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UNISINOS
Curso de Psicologia
histórias...
Paola Lazzarotto
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Paola Lazzarotto
Estagiária de Psicologia
Mat: 0955002-6
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Supervisora local
CRP:07/3752
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Nelson E. Rivero
Supervisor acadêmico
CRP: 07/5508
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Sumário
Pg.4
Pg.8
mim? Pg.10
tô aqui? Pg.12
Pg.16
Pg.19
Pg.29
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Prefácio
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Esta história é uma daquelas tantas que não deveria ter sido escrita
desta forma, pois deixou marcas que não aparecem nas fotografias. O meu
maior desafio, neste caso, é tornar menos doloroso para Leonardo contar
alguns capítulos desta história e potencializar que novas imagens e histórias
possam ser escritos neste espaço.
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A história de Leonardo
Logo depois ela casou com meu padrasto e engravidou dos meus
irmãos, a Milena, que tem 12 anos e o João que tem 9 anos. Eu fiquei morando
com eles até quando eu tinha uns 9 anos, que foi quando meu padrasto morreu.
“Eu não lembro muito bem como era nesta época, na verdade eu não
gosto muito de lembrar.” Sei que meu padrasto foi preso e quando ele foi solto
mataram ele. Ele era bravo e eu não gostava muito dele, batia na minha mãe
às vezes. Quando ele morreu minha mãe teve que me mandar morar com meu
pai, que eu não via há muito tempo. Ela ficou preocupada que a gente ia passar
dificuldades, mas foi bem pior eu ter ido morar lá.
Dai eu fiquei morando com meu pai até os 13 anos. Na verdade eu não
morava com meu pai, porque a namorada do meu pai, aquela que eu contei no
início sabe? Eles acabaram casando, então ela não gosta muito de mim. Eles
têm outra filha também, dai fica um pouco complicado. Eu morava com minha
vó e meu vô. Mas era bem ruim. “Eu fazia xixi na cama e eles me deixavam
dormindo em um quarto separado, na verdade na garage” e eu não podia ir pro
resto da casa. “Tudo eu tinha que pedir, não podia nem olhar TV como os
outros.”
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Na época que eu morava com a vó eu quase não falava com a mãe, ela
ligava às vezes ou mandava carta, mas nunca foi me visitar. Ela dizia que não
tinha dinheiro. Só quando ela casou de novo é que ela conseguiu me mandar
dinheiro para eu vir visitar eles. Foi quando eu vim passar as férias aqui. “Meu
pai ligou e disse que era pra eu ficar morando aqui, que minha vó tinha que
fazer uma cirurgia e era melhor eu ficar aqui.”
Foi bem difícil, eu tinha alguns amigos e tive que mudar de escola e tudo
mais. Agora não falo mais com o pai e a família de lá faz tempo, “nem lembro
mais o telefone, nem o nome dos cachorros.”
Quando eu voltei a morar com a mãe foi legal até, meu padrasto novo é
bem legal. Eu ia pra escola de manhã e cuidava dos meus irmãos o resto do
dia. Algumas vezes eu trabalhava também, em uma fruteira pertinho de casa,
“comprei uns tênis para meus irmãos até.” “A minha mãe nunca me deixava
fazer nada, por isso eu gosto de morar na Casa de Acolhimento.” Eu gostava
de jogar futebol e ela me tirou do time. “Uma vez eu arrumei uma namorada na
escola e ela me proibiu de namorar. A guria deve ter me achado um idiota.”
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Cap. 1
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A tendência anti-social caracteriza-se por uma falha ambiental, o bebê, até certo ponto,
normalmente na fase de dependência absoluta, teve uma mãe que conseguiu “dar conta” de sua tarefa,
mas depois ela, por algum motivo, falha mais do que isso, ou antes disso, e este bebê se sente invadido
pelo meio (MAIA e VILHENA, 2002).
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Essa falha não consegue ser entendida pelo bebê, que em um primeiro momento, espera a
volta da mãe. Se esta não volta como ele espera, ou demora muito a se recuperar para poder reassumir
sua função, acontece a sensação de raiva e de abandono: surge o que Winnicott denomina de
(de)privação. Diante dessa (de)privação, o bebê desenvolve movimentos e atos para avisar a este meio
que ele espera que este mesmo meio o proteja de novo: seria o que Winnicott chama de esperança da
tendência anti-social (MAIA e VILHENA, 2002).
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Segundo Masud Khan apud Ferraz (2000), a perversão é uma patologia do ego, entendida
como uma estrutura, podendo se manifestar em diversas gradações e também em outras
psicopatologias. Para Freud são fantasias pré-genitais que não são mantidas em recalque e são atuadas.
A perversão seria a manutenção da sexualidade infantil perverso-polimorfa.
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Cap. 2
A história do abandono –
Esta mãe também tenderia a tratar seu filho como se fosse mais maduro
do que na verdade é, o que provoca um desenvolvimento egóico precoce, mas
por outro lado, estimula a manutenção de um vínculo primitivo do tipo auto-
erótico, fomentando a expectativa de receber dela satisfação e através dela,
obter prazer. Tendo esta baixo grau de tolerância quanto à frustração do filho,
permite-lhe uma infantilização das experiências corporais libidinais que não
corresponde com o desenvolvimento egóico (KHAN apud FERRAZ, 2000).
A partir de relatos, tanto do menino como da mãe, me parece que as
relações da família sempre foram pautadas, quase que exclusivamente, pelo
dinheiro, não possuindo relações de afeto e de cuidado. Leonardo traz a
questão do dinheiro como a preocupação central na relação entre a família,
referindo inclusive, esta como sendo uma das únicas motivações para ver a
mãe.
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Sobre esta relação com o dinheiro observo que esta também se desenha
na atribuição por parte da mãe, do papel do pai com o adolescente, pontuando
das suas obrigações como o menino, praticamente só através das questões
financeiramente, o que aparece desde o reconhecimento da paternidade e
cobrança da pensão por via judicial.
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Cap. 3
A voz da esperança -
“Eu acho que isto tem a ver, quando eu era menor tinha
aquela coisa de fazer xixi na cama, depois de roubar as
coisas, depois veio a coisa com o meu irmão e agora isto
(referindo-se a vontade de agredir). Acho que isto
acontece porque eu seguro muito as coisas”.
Leonardo
WINNICOTT, 2005
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ter justificativa física para isto. Estas queixas, nos últimos meses tem se
intensificado, inclusive impedindo o mesmo de ir à escola.
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Cap.4
O “fato” –
Leonardo
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Cap. 5
A procura de um personagem –
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Cap. 6
Leonardo
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Leonardo
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Cap. 7
significação-
"Só tu me entende."
Leonardo
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BRASIL, 2000
Deste modo, a instituição colocada fundamenta-se neste artigo para
pontuar o retorno de Leonardo com maior brevidade possível ao convívio
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Em uma das faltas de Leonardo, sem que eu me desse conta, liguei para
o abrigo para saber se estava tudo bem e comunicar a falta do menino, o que
é uma prática que não costumo ter. Acredito que a partir destas faltas,
Leonardo vem “testando” a suportabilidade da terapeuta e também, até que
ponto, pode confiar em mim, tendo em vista que tem trazido mais elementos a
respeito de sua vida e da situação do abuso. Acredito que observando a
minha reação frente aos seus relatos e principalmente, se como ele acredita
com relação a outras pessoas, não irei "abandoná-lo" quando souber do
ocorrido.
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Posfácio
histórias...
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O Projeto Renascer iniciou como uma proposta de parceria para o PAAS dos alunos do Curso de
Administração da UNISINOS que estão cursando uma disciplina de Projeto Social. Visa realizar
intervenção em uma escola da região Leste do Município, com adolescentes, pais e professores,
buscando trabalhar questões referentes ao interesse destes na escola, bem como assuntos pertinentes a
esta fase do desenvolvimento.
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Referências bibliográficas
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Continua...
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