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Nos Estados Unidos, mais de 97 mil crianças tiveram Covid-19 nas duas últimas semanas de julho,

segundo estudo da Academia Americana de Pediatria e da "Children's Hospital Association". No


período, as escolas ainda estavam fechadas, por causa da pandemia do novo coronavírus.
As aulas presenciais foram retomadas no país no início de agosto, mas apenas em alguns Estados,
como Indiana, Kentucky, Mississippi, Georgia e Tennessee. A maioria ainda mantém as aulas on-
line ou adota um sistema híbrido, que mistura o ensino remoto e o presencial.

 LEIA MAIS: Coronavírus na escola: o que diz a ciência sobre os riscos da volta às aulas?
 MEC divulga diretrizes para volta às aulas presenciais, mas não estabelece data para o
retorno
O alto número de infecções entre crianças acende um alerta: familiares e professores se preocupam
com os riscos de contaminação na volta às aulas.
Apesar de os estudos mostrarem que, na infância, a probabilidade de desenvolver um quadro grave
de Covid-19 é menor, cientistas afirmaram, recentemente, que crianças com menos de 5 anos
podem carregar uma carga viral maior. Ainda é preciso entender se isso aumenta a capacidade de
transmissão do Sars-CoV-2.

O gestor negou a falta de funcionários. Segundo ele, o Estado já adquiriu 10 mil termômetros
digitais, álcool em gel, sabonetes e 12 milhões de máscaras para as escolas paulistas. No fim do ano
passado, a pasta repassou R$ 650 milhões para a compra de insumos.

Especialista
Já a advogada Diana Serpe, especialista em direito da educação e da saúde, considera normal que
os professores possam estar um pouco assustados com a volta às aulas sem que a pandemia tenha
acabado totalmente, mas ela considera que a retomada é importante para os profissionais e,
principalmente, para os alunos.
"Acho que a criança precisa voltar em algum momento e a escola é a realidade dela. Isso não pode
demorar muito para acontecer, pois o que realmente assusta é a falta que essa realidade faz para
todos eles."

SEIS PERGUNTAS PARA


 Anna Helena Altenfelder, superintendente do Cenpec
1. Dá para garantir segurança a alunos e professores neste retorno?
É preciso garantir que efetivamente os protocolos sejam seguidos. É legítima a preocupação dos
professores, tendo em vista as condições de algumas das nossas escolas.
2. Os professores terão de passar por novo treinamento? Como se definirá os 35% que vão
voltar?
Sem dúvidas. São duas questões. Primeiro: terá de ter um treinamento com as questões sanitárias. A
outra coisa é um apoio para desenvolver o trabalho pedagógico. Porque haverá uma porcentagem
em casa, outra na escola... Esse rodízio (sobre quem fica em casa) ainda não está definido.
3. A tendência é que alunos fiquem em níveis desiguais de aprendizagem...
Essa é uma preocupação grande que a gente já tem. Como o acesso é muito desigual, a gente sabe
que tem alunos que estão conseguindo repor as atividades, outros não. Terá de existir um trabalho
de engajamento (contra evasão).
4. O papel do aluno será também o de ajudar o professor então?
Sim. Teremos de intencionalmente fomentar, envolver mais os alunos. Tem vários estudos de "efeito
de pares" que mostram como os alunos aprendem entre si e como o professor pode utilizar isso.
5. A dificuldade em dar aula e garantir aprendizagem de todos pode criar frustração entre os
professores. Como garantir suporte?
O apoio que vão ter não é só técnico. É também psicológico, de acolhimento, espaço de escuta, de
conversa. O importante é ter um trabalho coletivo muito grande.
6. A profissão de professor está entre as mais estressantes. Acredita que haverá o aumento de
Burnout (esgotamento profissional)?
Acho que sim. Se não tiver uma política de estratégia e de apoio aos professores na volta às aulas,
porque muitas vezes eles não têm recursos, não têm materiais, os indicadores de Burnout vão
aumentar. / JOÃO PRATA

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