concorrência
concorrencia do do consumo
consumo ostentatório
ostentat6rio do do
belece uma constatacao amarga desta perda:
belece uma constatação amarga desta perda: "Pois não existe "Pois nao existe nada". Mas
nada". Mas seu seu objetivo encontra-se alhures.
principal encontra-se
objetivo principal alhures. Ele Ele
mais ágora,
mais agora, mais
mais comunidade
comunidade geral, geral, ee nem nem mesmo
mesmo comuni-comuni- relata na Paris dos anos 5 0, nasceu
como, na Paris dos anos 50, nasceu um projeto de sub-
relata como, um projeto de sub-
dades restritas
dades restritas aa corpos
corpos intermediários
intermediaries ou ou aa instituições
instituicoes autô- auto- versao total. O
versão total. 0 título
titulo do do filme,
filme, um um palíndromo
palfndromo latinolatino ("Nós
("N6s
nomas, aa salões
nomas, saloes ou ou cafés,
cafes, aosaos trabalhadores
trabalhadores de de uma
uma só s6 giramos na
giramos na noite
noite ee somos
somos consumidos
consumidos pelo fogo"), resume,
pelo fogo"), resume,
empresa" (Debord 1988,
empresa" (Debord 1988, p. 29).3 p. 29). 3
em uma
em uma imagem ambigua, os
imagem ambígua, os sentimentos
sentimentos ee os os dilemas
dilemas de de umum
Para ilustrar o romantismo
Para ilustrar o romantismo noir noir -- no no sentido
sentido do "roman
do "roman de
grupo de jovens
grupo jovens que tinham coma emblema
que tinham como emblema "a recusa de tudo"a recusa de tudo
noir" inglês
noir" ingles do
do século
seculo XVIII
XVIII -- de de GuyGuy Debord, tomarei como
Debord, tomarei coma aquilo que
aquilo e comumente
que é comum ente admitido". admitido". Um Um grupo
grupo queque se se encon-
encon-
exemplo um
exemplo um único
unico texto:
texto: oo roteiro
roteiro do do filme
filme In In Girum
Girum Imus Imus trou nas
trou nas primeiras fileiras de
primeiras fileiras de um
um "assalto
"assalto contra
contra aa ordem
ordem do do
Nocte et Consumimur Igni. Este texto
Noete et Consumimur Igni. Este texto é uma palavra e uma palavra esplên-
esplen- mundo", na
mundo", na vanguarda
vanguarda de de maio
maio de de 68.
68. E,
E, se
se oo inimigo
inimigo não nao foifoi
dida, ao mesmo tempo poetica, filos6fica,
dida, ao mesmo tempo poética, filosófica, social e política. social e politica. as arrnas
aniquilado, as armas dos jovens
aniquilado, dos combatentes nao
jovens combatentes não deixaram deixaram
Tanto oo roteiro
Tanto roteiro quanto
quanta as as imagens funcionam de
imagens funcionam de maneira
maneira de ficar enfiadas "na
de ficar enfiadas "na garganta do garganta do sistema
sistema de de mentiras
mentiras domi-
dorni-
complementar no
complementar no quadro
quadro de de uma
uma utilização
utilizacao iconoclasta,
iconoclasta, no no nantes" (Debord
nantes" (Debord 1978, 1978, pp. 224, 257, 264).
pp. 224,257,264).
sentido estrito,
sentido estrito, dodo cinema
cinema clássico.
classico, Nao ée apenas
Não apenas aa qualidade poetica, aa originalidade
qualidade poética, originalidade filosó-
filoso-
A palavra
A palavra tem
tern umum valor
valor intrínseco,
intrfnseco, independente
independente da da fun-
fun- fica, oo rigor
fica, crftico, aa soberba
rigor crítico, soberba impertinência
impertinencia que que dãodao aa este
este
�ao da
ção imagem. ÉE significativo,
da imagem. significativo, aa este este respeito,
respeito, que que emem 19901990 roteiro sua fascinante potencia, mas
roteiro sua fascinante potência, mas também a paixão ee aa tambem a paixao
Debord reedite
Debord reedite oo texto
texto sozinho,
sozinho, sem sem as as imagens, acrescentan-
imagens, acrescentan- imaginacao de de um
urn pensamento inspirado na
pensamento inspirado na tradição
tradicao subver-
subver-
imaginação
do apenas uma serie de
do apenas uma série de notas em pé notas em de
pe de página.
pagina, siva do
siva do romantismo
romantismo noir. noir.
Se o filme e feito de citacoes cinematograficas, oo texto
Se o filme é feito de citações cinematográficas, texto é, e, Como seus
Como seus ancestrais
ancestrais românticos,
romanticos, DebordDebord não nao experimen-
experirnen-
ele também,
ele tambern, recheado
recheado de de citações
citacoes que ora indicam
que ora indicam suas suas fon-fon- ta senao desprezo pela
ta senão desprezo sociedade rnoderna:
pela sociedade moderna: ele não pára ele nao para de de
tes (Clausewitz,
tes (Clausewitz, Marx,
Marx, Swift),
Swift), oraora silenciam
silenciam sobresabre elas
elas (a Bf-
(a Bí- denunciar suas
denunciar suas "edificações
"edificacoes ruins, ruins, malsãs
malsas ee lúgubres",
lugubres", suas suas
blia, Victor
blia, Victor Hugo).
Hugo). Porém,Porem, na na realidade,
realidade, as as fontes
fontes nãonao têm tern tecnicas que
inovacoes técnicas
inovações que nãonao beneficiam,
beneficiam, na na maioria
rnaioria dosdos casos,
casos,
grande importancia, Como mestre e
grande importância. Como mestre e teórico do desvio, te6rico do Debord
desvio, Debord senao os
senão os empresários,
empresarios, seu seu "analfabetismo
"analfabetisrno modernizado",
modernizado", suas suas
88 44 88 55
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LOWY A ESTRELA
ESTRELA DA
DA MANHA:
MANHÃ: SURREALISMO
SURREALlSMO EE MARXISMO
MARXISMO
"supersticoes espetaculares"
"superstições espetaculares" e, e, sobretudo,
sobretudo, sua sua "paisagem hos-
"paisagem hos- de infcio nas
de início nas derivas
derivas - - esta "perseguição de
esta "perseguicao de umum outro
outro Graal
Graal
til ", que responde as "conveniencias concentracionarias
til", que responde às "conveniências concentracionárias da
da ne f"
asto , com
nefasto", com seus " surpreen d entes encon
seus "surpreendentes tr"
encontros" os ee seus
seus ""encan-
encan-
indtistria presente".
indústria presente". Ele Ele eé particularmente
particularmente feroz feroz emem relacao
relação tamentos perigosos"
tamentos perigosos" -, -, que lhes permitiram
que Ihes permitiram ter de novo
ter de novo nas nas
ao urbanismo
ao neo-haussmaniano ee modernizador
urbanismo neo-haussmaniano modernizador da 5• Re-
da 5a Re- rnaos o
mãos o "segredo de dividir
"segredo de dividir o que o esta unido" (Debord
que está unido" (Debord 1978, 1978,
publica, promotor
pública, promotor de de uma sinistra adaptacao
uma sinistra adaptação da da cidade
cidade àa di-
di- pp. 247-249).
pp.247-249).
tadura autom6vel. Uma polftica
tadura automóvel. Uma política responsavel, segundo Debord,
responsável, segundo Debord, "Encantamentos perigosos."
"Encantamentos perigosos." Esta expressão ée importante.
Esta expressao importante.
pela morte do sol, pelo escurecimento do
pela morte do sol, pelo escurecimento do céu de Paris pela ceu de Paris pela Seo ethos da
Se o ethos moderna ée -- como
civilização moderna
da civilizacao como bem bem percebeu
percebeu Max Max
"falsa bruma
"falsa bruma da da poluicao",
poluição", que que cobre
cobre permanentemente
permanentemente "a
"a Weber -die
Weber entzauberung der
- die entzauberung Welt (o
der Welt (o desencantamento
desencantamento do
do
circulacao rnecanica
circulação mecânica das coisas neste
das coisas neste vale
vale de de desolação".
desolacao". EleEle mundo), o romantismo e, antes de tudo,
mundo), o romantismo é, antes de tudo, uma tentativa, mui- uma tentativa, mui-
nao pode, portanto, senao recusar "a infamia
não pode, portanto, senão recusar "a infâmia presente, em
presente, em suasua tas vezes desesperada,
tas vezes desesperada, de de re-encantamento
re-encantamento do do mundo.
mundo. Sob Sob queque
versão burguesa ou em sua versão burocrática", ee nao
versao burguesa OU em SUa versao burocratica", ve ou-
não vê OU- forma?
forma? Enquanto
Enquanto os os romanticos conservadores sonhavam
românticos conservadores sonhavam com com
tra saida
tra saída para essas contradicoes
para essas contradições senao
senão "a abolicao das
"a abolição classes
das classes aa restauração religiosa, os
restauracao religiosa, os romanticos
românticos noirs,
noirs, de de Charles
CharIes
ee do
do Estado" (Debord 1978,
Estado" (Debord pp. 193,
1978, pp. 202, 212, 220-221).
193,202,212,220-221). Maturin
Maturin aa Baudelaire
Baudelaire ee Lautreamont,
Lautréamont, nao não hesitaram
hesitaram em em esco-
esco-
Este
Este antimodernismo
antimodernismo revolucionario se
revolucionário se faz
faz acompanhar
acompanhar lher
lher oo campo
campo do Mefist6feles faustiano,
do Mefistófeles faustiano, esteeste "espfrito
"espírito que que dizdiz
de um olhar nostalgico em direcao
de um olhar nostálgico em direção ao passado. ao passado. Pouco
Pouco lheIhe sempre nao".
sempre não".
importa que
importa se trate
que se trate da
da "moradia antiga do
"moradia antiga rei de
do rei de Ou", redu-
Ou", redu- E tambern
É também o o caso
caso de Guy Debord
de Guy Debord ee seusseus amigos,
amigos, partida-
partidá-
zida aa ruinas,
zida ruínas, ouou dada Paris
Paris dos anos 50,
dos anos 50, reduzida
reduzida diante dele,
diante dele, rios da dialética negativa, que logo tomam "o partido do
rios da dialetica negativa, que logo tomam "o partido do Dia-
Dia-
gracas ao
graças ao urbanismo
urbanismo conternporaneo,
contemporâneo, aa uma rufna escancara-
uma ruína escancara- bo", "isto e,
bo", "isto é, deste
deste malmal histórico
hist6rico que que leva destruicao as
leva aà destruição as
da. A saudade pungente das
da. A saudade pungente das "belezas que "belezas nao
que não voltarao", <las
voltarão", das condições existentes".
condicoes existentes". Diante Diante de uma sociedade
de uma sociedade corrompi-
corrompi-
epocas em
épocas que "as
em que "as estrelas nao haviam
estrelas não haviam sido extintas pelo
sido extintas pro-
pelo pro- da que se
da que se pretende unida, harmoniosa
pretende unida, harmoniosa ee estavel,
estável, sua sua mais
mais ar- ar-
gresso da alienacao", a atracao por "senhoras,
gresso da alienação", a atração por "senhoras, cavalheiros, cavalheiros, dente aspiracao e transformarem-se
dente aspiração é transformarem-se em "emissaries
em "emissários do
do
armas, amores"
armas, amores" de de uma
uma era que desapareceu
era que desapareceu atravessam,
atravessam, comocomo Principio da Divisao". E confrontados
Princípio da Divisão". E confrontados com a "claridade en-com a "claridade en-
um rnurrnurio subterraneo, todo
um murmúrio subterrâneo, todo o texto (Debord o texto (Debord 1978, pp.
1978, pp. ganadora do
ganadora do mundo
mundo ao inverso", eles
ao inverso", eles se pretendem discipu-
se pretendem discípu-
217, 219, 221, 225).
217,219,221,225). los do
los do "prfncipe
"príncipe das das trevas".
trevas". "Belo titulo, afinal:
"Belo título, afinal: o o sistema
sistema
Mas nao
Mas se trata
não se trata de
de voltar ao passado.
voltar ao Poucos autores
passado. Poucos autores dodo das luzes presentes nao os outorga tao
das luzes presentes não os outorga tão honoráveis" (Debordhonoraveis" (Debord
seculo XX
século conseguiram, tanto
XX conseguiram, tanto quanto
quanto Guy Debord, transfor-
Guy Debord, transfor- 1978,
1978, pp. pp. 249, 251).
249, 251).
mar a nostalgia em uma forca explosiva, em uma
mar a nostalgia em uma força explosiva, em uma arma enve- arma enve- Como os
Como poetas rornanticos
os poetas românticos (Novalis),
(Novalis), Debord
Debord pref ere os
prefere os
nenada contra
nenada contra a a ordem
ordem de de coisas existente, em
coisas existente, em umum simbolos
símbolos da da noite
noite aosaos de de uma Aufkliirung excessivamente
uma Aufklarung excessivamente
rompimento revolucionário
rompimento revolucionario em em direcao
direção ao futuro. 0
ao futuro. O que ele
que ele classe dominante.
manipulada pela classe dominante. Mas, enquanto para
manipulada pela Mas, enquanto para eleseles
procura não ée oo retorno
procura nao retorno aà Idade
Idade de
de Ouro,
Ouro, mas "a formula
mas "a para
fórmula para aa luz
luz noturna preferida e aquela da lua
noturna preferida é aquela da lua - como no célebre - como no celebre
revirar o mundo". Esta busca, ele e seus
revirar o mundo". Esta busca, ele e seus amigos a realizarao
amigos a realizarão verso
verso de de Tieck,
Tieck, queque resume
resume em duas palavras
em duas palavras o programa Ii-
o programa li-
86
8 6 8877
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LÕWY
terario ee filos6fico
terário filosófico do primeiro romantismo
do primeiro romantismo alemão:alemao: die die
mondbeglantze Zaubernaeht
mondbeglantze 'Zaubernacht ("a ("a noite
noite de encantamentos ilu-
de encantamentos ilu-
minada pela
minada lua") -,
pela lua") -, para
para oo roteirista
roteirista dede 1m
Im Girum
Girum Imus
1mus
Nocte et Consumimur Igni trata-se antes
Noete et Consumimur Igni trata-se antes do clarão dos do clardo dos incen-
incên-
dios: "Eis como ardeu, pouco a pouco,
dios: "Eis como ardeu, pouco a pouco, uma nova epoca uma nova época de de
incendios cujo
incêndios fim nenhum
cujo fim nenhum dos dos que
que vivem neste momento
vivem neste momento
vera. aa obediencia
verá: obediência está esta morta"
morta" (Debord
(Debord 1978,
1978, p. p. 242).
242).
As chamas
As chamas já ja tocam
tocam os muros da
os muros da fortaleza espetacular? Já
fortaleza espetacular? Ja
se percebe, conforme acreditava Guy Debord em a ins-
1979, a ins-
se percebe, conforme acreditava Guy Debord em 1979,
cricao babilonica Mane, Mane, Thecel, Phares nestes
Vincent Bounoure:
Vincent Bounoure:
crição babilônica Mané, Mané, Théeel, Phares nestes muros? muros?
Talvez. Em
Talvez. todo caso,
Em todo caso, ele nao se
ele não se enganava
enganava ao ao concluir:
concluir: "Os "Os aa espada cravada na
espada cravada na neve
neve
dias desta sociedade estao contados; suas
dias desta sociedade estão contados; suas razões e seus raz6es e seus rneri-
méri- ou oo espírito
ou que quebra
espirito que mas
quebra mas
tos foram pesados e considerados leves; seus
tos foram pesados e considerados leves; seus habitantes divi- habitantes
diram-se em dois partidos, dos um
divi- nao dobra
não dobra
diram-se em dois partidos, dos quais um quer quais quer queque ela ela
desapareca." (Debord
desapareça." (Debord 1979). 1979).
Piel as
Fiel às injuns;6es
injunções do do romantismo
romantismo noir, noir, Guy Debord foi
Guy Debord uma
foi uma
especie de aventureiro do seculo XX.
espécie de aventureiro do século XX. Mas ele pertencia Mas ele pertencia aa
uma espécie
uma especie particular,
particular, definida
definida nosnos seguintes termos por
seguintes termos por uma
uma
convocacao da Internacional Letrista em 1954,
convocação da Internacional Letrista em 1954, assinada, en- assinada, en-
tre outros,
tre outros, por "Guy-Ernest Debord":
por "Guy-Ernest Debord": "O aventureiro eé aquele
"O aventureiro aquele
que faz acontecerem as aventuras,
que faz acontecerem as aventuras, mais que mais que aquele para quern
aquele para quem
as aventuras acontecem" (Potlatch
as aventuras acontecem" (Potlateh 1954). 1954).
Esta máxima
Esta maxima poderia
poderia servir de epígrafe
servir de epfgrafe para sua vida.
para sua vida.
Carl-Michael Edenborg,
Carl-Miehael Edenborg, Cycle Gestation, nanquim
Cycle Gestatiol1, sobre papel,
nanquim sobre 1992.
papel, 1992.
88 89
8 9
Durante quarenta
Durante quarenta anos,anos, Vincent
Vincent Bounoure
Bounoure (1928-1996)
(1928-1996)
encarnou aa recusa
encarnou recusa obstinada
obstinada do do surrealismo
surrealismo de de acomodar-se,
acomodar-se,
de reconciliar-se com o mundo, de dissolver-se.
de reconciliar-se com o mundo, de dissolver-se. Com Com aa força
forca
apenas da
apenas da poesia
poesia ee dada imaginação,
imaginacao, ele ele manteve
manteve vivaviva aa chama
chama
da vela-pássaro,
da vela-passaro, aa luz luz da
da lâmpada-nuvem.
lampada-nuvem.
Vincent chegou
Vincent chegou ao ao surrealismo
surrealismo no no meio
meio dosdos anos
anos 50.
50. En-
En-
contra-se sua assinatura em todos os panfletos
contra-se sua assinatura em todos os panfletos do movimento do movimento
depois de
depois de 1957
1957 ee emem particular
particular na na convocação
convocacao dos dos 121
121 pela
pela
insubordinacao contra
insubordinação contra aa guerra
guerra dada Argélia (1961). Na
Argelia (1961). Na pri-
pri-
mavera de
mavera de 1958,
1958, eleele publica
publica seu seu primeiro
primeiro artigoartigo nana quarta
quarta
edicao de Surrealisme meme: "Prefacio a
edição de Surréalisme même: "Prefácio a um tratado das ma-um tratado das ma-
trizes", espantosa
trizes", espantosa viagem
viagem do do espírito
espfrito que vai de
que vai de Hegel
Hegel aosaos
melanesios, passando
melanésios, passando pela
pela alquimia: ''Aonde vai
alquimia: "Aonde vai oo desejo
desejo hu-
hu-
mano? Que
mano? Que vá va ao
ao mais
mais longe
longe para ser pleno.
para ser Todo oo imagi-
pleno. Todo imagi-
nario não
nário nao ée demais;
demais; ée preciso
precise aa cimeira
cimeira do do vento,
vento, ee numnum
mesmo impulse sobre a crista o rubor da
mesmo impulso sobre a crista o rubor da papoula que revela papoula que revela
vis6es.""
visões.
Na apresentação
Na apresentacao desse desse número,
numer o, aa redação
redacao da da revista
revista
(dirigida
(dirigi Andre Breton)
por André
da por Breton) assim
assim oo introduzia:
introduzia: "porque
"porque ele ele
sabe descobrir uma estrela em uma flor de
sabe descobrir uma estrela em uma flor de urzal, o mapa da urzal, o mapa da
ilha do
ilha do tesouro
tesouro em em um um élitro
elitro dede escaravelho,
escaravelho, Vincent
Vincent
Bounoure, vinte
Bounoure, vinte ee nove
nove anos,
anos, formado
formado nas nas disciplinas cienti-
disciplinas cientí-
Ody Saban, V6o de amor, nanquirn sobre papel, 1995.
Ody Saban, Vôo de amor, nanquim sobre papel, 1995. ficas (École
ficas (Ecole desdes Mines),
Mines), mas mas antes
antes de
de tudo
tudo poeta, guarda não
poeta, guarda nao
9 11
MICHAEL LOWY
MICHAEL LÓWY
9 2
92
I
Eugenio Castro
3cn a ;';.
CD
sem titulo
-
(Q
Q o'
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CIl
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CD
gomagem, 1996
CD
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3o'"
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"'"
�.;�??;"{}���:1'�,��-
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Michel Zimbacca
L'apiculcoeur
o apiculcor [acao])
nanquim sabre papel, 1955
:o
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("")
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cn
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A ESTRELA DA MANHA: SURREALISMO E MARXISMO
A ESTRELA DA MANHÃ: SURREALlSMO E MARXISMO
9 3
9 3
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LOWY
A ESTRELA
ESTRELA DA
DA MANHA:
MANHÃ: SURREALISMO
SURREAlISMO EE MARXISMO
MARXISMO
99
99
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LOWY
A
A ESTRELA
ESTRELA DAMANHÃ:
DA MANHA: SURREALISMO
SURREALISMO E
E MARXISMO
MARXISMO
Recordemos
Recordemos oo essencial de uma
uma hist6ria que ée pouco
pouco co- co-
essencial de história que comum, que,
artigo comum,
artigo diante "da
que, diante "da resignação racionalista ee do
resignacao racionalista do
nhecida, quando nao deliberadamente escondida. A dissolu�ao
nhecida, quando não deliberadamente escondida. À dissolução irracionalismo metafísico
irracionalismo metaffsico que continuam aa dar
que continuam ritmo àa ação",
dar ritmo acao",
pronunciada por Schuster,
Schuster, Vincent
Vincent Bounoure um texto
pronunciada por Bounoure opõe op6e um texto oo surrealismo apela àa "subversão
surrealismo apela "subversao das <las condições
condicoes psicológicas
psicologicas
intitulado "Rien ou quoi?'', que prop6e o prosseguimento do do
intitulado "Rien ou quoi?", que propõe o prosseguimento da existência
da existencia humana,
humana, visando
visando aa dar
dar umum fim fim aos aos efeitos
efeitos de-de-
movimento. Com uma tiragem de cem exemplares,
movimento. Com uma tiragem de cem exemplares, este docu- este docu- vastadores do conflito entre
vastadores do conflito entre princípio de
principio de prazer e principio
prazer e princípio
mento - seguido de uma pesquisa - circula em Paris e Praga
mento - seguido de uma pesquisa - circula em Paris e Praga realidade".
de realidade".
ee suscita
suscita inúmeras
inumeras respostas,
respostas, em em sua
sua maioria positivas, que se-
maioria positivas, que se- Em 1977,
Em 1977, as as edições
edicoes Savelli
Savelli (Paris)
(Paris) reúnem
reunem os os dez
dez núme-
mime-
rao reunidas em marco de 1970 em uma coletanea (Bounoure).
rão reunidas em março de 1970 em uma coletânea (Bounoure). ros publicados
ros publicados do do Bulletin
Bulletin de de Liaison Surrealiste em
Liaison Surréaliste em umum volu-
volu-
Os surrealistas parisienses que recusam
Os surrealistas parisienses que recusam o abandono se o abandono se me ee publicam
me publicam os os dois
dois números
mimeros de de uma
uma nova
nova revista
revista intitulada
intitulada
reagrupam - em estreita relacao com seus amigos de Praga
reagrupam - em estreita relação com seus amigos de Praga Surrealisme. Surrealisme e prazerosamente
Surréalisme. Surréalisme é prazerosamente ilustrada por ilustrada por obras
obras
- em
- torno ao
em torno ao Bulletin
Bulletin de de Liaison
Liaison Surrealiste.
Surréaliste. DosDos dez nu-
dez nú- de Karol
de Karol Baron,
Baron, Gabriel
Gabriel Der Der Kervorkian,
Kervorkian, Marianne Marianne van van
meros do ELS participaram, entre outros, Jean-Louis Bedouin,
meros do BLS participaram, entre outros, ]ean-Louis Bédouin, Hirtum, Albert
Hirtum, Albert Marencin,
Marencin, Pierre
Pierre Molinier
Molinier ee muitos muitos outros.
outros.
Micheline e Vincent Bounoure, Vratislav Effenberger,
Micheline e Vincent Bounoure, Vratislav Effenberger, Ai estão,
Aí estao, entre
entre outros,
outros, um um apelo (outubro de
apelo (outubro de 1976)
1976) pela li-
pela li-
Marianne van Hirtum, Robert Lebel, Joyce
Marianne van Hirtum, Robert Lebel, ]oyce Mansour, Jehan Mansour, ]ehan bertacao de Paulo Paranagua, poeta e cineasta
bertação de Paulo Paranaguá, poeta e cineasta surre alista bra- surrealista bra-
Mayoux, ]Jan
Mayoux, an ee Eva
Eva Svankmajer,
Svankmajer, MichelMichel Zimbacca.
Zimbacca.
sileiro encarcerado
sileiro encarcerado na na Argentina,
Argentina, um um texto
texto soberbo
soberbo de de ]Joyce
oyce
No
No editorial
editorial do do primeiro
primeiro número
rnimero do ELS pode-se
do BLS pode-se ler:
ler: Mansour ("Le
Mansour ("Le Casier
Casier vierge ou Ia
vierge ou la traversée
traversee de de Ia
la Mer
Mer Rouge")
Rouge")
"Ninguern tern o direito de definir urna 'linha'
"Ninguém tem o direito de definir uma 'linha' surrealista ee surrealista ee imagens
imagens do do jogo de colagens paralelas (fabricados
jogo de colagens paralelas (fabricados com com es-es-
menos ainda
menos de impor
ainda de impor um um traçado
tracado dela.
dela. Mas
Mas cabe
cabe aa cada
cada umum de de toques de
toques de imagens identicas distribuídas
imagens idênticas distribuidas aos aos participantes).
participantes).
nos descrever a pr6pria trajet6ria e fixar os nos quais
pontos nos quais elaela
nós descrever a própria trajetória e fixar os pontos Sem esquecer
Sem esquecer um um debate
debate entre
entre Michel
Michel Lequenne
Lequenne ee Vincent Vincent
recorta a dos outros ... " Lendo o Bulletin,
recorta a dos outros ..." Lendo o Bulletin, é possfvel e iniciar-se nos
nos
possível iniciar-se Bounoure sobre
Bounoure sobre "Perversão
"Perversao ee revolução"
revolucao" eeaa descoberta,
descoberta, por por
jogos dos contrarios, nos relatos paralelos e do debate
participar do debate
jogos dos contrários, nos relatos paralelos e participar Michel Zimbacca, dos 36 verbos de
Michel Zimbacca, dos 36 verbos de amar ("cosmorder", amar ("cosmorder",
sobre "surrealismo
"surrealismo ee revolução"
revolu�ao" com com Herbert
Herbert Marcuse.
Marcuse.
sobre "as f1gozar ""
"asfigozar", ..
, "prismaginar",
pnsmagmar ""d se eamar ")
, "sedeamar" ....
...).
Em 1976, essa atividade com a
prossegue com a publicação,
publicacao, sob sob
Em 1976, essa atividade prossegue Nos anos
Nos anos queque sese seguem,
seguem, oo grupo dedica-se aa atividades
grupo dedica-se atividades
aa direção
direcao de Vincent Bounoure, da coletanea
de Vincent Bounoure, da coletânea La Civilisation La Civilisation internas, para
internas, para só s6 reaparecer
reaparecer em em 1990.
1990. Nos Nos últimos
ultimos dez dez anos,
anos,
surrealiste, com a participa�ao dos colaboradores do Bulletin
surréaliste, com a participação dos colaboradores do Bulletin, oo Grupo
Grupo Surrealista
Surrealista de de Paris
Paris voltou
voltou aa terter umauma intervenção
intervencao
assim corno
assim (entre outros)
como (entre outros) de de René
Rene Alleau,
Alleau, ]ean Markale ee'
Jean Markale desmentindo mais
publica, desmentindo mais uma
uma vez
vez oo atestado
atestado de de óbito
obito do do
Martin Stejskal. pública,
Martin Stejskal.
surrealismo tantas
surrealismo tantas vezes
vezes pregado
pregado nas nas árvores
arvores dos dos bulevares.
bulevares.
Enquanto Bernard
Bernard Caburet denuncia aa "civilização ex-
"civilizacao ex- Alern de de publicar tres números
mimeros de de uma
uma novanova revista, SURR
revista, SURR
Enquanto Caburet denuncia Além publicar três
cremencial" na qual os seres humanos se tornam "as mais belas
cremencial" na qual os seres humanos se tornam "as mais belas tSurrealisme, Utopie,
(Surréalisme, Utopie, RêveReue et
et Révolte),
Revolte), os os parisienses
parisienses organi-organi-
cabe�as do gado econornico para as camaras frias do porvir",
cabeças do gado econômico para as câmaras frias do porvir", zaram varias exposicoes coletivas,
zaram várias exposições coletivas, entre as quais Terreentre as quais Terre
Vincent Bounoure
Vincent Bounoure ee Vratislav
Vratislav Effenberger
Effenberger lembram,
lembram, emem um
um titulo inspirado
lnterieure -- título
Intérieure inspirado em em um um texto
texto de de Silvia
Silvia Guiard
Guiard
1 o
1 0 o
0
1 o0 11
1
MICHAEL LOWY
MICHAEL LOWY A
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHA:
DAMANHÃ: SURREALISMO
SURREALISMO E MARXISMO
E MARXISMO
-, na
-, na Galeria
Galeria Hourglass
Hourglass de de Paris
Paris (1993),
(1993), La La Marelle
Mare/le des des numeros de
números de um
um Bulletin
Bulletin Surréaliste
Surrealiste International
International foram foram pu- pu-
reuoltes, no
révoltes, no local
local dada CNT,
CNT, Confederação Nacional dos
Confederacao Nacional dos Tra-
Tra- blicados (em
blicados 1991 ee 1992),
(em 1991 1992), comcom debates,
debates, pesquisas,
pesquisas, documen-
documen-
balhadores (1996), e Eveil paradoxal, na
balhadores (1996), e Eveil paradoxal, na Maison des Arts da Maison des Arts da tos e,
tos e, pela primeira vez,
pela primeira vez, umum texto
texto comum
comum aos aos diferentes
diferentes
cidade de Conches, Normandia
cidade de Conches, Normandia (2000). (2000). denunciando as sinistras celebracoes
grupos, denunciando as sinistras celebrações do quinto ani- do quinto ani-
grupos,
Em 1993,
Em 1993, foramforam colados
colados nosnos muros
muros da da cidade
cidade dezenas
dezenas de de versario do
versário do "descobrimento
"descobrimento das <las Américas".
Americas". Se Se em
em Paris
Paris essas
essas
cartazes com
cartazes com mensagens
mensagens -- como como "O"O maravilhoso
maravilhoso ée sexualmen-
sexualmen- atividades não
atividades nao encontram
encontram oo mesmo mesmo eco eco que
que encontravam
encontravam há ha
te transmissfvel" - ilustradas por desenhos.
te transmissível" - ilustradas por desenhos. Em diversas Em diversas oca-
oca- trinta ou
trinta ou quarenta anos, em
quarenta anos, Praga ée oo contrário:
em Praga contrario: nunca,
nunca, des-des-
sides foram publicadas ou distribuidas nas
siões foram publicadas ou distribuídas nas ruas declarações ruas declara�oes de o
1945, o grupo
de 1945, teve tal impacto cultural. Quanto
grupo teve tal impacto cultural. Quanto a Madri, a Madri,
coletivas, denunciando, por exemplo,
coletivas, denunciando, por exemplo, a Guerra do Golfo a Guerra do Golfo ("À
("A Estocolmo
Estocolmo ee São Paulo, ée aa primeira
Sao Paulo, primeira vez vez queque conhecem
conhecem uma uma
mem6ria dos
memória dos cadáveres
cadaveres futuros")
futuros") ou ou em
em solidariedade
solidariedade ao ao le-
le- atividade surrealista
atividade surrealista coletiva.
coletiva.
vante zapatista ("Viva Zapata!"), a mar
vante zapatista ("VivaZapata! "), à marcha européia cha dos
europeia dos desem-desem- Por certo,
Por atividade ée muitas
esta atividade
certo, esta muitas vezes
vezes marginal,
marginal, ignorada
ignorada
pregados ("Os punhos em nossos
pregados ("Os punhos em nossos bolsos furados") bolsos e a luta
furados") e à luta dos dos meios de
pelos meios de comunicação
pelos e pela crf tica, negligenciada
comunicacao e pela crítica, negligenciada pelos pelos
trabalhadores emigrantes
trabalhadores emigrantes sem sem documentos
documentos ("Imaginem
("Imaginem um um universitarios. É
"especialistas" universitários.
"especialistas" E um
um fato.
fato. Mas
Mas como
como bembem dizia
dizia
escritor sem
escritor sem papel").
papel"). Vários
Varios desses
<lesses textos
textos foram
foram assinados
assinados tam-tam- oo velho
velho Fichte:
Fichte: "umso
"umso Schlimmer
Schlimmer für dir tatsachen"
fur dir ("pior para
tatsachen" ("pior para
bern pelos
bém pelos '~migos
''.Amigos da da rua
rua dede Pernelle",
Pernelle", grupo
grupo de de pessoas
pessoas que que os fatos").
os fatos"). OO que dizer, neste
quer dizer,
que quer neste caso:
caso: pior
pior para
para os
os críticos,
crfticos,
se reunem em torno aos surrealistas no Cafe
se reúnem em torno aos surrealistas no Café Saint-Jacques, Saint-Jacques, perto perto especialistas ee outros
especialistas outros dignos membros perpétuos
dignos membros perpetuos da da Academia
Academia
da esquina <las ruas Nicolas Flamel e
da esquina das ruas Nicolas Flamel e Pernelle (esposaPernelle do
(esposa do céle- cele- das e Belas-Letras. 0 surrealismo
Inscricoes e Belas-Letras. O surrealismo está alhures.
das Inscrições esta alhures.
bre alquimista)
bre alquimista) ee em frente àa Tour
em frente Tour Saint-Jacques,
Saint-Jacques, símbolosfmbolo do do Seria portanto, falar
preciso, portanto,
Seria preciso, falar de
de umum surrealismo
surrealismo que que não
nao
hermetismo ee das
hermetismo <las tradições
tradicoes ocultistas.
ocultistas. Resumindo
Resumindo oo espírito espfrito ée nem
nem "eterno",
"eterno", nemnern "historicamente
"historicamente terminado",
terminado", mas mas atual.
atual.
dessas multfplices manifestacoes,
dessas multíplices manifestações, Marie DominiqueMarie Dominique Massoni, Massoni, Remeto ao
Remeto ao sentido
sentido originário
originario do do termo
termo latino
latino (século
(seculo XIII)
XIII)
principal inspiradora de tais iniciativas, escreveu
principal inspiradora de tais iniciativas, escreveu na apresenta- na apresenta- actualis: "em Os surrealistas agem, coletivamente,
acao". Os surrealistas agem, coletivamente, em
actualis: "em ação". em
�iio da exposicao de 1996: "Insubmissiio:
ção da exposição de 1996: "Insubmissão: a imaginação ateia a imaginacao ateia varies países
vários pafses ee continentes.
continentes. Esta Esta atividade
atividade não visa àa imitação
nao visa imitacao
fogo àa pólvora.
fogo polvora, Sem Sem ela,
ela, nenhuma
nenhuma revolta
revolta se se mantém."
mantem." de obras
de obras passadas,
passadas, masmas tenta
tenta continuar
continuar aa aventura,
aventura, descobrir
descobrir
A persistencia do surrealismo
A persistência do surrealismo - como aquela- como aquela da da toupeira
toupeira novas ee inéditas
figuras novas
figuras ineditas dodo maravilhoso,
maravilhoso, explorar
explorar os os quartos,
quartos,
estrelada, condylura cristata - e discreta
estrelada, condylura cristata - é discreta mas perfeitamente mas perfeitamente corredores e cimos desconhecidos do "castelo
corredores e cimos desconhecidos do "castelo invisível". Esta invisf vel". Esta
visfvel: hoje se encontram grupos surrealistas
visível: hoje se encontram grupos surrealistas ativos não ativos niio ape-
ape- capacidade de
capacidade de inovação
inovacao ée aa única
unica garantia
garantia de de uma
uma verdadeira
verdadeira
nas em Paris, mas tambern em Praga,
nas em Paris, mas também em Praga, em Estocolmo, em Ma-em Estocolmo, em Ma- atualidade, ee oo único
atualidade, unico meio
meio de de escapar
escapar aos aos anéis
aneis asfixiantes
asfixiantes da da
dri, em
dri, em Chicago
Chicago ee em em SãoSao Paulo.
Paulo. Os Os anos
anos 90 90 assistiram
assistiram ao ao boa constrictor
boa constrictor da da eterna
eterna repetição
repeticao do do mesmo.
mesmo.
florescimento de revistas que materializam esta
florescimento de revistas que materializam esta atividade: além atividade: alem Trata-se de uma atualidade intempestiva
Trata-se de uma atualidade intempestiva no no sentido
sentido das <las
da SURR
da (Paris), Analogon (Praga),
SURR (Paris),Analogon (Praga), Salamandra
Salamandra (Madri),
(Madri), StoraStora Unzeitgemdssen Betrachtungen
Unzeitgemassen (" consideracoes intempestivas")
Betrachtungen ("considerações intempestivas")
saltet (Estocolmo),
saltet (Estocolmo),Arsenal (Chicago),Manticore
Arsenal (Chicago), Dois
(Leeds). Dois
Manticore (Leeds). de Nietzsche,
de isto é,
Nietzsche, isto alimentadas por
e, alimentadas uma hostilidade
por uma hostilidade irrecon-
irrecon-
1102
02 11 03
03
MICHAEL l6wy
MICHAEl LOWY
ciliavel contra
ciliável contra aa pseudocultura
pseudocultura européia europeia contemporânea.
contemporanca, Se- Se- Glossario
Glossário
gundo o Petit Robert, o intempestivo e "aquilo que se produz
gundo o Petit Robert, o intempestivo é "aquilo que se produz
no contratempo", aquilo que "nao e conveniente" nem "opor-
no contratempo", aquilo que "não é conveniente" nem "opor-
tu�o". Pode-se imaginar atividade mais no
tuno". Pode-se imaginar atividade mais no contratempo contratempo __ ou ou
. contra este tempo aqui.""
seja, -, rnenos
seja, contra este tempo aqUI -, menos "oportuna" oportuna ee menos menos
"conveniente" que a de um grupo surrealista
"conveniente" que a de um grupo surrealista no final do no final do século
secu]o
XX? Pode-se imaginar uma pratica mais "deslocada" "im or-
tXX?"Pode-se "" imaginar . uma prática mais "deslocada",' "impor- p
�na ou mconve111ente"
tuna" ou "inconveniente"! que
1
que aa de
de um
um coletivo
coletivo que que sese reivin-
reivin-
dica sempre
dica sempre aa exploração
explora�ao surrealista
surrealista dodo desconhecido?
desconhecido? Acordos de de Brest-Litovsk:
Brest-Litovsk: em em março de 1918,
1918, nesta
nesta cidade
cidade
Acordos marco de
Contrariamente
Contrariamente ao que se acredita
ao que se acredita tantas tantas vezes,
vezes aa russa na fronteira com a Polonia, uma delegacao sovietica
russa na fronteira com a Polônia, uma delegação soviética
temporalida�e do surrealismo nao e da mesma natureza �ue
temporalidade do surrealismo não é da mesma natureza que (dirigida
(dirigi da por Leon Trotski)
por Leon Trotski) foi foi obrigada,
obrigada, para obter aa paz,
para obter paz,
aquela das ditas
ditas "vanguardas
"vanguardas artísticas"
artfsticas" que sucederam umas
que sucederam umas
aquela das aa assinar
assinar umum tratado
tratado com
com oo ReichReich alemão
alernao que tirava da
que tirava da
às �utras,
as outras, depoisdepois de de um um efêmero
efernero período
perfodo de de florescimento:
florescimento: URSS a Polonia, a Ucrania, a Finlandia, uma parte da Bielo-
URSS a Polônia, a Ucrânia, a Finlândia, uma parte da Bielo-
fov1smo, cubismo, expressionismo,
fovismo, cubismo, expressionismo, futurismo, futurismo, dadaísmo.
dadafsmo. Ela Ela Russia ee os
os países balticos. Em
pafses bálticos. Em 13 13 de
de novembro
novembro de de 1918,
1918,
Rússia
se assem.elha antes aquela, mais profunda e duravel, dos gran- depois da
depois da derrota
derrota dada Alemanha
Alemanha ee da da queda
queda dada monarquia,
monarquia,
se assemelha antes àquela, mais profunda e durável, dos gran-
des rnovimenm, culturais
des movimentos culturais -- ao ao mesmo
mesmo tempo artfsticos filo-
tempo artísticos, filo- o tratado foi anulado pelo
o tratado foi anulado pelo governo sovietico,
governo soviético.
s6ficos e polf ti cos -, como o barroco ou romantismn, Theodor (1903-1969): filósofo
fi16sofo judeu
sóficos e políticos -, como o barroco ou oO romantismo. Adorno, Wisegrund
Adorno, Theodor Wisegrund (1903-1969): judeu
O surrealismo,
O surrealismo, como corno aa alquimia,
alquimia, o o socialismo
socialismo ou ou aa filoso-
filoso- alernao, musicólogo
alemão, music6logo ee sociólogo, marxista heterodoxo.
soci6logo, marxista heterodoxo. Um Um
fia romantica da natureza, e um
fia romântica da natureza, é um caso de tradição. caso de Ele
tradi�ao. Ele remeteremete dos fundadores, com Max Horkheimer,
dos fundadores, com Max Horkheimer, da Escola de da Escola de
a. um. conjunto complexo de rasuras-escrituras,
a um conjunto complexo de rasuras-escrituras, documentos ee documentos Frankfurt. Exilado
Frankfurt. Exilado nos Estados Unidos Unidos durante
durante o Terceiro
Terceiro
rituais; àa transmissão
rrtuais, transrnissao de de uma
uma mensagem esoterica filosófica
mensagem esotérica, filos6fica Reich, voltou
Reich, voltou aa Frankfurt
Frankfurt depois
depois da da guerra.
guerra. EmEm seu
seu livro
livro
politica; àa continuidade
ee política; continuidade das das práticas
praticas mágicas e poeticas.
rnagicas e poéticas. Do Do comum, Dialetica da razdo
comum, Dialética da razão (1947), Adorno e Horkheimer
(1947), Adorno e Horkheimer
passado nao fa�amos tabula rasa. Aguele
passado não façamos tábula rasa. Aquele que não sabe acen- que nao sabe acen- submetem a uma
submetem uma crítica
critica radical a racionalidade
racionalidade instrumen-
instrumen-
der no
der no passado
passado aa centelha
centelha da da esperança
esperanca não nao tem
tern futuro.
futuro. tal característica
tal caracterfstica do do mundo
mundo ocidental,
ocidental, seu seu projeto
projeto de de do-
do-
Mas .oo surrealismo
Mas surrealismo ée também,tambem, como como aa feitiçaria,
feiti�aria, aa pirataria
pirataria da natureza e a
minacao da natureza e a transformação
minação da cultura
transforrnacao da cultura em em
e � utopia, um caso de imagina�ao criadora. Como os canga- mercadoria. Entre
mercadoria. Entre suas
suas principais obras estão:
principais obras Minima
estao: Minima
e a utopia, um caso de imaginação criadora. Como os canga-
ceiros, os os bandidos
bandidos de de honra
honra dos dos sertões
sert6es brasileiros,
brasileiros os os moralia (1951) ee Dialética
moralia (1951) Dialetica negativa
negativa (1967).
(1967).
ceiros,
surrealistas estao condenados a inovar: as estradas consagra- Aufhebung: na
Aufhebung: na linguagem
linguagem alemãalerna corrente
corrente este
este termo
termo temtern três
tres
surrealistas estão condenados a inovar: as estradas consagra-
das, os
das, os velhos
velhos caminhos,
caminhos, as as trilhas
trilhas batidas
batidas estão
estao nasnas mãos
rnaos do do significados distintos: conservar, suprimir, elevar
significados distintos: conservar, suprimir, elevar a um ní- a um ni-
inimigo. Eles precisam encontrar pistas novas ou, antes, tra�a- vel superior.
vel superior. Em Em Hegel, torna-se um
Hegel, torna-se um conceito
conceito dialético
dialetico que
que
inimigo. Eles precisam encontrar pistas novas ou, antes, traçá-
las eles
Ias eles mesmos
mesmos no no chão:
chao: ée o o caminhante
caminhante quem quern fazfaz o carninho.
O caminho.
contern simultaneamente
contém simultaneamente os tres
três atos.
11 04
04
11 05
0 5
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LOWY
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHA:
DAMANHÃ: SURREALISMO
SURREALISMO E MARXISMO
E MARXISMO
Tuggernauth:
Tuggernauth: do do hindi Dschagannat, uma
hindi Dsehagannat, uma dasdas figuras
figuras do do deus
deus ee industrial, fundou com
industrial, fundou com seus
seus amigos
amigos um um atelie
ateliê de de decora-
decora-
Vishnu. Quando das
Vishnu. Quando grandes celebrac;6es,
das grandes celebrações, aconteciam
aconteciam sa- sa- c;ao artesanal, Morris & Co. Foi um dos animadores da
ção artesanal, Morris & Co. Foi um dos animadores da
crificios humanos, sen
crifícios humanos, sendodo asas vf ti mas jogadas
vítimas jogadas sob sob asas enor-
enor- confraria de
confraria de artistas pre-r afaelitas, com
artistas pré-rafaeIitas, com Edward
Edward Burne Burne
mes e pesadas rodas do carro trazia o outros. F�ndador �iga
mes e pesadas rodas do carro que trazia o ídolo de que idolo de ones, Dante
JJones, Dante Gabriel
GabrieI Rossetti
Rossetti ee outros. Fundador da da Liga
Vishnu-Juggernauth. Em Marx,
Vishnu-]uggernauth. Em Marx, alegoria do capital. alegoria do capital. Socialista em
Socialista 1885, Morris
em 1885, Morris eé autor
autor dede varias obras de
várias obras de ms-
ins-
Les Leures Nues: revista surrealista belga
Les Levres Nues: revista surrealista belga (1954-1960), fun- (19 54-1960), fun- piracao romantica, fantastica ou arcaica,
piração romântica, fantástica ou arcaica, e de um romancee de um romance
dada
dada por Marcel Marien
por MarceI Marien (1920-1993),
(1920-1993), escritor,
escritor, poeta, cria-
poeta, cria- ut6pico, Noticias
utópico, Notícias de lugar nenhum
de Lugar nenhum (1891).
(1891).
dor de colagens e cineasta, da qual
dor de colagens e cineasta, da qual fazem parte fazem Paul Nouge,
parte Paul Nougé, de
Oposição de esquerda:
Oposicao corrente
esquerda: corrente de de oposicao inte�na �o
oposição interna no �o-
mo-
fundador do surrealismo belga,
fundador do surrealismo belga, Louis Scutenaire, Louis o
Scutenaire, o pintorpintor vimento comunista, fundada por Leon
vimento comunista, fundada por Leon Trotski, primeiro Trotski, pnmeiro
Rene Magritte, assim
René Magritte, assim comocomo Guy Guy Debord.
Debord. na URSS
na URSS (a partir de
(a partir 1926) e,
de 1926) depois de
e, depois de sua expulsao da
sua expulsão da
Letrismo: movimento de
Letrismo: movimento inspiracao dadaista
de inspiração dadaísta criado
criado emem 1946
1946 Uniao Sovietica
União (1929), em
Soviética (1929), em escala
escala internacional.
internacional. Visando
Visando
pelo escritor romeno (vivendo
peIo escritor romeno (vivendo em Paris) em Isidore
Paris) Isidore Isou,Isou, vi-
vi- inicialmente aà retificação
inicialmente retificacao revolucionaria
revolucionária da Internacional
da 1nternacional
sando a autodestruicao das for mas
sando à autodestruição das formas artísticas - por artf sticas - exem-
por exem- Comunista, acabara
Comunista, acabará por romper com
por romper com esta
esta ultima
última parapara dar
dar
plo, reduzindo a poesia a seu elemento
plo, reduzindo a poesia a seu elemento último, a letra. ultimo, a letra. Guy
Guy em 1938, a Quarta Internacional.
origem, em 1938, à Quarta Internacional.
origem,
Debord adere em 1952 ao letrismo,
Debord adere em 1952 ao letrismo, que vai inspIrar seu que vai inspirar seu POI: Partido
POI: Operário Internacional,
Partido Operario Internacional, organizacao
organização criadacriada emem
filme Urros a favor
filme Urrosa favor dede Sade,
Sade, ee funda
funda no no mesmo
mesmo ano ano aa Inter-
Inter- 1935 fusao dos
pela fusão dos principais
1935 pela grupos trotskistas
principais grupos trotskistas da Fran- da Fran-
nacional Letrista com alguns amigos,
nacional Letrista com alguns amigos, entre os quais entre os quais GilGil c;a, sob a direção de Pierre
ça, sob a direcao de Naville, Pierre
Pierre NavilIe, Frank, Yvan
Pierre Frank, Yvan
Wolman.
Wolman. De De 1954
1954 aa 1957,
1957, aa IL publicaria aa revista
IL publicaria Potlatch
revistaPotlateh, e Jean Rous (entre outros). Depois
Craipeau e Jean Rous (entre outros). Depois de múltiplas
Craipeau de multiplas
Internacio-
antes
antes de de dissolver-se
dissolver-se em em favor
favor da fundação da
da fundacao da Internacio- rransformacoes ee cis6es,
transformações cisões, oo POI
POI torna-se
torna-se um um dosdos compo-
compo-
nal Situacionista
nal Situacionista (1957).(1957). de uma nova
nentes de uma nova fusão que
nentes fusao que dará origem ao
dara origem ao Partido
Partido
Mammon: do
Mammon: do aramaico
aramaico Mamna,Mamna, "riqueza",
"riqueza", deus deus sfrio que
sírio que Comunista Internacionalista, seção francesa da Quarta
Comunista Internacionalista, secao francesa da Quarta
presidia a acumulacao de riquezas.
presidia a acumulação de riquezas. No Novo Testamento, No Novo Testamento Internacional.
Internacional.
Idolo
ídolo queque simboliza
simboliza as as riquezas
riquezas injustamente adquiridas. '
injustamente adquiridas. Roman noir
Roman con jun to de
ingles: conjunto
noiringlês: obras romanescas
de obras romanescas inglesas
inglesas dodo
Moloch: do
Moloeh: hebreu ha-Malech,
do hebreu há-Moléeh, talvez originalmente ha-
talvez originalmente ha- seculo XVIII
século XVIII -- chamadas gothie novels
chamadas gothic novels em em inglês
ingles - - que
que
Melech, "o rei".
Mélech,. . "o rei". Ídolo fdolo adorado
adorado pelos pelos povos
povos cananeus
cananeus, ' se caracterizam
se caracterizam por por uma
uma atmosfera
atmosfera fantastica
fantástica ee inquietan-
inquietan-
.
que exigra terrfveis sacriff cios humanos,
que exigia terríveIS sacrifícios humanos, notadamente de notadamente de das
te, das quais
te, as mais conhecidos sao: 0
quais as mais conhecidos são: O Castelo de Otrante
Castelo de Otrante
criancas queimadas vivas.
crianças queimadas vivas. Denunciado
Denunciado pelos pelos profetas
profetas do do (1764), de Horace Walpole, Os misterios
(1764), de Horace Walpole, Os mistérios de Udolphe de Udolphe
Antigo Testamento.
Antigo Testamento. Em Em Marx, alegoria do
Marx, alegoria do capital.
capital. (1794), de
(1794), de Ann Radcliffe, 0
Ann Radcliffe, mange (1795),
O monge (1795), de de Gregory
Gregory
Morris, William (1834-1896): escritor, poeta
Morris, William (1834-1896): escritor, poeta e artista inglês, e artista Ingles, Matthew
Matthew Lewis, e Me/moth
Lewis, e Melmoth (1820), de Charles Robert
(1820), de Charles Robert
socialista de tendencia marxista-libertaria.
socialista de tendência marxista-libertária. Apaixonado Apaixonado por por Maturin. Estas obras exerceram verdadeira fascinação so-
Maturin. Estas obras exerceram verdadeira fascinacao so-
arte medieval e inimigo encarnic;ado
arte medieval e inimigo encarniçado da torpeza vitoriana da torpeza vitoriana bre os surrealistas.
surrealistas.
1 11 0
1 o 1 11 11
1
SURREALISMO E MARXISMO
MANHA: SURREALISMO
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LOWY A
A ESTRELA
ESTRELA DA
DAMANHÃ: E MARXISMO
Friedrich Wilhelm
Schelling, Friedrich
Schelling, Wilhelm JosephJoseph vonvon (1775-1854):
(1775-1854): um urn tre os quais Cidade conquistada (1932)
Cidade conquistada e E meia-noite no
tre os quais (1932) e É meia-noite no
dos principais fil6sofos
dos principais filósofos da da escola
escola rornantica
romântica alerna alemã do do secuio (1939).
século (1939). . . . ,
corneco seculo XIX.
do século XIX. Simpatizante
Simpatizante da da Revolução
Revolucao Fran- Fran- vvz b M ax (1864-1920): soci6logo
(1864-1920): sociólogo e rnandanm umvers1ta-
começo do we er, Max
Weber, . .
e mandarim de
universitá-
cesa na juventude, torna-se em
juventude, torna-se em seguida bastante conser- . al e rnao de orientarao nac1onal-hberal, mas capaz
cesa na seguida bastante conser- no alemão,
rio , de orientação:,;- nacional-liberal, .mas· capaz A de
vador. Inspirador da
vador. Inspirador filosofia rornantica
da filosofia romântica da da natureza,
natureza, que que análises lucidas da
alises lúcidas da civiliza<;ao industrial/cap1tal1sta.
civilização industrial/capitalista. utor
Autor
: (192�)
capitalismo (1920) _ee
proclama a identidade absoluta entre o
proclama a identidade absoluta entre o espírito e a natu- espfrito e a natu- de A A ética protestante ee oo espírito
etica protestante do capitalismo
espirito do
Sociedade (1922). racionalida�e buro�r��-
reza
reza ee aa superioridade
superioridade da da intuição
intuicao sobre
sobre aa racionalidade
racionalidade Economia ee Sociedade
Economia (1922). A A racionalidade burocráti-
do mundo como destine c1v�h-
da civili-
pura.
pura. ca desencantamento do mundo como destino da
ca ee oo desencantamento
Scholem, Gershom
Scholem, Gershom (1897-1982):
(1897-1982): historiador
historiador da da mística
mfstica judai-
judai- zacao ocidental principal teoria de sua obra. Influenciou
ocidental éeaa principal
zação teoria de sua obra. Influenciou
ca e da Cabala,
ca e da Cabala, amigo pr6ximo de Walter
amigo próximo de Walter Benjamin. Nas-Benjamin. Nas- fortemente
fortemente Georg Lukacs ee aa Escola
Georg Lukács Escola dede Frankfurt.
Frankfurt.
cido
cido na na Alemanha,
Alemanha, Scholem Scholem emigra emigra em em 1923 1923 parapara aa
Palestina, fazendo-se professor
Palestina, fazendo-se professor na Universidade Hebraica
na Universidade Hebraica
de
de Jerusalem.
Jerusalém. Espirito nao-conformista, interessa-se
Espírito não-conformista, interessa-se pelas pelas
correntes messianicas hereticas
correntes messiânicas heréticas e pelas e manifestacoes de
pelas manifestações de
"anarquismo
"anarquismo religioso". Entre seus
religioso". Entre seus principais livros podem-
principais livros podem-
se mencionar As
se mencionar As grandes correntes da
grandes correntes da mística
mistica judaica
judaica
(1941), Sabbatai Zevi,
(1941), Sabbatai Zeui, oo messias
messias místico
mistico (1975),
(1975), assimassim
como
como oo testemunho
testemunho Walter Walter Benjamin, hist6ria de
Benjamin, história uma
de uma
amizade (1975).
amizade (1975).
Serge, Victor Kilbatchiche
Serge, Victor Kilbatchiche dito dito (1890-1947): escritor frances
(1890-1947): escritor francês
de orig em russa.
de origem russa. De inicio anarquista
De início anarquista -- milita
milita na CNT em
na CNT em
Barcelona-,
Barcelona -, adere adere aoao bolchevismo
bolchevismo depois depois da da Revolucao
Revolução
de
de Outubro. Estabelecido em Moscou, amigo de Lenin
Outubro. Estabelecido em Moscou, amigo de Lenin ee
de Trotski, junta-se,
de Trotski, junta-se, nono decorrer
decorrer dos anos 20,
dos anos 20, aà Oposicao
Oposição
de Esquerda contra
de Esquerda contra Stalin. Preso em
Stalin. Preso 1933 como
em 1933 como trotskista,
trotskista,
exilado
exilado na Siberia, s6
na Sibéria, foi libertado
só foi libertado em 1936 gracas
em 1936 graças aa umauma
campanha internacional. De volta a Franca,
campanha internacional. De volta à França, separa-se de separa-se de
Trotski
Trotski em em 1937,
1937, por divergencias sobre
por divergências sobre aa Espanha.
Espanha. Emi- Emi-
gra em
gra 1940 para
em 1940 para oo México,
Mexico, onde onde morre depois da
morre depois guer-
da guer-
ra.
ra. É E autor
autor de de uma Mem6rias de
autobiografia, Memórias
uma autobiografia, de umum
reuolucionario (1951), e de varies romances
revolucionário (1951), e de vários romances políticos, en- politicos, en-
1 11 3
1
1 1
1 1 2
Notas
Notas
Romperaagaiola
Romper gaiolade deaço
aqo
1.1. Sobre
Sohreooencontro
encontrode deTrotski
Trotski eeBreton
Breton eea forrnacao da
a formação daFiari,
Fiari,
pode-se ler o livro de Arturo Schwarz, Breton/Trotski,
pode-se ler o livro de Arturo Schwarz, Breton/1Jotski, Paris, Paris,
UGE, 10/18,
UGE, 10/18, 1977,
1977, assim
assimcomocomoos ostrabalhos
trabalhosprecisos
precisoseerigoro-
rigoro-
sos de Gerard Roche publicados nos Cahiers
sos de Gérard Roche publicados nos Cahiers Léon 1Jotski (no Leon Trotski (n-
25, 1986) e em Docusur (n° 2, 1987). Sobre as relações entre oo
25, 1986) e em Docusur (n- 2, 1987). Sobre as relacoes entre
surrealismo ee oo trotskismo,
surrealismo trotskismo, ver ver oo notável
notavel ensaio
ensaio de de Michel
Michel
Lequenne, "Surrealisme e communisme",
Lequenne, "Surréalisme e communisme", que saiu na revista que saiu na revista
Communiste (n- 8, 1982 e n- 15,
Critique Communiste (n° 8, 1982 e n° 15, 1983) e reeditado
Critique 1983) e reeditado
emMarxisme
em Marxisme etetesthétique, Paris, La
esthetique, Paris, LaBreche,
Breche, 1985.
1985. Enfim,
Enfim, so-
so-
bre as afinidades entre surrealismo e anarquismo,
bre as afinidades entre surrealismo e anarquismo, consultar as consultar as
duas ricas
duas ricas coletâneas
coletaneas publicadas
publicadas pelo Atelie de
pelo Ateliê de Criação
Criacao
Libertaria de Lyon, Surrealisme et anarchisme
Libertária de Lyon, Surréalisme et anarchisme (organizado por (organizado por
Andre Bernard) (1992)
André Bernard) (1992) eLe pied e Le de grue (1994).
pied de grue (1994).
2. Sobre as relacoes (conflituosas)
2. Sobre as relações (conflituosas) de de Péret
Peret com
com aa corrente
corrente
libertaria, ver a obra de Guy Prevan, Peret Benjamin,
libertária, ver a obra de Guy Prévan, Péret Benjamin, révolu- reuolu-
tionnaire permanent,
tionnaire permanent, Paris,Paris, Syllepse, col. "Les
Syllepse, col. "Les archipels
archipels du du
surrealisme",
surréalisme", 1999.1999.
AA estrela
estrela da
da manhã:
manhii: oo mito
mito novo
novo do
do romantismo
romantismo ao ao surrealismo
surrealismo
1. Entre os "espfritos diffceis" que partilham seu interesse pelo
1. Entre os "espíritos difíceis" que partilham seu interesse pelo
mito, Breton cita Bataille, Caillois, Duthuit, Masson, Mabille,
mito, Breton cita Bataille, Caillois, Duthuit, Masson, Mabille,
Leonora Carrington,
Léonora Carrington, Max Max Ernst,
Ernst, Étiemble,
Etiemble, Péret,
Peret, Calas,
Calas,
Seligmann, Henein iProlegomenes a un troisieme manifeste
Seligmann, Hénein (Prolégomenes à un troisieme manifeste du du
surrealisme ou
surréalisme ou non, 1942).
non, 1942).
11 11 55
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LOWY
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHA:
DAMANHÃ: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
2.
2. Andre
André Breton
Breton parece
parece perceber
perceber urna
uma dirnensfio
dimensão rnitica
mítica sobretu- maneira
sobretu- maneira mais mais decisiva
decisiva com com tudo que se
aquilo que
tudo aquilo pratica nos
se pratica nos
do entre os pin tores ditos "primitivos": "Na mitologia moder- conventiculos das senhoras de obras sabre o retorno, dos ofi-
do entre os pintores ditos "primitivos": "Na mitologia moder- conventículos das senhoras de obras sobre o retorno, dos ofi-
na, cujo sentido geral nos fica sob muitos aspectos obscuro ciais
na, cujo sentido geral nos fica sob muitos aspectos obscuro, Oo ciais superiores aposentados, dos
superiores aposentados, dos mercadores emigrados?" (Ben-
mercadores emigrados?" (Ben-
farmaceutico �o-
farmacêutico Csontvary
Csontvary senta-se
senta-se entre
entre oo fiscal
fiscal Rousseau
Rousseau ee Oo co- jamin 1971,
jamin 1971, p. p. 300).
300). NaNa realidade,
realidade, aa imagem
imagem da "vidente", coma
da "vidente", como
rnissario Cheval, a urna boa distancia dos 'profissionais"' (Breton todas
missário
1965, Cheval, a uma boa distância dos 'profissionais'" (Breton
p. 238). todas asas outras figuras deNadja,
outras figuras de Nadja, eé perfeitamente
perfeitamente profanaprofana ee naonão
1965, p. 238).
tern para Breton
tem para Breton nenhuma
nenhuma significacao
significação "espiritista".
"espiritista".
9.
9. Uma
Uma excelente definição da
excelente definicao da iluminacao
iluminação profana-ilustrada
profana- ilustrada pelo pelo
Walter Benjamin ee oo surrealismo:
surrealismo: hist6ria
história de
de um
um encantamento
encantamento re-
Walter Benjamin
volucionario
volucionário
re- olhar surrealista
olhar surrealista de Paris - encontra-se
- encontra-se no livro de Richard
Richard
Wolin
Wolin sobre
sobre aa estetica
estética de Benjamin: "Como
de Benjamin: "Como aa ilurninacao
iluminação reli-reli-
1. Ben�amin publicara em 1929, na revista Literarische Welt, a tra-
1. Benjamin publicará em 1929, na revista Literarische Welt, a tra- giosa, aa ilurninacao
giosa, iluminação profana captura os
profana captura poderes da
os poderes da embriaguez
embriaguez
dus;ao de algumas passagens do livro de Aragon.
dução de algumas passagens do livro de Aragon. espiritual aa fim
espiritual fim de produzir uma
de produzir uma 'revelacao',
'revelação', uma uma visao
visão ouou in-
in-
2. Um representante tfpico do "marxismo g6tico" e, sern
2. Um representante típico do "marxismo gótico" é, sem duvida, dúvida, tuicao, que transcende
tuição, que transcende oo estado prosaico da
estado prosaico da realidade
realidade empirica;
empíricaj
Ernst Bloch, que nao esconde, especialmente em suas prirnei-
Ernst Bloch, que não esconde, especialmente em suas primei- mas
mas ela produz esta
ela produz esta visao ... sem
visão ... sem recurso
recurso aa dogmas
dogmas sabresobre oo alern,
além.
ras �bras (0 espirito da utopia, 1918-1923), sua admiracao
ras obras (O espírito da utopia, 1918-1923), sua admiração pelos pelos Benjamin tern
Benjamin tem claramente
claramente em em vista
vista oo efeito
efeito de embriaguez, de
de embriaguez, de
feerismos
feerismos medievais
medievais ee pelas
pelas catedrais
catedrais g6ticas.
góticas. transe,
transe, induzido
induzido pelos pelos 'romances'
'romances' surrealistas
surrealistas ...
... nos quais as
nos quais as ruas
ruas
3. A tradus;ao francesa da ultirna passagem e muito imprecisa.
3. A tradução francesa da última passagem é muito imprecisa. de
de Paris...
Paris ... se se transformam
transformam em em um país de
um pais de maravilhas
maravilhas
4.
4. Inutil precisar que esta genealogia nao corresponde exatamen-
Inútil precisar que esta genealogia não corresponde exatamen- fantasmagóricas ...
fantasmag6ricas ... onde
onde aa monotonia
monotonia das convenções eé dilace-
das convencoes dilace-
te aquela de que se dotou o pr6prio surrealismo, que jarnais
te àquela de que se dotou o próprio surrealismo, que jamais rada
rada pelos
pelos poderes do acaso
poderes do acaso objetivo. objetivo. Depois de ter atravessa-
Depois de ter atravessa-
reconheceu Dostoievski coma
reconheceu Dostoievski como um
um dede seus
seus precursores.
precursores. do
do essas paisagens encantadas,
essas paisagens poderia aa vida
encantadas, poderia algum dia
vida algum dia serser
5. 0 termo "pequeno-burgues" da
5. O termo "pequeno-burguês" da tradus;ao tradução francesa nae da
dá con-
francesa não con- experimentada de
experimentada de nova
novo com com aa complacencia
complacência ee aa indolencia
indolência
ta da carga cultural da palavra Spiesser, que designa indivf-
ta da carga cultural da palavra Spiesser, que designa Oo indiví- habituais?"
habituais?" (Wolin
(Wolin 1982,
1982, p. p. 132).
132).
duo grosseiro, limitado e prosaico da sociedade burguesa.
duo grosseiro, limitado e prosaico da sociedade burguesa. 10.
10. Ver
Ver aa esse respeito aa observacao
esse respeito pertinente de
observação pertinente de Rainer
Rainer Rochlitz:
Rochlitz:
6. Benjamin fala tarnbem de "ligar a revolra a revolus:ao".
6. Benjamin fala também de "ligar a revolta à revolução". para Benjamin, "o
para Benjamin, "o surrealismo
surrealismo mostrara
mostrara de que modo
de que modo aa ima-
ima-
7. Ver a este respeito as observas;6es de Margaret Cohen
Ver a este respeito as observações de Margaret Cohen (1993,
7. pp. (1993, gem poderia
gem preencher uma funcao
poderia preencher uma revolucionaria:
função revolucionária: apresentan-
apresentan-
pp. 187-189).
187-189).
do o envelhecimento
envelhecimento acelerado das forrnas formas modernas
modernas como uma
8. Benjamin atribui -erradamente, parece-me-esse tipo de ex-
8. Benjamin atribui - erradamente, parece-me _ esse tipo de ex- produção incessante
producao incessante do
do arcaico
arcaico que apela ao
que apela ao verdadeiro
verdadeiro senti-
senti-
periencia magica aa "toda
"toda aa literatura
literatura de
de vanguarda",
vanguarda", inclusive
periência mágica inclusive do
do da contemporaneidade. Atraves
da contemporaneidade. Através das
das ruinas
ruínas de
de moderniza-
moderniza-
o futurismo. E reclama - ainda uma vez erradamente, a meu
o futurismo. E reclama - ainda uma Vez erradamente, a meu ção, ele
s:ao, ele fez surgir aa urgencia
fez surgir urgência dede um
um retorno
retorno revolucionario"
revolucionário"
ver
ver - de uma
uma concepcao
concepção insuficientemente profana da
insuficientemente profana da ilumi- (Rochlitz
- de ilumi- (Rochlitz 1992, p. 156).
1992, p. 156).
nas;ao nos surrealistas, ilustrada pelo epis6dio de Madame Sacco
nação nos surrealistas, ilustrada pelo episódio de Madame Sacco, 11.
11. A
A traducao francesa eé mais
tradução francesa mais uma
uma vezvez inexata;
inexata; ver
ver "Der
"Der
� _vi�ente evocada por Breton em Nadja. Irritado com ague!�
a vidente evocada por Breton em Nadja. Irritado com aquela Surrealismus", Benjamin 1977,
Surrealismus", Benjamin p. 300.
1977, p. 300.
umida alcova do espiritismo",
"úmida alcova do espiritismo", Benjamin
Benjamin exclama: "Quem nao
exclama: "Quern não 12.
12. Parece-rne que Rochlitz
Parece-me que Rochlitz se engana ao
se engana interpretar esta
ao interpretar esta passagem
passagem
desejaria ver estes filhos adotivos da Revolus;ao romperem da
desejaria ver estes filhos adotivos da Revolução romperem da coma
como uma espécie de
uma especie dispensa acenada
de dispensa acenada por Benjamin ao
por Benjamin ao
11 11 6
11 11 77
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LÓWY
A
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHA:
DAMANHA: SURREALISMO
SURREAlISMO EE MARXISMO
MARXISMO
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MICHAEL LÕWY
MICHAEL LOWY
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1 2 1
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MICHAEL LOWY
MICHAEL LOWY AA ESTRELA DA MANHÃ:
ESTRELA DA MANHA: SURREAlISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
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2 2 11 23
23
MICHAEL
LOWY
MICHAEL LOWY A ESTRELA DA MANHA: SURREALISMO E MARXISMO
A ESTRELA DAMANHÃ: SURREALISMO E MARXISMO
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1 25
124124 1 25
Anexo
Notas acerca
Notas acerca do movimento
movimento
surrealista no
surrealista no Brasil
Brasil (da decade de
(da década de 1920
1920
aos dias
aos de hoje)
dias de hoje)
Lima
Sergio Lima
Sergio
Enquanto componente
Enquanto revolucionario ee formador
componente revolucionário formador do do espírito
espfrito
libertario, as acoes do surrealismo tambern se fizeram
libertário, as ações do surrealismo também se fizera..l1presentes presentes
no Brasil.
no sobretudo no
Aqui, sobretudo
Brasil. Aqui, no eixo
eixo Rio
Rio de
de JJaneiro-Sao Paulo, suas
aneiro-São Paulo, suas
movimentacoes agrupam-se
movimentações agrupam-se prioritariamente
prioritariamente em em três
tres momentos
momentos
ou perfodos. E perf odos distintos, seja
ou períodos. E períodos distintos, seja por implicações por implicacoes
sociopolfticas, econômicas
sociopolíticas, economicas ee culturais,
culturais, seja
seja pela
pela presença
presenca dede per-
per-
sonalidades decisivas para sua afirmacao,
sonalidades decisivas para sua afirmação. O primeiro 0 perfodo
primeiro período
comeca com
começa com aa visita
visita de
de Péret
Peret (1929-31)
(1929-31) ee vai vai até
ate oo começo
comeco dosdos
anos 60:
anos existe uma
60: existe uma influência
influencia difusa
difusa do
do surrealismo,
surrealismo, mas mas não
nao
ha um grupo surrealista no Brasil. 0 segundo perfodo
há um grupo surre alista no Brasil. O segundo período se define se define
em torno
em torno dede Maria
Maria Martins
Martins ee do
do grupo surrealista de
grupo surrealista Sao Paulo/
de São Paulo/
Rio de
Rio de Janeiro (1964-1969). O
Janeiro (1964-1969). 0 terceiro,
terceiro, por fim, está
por fim, esta centrado
centrado
no segundo grupo surrealista no Brasil (1991-1999).
no segundo grupo surrealista no Brasil (1991-1999).
PRIMEIRO PERíODO
PRIMEIRO PERIODO
Peret mora
Benjamin Péret
Benjamin mora no
no Brasil
Brasil de
de fevereiro
fevereiro 1929
1929 aa dezembro
dezembro
de 1931,
de tern contatos
1931, tem contatos com Revista de
com aa Revista de Antropofagia
Antropofagia ee de-
de-
1129
29
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LÓWY A ESTRELA DA MANHA: SURREALISMO E MARXISMO
A ESTRELA DAMANHÃ: SURREALISMO E MARXISMO
11 33o0 11 33 11
MICHAEL
MICHAEl LOWY
lOWY
A
A ESTRELA
ESTRELA DA
DA MANHA:
MANHÃ: SURREALISMO
SURREAllSMO EE MARXISMO
MARXISMO
te. Nessa
te. todos os
noite, todos
Nessa noite, os meus
meus desenhos
desenhos ee pinturas
pinturas (quase toda
(quase toda
enquanto fluxo subterraneo,
enquanto fluxo subjacente ao
subterrâneo, subjacente ao texto,
texto, quando
quando nãonao
minha produção
aa minha produ¢o de 1956 aa 1961),
de 1956 circularam de de mão
mao em em
na pr6pria configuração
na própria configuracao do do imaginário
imaginario ee de de determinadas
determinadas 1961), circularam
mao
mão até hem tarde,
ate bem com comentarios, duvidas e perguntas
tarde, com comentários, dúvidas e perguntas que que
imagens. Apresenta-se nitidamente nas entrelinhas da
imagens. Apresenta-se nitidamente nas entrelinhas narra-
da narra-
tiva foram
foram me me articulando
articulando com com aa turma.
turma.
tiva e/ou poemas em em prosa Amore.
e/ou poemas prosa Amore.
estar
Por estar presente
Por nas reunioes
presente nas reuniões do do café
cafe ÀA La Promenade
La Promenade
Tivernos, desse modo,
Tivemos, desse modo, um um verdadeiro
verdadeiro cadinho
cadinho formador
formador
de varias trocas
houve várias
Venus, houve trocas ee experiencias
experiências com autores re-re-
de
de tendencias
tendências ee novos horizontes que
novos horizontes que para mim foram
para mim decisi-
foram decisi- de Venus, com autores
do parisiense, com os quais mantive um
vos. Toda a minha poesia, a partir das escrituras
vos. Toda a minha poesia, a partir das escrituras automáticas automaticas presentativos do grupo
presentativos grupo parisiense, com os quais mantive um
contato prolongado, sempresempre aa cada dois dias,
dias, durante quase
de 1957-58,
de assim como
1957-58, assim minha pintura
como minha pintura ee collages
collages dessa data
dessa data contato prolongado, cada dois durante quase
um ano, emem função
funcao dodo comitê
cornite de redacao da revista La Breche
em
em diante, alem de
diante, além de uns primeiros textos
uns primeiros textos críticos,
crf ticos, roteiros
roteiros ee um ano, de redação da revistaLa Breche
(a ultima dirigi
dirigida Breton e na qual colaborei diretamente
por Breton
narrativas, assumem de
narrativas, assumem modo expresso
de modo expresso oo sentido
sentido surrealista
surrealista, (a última da por e na qual colaborei diretamente
. ' em dois numeros). Entre
em dois números). Entre estes autores estes autores estavam
estavam RobertRobert
isto e,
isto passam aa ser,
é, passam ser, sobretudo, questionamentos nessas
sobretudo, questionamentos nessas ee atra-
atra-
Benayoun, Toyen, Jean Claire Markale, Arsene Bonafous-
Jeanee Claire
ves dessas
vés expressoes. A
dessas expressões. A maior
maior parte
parte de tal produção
de tal producao acom-acorn- Benayoun, Toyen, Markale, Arsene Bonafous-
Murat, Alain Joubert, Nicole Espagnole,
Espagnole, MimiMimi Parente Jean
panhar-me-a na
panhar-me-á na viagern
viagem aa Paris, será aà vista
Paris, ee sera vista delas
delas que Andre
que André Murat, Alain Joubert, Nicole Parent e Jean
Benoit, Jose Pierre, Schuster, Joyce
Jean Schuster, Joyce Mansour,
Mansour, Gérard
Gerard
Breton
Breton me convidara para
me convidará para participar
participar do grupo parisiense
do grupo parisiense do do Benoit, José Pierre, Jean
Legrand, Ivisic, Annie LeBrun, Jorge Camacho etc.,
Radovan Ivisic,
movimento surre
movimento surrealista. Tambem levei
alista. Também levei osos originais
originais de Amore,
de Amore, Legrand, Radovan Annie LeBrun, Jorge Camacho etc.,
apesar do problema da lingua, pois nenhum
apesar do problema da língua, pois nenhum dos membros dos membros ademais o próprio André Breton
ademais o pr6prio Andre Breton ee Elisa,
Elisa, ee meus
meus amigos
amigos
Bounoure ee Micheline.
Vincent Bounoure
Vincent Micheline. Minha Minha múltipla
multipla atuação
atua�ao em em
atuantes naquele
atuantes naquele momento
momenta conheciaconhecia oo português,
portugues, afora afora aa
chilena Elisa Breton
Breton ee oo cineasta
cineasta argelino Robert Benayoun
argelino Robert seu periodo, ee nos
nesse período,
meio nesse
seu meio nos anos subseqlientes, consta
anos subseqüentes, consta das
das
chilena Elisa Benayoun,
revistas ee publicações
revistas coletivas do
publica�6es coletivas grupo desta
do grupo desta data
data emem dian-
dian-
que tinham
que tinham alguma
alguma noção
nocao (Benayoun
(Benayoun teve teve certo
certo trânsito
transito emem
te, como, por por exemplo, o manifesto de apoio a Luis Bufiuel e
Portugal). Houve discuss6es
Portugal). Houve discussões sobresobre oo livro,
livro, que,
que, para mim,
para mim, te, como, exemplo, o manifesto de apoio a Luis Bunuel e
contra aa interdição
contra interdi�ao do do filme
filme Viridiana.
Viridiana. A A estada
estada em Paris propi-
em Paris propi-
explicitaram a pertinencia de sua escritura
explicitaram a pertinência de sua escritura no contexto do no contexto do
ciou-me tambem com
diretas também
rela�6es diretas
ciou-me relações com personalidades
personalidades atuantes
atuantes
movimento surre
movimento surrealista; houve até
alista; houve ate mesmo
mesmo certocerto interesse de-
interesse, de-
em
em diversas como filosofia,
areas, como
diversas áreas, filosofia, sociologia,
sociologia, cinema, psica-
cinema, psica-
pois confirmado
pois confirmado quando
quando da da sua
sua edicao
edição em em livro,
livro, atraves
através dede
belas-artes ee literatura:
hist6ria, belas-artes
nalise, história, Eric Losfeld,
Losfeld, Nelly
Nelly
cartas de
cartas novos amigos
de novos amigos ee interlocutores,
interlocutores, como como as as cartas de
cartas de nálise, literatura: Eric
Kaplan, Mandiargues, Julien Gracq, Bataille, Bachelard,
Julien Gracq, Bataille, Bachelard, Clo- Clo-
Pierre Molinier, que lia portugues, de Arsene
Pierre Molinier, que lia português, de Arsene Bonafous- Murat,Bonafous-Murat Kaplan, Mandiargues,
vis Trouille, Edouard
vis Trouille, Jaguer ee Anne
Edouard Jaguer Anne Ethuin;
Ethuin; assim como en-
assim como en-
de Bellmer
de Bellmer ee dede Magloire Saint-Aude, que
Magloire Saint-Aude, tambern conhecia
que também conhecia
contros
contros com com Buster Keaton, Alain
Buster Keaton, Resnais, Arrabal,
Alain Resnais, Octavio
Arrabal, Octavio
hem oo portugues,
bem português.
Convidado
Convidado aa participar
participar do do movimento
movimento no no período
periodo de de Paz, Gironella,
Paz, J.J. Brunius,
Gironella, J.-J. Brunius, e ainda Eugene Canseliet, disci-
e ainda Eugene Canseliet, discí-
e bi6grafo do mestre ocultista Fulcanelli; alem de figu-
1961-1962, minha estreia, digamos assim,
1961-1962, minha estréia, digamos assim, ocorre com uma ocorre com uma pulo e biógrafo do mestre ocultista Fulcane11i;além de figu-
pulo
cafe A ras part1c1pantes do
ativas ee participantes
ras ativas movimento, mas
do movimento, mas que que não
nao
uma exposicao
uma exposição suisui generis
generis no no café À La Promenade de
La Promenade Venus
de Venus
freqiientavam assiduamente o grupo, como Meret Oppen-
(em
(em frente ao Les
frente ao Les Hailes), onde oo grupo
Halles), onde grupo se se reunia
reunia regularrnen-
regularmen- freqüentavam assiduamente o grupo, como Meret Oppen-
3 5
1135
134
134
MICHAEL
MICHAEl LOWY
L6WY
A
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHA:
DA MANHÃ: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
heim, �lovis Trouille, Pierre Molinier, Unica Zurn e Bellmer. forte impressao que
forte impressão surge desse
que surge rendez-vous so
desse rendez-uous só sera
será narrada
narrada
heim, Clovis TrouilIe, Pierre Molinier, Única Zurn e BeIlmer.
Essa� figuras de maneira ou de outra interagiam com o
Essas figuras de u�a uma maneira ou de outra interagiam com o em 1966 quase 25
em 1966 (e impressa quase 25 anos depois) por Murilo, ao
(e impressa anos depois) por Murilo, ao
movimenro
. . _ surreahsta e muitos mantiveram ate' mesmo uma comentar a figura de Breton e sua raiz libertaria - inclua-se
movimento surrealista e muitos mantiveram até mesmo uma comentar a figura de Breton e sua raiz libertária - inclua-se
�art1c1pas:ao
participação formal formal ou mi1itancia grupal
ou militância em perfodos
grupal em períodos ante- ante- mencao aa uma
menção heraldica cifrada,
uma heráldica cifrada, confirmada
confirmada por Peret desde
por Péret desde
nore�. As multipln» atividades, interesses e vinculas:6es des- 1929, tendo como
1929, tendo animal simbolico
como animal simbólico oo tamandua,
tamanduá, ou ou seja,
seja, le
te
riores. As múltiplas atividades, interesses e vinculações des-
sas figuras evidenciam a permeabilidade do g do grand tamanoir (animal que figura o ex-lfbris de Breton, de-
.
sas figuras evidenciam a permeabilidade do grupo rupo ee do grand tamanoir (animal que figura o ex-Iíbris de Breton, de-
movtmento surrealista em geral. Tai caracterfstica e um dos senhado
senhado por por Salvador
Salvador Dali;
Dalí; oo mesmo
mesmo animal
animal que posterior-
que posterior-
movimento surrealista em geral. Tal característica é um dos
componentes
componentes do do surrealismo mesmo, apesar
surrealismo mesmo, apesar de de colidir fron-
colidir fron- mente
mente será sera objeto
objeto de de escultura
escultura em madeira, feita
em madeira, feita pelo
pelo proprio
próprio
talmente com uma propa1ada "ortodoxia do grupo" - Breton).
Breton).
se .
talmente . com, uma . propalada "ortodoxia do grupo" _ oo que que
na mats propno d e urna escola formal mas n- , Na mesma
mesma epoca,época, Mario
Mário Pedrosa participa da
Pedrosa participa enquete da
em
:e
seria mais próprio de uma escola formal -,
em tra�and.o do movimento surrealista e seu vetor rebelde
senao
senão se tratando
-, mas
11 3 6 11 3377
DA MANHA: SURREALISMO E MARXISMO
A ESTRELA
A ESTRELA DAMANHÃ: SURREALISMO E MARXISMO
MICHAEL
MICHAEL LOWY
Lbwv
não deixou
nao de ser pr6diga de de realizas;oes. Nao porpor acaso deve-
de uma
de uma revisao
revisão destes
destes autores
autores nana 6tica
ótica dodo "desregramento
"desregramento de de deixou de ser pródiga realizações. Não acaso deve-
se lembrar
se que aa eclosao do grupo
grupo eé imediatamente p6s-64, ee
todos os
todos os sentidos"
sentidos" ee do "absolutamente moderno";
do "absolutamente moderno"; nao não eé certo
certo lembrar que eclosão do imediatamente pós-64,
encerraria no
se encerraria
se ainda como
p6s-68, ainda como seqtielas
seqüelas de de Maio de 68;
dizer
dizer que "trouxe o surrealismo de Paris", como
que "trouxe o surrealismo de Paris", como se espalhou se espalhou no pós-68, Maio de 68;
um pouco levianamente, visto que houve
um pouco levianamente, visto que houve a preocupação de a preocupacao de isto
isto e, a mesma data que os atos de excecao
é, à mesma data que os atos de exceção promovidos pelo
promovidos pelo
situar as
situar as ocorrencias
ocorrências do movimento como
do movimento como tal,tal, em
em nosso meio,
nosso meio, governo militar-
governo militar. ..
A idealiza<;ao, em fins de
de 1965,
1965, ee as as subsequentes �es-
menos desde
pelo menos
pelo desde aa aparicao polernica da
aparição polêmica da revista
revista Estética,
Estetica, em em A idealização, em fins subseqüentes pes-
para atender ao planejamento da Mostra Surreal1sta
1924,
1924, ea publicacao, na
e a publicação, na mesma,
mesma, do manifesto pelos
do manifesto "direitos
pelos "direitos quisas
quisas para atender ao planejamento da Mostra Surre alista
Internacional que
Internacional realizamos em em 1967 revestem-se de de extraor-
extraor-
do sonho" de Sergio Buarque
do sonho" de Sérgio Buarque de Hollanda. de Hollanda. que realizamos 1967 revestem-se
brasi�eiro,
dinaria importancia, tantotanto para o contexto local,
Nessa epoca, tambern
Nessa época, aparecem resistências
também aparecem resistencias significati-
significati- dinária importância, para o contexto local, brasileiro,
grupo quanto o grupo parisiense, que via ,:is-
para o grupo parisiense,
vas, como
vas, aquelas do
como aquelas do Cinema
Cinema NovoNovo ee da Bossa Nova,
da Bossa Nova, oriun-
oriun- do nosso
do nossO grupo quanto para que via as-
das do
das final dos
do fi.nal dos anos
anos 50. 5 0. Ou
Ou ainda eventos como
ainda eventos como aa sim
sim uma realizas;ao sua
uma realização acontecendo no
sua acontecendo no outro
outro lado
lado do Arlan-
do Atlân-
ocorria desde 1949, ano da ulti�a rn_ostra
exposição Proposta 65 e espetáculos como Opinião ee Roda
exposicao Proposta 65 e espetaculos como Opiniii.o Roda tico, faro
tico, que nao
fato que não ocorria desde 1949, ano da última mostra
internacional promovida
internacional fora da
da Europa-
Europa - na na Galena D_edalo,
viva. Em
viva. nosso grupo
Em nosso grupo de de debates,
debates, durante
durante os os anos
anos de 1963
de 1963 promovida fora Galeria Dédalo,
Contamos desde o inf cio com apoio e �s
e 1964 desenvolvo debates
1964 desenvolvo debates e leituras
leituras dos dos manifestos
manifestos Santiago
Santiago de Chile. Contamos desde o início com �o apoio e os
de Chile.
surrealistas, alguns jogos {"cadaver-delicioso", "um-dentro- aportes Andre Breton e de toda a turrna de Pans, aos quais
de André
surre alistas, alguns jogos ("cadáver-delicioso", "um-dentro- aportes de Breton e de toda a turma de Paris, aos quais
do-outro", logo vieram se sornar os do grupo de Lisboa, liderado por
do-outro", "dar legenda às figuras" etc.), alern
"dar legenda as figuras" etc.), além de de logo vieram se somar os do grupo de Lisboa, liderado por
Mario Cesariny, ee os os de Buenos Aires, liderado por Aldo
panfletagem, afora
panfletagem, afora outras atividades coletivas
outras atividades coletivas ee incurs6es
incursões Mário Cesariny, de Buenos Aires, liderado por Aldo
Pellegrini. A representas;ao brasileira do mo:imento �presen-
grupais. Destaco, por
grupais. Destaco, exemplo, oo "manifesto
por exemplo, "manifesto fiinebre"
fúnebre" (que (que Pellegrini. A representação brasileira do movimento apresen-
foi manuscrito
foi originalmente por
manuscrito originalmente Decio Bar),
por Décio Bar), lancado
lançado na na tou-se com
tou-se com objetos, collages, pinturas
objetos, collages, pinturas ee oo filme
filme Nad7a,
Nadja, dede P.
P.
A. Paranaguá, alern de partes retrospectivas,
Paranagua, além de partes retrospectivas, como a dedicada como a dedicad_a
inauguracao da VII Bienal, contra os "poetas
inauguração da VII Bienal, contra os "poetas oficiais" (es- oficiais" (es- A.
Ismael
aa Ismael NeryNery ee Cassio M'Boy, aà arte indfgena (pre-colomb1-
candalo rapidamente
cândalo rapidamente interrompido
interrompido pela seguranca local,
pela segurança local, Cássio M'Boy, arte indígena (pré-colombi-
tivemos ainda uma secao de "arte
embora tenha
embora tenha resultado
resultado em em página
pagina inteira
inteira do do jornal tn«.
jornal Últi- ana ceramica ee plumaria);
ana, cerâmica plumária); tivemos ainda uma seção de "arte
dos' alienados", emprestada pelo J uqueri (sob a egide de Osorio
ma Hora,
ma Hora, com com replicas
réplicas dos dos atingidos,
atingidos, ee ecos ecos nono Correia
Correio dos alienados", emprestada pelo Juqueri (sob a égide de Osório
que se com outros prestimos e doc�men-
Paulistano, na Falha e no Estado de S. Paulo). Cesar),
César), que se completava
completava com outros préstimos e documen-
Laborat6rios Sandoz e pela Soc1:dade
Paulistano, na Folha e no Estado de S. Paulo).
Sucedendo
Sucedendo este este nucleo inicial, ee em
núcleo inicial, funcao de
em função divergen-
de divergên- tacao fornecida pelos
tação fornecida pelos Laboratórios Sandoz e pela Sociedade
da Bruta. Nas
Arte Bruta. artes plasticas, tivemos as as colaboras;oes
colaborações de
cias que
cias passam aa ter
que passam ter certo vulto (sobretudo
certo vulto (sobretudo por parte de
por parte Piva
de Piva da Arte Nas artes plásticas, tivemos de
europeias, espanholas, francesas e italianas, do MA�/
ee Willer, mais preocupados
Willer, mais preocupados com com aa beat generation ee aa pop
beat generation art),
pop art), galerias européias, espanholas, francesas e italianas, do MAMI
galerias
Rio de Janeiro tambem pecas da abrangente coles;ao de �ana
Janeiro ee também
assumo de vez a liderança e, com as novas adesões de Fiker ee
assumo de vez a lideranca e, com as novas ades6es de Fiker Rio de peças da abrangente coleção de Maria
Leila Ferraz,
Leila Ferraz, mais
mais Zuca
Zuca Saldanha
Saldanha ee Paulo Antonio Paranagua,
Paulo Antônio Paranaguá, Martins _ muito embora os
Martins- muito embora os emprestimos
empréstimos que que substanc1�v�
substanciavam
aa seção hist6rica da rnostra (Dominguez, Ernst, Bo_cc1om,
vindos do
vindos do RioRio de de Janeiro, organizo oo primeiro
Janeiro, organizo primeiro grupo grupo ses;ao histórica da mostra (Domínguez, Ernst, Boccioni,
Maria Picabia, Ernst,
Martins, Picabia, De Chirico, Calder, Picasso),
surrealista São
surrealista Sao Paulo-Rio,
Paulo-Rio, cuja cuja vida
vida breve -1965 aa 1969
breve -1965 1969-- Maria Martins, Ernst, De Chirico, Calder, Picasso),
145
145
11 44
4 4
MICHAEL
MICHAEL LOWY
LOWY
A
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHA:
DAMANHÃ: SURREALISMO
SURREALISMO E
E MARXISMO
MARXISMO
boa, ha
boa, há um recorneco ou
um recomeço uma progressiva
ou uma progressiva retomada
retomada das mo-
das mo- na abertura
abertura da
da Semana
Semana do
do Surrealismo,
Surrealismo, na
na mostra
mostra coletiva A
coletiva A
na
vimenta�6es ligadas ligadas ao ao surrealismo
surrealismo entre aqui em
nos, aqui Sao arte do do Imaginário/Galeria Encontro das das Artes/São
Artes/Sao Paulo.
Paulo.
vimentações entre nós, em São arte Imagindrio/Galeria Encontro
Paulo. Ha
Paulo. Há debates sobre aacollage
debates sobre collage ee suas
suas caracteristicas
características de "lin-
de "lin- Tais atividades
atividades -- ensaios, ensaios, textos
textos críticos,
crfticos, exposições
exposicoes ee
Tais
guagem plastica estendida", que o infcio
geraram o início da da pesquisa
pesquisa
guagem plástica estendida", que geraram poemas -- acabaram
poemas acabaram por por alimentar
alimentar uma uma série
serie de
de encontros
encontros ee
sobre o tema ja no final dos anos 70 e se transformaram num num
sobre o tema já no final dos anos 70 e se transformaram novas relações,
novas relacoes, ampliando
ampliando por por certo
certo ee vindo
vindo aa dinamizar
dinamizar sig- sig-
alentado ensaio: Collage ... uma nova superficie sensfvel, só s6 nificativamente, com seminais, o
alentado ensaio: Collage... uma nova superfície sensível, perspectivas
nificativamente, com perspectivas seminais, quer o percurso quer percurso
editado em
editado 1984. Houve
em 1984. Houve novasnovas publicações
publicacoes de de autores
autores brasi-
brasi- de minhas
minhas reflexões,
reflex6es, quer quer oo dede minha
minha expressão
expressao escrita
escrita ou ou
de
leiros ligados ao movimento surrealista e traducoes de de nomes repercussao ocorreu,
ocorreu, por exemplo, com com aa
leiros ligados ao movimento surrealista e traduções nomes plastica. Especial
plástica. Especial repercussão por exemplo,
do surrealismo ou proximos do mesmo.
do surrealismo ou próximos do mesmo. Clarice Lispector Clarice Lispector en- en- vinda do do grupo surrealista de
grupo surrealista de Buenos
Buenos AiresAires (da
(da revista
revista Signo
Signo
vinda
trevista Maria Martins na sua famosa serie
trevista Maria Martins na sua famosa série de entrevistas para de entrevistas para Ascendente) a Sao Paulo, convidados para a Semana Surrealista
Ascendente) a São Paulo, convidados para a Semana Surrealista
aa revista
revista Manchete, e questiona a artista, entre
Manchete, e questiona a artista, entre outras coisas, outras coisas, de 1985.
1985. NaNa ocasião,
ocasiao, este este grupo
grupo publicou
publicou um um manifesto
manifesto de- de-
de
sobre seuseu envolvimento
envolvimento com com oo movimento
movimento ee os os surrealistas.
surrealistas. nunciando aa manipulação da "morte
"morte do do movimento
movimento em em 1969",
1969",
sobre nunciando rnanipulacao da
No início
No infcio dada década
decada seguinte
seguinte (1981)(1981) temtern início
infcio oo primei-
primei- parte da
por parte da crítica
crftica oficial.
oficial. De
De imediato
imediato houvehouve certa
certa empatia,
empatia,
por
ro serninario que realizo sabre ''A imagem como conhecimento ee logo a atividades conjuntas. No ano
ro seminário que realizo sobre "A imagem como conhecimento logo passamos
passamos a atividades conjuntas. No ano seguinte, seguinte,
sensfvel", parte dos eventos que inauguraram naquele ano ano aa (1986), viajo a Buenos Aires, a convite de Del Mare Silvia
sensível", parte dos eventos que inauguraram naquele Julio
(1986), viajo a Buenos Aires, a convite de Julio DeI Mar e Silvia
Galeria Sao
Galeria Paulo. Trata-se
São Paulo. Trata-se de de umauma espécie
especie de de passeio
passeio filos6-
filosó- Grenier, líderes
If deres da da movida
movida surrealista
surrealista na na Argentina
Argentina dos dos 1980.
19 8 0.
Grenier,
fico sobre as diferencas e/ou
fico sobre as diferenças e/ou distinções distin�6es que se perfilam entre
que se perfilam entre Na capital
capital portenha
portenha realizorealizo exposição individual de
exposicao individual de collages
collages
Na
oo modelo,
modelo, o molde (ou simulacro)
o molde (ou simulacro) e a imagem ea propriamente
imagem propriamente ee oo seminário
serninario sobresobre aa imagem, conforme mencionado
imagem, conforme mencionado acima. acima.
dita, quer literaria, quer visual. Ao mesmo tempo retomo
que retomo
dita, quer literária, quer visual. Ao mesmo tempo que Ambos os
Ambos os eventos
eventos foram foram realizados
realizados nas nas salas
salas ee no
no auditório
auditorio
oo tema
tema da apresentação de
da apresentacjo minha primeira
de minha primeira exposicao
exposição (O (0 molde
molde do Escritório
do Escrit6rio Comercial
Comercial do do Brasil,
Brasil, nana caBe
calle Esmeralda
Esmeralda nO n° 68.
68.
ee oo seu seu modelo, 1971), retomo
modelo, 1971), retomo também algumas tambern algumas das das fontes
fontes A partir de 1987,
partir de 1987, comecei
comecei aa ministrar
ministrar aulas
aulas regulares
regulares em em
A
decisivas para
decisivas para O O corpo
corpo significa,
significa, como como Bachelard, Bataille,
Bachelard, Bataille, bacharelado de de artes
artes plásticas, iniciando-se uma
plasticas, iniciando-se uma importante
importante
bacharelado
Malcolm de Chazal, Marcuse, KostasAxelos,
Malcolm de Chazal, Marcuse, KostasAxelos, Clarice Lispector Clarice Lispector interacao com o meio acadernico e suas oficinas de forrnacao,
interação com o meio acadêmico e suas oficinas de formação,
ee outros.
outros. Avanço
Avance nas nas pesquisas
pesquisas ee buscas, adentrando uma
buscas, adentrando uma es-es- que logo
que logo meme trouxeram
trouxeram alguns alguns desdobramentos
desdobramentos significativos
significativos
pecie de arqueologia <las possfveis
pécie de arqueologia das possíveis influências e influxos influencias e influxos do do em simpósios
simp6sios ee encontros,
encontros, como como aa semana
semana de de estudos
estudos no no cur-
cur-
em
movimento entre nossos autores,
movimento entre nossos autores, poetas e pintores, poetas e ao
pintores, ao mes- mes- so de
de extensão
extensao ''Arte''Arte ee política:
polftica: oo surrealismo",
surrealismo", em em queque dis-
dis-
so
mo tempo que desenvolvo
mo tempo que desenvolvo uma nova escrita para uma nova escrita o ensaio
para o ensaio corri sobre surrealismo e revolucao da imagem, no campus
corri sobre surrealismo e revolução da imagem, no campus
sobre aa linguagem
sobre linguagem visual visual ee aa collage.
collage. de Assis
de Assis dada Unesp.
Unesp.
Em 1985
Em publico A
1985 publico A alta licenciosidade. Poesia
alta licenciosidade. Poesia & & erótica
erotica Assim, do do segundo semestre de
segundo semestre de 1992
1992 atéate 1995,
1995, também
tambcrn
Assim,
19551985, uma coletanen
1955-1985, uma coletânea de minha poesia quede minha poesia organizei com atuei junto ao IELlUnicamp. de 1996
1996 emem diante,
diante, co-co-
que organizei com atuei junta ao IEL/Unicamp. Depois, Depois, de
vistas a Semana Surrealista em Sao Paulo,
vistas à Semana Surrealista em São Paulo, quando foi lançada, quando foi lancada, mecei tambern a lecionar regularmente
mecei também a lecionar regularmente história da arte em hist6ria da arte em
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MICHAEL
MICHAEL LOWY
LÓWY
A ESTRELA
ESTRELA DA MANHA.:
DAMANHÃ: SURREALISMO
SURREALISMO EE MARXISMO
MARXISMO
poetas ee artistas
poetas artistas do do movimento,
movimento, entao reunindo-se regular-
então reunindo-se regular- compara�6es, a todo pano, diria um hornem do mar, par.a
comparações, a todo pano, diria um homem do mar, para
mente no café
mente cafe À A La Promenade
Promenade de Venus. espanto dos cri ticos tradicionalistas ou das mentes mars
grande
grande espanto dos críticos tradicionalistas ou das mentes mais
Apenas
Apenas em 1975-1976 ée que
em 1975-1976 que Michael,
Michael, já ja publicada
publicada sua tese
sua tese conservadoras. Ou
conservadoras. Ou entao para os
então para os ortodoxos
ortodoxos guardioes
guardiões de de um um
sobre A
sobre A teoria
teoria dada reuolucdo
revolução no no jovem
jovem Marx
Marx (La(La Theorie
Théorie de la
de Ia saudoso modernismo
saudoso modernismo datado. datado. .
revolution chez le jeune Marx.
révolution chez le jeune Marx. Paris: Maspero, 1970), terá aa
Paris: Maspero, 1970), tera I.;Etoile du
L'Étoile du Matin, pouco importa
Matin, pouco importa se se escrito
escrito em
em Pans
Paris ou ou
do mundo, inscreve-se naturalmente no. lon-
iniciativa de
iniciativa uma primeira
de uma aproximacao com
primeira aproximação com os os surrealistas
surrealistas em outra
em outra capital
capital do mundo, inscreve-se naturalmente no lon-
da capital parisiense, depois daquela em que foi
foi instado por da afirrnacao paulatina e vigorosa �� surreal1smo
da capital parisiense, depois daquela em que instado por go processo
go processo da afirmação paulatina e vigorosa do surrealismo
degrau.dec1s1vo
mim ee que
mim ficara sem
que ficara sem exiro.
êxito. mesmo, etapa ee mais
enquanto etapa
mesmo, enquanto mais um
um degrau decisivo para para umauma
Sublinho
Sublinho que a articulacao
que a articulação que que entao
então sese firmou
firmou em 1975
em 1975 singular e pr6pria visao brasileira do
singular e própria visão brasileira do movimento. mov1mento. .
qu.e
entre Michael
entre Michael Lõwy Lowy ee os surrealistas -
os surrealistas - oo grupo
grupo parisiense
parisiense Basta se
Basta aproximar de
se aproximar qualquer artigo
de qualquer artigo ee dos
dos ensaios
ensaios que
sele�ao e se tera, de imediato, a verti-
liderado por
liderado Vincent Bounoure,
por Vincent Bounoure, Jean-Louis Bedouin ee Michel
]ean-Louis Bédouin Michel compõem aa presente
comp6em presente seleção e se terá, de imediato, a verti-
do novo o impacto de itens.e de aspectos abs�-
Zimbacca, nomes
Zimbacca, nomes engajados
engajados no no movimento
movimento desde desde oo final dos
final dos gem
gem do nova e,e, quica,
quiçá, o impacto de itens e de aspectos abso-
anos 40
anos 40 ee inÍCio dos 50
inicio dos 50 - ocorreu aà roda
- ocorreu roda dada questao
questão do res-
do res- modernos e sistematicamente
lutamente modernos
lutamente e sistematicamente ignorados,
ignorados, os os qua1s
quais
ausentes dos lit�ra:ios �u par�
gate de Paulo Antonio Paranagua, detido
gate de Paulo Antonio Paranaguá, detido em Buenos Aires em Buenos Aires estao
estão ausentes dos suplementos
suplementos literários ou artisticos,
artísticos, para
havia algum
havia tempo nos
algum tempo nos carceres
cárceres dada policia argentina. A
polícia argentina. A partir
partir nao dizer da
não dizer da pr6pria imprensa bras1leira
própria imprensa brasileira hahá um born tempo.
um bom tempo!
De ternos a questao do surrealismo colocado atual-
de entao,
de então, Michael
Michael passa
passa aa militar
militar no grupo ee fica
no grupo fica sendo pre-
sendo pre- De pronto
pronto temos a questão do surrealismo colocado atual-
e de tudo vigente no mom�nto
senca constante
sença constante nas nas suas
suas reuni6es.
reuniões. E mais: alguns
E mais: alguns anos mais
anos mais mente, hoje,
mente, sobretudo e apesar
hoje, sobretudo apesar de tudo vigente no momento
tarde, Michael estara tambern, em suas do Em que pesem os silencios deste lado de ca do
tarde, Michael estará presente presente também, em suas regulares regulares presente. Em que pesem os silêncios deste lado de cá do
do presente.
estadas em São Paulo uma vez por ano, nas reuniões do
estadas em Sao Paulo uma vez por ano, nas reuni6es gru-
do gru- equador.
equador. .
a um eventual depois deste period� mars recente,
po surrealista
po surrealista de de Sao
São Paulo-Fortaleza
Paulo-Fortaleza que havia se
que havia se formado
formado Quanto a um eventual depois deste período mais recente,
Quanto
a asser�ao hist6rica de An�re Breton, quan-
nos meados
nos meados de 1991 (nossas
de 1991 reuni6es entao
(nossas reuniões eram no
então eram no atelie de
ateliê de podemos retomar
podemos retomar a asserção histórica de André Breton, quan-
Paes de Barros, na Rua
Lya Paes de Barros, na Rua Augusta).
Lya Augusta). do instado por
do instado por um repórter espanhol
um reporter espanhol nos
nos idos
idos dos
dos anos
anos 55 0O
A publicacao entre n6s da
A publicação entre nós da coletânea coletanea de ensaios de
de ensaios de Michael
Michael sobre os
sobre os destinos do movimento:
destinos do movimento:
originalmente intituladaL'Etoile
Lowy, originalmente
Lõwy, intituladaL'Étoile du Matin: surrealisme
du Matin: surréalisme __ o surrealismo eé oo que
O surrealismo que seral
será!
et marxisme,
et marxisme, ée um um acontecimento
acontecimento editorial prenhe de
editorial prenhe de surpre-
surpre-
sas ee provocacoes.
sas provocações. Suas imimeras implicacoes
Suas inúmeras implicações compreendem,
compreendem,
por exemplo, todo um discurso perfeitamente claro ee com
por exemplo, todo um discurso perfeitamente claro com seus
seus
pontos de fuga bem posicionados, diante da exposicao
pontos de fuga bem posicionados, diante da exposição do fato do fato
consumado que
consumado que eé oo surrealismo.
surrealismo. Surrealismo
Surrealismo que que se
se apresen-
apresen-
ta em
ta em seu texto enquanto
seu texto enquanto posição
posicao ee gesto revolucionario, atual
gesto revolucionário, atual
ee contundente. Surrealismo que navega livremente
contundente. Surrealismo que navega livremente nas suas nas suas
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