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AULA 12 - PONTUAÇÃO
Na comunicação oral, o falante lança mão de certos recursos da linguagem,
como a entoação da voz, os gestos e as expressões faciais para denotar
dúvida, hesitação, surpresa, incerteza etc.
Quando se constrói a comunicação por meio da escrita, quem passa a ter
essa incumbência é a pontuação. Por isso, tanta gente associa
indevidamente o emprego de vírgula a uma pausa da respiração. Isso não
tem sentido. Se assim o fosse, tínhamos de colocar vírgula a cada palavra
escrita. Ou você, por acaso, fica sem ar ao escrever uma oração sem
vírgulas? Já pensou...rs...
Afinal, qual é a utilidade de colocarmos sinais de pontuação no texto?
Além de estabelecer na escrita aquelas denotações expostas acima,
também se digna a eliminar ambiguidades que poderiam surgir em um
texto sem pontuação ou a destacar certas palavras, expressões ou frases.
O texto que reproduzimos abaixo exemplifica bem as funções da
pontuação.
“Um homem rico estava muito mal, pediu papel e pena. Escreveu assim:
‘Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será
paga a conta do alfaiate nada aos pobres.’
Morreu antes de fazer a pontuação (até parece que isso seria possível...).
A quem ele deixou a fortuna?
Eram quatro concorrentes.
1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:
‘Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais
será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres.’
2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:
‘Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será
paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres.’
3) O alfaiate pediu cópia do original. Puxou a brasa para a sardinha
dele:
‘Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais!
Será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres.’
4) Chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta
pontuação:
‘Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais!
Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres.’
SITUAÇÕES ESPECIAIS
- elipse de algum termo pode ser indicada por uma vírgula, como em :
“Fui à festa levando muitos presentes; João, somente a boca.”
- adjuntos adverbiais deslocados, desde que PEQUENOS E DE FÁCIL
ENTENDIMENTO, dispensam a vírgula. Caso contrário, longos, em
orações adverbiais extensas, ou, mesmo curtos, para dar ênfase ao
adjunto, devem ser isolados por vírgula.
Hoje (,) irei embora.
Embora tenha me mantido distante das negociações, precisarei
comparecer à reunião de acionistas.
Infelizmente (,) não poderei aceitar o convite.
- em relação a algumas conjunções, a vírgula tem tratamento especial:
conjunção coordenativa aditiva “e” – a regra é a dispensa da
vírgula antes da conjunção aditiva e. Somente é admitida em
situações especiais:
PONTO
É a pausa máxima. Representa a ruptura do período, seja ele composto ou
simples (oração absoluta). Quando os períodos se sucedem nas ideias que
expressam, o ponto simples é usado para separá-los. Quando a ruptura é
maior, representando, inclusive, a mudança de um grupo de ideias a outro,
marca-se essa transposição maior com o “ponto-parágrafo”.
O ponto também é usado em abreviaturas (V.Sa./ Dr.Fulano/etc.). Quando
o ponto abreviativo coincide com o fim de um período, emprega-se
somente um, que passa a acumular as duas funções:
Ele foi à feira e comprou verduras, frutas, legumes etc.
Em relação à vírgula antes do “etc.”, encontramos divergências no
tratamento. Há os que buscam na etimologia motivo para dispensá-la, uma
vez estar presente, em seu significado, a conjunção e (etc. = et cetera =
e as demais coisas.). Há os que a justificam como mais um elemento da
enumeração, o que legitima essa pontuação. Por isso, dificilmente isso
seria objeto de questão de prova. Se alguma banca vier a adotar um
desses posicionamentos, deverá receber uma enxurrada de recursos com
argumentação consistente para a anulação da questão.
PONTO-E-VÍRGULA
Dizer que é um sinal intermediário entre o ponto e a vírgula não ajuda
muito, não é? Mas essa é a melhor definição para o ponto-e-vírgula.
Trata-se de uma pausa de duração suficiente para denotar que o período
não se encontra encerrado totalmente mas que, também, não pertence à
oração anterior.
Basicamente, usa-se o ponto e vírgula, a depender do contexto, para
atribuir clareza ao texto.
Por exemplo, quando, na oração, já existem elementos entre vírgulas, o
ponto-e-vírgula é usado para subdividir os períodos:
1º segmento:
Moralmente, é a destruição de todos os princípios e fundamentos da
moralidade religiosa ou positiva — a família, a propriedade, a solidariedade
social, a aspiração humanitária;
No primeiro segmento, apresentam-se, a partir do travessão, os princípios
e fundamentos que foram aviltados sob o aspecto moral pela escravidão.
Como na sequência serão apresentados outros aspectos, em continuidade à
argumentação, optou-se pelo ponto-e-vírgula, que emprega uma pausa
maior que a vírgula (permitindo uma ruptura branda) e menor que o ponto
(que encerraria o período desnecessariamente).
2º segmento:
politicamente, é o servilismo, a desagregação do povo, a doença do
funcionalismo, o enfraquecimento do amor à pátria, a divisão do interior
em feudos, cada um com seu regime penal, o seu sistema de provas, a sua
inviolabilidade perante a polícia e a justiça;
No segundo segmento, focaliza-se o problema sob enfoque político.
Note que o autor irá prosseguir na argumentação, apresentando os
aspectos econômicos e sociais (3º segmento).
3º segmento:
econômica e socialmente, é o bem-estar transitório de uma classe única, e
essa, decadente e sempre renovada;
Todos esses segmentos, por constituírem um só argumento, pertencem ao
mesmo período, devendo ser separados por ponto-e-vírgula, para a clareza
do texto. É essa a função desse sinal de pontuação bastante desprezado ou
maltratado por aí, coitado.
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DOIS PONTOS
Esse sinal marca, na escrita, a suspensão de uma frase não concluída.
Emprega-se, pois, para anunciar:
- uma citação:
Às margens do Ipiranga, gritou D.Pedro I:
- Independência ou Morte!
Resposta: C
O período isolado por travessões tem caráter explicativo. Reproduz
literalmente (por isso, as aspas em: "as reservas que acumulei em Nova
York estão indo embora") as palavras do sujeito em que se baseia a
afirmação da oração anterior (Sem saber direito como vai sobreviver).
Note como houve o emprego do segundo travessão, indicando o fim da
explicação, para, após isso, ser empregada também a vírgula que finaliza o
deslocamento da oração reduzida de infinitivo, formando [– ,].
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Finalmente, o travessão também pode ser usado no lugar dos dois pontos,
quando representa a síntese do que se vinha dizendo, dando maior realce a
essa conclusão (recurso estilístico):
“Deixai-me chorar mais e beber mais
Perseguir doidamente os meus ideais
E ter fé e sonhar – encher a alma.”
(C.Pessanha)
PARÊNTESES
São usados sempre em dupla e servem para intercalar qualquer informação
acessória, como uma explicação, uma circunstância, uma reflexão, uma
nota do autor.
Em relação aos sinais de pontuação, indica o Formulário Ortográfico:
“Quando uma pausa coincide com o início da construção parentética [entre
parênteses], o respectivo sinal de pontuação deve ficar depois dos
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parênteses mas, estando a proposição ou a frase inteira encerrada pelos
parênteses, dentro deles se põe a competente notação.”.
“Não, filhos meus (deixai-me experimentar, uma vez que seja,
convosco, este suavíssimo nome); não: o coração não é tão frívolo,
tão exterior, tão carnal, quanto se cuida.” (Rui Barbosa)
O ponto-e-vírgula permaneceu após o fim da construção entre os
parênteses, por pertencer à oração que se antecedia a construção
parentética.
“A imprensa (quem a contesta?) é o mais poderoso meio que se tem
inventado para a divulgação do pensamento.” (Carlos Laet)
O ponto de interrogação pertence à oração entre parênteses e lá deve ser
empregado.
Quer uma questão de prova? Então, aí está ela!
(CESPE UNB/DEFENSORIA DA UNIÃO/2002)
Pensar o corpo apenas como máquina — ou, no limite, a sua substituição
por “máquinas inteligentes'' — é o mesmo que ver sem perceber. A
máquina funciona, o homem vive, isto é, estrutura seu mundo, seus
valores e seu corpo. O que acontece quando se pensa que as máquinas são
equivalentes a seres vivos? Um pensamento artificialista (segundo o qual é
preciso tudo refazer pelo artifício humano) é levado até um ponto em que o
próprio pensamento desaparece. Os cultores do artificialismo não
distinguem, por exemplo, cérebro e mente. Ao desvendarem certos
mecanismos do cérebro, pensam ter descoberto o segredo do pensamento.
É certo que a vida mental é muito mais complexa.
Adaulo Novaes. A máquina do homem e da ciência. In: 0 homem e a
máquina - ciclo de conferências. Rio e Brasília: CCBB (com adaptações).
Julgue o item que se segue.
Por constituir uma explicação do termo anterior, a oração entre
parênteses (l.5-6) admite ter os parênteses substituídos por
travessões ou por vírgulas.
Essa questão serve como um reforço de tudo o que vimos sobre o emprego
de vírgulas, travessões e parênteses.
Podemos substituir parênteses por travessões ou por vírgulas. Também
podemos substituir os travessóes por parênteses ou por vírgulas. Esse
“troca-troca” é válido para isolar elementos de natureza explicativa.
Contudo (já vimos), nem sempre a recíproca é verdadeira (trocar as
vírgulas pelos demais). Este sinal (vírgula) possui outras funções além de
isolar explicação – serve para isolar conjunções, indicar deslocamento etc.
ASPAS
Usam-se aspas para indicar uma citação (em todas as nossas aulas, há
exemplos desse emprego, inclusive aqui), para destacar uma expressão ou
palavra a que se queira dar relevo na construção, ou realçar ironicamente
alguma palavra ou expressão.
A isso eu chamo de “hipocrisia burra”.
Esse é o país do “jeitinho”.
Celso Cunha alerta para o emprego da pontuação no emprego de aspas:
“Quando a pausa coincide com o final da expressão ou sentença que se
acha entre aspas, coloca-se o competente sinal de pontuação depois delas,
se encerram apenas uma parte da proposição. Quando, porém, as aspas
abrangem todo o período, sentença, frase ou expressão, a respectiva
notação fica abrangida por elas.”
Ou seja, o mesmo tratamento dispensado pelo Formulário Ortográfico aos
parênteses.
PONTO DE INTERROGAÇÃO
PONTO DE EXCLAMAÇÃO
O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer
enunciado com entonação exclamativa, que normalmente exprime
admiração, surpresa, assombro, indignação etc.
O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções
interjetivas:
Oh!
Valha-me Deus!
O ponto de exclamação, nesses casos, somente acompanha a interjeição,
não valendo como o fim da frase. Por isso, ele acumula a função de vírgula:
Ai! que saudade da Bahia.
Perceba que a vírgula foi dispensada, porque a exclamação a substituiu.
Note também que o sinal de pontuação não encerrou a frase; simplesmente
acompanhou a interjeição. Se quiser usar inicial maiúscula após esse
ponto, tudo bem. Mais erudito, porém, é não usá-lo.
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RETICÊNCIAS
As reticências são empregadas para marcar a interrupção da frase:
a) para assinalar interrupção do pensamento ou hesitação em enunciá-lo:
- Bem; eu retiro-me, que sou prudente. Levo a consciência de que
fiz o meu dever. Mas o mundo saberá...
(Júlio Dinis)
b) para indicar, numa narrativa, certas inflexões de natureza emocional (de
alegria, de tristeza, de raiva):
Mágoa de o ter perdido, amor ainda. Ódio por ele? Não... não vale
a pena...
(Florbela Espanca)
c) como forma de realçar uma palavra ou expressão, colocando-se as
reticências antes dela:
E teve um fim trágico... pobrezinho...já tão novo com tanta
responsabilidade!
Como sinal melódico, indica uma pausa maior quando associado a outros
sinais, como a vírgula, o ponto de interrogação ou de exclamação.
Passai, ó vagas..., mas passai de manso! (C.Alves)
Certas pessoas merecem punição severa! ... esbravejou a vítima.
Muitos gramáticos recomendam o uso de reticências (inclusive entre
parênteses), no início, no meio ou no fim de uma citação, para indicar
supressão no trecho transcrito, em cada uma dessas partes.
“Do mesmo modo que a frase não é uma simples sequência de palavras, o
texto não é uma simples sucessão de frases. São elos transfrásicos, (...),
que fazem do texto um conjunto de informações.” (Elisa Guimarães, “A
Articulação do Texto”)
Celso Cunha, no entanto, faz distinção entre as reticências, como sinal
melódico de pontuação, e os três pontos que marcam a supressão de
palavras, expressões ou trechos de um texto.
"Modernamente”, continua o professor, “para evitar qualquer dúvida, tende
a generalizar-se o uso de quatro pontos para marcar tais supressões,
ficando os três pontos como sinal exclusivo de reticências."
QUESTÕES DE FIXAÇÃO
1 - (NCE UFRJ/ ANTT / 2005)
Assinale a letra que corresponde à melhor redação, considerando correção,
clareza e concisão.
(A) Alguns sabem que certas coisas não têm preço;
(B) Sabem alguns, que certas coisas não tem preço;
(C) Certas coisas não têem preço, é o que sabem alguns;
(D) Sabem alguns que certas coisas não têem preço;
(E) Alguns sabem que, certas coisas não têm preço.
3 - (ESAF/AFC SFC/2000)
Assinale a opção em que a afirmação a respeito da pontuação adequada
para o texto está incorreta.
Para medir o efeito de uma nova tecnologia é preciso avaliar em que
medida ela dá mais eficiência aos processos de produção das empresas. A
era do vapor deslocou a produção do lar para a fábrica(1) com a
eletricidade(2) surge a linha de montagem. Agora(3) com computadores e
Internet(4) a possibilidade de as empresas reformularem(5) seus processos
é surpreendente(6) da aquisição de insumos à descentralização e à
terceirização.
a) É correto colocar um sinal de ponto e vírgula em (1).
14 - (ESAF/AFRF/2002.1)
A revolução da informação, o fim da guerra fria – com a decorrente
hegemonia de uma superpotência única – e a internacionalização da
economia impuseram um novo equilíbrio de forças nas relações humanas e
sociais que parece jogar por terra as antigas aspirações de solidariedade e
justiça distributiva entre os homens, tão presentes nos sonhos, utopias e
projetos políticos nos últimos dois séculos. Ao contrário: o novo modelo –
cuja arrogância chegou ao extremo de considerar-se o ponto final, senão
culminante, da história – promove uma brutal concentração de renda em
âmbito mundial, multiplicando a desigualdade e banalizando de maneira
assustadora a perversão social.
Julgue se os itens a respeito do emprego dos sinais de pontuação no texto
são falsos (F) ou verdadeiros (V) para, em seguida, assinalar a opção
correta.
15 - (ESAF/Fiscal do Trabalho/2003)
A sociedade baseada na liberdade contratual será sempre, em grande
parte, uma sociedade de classes, cuja estrutura é defendida em vantagem
17 - (FCC/TRE MG /2005)
A supressão da(s) vírgula(s) implicará alteração de sentido na frase:
(A) Ao longo das últimas décadas, as obras de Umberto Eco vêm ganhando
mais e mais respeitabilidade.
(B) Umberto Eco homenageia os cientistas, que combatem o obscurantismo
fundamentalista.
(C) O grande pensador italiano, Umberto Eco, homenageia em seu texto a
atitude de um grande cientista.
(D) Na atitude de Stephen Hawking, há uma grandeza que todo cientista
deveria imitar.
(E) Não há como deixar de reconhecer, no texto de Humberto Eco, uma
homenagem a Stephen Hawking.
19 - (ESAF/ANA/2009)
Assinale a opção em que o trecho do texto está reescrito de forma
gramaticalmente errada.
Os fundamentos da Lei n. 9.433/97, conhecida como Lei das Águas,
resultaram de décadas de discussões e basearam-se nas experiências
adotadas pelas unidades federadas desde a década de 70, além de estarem
sintonizados com os discursos dos mais significativos fóruns internacionais.
Esses fundamentos estabelecem que a água é um bem de domínio público
e um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. Além disso,
apregoam que, em situações de escassez, a água deve ser usada
prioritariamente para o consumo humano e a dessedentação de animais;
que sua gestão deve sempre proporcionar o uso múltiplo; que a bacia
hidrográfica é a unidade territorial para a implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos; e que essa gestão deve ser descentralizada
e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das
comunidades.
(Adaptado de http://www.ana.gov.br/SalaImprensa/artigos )
a) Asseveram ainda que a gestão hídrica deve ser descentralizada e contar
com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades, e
que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para a implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos.(ℓ. 6 a 9)
21 - (ESAF/ANA/2009)
Julgue se os itens estão gramaticalmente corretos e assinale a opção
correspondente.
22 - (ESAF/TCU/2006)
Analise a asserção acerca da estruturação lingüística e gramatical do texto
abaixo.
Nem o “sim” nem o “não” venceram o referendo, e quem confiar no
resultado aritmético das urnas logo perceberá a força do seu engano. O
vencedor do referendo foi o Grande Medo. Esse Medo latente, insidioso,
que a todos nos faz tão temerosos da arma que o alheio possa ter, quanto
temerosos de não ter defesa alguma na aflição. Se um lado ou outro
aparenta vantagem na contagem das urnas, não faz diferença. O que
importa é extinguir o Grande Medo. E nem um lado nem outro poderia
fazê-lo. Todos sabemos muito bem porquê.
(Jânio de Freitas, Folha de S. Paulo, 24/10/2005 – com adaptações.)
- Apesar de sua posição deslocada na frase, o advérbio “logo” (l. 2)
dispensa a colocação de vírgulas em virtude de ser de pouca monta, de
pouca proporção.
2–B
Busca-se a opção em que se verifica erro de pontuação. Vejamos a
construção da opção b:
As ilusões nos doentes mentais, são devidas à perturbação da atenção, a
influências emocionais e a alterações da consciência.
Houve uma indevida separação do sujeito (As ilusões) do verbo
correspondente (são) por meio de uma vírgula isolada. Há duas formas de
correção: elimina-se a vírgula (As ilusões nos doentes mentais são
devidas...) ou coloca-se uma outra vírgula, isolando a expressão “nos
doentes mentais” (As ilusões, nos doentes mentais, são devidas...).
4–C
ACORDO ORTOGRÁFICO: Registra-se, agora, “ambiguidade” sem trema.
O deslocamento da expressão circunstancial “Daqui a mais ou menos 1
bilhão de anos” (adjunto adverbial de tempo), por não ser curto, exige o
emprego de vírgula. É um termo deslocado ou, nas palavras do
examinador, em ordem inversa.
Na ordem direta, a construção seria “A Terra não será mais habitável
daqui a mais ou menos 1 bilhão de anos.”.
5–C
Expressões ou orações intercaladas, que apresentem comentários ou
explicações, devem ser isoladas por vírgulas, de modo a não interferir no
restante da estrutura oracional.
6–C
Não está errado empregar uma vírgula antes da conjunção “e”. O problema
é como fazer isso para não errar. O autor do texto fez com perfeição, já
que os sujeitos das orações coordenadas são diferentes (o primeiro – “o
modo de produção capitalista”, e o segundo, “nada”).
Quando o sujeito das duas orações for o mesmo, isso não será possível, a
não ser em casos muito especiais, por questões de clareza textual (quando,
por exemplo, a primeira oração for muito longa e houver a necessidade de
se retomar o sujeito distante).
Muita gente deve ter achado estranha a primeira construção (opção a).
Contudo, em aula, vimos os casos de polissíndeto, em que podemos repetir
a conjunção para dar ênfase aos elementos (lembra do poema de
Vinícius?).
7-B
Mudança ortográfica: ocorre a contração do prefixo “co” ao
segundo elemento, formando “correlação”.
Vamos nos aprofundar um pouco no emprego da vírgula antes da
conjunção “e” – são esses os casos possíveis:
- quando o valor desta conjunção não for aditivo (adversativo, conclusivo
etc.);
- por questões estilísticas, quando se deseja fazer supor um fim que nunca
chega (figura de linguagem chamada “polissíndeto”)– caso da opção D,
como no Soneto da Fidelidade, de Vinícius de Moraes (pausa para a poesia
...rs...): “De tudo, ao meu amor serei atento / Antes, e com tal zelo, e
sempre, e tanto / Que mesmo em face de meu maior encanto / Dele se
encante mais meu pensamento”;
- quando, com valor aditivo, os sujeitos das orações forem diferentes –
caso das opções A e E;
- ainda que apresente o mesmo sujeito nas duas orações, como reforço em
relação à oração anterior (figura de linguagem chamada “pleonasmo”) –
caso da opção C.
O erro está na opção B. Por possui valor adversativo (e não aditivo), uma
vírgula antes da conjunção “e” deveria ter sido empregada: “Chegaram à
porta do tribunal, e (= mas) não entraram.”.
O sinal de ponto e vírgula é usado principalmente para promover maior
clareza nos textos, quando, por exemplo, já existem elementos separados
por vírgulas em uma enumeração. Também é usado em construções
longas, para enunciar uma pausa mais forte; para separar adversativas em
que se deseja ressaltar o contraste (exemplo de Bechara: “Não se disse
mais nada; mas de noite Lobo neves insistiu no projeto [Machado de
Assis]”); separar itens enunciativos de textos legislativos (leis, decretos
etc.) ou acepções de uma palavra no dicionário.
Lembrando que deveria ter sido usada uma vírgula antes da conjunção "e"
(dado seu valor adversativo), o ponto e vírgula foi usado naquela posição
8-A
Agora, ficou fácil, hem?
Por separar orações de sujeitos diferentes, está correto o emprego da
vírgula naquela construção. Na primeira, o sujeito é “A primeira descoberta
significativa”, enquanto na segunda é “a África do Sul”.
9–A
10 – B
11 - Item CORRETO
ACORDO ORTOGRÁFICO: Registra-se, agora, “frequentar” sem trema.
É exatamente essa a característica da oração subordinada restritiva – está
ligada ao termo antecedente de forma direta, sem vírgula.
13 - B
As demais opções apresentam os seguintes erros.
(A) O primeiro período, na verdade, deveria ser interrogativo (“Pode viver
um homem sem acesso à civilização?”), apresentando-se a resposta no
segundo período (“Não pode”). A partir daí, uma vírgula o separa da oração
subordinada concessiva (“Não pode, embora haja muitos que pensem o
contrário”). Os dois pontos estão empregados de forma incorreta.
Ademais, o verbo “ser” foi separado indevidamente de seu complemento
“o caso do cronista” por uma vírgula, e a expressão adverbial
“evidentemente” deveria vir isolada por DUAS vírgulas ou sem nenhuma
delas, por ser um termo curto e de fácil entendimento. Somente uma
vírgula implica erro de pontuação para o período.
(C) O primeiro período se encerra em “nossos”. Deve ser indicada essa
interrupção por um ponto. A seguir, está indevidamente empregado o
ponto-e-vírgula, que separa o verbo “atacar” de seu complemento
(“atacar no que este tem ...”). Por fim, faltou a primeira vírgula da série
que isola o vocábulo “sobretudo” (“e, sobretudo, artificial.”).
(D) O sujeito do verbo “sentir” é “aqueles”. Na ordem direta, isso fica
mais claro (Aqueles [que defendem as delícias da vida natural] se sentirão
hostilizados provavelmente.). Uma vírgula separa o sujeito (aqueles) do
verbo correspondente, devendo ser retirada. No período seguinte, a
expressão introdutória “Em compensação” deve ser seguida por uma
vírgula, e não pelo sinal de dois pontos.
Em seguida, mais uma vez a vírgula separa o sujeito, representado pelo
pronome demonstrativo “os” (em “os [que relutam em aceitá-la]”), do
predicado “muito se divertirão”, incorrendo em um dos casos de proibição
(separar sujeito do verbo).
(E) O complemento indireto do verbo bitransitivo privar foi separado deste
por uma indevida vírgula (“Não se [objeto direto] privaria o cronista
[sujeito] do conforto [objeto indireto]”).
15 - E
Está incorreto apenas o item I.
Como já vimos, a vírgula em orações adjetivas ou é obrigatória
(explicativa) ou proibida (restritiva). Não há caso de vírgula opcional. Essa
vírgula tem a função de iniciar uma oração subordinada adjetiva
explicativa, em relação a sociedade de classes.
Estão corretos os itens:
II - A associação proposta na oração anterior será apresentada na oração
iniciada por “A exclusão”. Portanto, está correta a sugestão.
III – Por ser curto o advérbio, houve a dispensa da vírgula. Contudo,
devido ao seu valor conclusivo, melhor seria mantê-la após Assim.
IV – As aspas servem para indicar que as palavras não pertencem ao autor
do texto, mas àquela pessoa mencionada por ele. A partir da colocação do
sinal de dois pontos, essa distinção fica clara, passando o emprego das
aspas a ser facultativo.
16 - Item INCORRETO.
ACORDO ORTOGRÁFICO: Registra-se, agora, “autoestima” sem hífen.
Como vimos no início do nosso estudo e ao longo dessa aula, as orações
adjetivas restritivas NÃO PODEM SER ISOLADAS POR VÍRGULAS. O valor
do segmento destacado é explicativo, o que justifica a pontuação
empregada.
17 - B
Cuidado com o enunciado. O examinador não busca a opção em que haverá
prejuízo gramatical com a retirada da vírgula, mas a em que haverá
alteração semântica (“sentido na frase”).
Observamos que essa alteração ocorre com a retirada da vírgula que inicia
a oração subordinada adjetiva explicativa. Do modo com é apresentada na
construção, a oração “que combatem o obscurantismo fundamentalista”
indica essa prática por todos os cientistas a quem Umberto Eco presta
homenagem.
A partir da retirada do sinal de pontuação, haveria mais de uma “espécie”
de cientista, e só aos cientistas que combatem o obscurantismo
fundamentalista o pensador italiano só renderia homenagens.
18 - D
Na oração I, com a vírgula, afirma-se que o autor se preocupa com todos
os jornalistas, pois eles (todos eles!) têm sua liberdade de expressão
ameaçada. Após a retirada do sinal, a oração deixa de ter valor explicativo
e passa a ser restritiva. Assim, de todos os jornalistas existentes no
planeta, a preocupação do autor é em relação àqueles cuja liberdade de
expressão se encontra ameaçada. Há, portanto, alteração semântica com a
retirada da vírgula.
O mesmo acontece na oração II – após a retirada da vírgula, afirma-se
que, do universo de jornalistas, aqueles que costumam cuidar de seus
próprios interesses não preservam sua independência.
Já na oração III, a retirada da vírgula não provoca nenhuma alteração no
sentido da frase. A expressão “também” admite ser colocada diretamente
na oração, sem pausas: “O direito à livre informação é dos jornalistas e
também da sociedade como um todo”.
Assim, houve alteração somente nas orações dos itens I e II.
20 - D
Agora, a vírgula após “STF” separou elementos que complementam o
verbo. Na construção, o verbo POSSILITAR é bitransitivo, apresentando-se
como objeto indireto “ao STF” e objeto direto uma oração reduzida de
infinitivo: “recusar recursos extraordinários e agravos em ações com baixa
relevância social”. Como a oração se encontra na ordem direta, não pode a
vírgula separar o verbo do seu complemento.
21 - A
Vamos analisar cada um dos itens.
I - ITEM CERTO – Observe a grafia de “pan-americano”. Com a entrada em
vigor do Acordo Ortográfico, não houve mudança em relação ao emprego
de hífen, mantendo-se com o prefixo “pan” quando o segundo elemento for
iniciado por vogal, m ou n.
II – ITEM ERRADO – Não há nenhuma justificativa para o emprego do
pronome relativo “cujos” no período.
III – ITEM CERTO – Há sutil diferença no emprego do artigo com o
pronome “todo” (e flexões). Sem o determinante, ocorre o emprego do
pronome indefinido no sentido de “qualquer”: “Toda mulher recusaria
aquela proposta” = Qualquer mulher recusaria a proposta. Se o artigo for
usado, o sentido muda para “inteiro(a)”: “Toda a mulher ficou machucada.”
= a mulher inteira. Na passagem, como o valor é de “o continente inteiro”,
está correto o emprego de “todo o continente”.
IV – ITEM ERRADO – O erro é de pontuação. Por ter valor explicativo,
deveria haver uma vírgula antes do pronome relativo “que”, isolando a
oração adjetiva: “A Mensagem será enviada para o Fórum Mundial da Água,
que ocorrerá em março...”.
Estão corretos, portanto, os itens I e III.
22 - ITEM CERTO
Adjuntos adverbiais deslocados, desde que pequenos e de fácil
entendimento, dispensam a vírgula. Se forem longos, em orações
adverbiais extensas, ou, mesmo curtos, para dar ênfase ao adjunto, devem
ser isolados por vírgula.
23 - ITEM CERTO
Essa é uma ótima questão que nos ajuda a diferenciar aposto
especificativo (o que “dá nome às coisas”, como “avenida Presidente
Vargas”, caso em que não há emprego de vírgulas) de aposto explicativo
(necessariamente isolado por vírgula).
Quantos presidentes norte-americano existem? Só um. Por isso, o nome de
Barack Obama encontra-se entre vírgulas, na função de aposto explicativo.
Se estivéssemos falando de algum ex-presidente, a coisa mudaria de figura
e teríamos, então, um aposto especificativo, como em “O ex-presidente
norte-americano Bill Clinton”.
24 - C
a) A estrutura “essa instituição tipicamente brasileira” é um aposto
explicativo e, por isso, deveria ser apresentada entre vírgulas, parênteses
ou travessões. A ausência de uma vírgula após “brasileira” provocou erro
de pontuação por separar sujeito (“O jeitinho”) da locução verbal (“pode
ser considerado”).
b) O erro desta opção está, mais uma vez, na ausência da vírgula em
orações intercaladas: a oração adverbial “embora competente” deveria
estar entre vírgulas, mas foi empregada apenas uma (vírgula “capenga”!).
Falaremos sobre a vírgula antes da conjunção “e” mais adiante. Por ora,
vale lembrar que é permitida quando forem diferentes os sujeitos das duas
orações, como é o caso da questão (na primeira oração, o sujeito é “novos
problemas” e, na segunda, “o funcionário”).
c) Esse item está correto. A oração adverbial “Ainda que os níveis de
educação estivessem avançando” vem seguida de vírgula, que marca seu
deslocamento para o início do período. Além disso, a expressão adverbial
“às vezes” veio isolada por vírgulas. Por ser de pouca monta, o emprego
dessas vírgulas seria dispensável também. As duas formas estariam
corretas: “o sentimento geral, às vezes, era de frustração” ou “o
sentimento geral às vezes era de frustração”.
d) O sujeito de “é claro” foi apresentado sob a forma de oração
desenvolvida (“que [...] muitos sofreriam sanções diariamente”), por isso
está errada a vírgula antes da conjunção integrante “que”. Essa vírgula
deveria ter sido aplicada mais adiante, para indicar o início da oração
adverbial condicional “se fôssemos levar a lei ao pé da letra”, presente no
meio da outra oração. Feita a correção, teríamos: “É claro que, se fôssemos
levar a lei ao pé da letra, muitos sofreriam sanções diariamente.”.
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Bons estudos e até lá!