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SÍNTESES E ANÁLISES CRÍTICAS DE ESTUDOS DE CULTURAS

IRRIGADAS COM ÁGUAS RESIDUÁRIAS.

Max Charlie Holanda Morais

Gestão Ambiental

Fortaleza, Dezembro

2019
Objetivo

Fazer uma síntese de um estudo do uso de esgoto doméstico tratado na irrigação


da cultura da melancia, e da cultura do milho irrigada com água de poço e com
esgoto tratado fazendo comparativos e relacionando os principais pontos
tecendo uma análise crítica destas modalidades de irrigação utilizando águas
residuárias.

ANÁLISE COMPARATIVA DA CULTURA DO MILHO IRRIGADA


COM ÁGUA DE POÇO E COM ESGOTO TRATADO
A pesquisa foi realizada na estação de tratamento de esgotos da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN no período de
outubro a novembro do ano de 2016, os esgotos passaram por etapas de
tratamento preliminar para remoção de sólidos, secundário para remoção de
matéria orgânica e por ultimo terciário para diminuir a carga de
microrganismos patógenos.

Os materiais utilizados para esta pesquisa foram os seguintes: 8 (oito)


vazos no formato tronco de cone com dimensões de 20 cm de altura, 23 cm
de diâmetro interno superior e 15 cm diâmetro interno inferior, areia , água de
poço, esgoto tratado, regador, béquer de 2.000 ml, luvas, trenas e balança de
precisão ( ver fotos no estudo em anexo ).

Cada jarro recebeu 20 grãos de milho, dos oito vasos contendo milho,
quatro foram irrigados com água de poço e quatro com esgoto tratado. A
irrigação foi feita diariamente e nos turnos da manhã e da tarde durante 30
dias os vasos foram preenchidos com areia da própria ETE, com
preenchimento de 17 cm de cada jarro para fins de sustentação das plantas;
após 17 dias, foi feito o desbaste das plantas, diminuindo pela metade a
quantidade em cada jarro para boa acomodação da cultura; as quantidades de
água e do efluente da ETE foram medidas através da fórmula:

Li=(Cc-Pmp)*P*Da*f/100. (ver legendas no estudo em anexo)

Para dosagem da quantidade de água e esgoto tratado foi ou sado o


béquer de 2.000 ml, quando chovia forte não havia irrigação. Após 30 dias as
plantas foram tiradas para serem feitas as medições de massa, tamanho e
observações de coloração. As características da água de poço e do esgoto
tratado utilizados para irrigação do estudo foram solicitadas as
Superintendência de infraestrutura da UFRN e ETE-UFRN e podem ser
vistos no estudo em anexo.

Resultados e discussões no qual 30 dias de experimento foi constatado


um desenvolvimento mais expressivo nos jarros de plantas irrigadas com
esgoto tratado, em alguns parâmetros verificou-se uma diferença bem
considerável das plantas irrigadas com o esgoto tratado em relação ás
irrigadas com água de poço, podemos destacar a H= altura média das plantas,
irrigação de água de poço que foi de 15 cm, já com o esgoto tratado 55 cm, e
o MCF= Massa média do caule com as folhas foram 25,93 g e 217,4 g
respectivamente.
Concluiu-se que a irrigação com esgoto tratado na cultura do milho
apresentou resultados bem superiores em relação á água de poço, uma boa
alternativa para ser ampliada deixando as águas subterrâneas para serem
usadas para fins mais nobres e deixando de lançar esgotos no corpos hídricos
contribuindo para uma preservação da água e o equlíbrio de seus
ecossistemas.

USO DE ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO NA CULTURA DA


MELANCIA.

O estado do Ceará tem um potencial muito grande na fruticultura


irrigada tanto para o mercado interno para o externo, a cultura da melancia
objetivo desse estudo tem o desenvolvimento comprometido pelo déficit
hídrico justamente entre o período da frutificação e da maturação onde são
necessárias um volume maior de chuvas, entretanto do período de maturação
até a colheita a exigência hídrica deve ser bem menor, pois o excesso
ocasiona problemas como rachaduras, insipiedade e podridão nos frutos.

A média pluviométrica no semi-árido nordestino fica entre 300 e 800


mm de chuvas anuais distribuídos praticamente entre três meses do ano, a
irrigação se torna a forma mais eficiente e segura para suprir a necessidade
hídrica das culturas cultivadas nesses locais.

O objetivo do estudo é comparar a eficiência e rendimento de uma


cultura, no caso a melancia irrigada por água de poço comparando com
irrigação de esgoto doméstico tratado levando em consideração a
contaminação por microrganismos patógenos nos frutos e as características
físico-químicas das águas de irrigação e seus métodos de gotejamento e
sulcos.

A pesquisa foi realizada nos meses de março a maio do ano de 2005, no


centro de pesquisa sobre tratamento e reuso de águas residuárias da
CAGECE no municio de Aquiraz.

O solo foi preparado recebendo aração, calagem, gradagem e


incorporação de matéria orgânica, a espécie de melancia foi a citrullus
lanatus um variação da Crimson Sweet sendo irrigada por gotejamento e
sulcos. Foram 4 tipos de tratamento, T1 – água de poço mais adubação, T2 –
efluente mais adubação, T3- efluente sem adubação e T4 – efluente mais ½ da
adubação. As mudas foram transplantadas, foram irrigadas diariamente com
tempo de 2 h e 40min. Para gotejamento e 2 h para sulcos, quando havia
chuvas não havia irrigação nesse período houveram bastante chuvas no
município de Aquiraz que de certa forma interferiu nos resultados. Foram
realizadas 4 colheitas nos períodos de 16, 19, 25 e 30 de maio de 2005, Os
parâmetros avaliados para a cultura da melancia irrigada por gotejamento e
sulco, foram: diâmetro do fruto, produtividade, diâmetro da polpa e teor de
sólidos solúveis totais (° Brix).

Nos resultados nas análises físico-químicas e microbiológicos do


efluente tratado vindo da lagoa de estabilização mostraram baixa carga de
patogénos como E. coli ( 7,6 x 102 ) e ovos de helmintos < 1, portanto o
estudo mostra De acordo com tais parâmetros, observaram-se baixos valores
de patogénos, tanto os coliformes fecais como ovos de helmintos. Conforme
diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS), os valores de coliformes
termo tolerantes (média geométrica) devem ser menores que 1.000 NMP (100
mL)-1 e número de ovos de helmintos (média geométrica) menor que 1, para
irrigação irrestrita. Assim, as águas utilizadas (efluente e água bruta) não
apresentam restrições de uso na irrigação. Segundo o item 5.6.3 NBR
13.969/97 da ABNT, não deve ser permitido o uso de efluente, mesmo
desinfetado, na irrigação de hortaliças e frutas de ramas rastejantes (por
exemplo, melão e melancia).

Quanto a produtividade dos tratamentos T1, T2, T3 e T4 (ver tabela no


estudo em anexo), o que apresentou melhor resultado foi o T4 – efluente mais
½ da adubação, sendo que os T2 e T3 foram superiores ao T1- água de poço
mais adubação, portanto o efluente tratado se mostrou uma excelente
alternativa para irrigação de melancias entre outra culturas.
ANÁLISE CRÍTICA E COMPARATIVA DE ESTUDOS DE IRRIGAÇÃO
COM ÁGUAS DE ESGOTO TRATADAS E ÁGUAS DE POÇOS PARA
IRRIGAÇÃO DE CULTURAS DO MILHO E DA MELANCIA.

Os dois estudos sintetizados mostraram a eficiência na produtividade


das culturas irrigadas com esgotos tratados, isso mostra o potencial que os
efluentes brutos ou tratados têm na irrigação de diversas culturas, o reuso de
águas residuárias se mostram como uma grande alternativa na agricultura que
consome em torno de 70 % dos recursos hídricos, diversos estudos sobre
reuso na agricultura vem sendo desenvolvidos e publicados, assim como ,
várias tecnologias inovadoras e um melhor gerenciamento dos recursos
hídricos.

O reuso na agricultura surge principalmente como uma forma de uso


racional da água, pois pode ser aproveitada na irrigação de culturas,
diminuindo a captação nos mananciais e deixando de serem lançados grandes
quantidades de efluentes nos corpos hídricos, aqüíferos e nos solos, além
aumentar a oferta hídrica em regiões de baixas e irregulares pluviosidade,
caso dos locais onde os experimentos foram realizados.

Os estudos mostraram que a irrigação por esgoto tratado nas culturas do


milho e da melancia em relação a água de poço foram bem superiores em
alguns parâmetros, vamos levar em consideração, que boa parte dessa água de
melhor qualidade in natura poderia ser utilizada para fins mais nobres, como o
de abastecimento para uso potável, diminuindo os conflitos por água em uma
região de escassez e degradação dos recursos hídricos, acrescentando a
economia em fertilizantes, pois as águas de reuso, são ricas em nutrientes, sais
minerais e matéria orgânica fatores essenciais para o desenvolvimento das
plantas e enriquecimento de solos pobres, além de redução de gastos para
captação e tratamento de efluentes para sua disposição final em corpos
hídricos, encurtando o ciclo hidrológico, aumentando a produtividade em
relação ao mercado externo, alinhando modelos e técnicas de
sustentabilidade e otimização de gestão de recursos hídricos.

As pesquisas e a busca por novas tecnologias, juntamente com um


novo padrão de percepção e aceitação da sociedade, alinhado a um
fortalecimento de uma política de subsídio e incentivo ao uso de águas
residuárias, poderão minimizar problemas de escassez de alimentos, em
regiões do semi-árido brasileiro, podemos destacar o exemplo do estudo da
produção de melancia onde a irrigação com esgoto tratado alavancou o
desenvolvimento do fruto em menos tempo , sem a contaminação do
mesmo,surgindo como alternativa nos meses de déficit hidrico e abrindo
perspectivas para novas pesquisas e inclusão de novas culturas.

O reuso eficiente requer emprego de tecnologias e segurança sanitária


para um bom desenvolvimento de produção de determinada cultura, deve
seguir protocolos bem específicos para não haver contaminação das lavouras,
dos solos e dos corpos hídricos, deve ser monitorado e avaliado qual tipo de
cultura, qualidade da água de reuso, técnica de irrigação mais adequada,
análise de componentes do solo, todos esses fatores somados a boas técnicas
de agricultura teremos êxito e aumento de produtividade no campo.

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