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TRIBULAÇÕES DO EU
No tópico anterior, Giddens afirma que existem dilemas que precisam de resolução a
fim de manter uma narrativa de auto-identidade coerente e nesse momento, o autor busca
tratar dessas questões. A primeira questão diz respeito à unificação e a fragmentação que, de
acordo com o autor, são tendências presentes na modernidade tardia, ou seja, ao mesmo
tempo em que ela possui orientações unificadoras, possui também tendências fragmentadoras.
No que concerne ao eu, a unificação refere-se à sustentação de uma narrativa de
auto-identidade em meio a um contexto de intensas e rápidas transformações, seja pela imensa
disponibilidade de oportunidades ou até mesmo pelo fluxo das experiências transmitidas. Mas
o mundo exterior não apresenta somente influencias fragmentadoras, muito pelo contrário,
oferece também efeitos que propiciam à unificação, como as experiências transmitidas pela
mídia ou até mesmo o contato com locais à grandes distancias que podem apresentar-se como
familiares aos sujeitos e oferecerem aspectos que podem ser integrados às suas referencias
pessoais.
A fragmentação, como já citada, é decorrente da pluralidade dos ambientes de
interação, que necessitam de diferentes formas de se comportar. Dessa forma, o individuo
forja um comportamento de acordo com a situação em que se encontra. Mas ao mesmo tempo
que fragmenta, esse elemento também apresenta características unificadoras, como quando
um sujeito constrói uma identidade diferenciada e acaba por absorver aspectos diversos de
vários contextos a fim de manter uma narrativa integrada.
Para Giddens, esse dilema apresenta certas patologias. Os tradicionalistas forjam
identidades tendo como base “lealdades fixas”, que tem a função de filtrarem diversos
âmbitos sociais, interpretando-os e negando uma percepção relativista. Existem também
aqueles que se “adaptam” aos diferentes contextos em que se encontram - o que Erich Fromm
denomina de “conformismo autoritário”- e é quando o falso eu oculta o verdadeiro eu,
tornando esse eu verdadeiro vazio e inautêntico. Nos dois casos a segurança ontológica se
encontra fragilizada.
Impotência e apropriação
O retorno do recalcado