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UEPA-UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

UAB-UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL


CENTRO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E A DISTÂNCIA
UNIDADE SÃO SEBASTIÃO DA BOA VISTA
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ALUNA: DEBORA SENA TEIXEIRA
PROFESSOR: EDILSON MOURA DA SILVA
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA AMAZÔNIA E METODOLOGIA DO ENSINO DA
HISTÓRIA.

01 – Identifique a liderança mais influente nos anos que antecederam a


cabanagem e faça uma breve análise sobre a importância desse líder para
o movimento que eclodiu no Pará em 1835.

O período que antecedeu a cabanagem, foi um período bastante


turbulento na política paraense, era o momento em que surgia a imprensa
denunciando as arbitrariedades de um governo autoritário e centralista, que ia
de encontro com as massas populares e as ideias de muitos integrantes da
própria elite da sociedade paraense, uma liderança que se destacou foi o
Cônego Batista Campos, que embora rico e senhor de escravos, possuía ideias
libertárias, que em muito contribuiu para que a revolução dos cabanos viesse
acontecer de fato, uma das ideias mais importante que Batista Campos incutiu
no povo, foi o direito de influenciar nas políticas de governo.

02 – Analise a situação econômica e social na província do Grão-Pará antes


do início da revolta popular.

A situação econômica e social na província do Grão – Pará antes da


revolta dos cabanos era uma situação de extrema desigualdade, onde a riqueza
se concentrava na mão de poucos e em sua maioria, eram portugueses. A
economia girava em torno da plantação de arroz e algodão, porém em alguns
lugares ao redor de Belém (Guamá, Barcarena, Acará, Capim e Moju),
predominava a plantação e engenho de cana de açúcar, isso em terras de ricos
proprietários, os menos favorecidos, trabalhava em terras devolutas e distantes
do mercado terras estas, bem mais inferiores que as dos grandes fazendeiros.

Era um comércio monopolizado, onde os lavradores se viam reféns do


sistema de regatão, trocando seus produtos por itens de 1ª necessidade que
valiam bem menos que o valor do produto de troca. Pode-se dizer que a grande
desigualdade social e principalmente econômica foi um aspecto determinante
para a revolta dos cabanos, porque apesar de ter sido liderada por personagens
da elite da província do Grão – Pará a revolta foi protagonizada pelas classes
que eram subjugadas a essa Província.

03 – Identifique os presidentes cabanos e faça uma breve análise sobre a


gestão de cada um na Província do Grão – Pará.

É possível identificar três presidentes que gestaram a Província do Grão


– Pará durante o período da cabanagem. Vale ressaltar, que foi um período de
guerra que marcou a história do Norte do Brasil durando cerca de cinco anos.

O primeiro presidente cabano foi Félix Clemente Antônio Malcher, rico


proprietário de terra no Acará, porém era contra o governo legal, foi retirado da
prisão pelos cabanos para assumir a presidência da Província. Entretanto entrou
em conflito com os mesmos, pois estes, não aceitaram o chamamento a ordem
e ao trabalho. Seu governo durou apenas 42 dias, sendo preso e morto pelas
tropas legalistas.

O segundo presidente foi Pedro Vinagre, após quatro meses de governo


entregou como havia prometido, o poder a Manuel Jorge Rodrigues, nomeado
por carta imperial. Foi preso, após invasão à Vigia, liderada por seu irmão
Antônio Vinagre.

A prisão de Antônio Vinagre, foi o estopim, para a invasão a Belém, uma


batalha que durou 9 dias e 9 noites contra as tropas imperiais, isso custou a vida
de seu comandante Antônio Vinagre, que veio a ser substituído por Eduardo
Angelim. Os cabanos saíram vitoriosos, reconquistando Belém e fazendo com
que o Marechal Manuel Jorge Rodrigues batesse em retirada.

Tornando dessa forma Eduardo Angelim o terceiro presidente cabano,


chegando a governar por apenas dez meses (de agosto de 1835 a maio de
1836), quando Belém foi invadida pelas tropas de Souza de Andreia. Porém um
fato chama a atenção para o governo Angelim. Apesar de ter liderado os cabanos
na batalha que o levou ao poder, Angelim era contra a abolição da escravidão e
ainda era acusado de facilitar a fuga de portugueses criando desta forma atritos
com as lideranças negras que começaram a conspirar contra seu governo.
Muitos foram torturados e mortos como forma de punição por sua resistência.
SANTOS. Fernando Sergio Dumas dos. Ainda a “Cultura do Barracão” nos Seringais da
Amazônia. In: RODRIUES, Venize Nazaré Ramos; SILVA, Jairo de Jesus Nascimento da.
Coletânea de Textos Disciplina História da Amazônia e seu Ensino. Belém, 2011. P. 39 –
56.

DEBORA SENA TEIXEIRA

AINDA A “CULTURADO BARRACÃO” NOS SERINGAIS DA AMAZÔNIA

Santos inicia seu texto utilizando-se de uma citação de Bastos, 1866,


para mostrar como a economia no norte do Brasil cresceu velozmente em tão
pouco tempo, mostrando desta forma seu potencial econômico.

Santos em seu texto, fala a princípio dos seringais, produto que regeu a
economia da Amazônia por aproximadamente 150 anos, este direcionava não
só a economia, mas tantos outros aspectos que circundavam a Amazônia como
político, social e cultural, moldando com suas regras, costumes e tradições a
vida da população amazônida, principalmente as populações ribeirinhas,
entretanto, não somente a borracha era responsável pela economia desta
região, se destacavam também a salsaparrilha, e o cacau, que segundo
pesquisa feita por Santos ajudou a duplicar a economia desta região em três
anos.

O pesquisador fala dos seringais correspondentes à região dos rios Acre


e Purus e seu afluente situado à margem direita do Rio Solimões, é importante
destacar a localidade, pois, de acordo com a pesquisa desenvolvida, “grande
parte das tribos do Juruá-Purus desapareceram antes que fosse possível
qualquer documentação sobre seus costumes.” (Ribeiro, s.d., p.44).

Darcy Ribeiro, escritor, antropólogo e político brasileiro, diz que a invasão


de comerciantes seringalistas a essa região se deu antes mesmo da chegada
dos religiosos portugueses, sendo vista como um ato predatório por parte dos
mesmos, dada a rapidez e violência com que ocorreram essas invasões,
despovoando essas áreas indígenas e criando núcleos civilizados. Entretanto é
possível compreender a partir da visão de Darcy a dependência existente nesse
processo por parte dos seringalistas ao barracão que pertencia ao patrão
(proprietário ou gerente), não deixando de ser um escravismo, porém
remunerado, onde os seringalistas ficavam presos a uma dívida quase
impossível de sanar.
A Amazônia era vista principalmente para os nordestinos como uma tabua
de salvação que os livraria do sofrimento durante o período de seca, eram
seduzidos pela ideia de um lugar de sonhos e cheio de riquezas. Em um dos
relatos, um nordestino diz que a viagem feita de seu local de origem até a
Amazônia, era uma oportunidade de descanso e lazer, pois eram muito bem
tratados e alimentados durante a viagem, mas sabiam o trabalho que os
esperavam, quando desembarcassem em seu destino.

No texto de Santos é possível entender mais claramente o processo de


povoação da Amazônia por imigrantes principalmente nordestinos, que
desembarcaram nas regiões dos rios e seus afluentes. Através de relatos de
seringueiros que conheceram e vivenciaram essa época, que para muitos foi de
extrema exploração, porém para outros foi oportunidade de crescer, mesmo
tendo que seguir as regras dos patrões.

A postura dos patrões para com os seringueiros, variava bastante, a


relação entre eles dependia também da forma como o patrão tratava o seu
empregado, segundo o pesquisador havia o bom patrão e o mau patrão, bons e
maus regulamentos. Dentre tantos seringais, alguns se destacavam, como o
seringal Bom Destino conhecido por ser muito violento, possuía um regulamento
extremamente rígido, era justo quanto a saldo do freguês, porém a prestação de
contas era por quinzena, onde alguns seringueiros conseguiam pagar suas
dívidas e até tirar algum saldo, já outros não conseguiam saldo, muito menos
pagar o que deviam ficando presos a uma dívida que talvez nunca chegassem a
pagar.

Um dos aspectos que chama atenção no texto, é a situação da mulher,


apesar da mesma não se destacar tanto nesse período histórico, elas cativavam
a preocupação de alguns patrões, principalmente as filhas das viúvas de alguns
seringueiros. As mulheres por casarem muito jovens nessa época, geralmente
ficavam viúvas ainda jovens também e as filhas dessas mulheres eram criadas
pelos patrões, pois desta forma preservavam as meninas de padrastos
abusadores. No entanto, de acordo com o pesquisador, esse ato de
generosidade, não dava a essas meninas direito à herança ou qualquer privilégio
em relação à produção, após o casamento, pois esse é um dos objetivos do
patrão, conseguir um bom casamento para a menina. Um ponto negativo desse
ato de generosidade, é que por ser criada como filha do patrão, tinha as regalias
de filha de patrão e ao casar-se geralmente não sabiam desempenhar os
afazeres domésticos, e ao casar-se, geralmente com seringueiros, sofriam por
não terem aprendido tais tarefas.

Santos, ainda ressalta o papel daquelas mulheres viúvas, que tinham que
manter suas casas, geralmente iam para o seringal, para conseguir sustentar
sua família e alimentar seus filhos. Plantavam roças, riscavam seringueira,
realizavam as tarefas domésticas, assumiam verdadeiramente o papel que seria
do marido.

Dentre muitas características dos seringueiros destacadas por Santos,


uma delas é a maneira como eram tratados os nordestinos que chegavam com
alguma indicação e mais ainda os que tinham alguma escolaridade. Esses eram
tratados com um pouco mais de atenção e muitas das vezes ganhavam cargo
de confiança do patrão.

Enfim o texto de Santos, nos traz muitos relatos que nos fazem entender
e compreender melhor o papel do seringueiro, das mulheres, dos índios...
personagens de uma Amazônia que foi e tem sido cenário de muitas batalhas,
muitas vezes sangrentas, uma Amazônia capaz de movimentar a economia não
só do Brasil, mas do mundo, gerando um contraste econômico e social para
quem vive aqui, dentro da Amazônia, já que os nativos são os que menos
usufruem das riquezas dessa imensa floresta.

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