Você está na página 1de 3

PROPOSTA DE ESCRITA

TEXTO 1

TEXTO 2
Por que salvar vidas ou a economia na crise do coronavírus é um falso dilema
Alguns pontos parecem importantes para ajudar a esclarecer se de fato temos um dilema tão claro
O presidente da República foi neste domingo, dia 29 de março, a um comércio popular nas cercanias de Brasília.
Segundo ele, foi ouvir o povo sobre os problemas do Brasil para poder agir.
É ótimo que o nosso governante ouça o povo. Contudo, seria recomendável que ouvisse também os especialistas,
sobretudo os epidemiologistas, para decidir sobre a política pública em meio à pandemia do coronavírus.
Aparentemente, há um dilema entre salvar vidas ou a economia. A política de confinamento poderá levar o país
a uma profunda recessão, a qual gerará aumento do desemprego, da pobreza e da fome. Teme-se (mas não há evidências)
que o custo social da recessão possa ser maior do que se abandonássemos imediatamente qualquer forma de
distanciamento social e nos expuséssemos ao vírus.
Com confinamento, vidas são salvas ‘achatando-se a curva’, ou seja, reduzindo-se a velocidade do contágio.
Com isso, diminui-se a pressão imediata sobre o sistema hospitalar e ganha-se tempo para produção de respiradores,
testes diagnósticos para a Covid-19, desenvolvimento de terapias profiláticas e ampliação do número de leitos de UTI.
Logo, parece haver uma escolha. Poupamos vidas agora, mas as perdemos num futuro não tão distante pelos
efeitos deletérios sobre a saúde que o desemprego em massa, a redução abrupta na renda das famílias, no faturamento
das empresas e na arrecadação de impostos do governo podem gerar. Ou voltamos ao que supomos ser a nova vida
normal, em que a diferença para a antiga é que agora a grande maioria volta ao trabalho usual, mas morrem outros
tantos.
Alguns pontos parecem importantes para ajudar a esclarecer se de fato temos um dilema tão claro. Listo quatro
pontos que julgo serem relevantes.
Primeiro, segundo estudo de epidemiologistas da Imperial College London (Ferguson et al. 2020), a letalidade
da Covid-19 no Brasil deve variar entre 44 mil e mais de 1,1 milhão de vidas até outubro de 2020. A menor letalidade
ocorrerá se adotarmos uma estratégia de quarentena rigorosíssima (supressão precoce), enquanto a maior ocorrerá caso
não façamos nada para deter a epidemia.
Segundo, caso adotássemos uma estratégia permissiva de enfrentamento da doença, a incerteza sobre
contaminação estaria sempre presente. Se o risco de contágio permanecer alto, pais não deixarão seus filhos voltarem à
escola, trabalhadores se ausentarão de seus postos de trabalho e empresários enfrentarão a insegurança jurídica e o
dilema ético de sua decisão de retomar a produção pondo em risco a vida de seus colaboradores. Seria quase impossível
voltar à vida normal, especialmente se as mortes alcançarem as centenas diariamente.
Terceiro, mesmo que conseguíssemos voltar à normalidade, nossa rede hospitalar entraria em colapso, ceifando
vidas produtivas de trabalhadores, que teriam sido salvas caso conseguíssemos retardar a velocidade da contaminação.
As vidas levadas precoce e desnecessariamente teriam impacto negativo sobre o crescimento da renda, pois perderíamos
o investimento feito em educação e a experiência acumulada no mercado de trabalho ao longo dos anos desses
trabalhadores.
Cálculos de pesquisadores da Universidade de Chicago (Greenstone e Nigam, 2020) baseados nas projeções
epidemiológicas da equipe do Imperial College London mostram que, para os Estados Unidos, se nada fosse feito, as
mortes em excesso, mesmo quando comparadas a medidas mais brandas de contenção, como o isolamento vertical,
gerariam perdas de longo prazo equivalentes a pelo menos um terço do PIB (Produto Interno Bruto) anual.
Quarto, o desemprego e a perda de renda decorrentes do confinamento serão tão mais relevantes quanto mais
omisso for o governo. Caso consigamos ser ágeis e criativos para a expansão de nossa rede de proteção social e aumento
de sua efetividade, reduziremos drasticamente o efeito negativo que a queda da atividade econômica terá sobre nosso
bem-estar.
Cabe a nós decidirmos como enfrentaremos a epidemia do covid-19. Como disse o presidente no seu passeio
dominical: “Vamos enfrentar como homem, pô, não como moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade.”
A realidade está na nossa frente. Os adultos, homens e mulheres, preferem a opinião de especialistas em vez dos
palpites de “moleques”, para usar o termo presidencial. Por qualquer dimensão que se queira olhar, a econômica ou a
da saúde, só temos uma opção: seguir com isolamento, poupando vidas e recursos produtivos, mas garantindo a
subsistência e o mínimo de bem estar da população enquanto perdurar a pandemia.
Sergio Firpo
Professor de economia do Insper
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/03/por-que-salvar-vidas-ou-a-economia-na-crise-do-coronavirus-
e-um-falso-dilema.shtml. Publicado em 30/03/2020.

TEXT0 3

Fonte: https://exame.abril.com.br/revista-exame/o-virus-que-mudou-a-historia/. Publicado em: 12/03/2020.

TEXTO 4
Coronavírus pode levar meio billhão de pessoas para a pobreza, diz estudo
Segundo Oxfam, até 8% da população mundial está ameaçada se países em desenvolvimento não receberem ajuda
externa por causa da covid-19
Mais de meio bilhão de pessoas podem ser levadas à pobreza com a pandemia de coronavírus, alertou relatório
da Oxfam nesta quinta-feira, caso não sejam tomadas providências urgentes para socorrer países em desenvolvimento.
Segundo o estudo, entre 6% e 8% da população global, cerca de 500 milhões de pessoas, poderá entrar na
pobreza à medida que os governos fecham suas economias para impedir a disseminação do vírus.
“Isso pode representar o retrocesso de uma década na luta contra a pobreza. Em algumas regiões, como a África
subsaariana, norte da África e Oriente Médio, essa luta pode retroceder em até 30 anos. Mais da metade da população
global pode estar na pobreza depois da pandemia”, diz o texto.
E isso sem falar nas desigualdades sociais. Segundo a Oxfam, só um em cada cinco desempregados tem acesso
a benefícios como seguro-desemprego.
“Dois bilhões de pessoas trabalham no setor informal pelo mundo, 90% nos países pobres e apenas 18% nos
países ricos”, aponta o relatório, que lembra que o Brasil tem cerca de 40 milhões de trabalhadores sem carteira assinada
e cerca de 12 milhões de desempregados. “Estima-se que a crise econômica provocada pelo coronavírus adicione, ao
menos, mais 2 milhões de pessoas entre os desempregados” no país.
De acordo com a entidade, o auxílio emergencial de R$ 600 aprovado pelo governo é uma primeira ação para
minimizar esse impacto, mas está longe de ser suficiente.
“Será preciso ampliar o número de pessoas atendidas, garantir agilidade nos pagamentos, estender o período de
concessão da renda e fazer o movimento para avançar em uma Renda Básica Cidadão, agenda pendente no Brasil há
décadas”, afirma.
Além dos US$ 2,5 trilhões que a ONU considera necessários para apoiar os países em desenvolvimento, será
preciso um adicional de US$ 500 bilhões em ajuda externa. Isso inclui US$ 160 bilhões para financiar os sistemas
públicos de saúde dos países pobres e US$ 2 bilhões para o fundo humanitário da ONU, diz a Oxfam.
Fonte: https://exame.abril.com.br/economia/coronavirus-pode-levar-meio-billhao-de-pessoas-para-a-pobreza-diz-
estudo/. Publicado em: 09/04/2020.

ORIENTAÇÕES E CRITÉRIOS DE CORREÇÃO

Considerando os textos desta prova, seu conhecimento prévio e a polêmica levantada pelos textos, escreva um artigo
de opinião, assumindo um ponto de vista sobre a seguinte questão: DEVEMOS MANTER O ISOLAMENTO
SOCIAL COMO MEDIDA DE COMBATE AO CORONA VÍRUS? Assine a sua produção textual com o
pseudônimo de Léo Coronga.

Você poderá utilizar informações presentes na prova, sem, contudo, se limitar a copiar integralmente trechos desta
avaliação, a não ser sob forma de citação.
Você será penalizado em até 10 (dez) pontos se, em sua produção textual, desrespeitar os direitos humanos.
Sua produção só será corrigida se tiver mais de 08 (oito) linhas autorais. Lembre-se de que seu texto será avaliado,
levando-se em consideração os seguintes critérios:
a) produção do gênero textual proposto no comando da questão;
b) presença de marcas características do gênero textual solicitado;
c) uso da variedade linguística adequada ao gênero textual solicitado e à situação de comunicação;
d) uso adequado de elementos coesivos;
e) coerência entre o ponto de vista defendido e os argumentos apresentados;
f) consistência argumentativa.

Você também pode gostar