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Rotina computacional para análise linear estática e dinâmica de

estruturas planas reticuladas


Computational routine for linear static and dynamic analysis of plane structures reticulated

Jeferson Rafael Bueno (1); Daniel Domingues Loriggio (2)

(1) Mestrando em Estruturas; Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis, SC


(2) Professor Doutor; Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis, SC
e-mail: jrbengenharia@gmail.com

Resumo
Na análise de estruturas planas usualmente emprega-se uma análise estática. Quando se faz necessário o
uso de uma análise dinâmica, geralmente as ações são consideradas através de “ações estáticas
equivalentes”. Diante do exposto, desenvolveu-se uma rotina computacional (script) utilizando o software
MatLab, com o objetivo de auxiliar na solução de problemas de análise matricial e dinâmica de estruturas.
No script, a leitura dos dados de entrada é realizada automaticamente através de arquivo de bloco de notas
(.txt), e em seguida são montados os sistemas de equações da resposta estática e dinâmica, em vibração
livre, de estruturas planas reticuladas não amortecidas. Para a análise dinâmica, utiliza-se a matriz de
massa consistente, e a resposta é obtida através do método de Análise Modal (superposição modal). Como
exemplo de aplicação, realiza-se a análise de uma viga discretizada em quatro barras, variando o
coeficiente de rigidez dos apoios. Os resultados obtidos ao longo dessa investigação são comparados com
resultados do software Ftool e SAP2000. O script mostra-se útil para o ensino e a aprendizagem nas áreas
de análise matricial e dinâmica, pois, fornece os resultados passo-a-passo da resposta estática
(deslocamentos e esforços) e dinâmica (frequências naturais e modos de vibração), visto que os softwares
comerciais não fornecem de maneira clara as etapas da solução.
Palavra-Chave: Análise Estática, Análise Dinâmica, Apoio Elástico, MatLab.

Abstract
In the analysis of plane structures usually is employed a static analysis. When it is necessary to use a
dynamic analysis, usually the dynamic actions are considered by "static equivalent actions." Given the
above, we developed a computational routine (script) using MatLab software, with the goal to assist in
resolution of problems of matrix analysis and dynamic structures. In the script, the reading of input data is
performed automatically through note pad file (.txt), and then are assembled systems of equations of the
static and dynamic response, in free vibration, of plane structures reticulated undamped. For the dynamics
analysis, is used the consistent-mass matrix, and the answer is obtained through the method of Analysis
Modal (superposition modal). As an application example, we realized the analysis of a beam discretized into
four rods, by varying the stiffness coefficient of the support. The results obtained during this investigation are
compared with results of software Ftool and SAP2000. The script is useful for teaching and learning in the
areas of matrix analysis and dynamic, because provides the results step-by-step of the static response
(displacements and efforts) and dynamic (natural frequencies and mode shapes), seen that, commercial
software does not provide of a clear solution steps.
Keywords: Static Analysis, Dynamic Analysis, Elastic Support, MatLab.

ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 1


1 Introdução
Na análise de estruturas planas usualmente emprega-se uma análise estática, e quando a
natureza das ações solicitantes se caracteriza como dinâmica, essas ações, às vezes
simplificadamente, são consideradas através de ações estáticas equivalentes. Quando
essa simplificação não pode ser utilizada, engenheiros utilizam softwares, como o
SAP2000, que possibilitam realizá-la de maneira completa e realista.

Porém, os softwares disponíveis geralmente apresentam apenas os resultados da análise,


como deformações, deslocamentos, forças nos elementos e reações. Assim, não
demonstram as matrizes de rigidez (local e global), matriz de rotação, matriz de massa e
vetores de cargas, de cada barra ou até mesmo da estrutura como um todo. Isso dificulta
o ensino e aprendizagem de disciplinas como Análise Matricial de Estruturas e Análise
Dinâmica, pois, os estudantes ainda não possuem o conhecimento necessário, nem a
experiência de verificação dos resultados, para poder utilizar e verificar os resultados de
softwares mais completos.

Nesse contexto, se faz importante uma ferramenta que demonstre o desenvolvimento e


resultados parciais da resolução matricial. Desse modo, o usuário pode realizar o cálculo
matricial manualmente e comparar com os resultados de cada etapa que é fornecido pela
rotina computacional (script).

Neste trabalho, utilizam-se os procedimentos correntes para definição das matrizes,


vetores e demais equações da análise matricial e dinâmica, também se utilizam
referenciais teóricos sobre a temática. A validação do script é realizada através de
comparação entre resultados obtidos com o Ftool, SAP2000, e através da resolução de
exemplos contidos em bibliografia (LIMA e SANTOS, 2008). Escolheu-se a linguagem em
MatLab devido ao grande uso por parte de muitos pesquisadores na área acadêmica, pela
facilidade e potencialidade de sua aplicação, e por possuir versão demonstrativa.

O script foi desenvolvido utilizando a plataforma GUI (Graphical User Interface) do


MatLab, pela qual é possível desenvolver uma interface para exibição dos resultados mais
importantes como: deslocamentos, frequências, períodos, reações e matrizes de rigidez
(global restringida), de massa, modal (formas modais), de massa modal e de rigidez
modal. Os demais dados da análise (propriedades e etapas de cálculo) também são
demonstrados, mas em uma janela do “Windows Dos”. A entrada de dados é através de
arquivo “txt” e do tipo “input” (prompt de comando), na qual em cada etapa é solicitado ao
usuário valores e tomada de decisões, o que torna o uso do script interativo.

A ferramenta (script) é limitada a estruturas planas formadas por barras (pórtico plano e
treliça plana), e possibilita utilizar apoios de 1°, 2° e 3° grau, e também apoios elásticos.
Considera-se o comportamento linear, ou seja, estruturas cujos deslocamentos e
deformações específicas são pequenos, e que sejam constituídas de material elástico-
linear. Não há limitação quanto ao número de barras.

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2 Objetivos
O principal objetivo desse trabalho consiste em desenvolver uma rotina computacional
(script) em linguagem MatLab para:

- Gerar automaticamente os dados de entrada de elementos de barra, ou seja, as


propriedades geométricas e mecânicas (nós, coordenadas, dados da seção transversal,
condições de contorno, entre outros);

- Apresentar os resultados na mesma sequência adotada em processos manuais;

- Calcular automaticamente as matrizes de rigidez e rotação, e vetores de cargas


do elemento de barra;

- Montar e solucionar o sistema de equações para cálculo de deslocamentos e


reações;

- Montar a matriz de massa consistente e realizar o cálculo dos autovalores


(frequências) e autovetores (formas modais), e matrizes: modal, de massa modal e de
rigidez modal. Esta etapa é realizada utilizando o método da análise modal.

3 Script e análise matricial


As relações entre solicitações e deslocamentos generalizados nos extremos de uma barra
podem ser obtidas através do método dos deslocamentos, desta forma, têm-se os
coeficientes de rigidez da matriz de rigidez local da barra. Esse assunto já é bem
conhecido na área de estruturas, principalmente nos cursos de pós-graduação, e bem
detalhado em diversas bibliografias (SORIANO, 2009). A matriz de rigidez (coordenada

  é a matriz de rigidez (eixo local) (Equação 1), e  é a matriz de rotação (Equação 2).
local) e a matriz de rotação para barras de pórtico plano são apresentadas abaixo, onde

.

0 0 − 0 0   − 0 0 0 0

   
12  6  12  6  


0 0 −   0 0 0 0

    


6  4  6  2  


0  
0 − 
  
0 0 1 0 0 0
  =
  =



− 0 0 0 0 
0 0 0  − 0

  


0 12  6  12  6  
− − 0 − 
0 0 0   0

    


6  2  6  4   0 0 0 0 0 1
0  
0 − 
  

(Equação 1) (Equação 2)

A matriz de rigidez (eixo global) é obtida através da rotação da matriz de rigidez local.
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 = ! ∙   ∙  (Equação 3)

global #$%, uma força $& dependente do deslocamento '& , e correspondente à ação do
A consideração de apoios elásticos (Figura 1) é realizada introduzindo-se no vetor de forças

apoio elástico de rigidez ( (MOREIRA, 1977).

Figura 1 – (a) Visualização do apoio elástico; (b) Diagrama de corpo livre (DCL) da estrutura; (c) DCL do
apoio (mola) (MOREIRA, 1977).

Matricialmente, este sistema pode ser representado por:

⋮ ⋱ ⋮ ⋮
⋮ ⋱ ⋮ ⋮
) += , /∙) +
−( ∙ '& ⋯ ⋯ (&& ⋯ '&
(Equação 4)

⋮ ⋮ ⋱ ⋮

Logo, este sistema equivale a somar a constante de mola (, ao coeficiente (&& da diagonal
principal da matriz de rigidez global .

⋮ ⋱ ⋮ ⋮
⋮ ⋱ ⋮ ⋮
) += , /∙) +
0 ⋯ ⋯ (&& + ( ⋯ '&
(Equação 5)

⋮ ⋮ ⋱ ⋮

Assim, a equação de equilíbrio da estrutura (válida também para qualquer tipo de barra
estrutural) pode ser escrita em forma compacta como:

#$% =  ∙ #'% (Equação 6)

Onde #$% é o vetor de cargas global, #'% é o vetor de deslocamentos, e  é a matriz de
rigidez global.

nodais #'%. A adição de “(” (mola) na matriz de rigidez mostra que este procedimento
Resolvendo-se este sistema de equações obtêm-se as incógnitas, os deslocamentos

causa um “aumento” da matriz . Como mostra a equação (6) o aumento de  causa a
diminuição de #'%. Para a resolução deste sistema de equações optou-se por utilizar um
método disponível no MatLab, sendo os principais métodos disponíveis (CHAPRA e
CANALE, 2008; KWON e BANG, 1996; TURNER et al., 1956):
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- comando “^-1”;
- comando “inv”;
- e comando “\”.

O comando “^-1” e “inv” calculam primeiro a inversa da matriz , logo não são muito

esquerda, é o mais eficiente, já que não calcula a inversa de , e utiliza a eliminação de
eficientes. O terceiro comando “\”, que significa produto à esquerda ou divisão à

Gauss para a resolução do sistema de equações (equação 7).

#'% =  ∖ #$% (Equação 7)

4 Script e análise dinâmica


O script realiza a análise dinâmica em vibração livre, a qual acontece pela imposição de
condições iniciais ao sistema, sem que haja força aplicada (LIMA e SANTOS, 2008).
Como no sistema não há ações com variação significativa no tempo e não há
amortecimento, o problema dinâmico se resume ao cálculo das frequências e formas
modais.

Assim, o sistema de equações dependerá apenas da matriz de rigidez  e da matriz de


massa 2, para essa última, existem várias formulações, como a matriz de massa
discreta e a matriz de massa consistente (HATCH, 2001; LIMA e SANTOS, 2008).

de coeficientes de massa, e a coluna de ordem  é um vetor representativo das forças


Neste trabalho, usa-se a matriz de massa consistente, cujos coeficientes são chamados

liberdade  (COOK, MALKUS e PLESHA, 2001; HATCH, 2001). É chamada desta forma,
nodais, despertadas pela aplicação de uma aceleração unitária na direção do grau de

porque utiliza as mesmas funções de interpolação que são usadas para o cálculo da
matriz de rigidez (COOK, MALKUS e PLESHA, 2001; KWON e BANG, 1996;
ZIENKIEWICZ e TAYLOR, 2000). A matriz de massa consistente para uma barra de
pórtico plano de seção transversal constante, sem considerar o efeito da deformação por

2001; LIMA e SANTOS, 2008). Sendo 3 a massa por metro linear da barra.
cisalhamento e da inércia rotacional, no sistema local é mostrada na equação (8). (HATCH,

140



0 156 (<3. )




67

0 22 4  
m5  =
89


70 0 0 140 
(Equação 8)




0 54 13 0 156 


0 −13 −3  0 −22 4  

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Logo, o sistema a ser determinado assume a forma apresentada na equação (9), no qual
importa somente a solução não trivial. No MatLab, este problema de autovalores e

KWON e BANG, 1996), como resultado tem-se os autovetores e autovalores (ωCD  ).


autovetores é determinado com o uso do comando “@A” (CHAPRA e CANALE, 2008;

E@FG − HIJK  L2G (Equação 9)

A palavra “E@F” significa determinante, HIJK  L é um polinômio característico, e 2 é a

ordem M. As M raízes de ωCD  , chamadas de autovalores ou valores característicos,


matriz de massa consistente. O desenvolvimento da equação (9) leva a um polinômio de

fornecem as M frequências circulares IJK , que podem ser ordenadas na forma crescente,
sendo IJN , a menor delas, conhecida como frequência circular fundamental e as demais

de  (devido à adição de ( mola) ocasiona o aumento de IJK  .


como harmônicos superiores (CLOUGH e PENZIEN, 2003). Observa-se que o aumento

Os deslocamentos do sistema podem ser obtidos pela combinação linear dos modos de
vibração ou autovetores. Esta propriedade é utilizada no procedimento que é chamado de
método da superposição modal ou análise modal, restrito a estruturas com

normalização dos autovetores é feita em relação à matriz de massa, e congregando os M


comportamento linear (CLOUGH e PENZIEN, 2003; LIMA e SANTOS, 2008). A

autovetores em uma única matriz tem-se a matriz modal O, onde cada coluna
representa um autovetor. A matriz espectral λ é formada quando os M autovalores são
colocados em uma matriz diagonal. O amortecimento não é utilizado neste trabalho.

5 Exemplo de aplicação
Como exemplo de aplicação será adaptado o exemplo 3.16 de Lima e Santos (2008, pág.
113). Serão feitas análises variando o grau de engastamento da viga, desde apoio
totalmente rígido (engastamento perfeito) até liberação total da rotação no apoio (rótula),
Figura 2. As propriedades da viga são mostradas na Tabela 1.

Trata-se de uma viga bi-engastada, dividida em quatro barras de 2,00 m cada, a Figura 2(a)
apresenta a viga com as extremidades engastadas, e a Figura 2(b) demonstra a viga com a

na direção X, aplicadas nos nós 2, 3 e 4, com valor de R = 10.000,00 M (Newton).


constante de mola para consideração do engaste parcial. Na viga há forças concentradas

A análise dinâmica é realizada em vibração livre, pois, o que interessa são as frequências
e modos de vibração. Como a massa está distribuída nas barras a matriz de massa
consistente fornecerá melhores resultados, como pode ser visto no Gráfico 1 (LIMA e
SANTOS, 2008). Essa consideração de massa distribuída é utilizada somente para a
análise dinâmica, e não para análise estática, que através desta são obtidos os
deslocamentos.

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Tabela 1 – Propriedades
Barra
Dados/Propriedades
1 2 3 4
Nó inicial 1 2 3 4
Nó Final 2 3 4 5
Inércia (m ) 8
3,3415 × 10 T8

Área (m²) 1,00


Comprimento (m) 2,00
2,05x10NN
Módulo de Elasticidade
(N/m)
Massa específica (kg/m³) 6,0×10³

Figura 2 – Discretização dos modelos

liberdade (6 GDL), translação em X e rotação em Z para os ó 2, 3 e 4. Já para a


De acordo com a discretização adotada na Figura 2(a), a viga terá apenas 6 graus de

de rotação no ó 1 e 5 também serão considerados, devido à ligação semi-rígida.


discretização mostrada na Figura 2(b) a viga terá 8 graus de liberdade (8 GDL), pois, o grau

O Gráfico 1 apresenta os valores das seis primeiras frequências, angular natural (]^E ⁄),
para a condição de engaste perfeito, com a diferença entre as metodologias. Estes
valores são os mesmos apresentados pelos autores, e a título de curiosidade são
demonstrados também os valores obtidos pelos autores utilizando a matriz de massa
discreta (matriz de massa diagonal), e os valores exatos para este problema,
apresentados em Timoshenko, S., Young, D. H. e Weaver, W. Jr (1974) apud Lima e
Santos (2008).

melhores resultados, e que para ωN e ω ambos os métodos fornecem bons resultados.


Se verifica que, para a discretização utilizada, a matriz de massa consistente forneceu

Para os maiores modos de vibração, a utilização da matriz de massa discreta (diagonal)


resulta em grandes diferenças, porém, se pode obter melhor precisão se for utilizada uma
modelagem mais refinada, como por exemplo, aumentando o número de barras.

A matriz de rigidez global restringida , com 8 graus de liberdade, é mostrada na Figura 3
(M`3), a matriz de massa global 2 é apresentada na Figura 4 ('E^E@ (A), e o vetor de
cargas global da estrutura na Figura 5 (M@aF M). O valor da constante de mola ( foi
tomado de 0,00 a 1,01 ∙ 10b (M3`]^E), e a contribuição desse vínculo elástico dos apoios
deverá ser somada aos coeficientes NN e cc como mostra a Figura 3.

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926,86 0,00
6ª 1039,40 0,12
309,32 -0,67
698,18 0,00
5ª 645,07 -0,08
276,16 -0,60
333,67 0,00
4ª 390,04 0,17
223,73 -0,33
0,33
201,87 0,00
3ª 206,16 0,02
158,68 -0,21
0,21
102,96 0,00
2ª 103,90 0,01
91,59 -0,11
37,35 0,00
1ª 37,40 0,00
36,16 -0,03

1 4 16 64 256 1024 Diferença = [M]/(Valor Exato) - 1


Frquência Circular (rad/s) - Escala logarítmica base 2
Valor Exato Consistente Discreta
Gráfico 1 – Comparativo entre Matrizes de Massa e Valor Exato
xato

137+K
K



102.7 205..5





68.5 0 274 (sym.) 



0 102.7 102.7 205.5
−102  M
K  = 106 ∙
 i3j

0 −102
102.7 68.5 0 274 



0 0 0 −102.7 102.7 205.5 



0 0 0 −102.7 68.5 0 274 


0 0 0 0 0 −102.7 68.5 137 + h

Figura 3 – Matriz de Rigidez Global Restringida

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457.14




-742.86 8914.3 



-342.86 0 914.29 (sym.) 



0 1542.9 -742.86 8914.3 
M  =
 ((A)

0 742.86 -342.86 0 914.29 



0 0 0 1542.9 -742.86 8914.3 



0 0 0 742.86 -342.86 0 914.29 


0 0 0 0 0 742.86 -342.86 457.14

Figura 4 - Matriz de Massa Global Restringida

0
r10000u
p 0 p
p p
#F % = 10000 (M)
q 0 t
p10000p
p 0 p
o 0 s
Figura 5 – Vetor de Ações Global

Para o caso de rótula nos nós 1 e 5, o valor da constante elástica será ( = 0,00. Nesta
situação o deslocamento na direção v do ó 3 será máximo (Figura 7), já os momentos
fletores nas extremidades (Figura 8), a frequência fundamental de vibração (ωN ) (Figura 8 e
Figura 10) serão menores. A Figura 7 a Figura 12 apresentam o comportamento da estrutura,
ou parte dela, devido à variação da rigidez do apoio, bem como a relação entre a resposta
estática e resposta dinâmica.

Tendo em vista a metodologia exposta nesse exemplo, nota-se que esta pode ser
aplicada em vigas de concreto armado. Pois, em muitos softwares de cálculo de concreto
armado existe a opção de rotular as extremidades das vigas, engasta-las e de aplicar um
vinculo semi-rígido. Na verdade, esta opção de nó semi-rígido possibilita ao engenheiro a
escolha de um valor de redução dos momentos fletores negativos. E dessa forma, cabe

coeficiente de engastamento (w ) das ligações semi-rígidas pode ser calculado com base
ao engenheiro determinar qual deve ser esse valor. Por exemplo, para essa aplicação, o

nos valores de momentos fletores. Sendo w = 1,00 para viga engastada e w = 0,00 para
rotulada, já para as condições intermediárias se tem valores entre 0,00 e 1,00 (Figura 6).

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Quando ( → ∞ (w → 1) o valor do deslocamento diminui, há aumento do momento fletor
nas extremidades da viga, e também
também ocorre o aumento da frequência fundamental de
vibração (Figura 7 a Figura 9). As figuras a seguir apresentam os resultados obtidos na
análise da viga variando o valor da constante elástica de engastamento (().
(

0,1

0,01

0,001
Ce

0,0001

k (Nm/rad)
0,00001
Rótula

Engaste
1,0E+03
1,0E+04
5,0E+04
1,0E+05
1,5E+05
2,5E+06
4,0E+07
6,0E+07
2,0E+08
4,1E+08
Figura 6 – Coeficiente de Engastamento 1,0E+09

Frequência Fundamental (Hz) Frequência Fundamental (Hz)


Deslocamento X, Nó 3 (mm) Momento Fletor, Nó 1 e 5 (Nm)
7,0 4,0 7,0 30000

6,0 3,5 6,0 25000


3,0
5,0 5,0
20000
2,5
4,0 4,0
(mm)

(Nm)
(Hz)
(Hz)

2,0 15000
3,0 3,0
1,5
10000
2,0 2,0
1,0
1,0 5000
1,0 0,5

0,0 0,0 0,0 0


1,00E+03
1,00E+04
5,00E+04
1,00E+05
1,50E+05
2,50E+06
4,00E+07
6,00E+07
2,03E+08
4,05E+08
1,01E+09
Engaste
Rótula
Engaste
1,00E+03
1,00E+04
5,00E+04
1,00E+05
1,50E+05
2,50E+06
4,00E+07
6,00E+07
2,03E+08
4,05E+08
1,01E+09
Rótula

Valores de K (Nm/rad) Valores de K (Nm/rad)


Figura 7 – 1ª Frequência e Deslocamento nó 3 Figura 8 – 1ª Frequência e Momento Fletor

frequência fundamental e não dos harmônicos superiores, por ωN ser a mais significativa.
Para os valores de frequências
ências, optou-se por demonstrar apenas
penas os resultados para a 1ª

As figuras a seguir, também apresentam ( = $J TN ).


apresenta a variação do período de vibração (…
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Deslocamento X, Nó 3 (mm) Frequência Fundamental (Hz)
Momento Fletor, Nó 1 e 5 (Nm) Período (s)
4,0 30000 7,0 0,5

3,5 0,4
25000 6,0
0,4
3,0
5,0
20000 0,3
2,5
4,0 0,3

(Hz)

(s)
2,0 15000
(mm)

(Nm)
3,0 0,2
1,5
10000 0,2
2,0
1,0
0,1
5000 1,0
0,5 0,1

0,0 0 0,0 0,0


1,00E+03
1,00E+04
5,00E+04
1,00E+05
1,50E+05
2,50E+06
4,00E+07
6,00E+07
2,03E+08
4,05E+08
1,01E+09

1,00E+03
1,00E+04
5,00E+04
1,00E+05
1,50E+05
2,50E+06
4,00E+07
6,00E+07
2,03E+08
4,05E+08
1,01E+09
Rótula

Rótula
Engaste

Engaste
Valores de K (Nm/rad) Valores de K (Nm/rad)
Figura 9 – Momento Fletor e Deslocamento Figura 10 – Frequência x Período

Período (s) Período (s)


Momento Fletor, Nó 1 e 5 (Nm) Deslocamento X, Nó 3 (mm)
0,5 30000 0,5 4,0

0,4 0,4 3,5


25000
0,4 0,4
3,0
0,3 20000 0,3
2,5
0,3 0,3
(mm)
(Nm)

(s)

2,0
(s)

15000
0,2 0,2
1,5
0,2 10000 0,2
0,1 1,0
0,1
5000 0,1 0,5
0,1
0,0 0,0
0,0 0
Engaste
Rótula
1,00E+03
1,00E+04
5,00E+04
1,00E+05
1,50E+05
2,50E+06
4,00E+07
6,00E+07
2,03E+08
4,05E+08
1,01E+09
Engaste
1,00E+03
1,00E+04
5,00E+04
1,00E+05
1,50E+05
2,50E+06
4,00E+07
6,00E+07
2,03E+08
4,05E+08
1,01E+09
Rótula

Valores de K (Nm/rad) Valores de K (Nm/rad)


Figura 11 – Período x Momento Fletor Figura 12 – Período x Deslocamento

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As figuras a seguir apresentam as configurações dos modos de vibração. São mostrados
apenas os resultados do 1° ao 3° modo. Onde: Linha Azul: 1° Modo; Linha Verde: 2°
Modo; Linha Vermelha: 3° Modo.

Figura 13 – Autovetores, ( = 0,00 Figura 14 – Autovetores, ( = 10

Figura 15 – Autovetores, ( = 10† Figura 16 – Autovetores, ( = 4 × 10‡

Figura 17 – Autovetores, ( = 6 × 10‡ Figura 18 – Autovetores, ( = 2,025 × 10c

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Figura 19 – Autovetores, ( = 4,05 × 10c Figura 20 – Autovetores, ( = 1,0125 × 10b

do valor de ( = 0,00 à ( = 4 × 10‡ não há variação para o 1° e 2° modo, tanto de valores


Com relação à influência do coeficiente de mola nos modos de vibração, verifica-se que

como na forma, Figura 13 à Figura 16, apenas para o 3° modo (Figura 16), no qual há
alteração da forma de vibração. Na Figura 17 e Figura 18 constata-se que os valores em
módulo praticamente não mudaram, mas a forma do 1° modo fica invertida, em relação às
formas anteriores.

A Figura 21 compara os resultados do 1° modo de vibração, para diferentes valores de (.


Em todos os casos observa-se a predominância do modo de flexão. Os valores em

viga que sofre alteração. Para alguns valores de ( a forma apresenta a configuração de
módulo permanecem praticamente inalterados, apenas a representação da deformada da

parábola com concavidade para cima, e para outros, concavidade para baixo.

Para complementar a análise da resposta estática, compara-se na Figura 22 a influência do

alguns valores de (, para poder mostrar com clareza as diferenças.


coeficiente de mola nos valores de deslocamentos. Para esta análise utilizou-se apenas

Para a condição de ( = 0,00, situação de rótula nos apoios, o valor máximo do


deslocamento na direção v (ó 3) é ' = 3,698 mm. Já para a condição de engaste
' = 0,778 mm. Logo, o deslocamento para a situação de viga bi-apoiada é 4,75 vezes
maior que o deslocamento para a situação de engaste perfeito.

A influência sobre o momento fletor é mostrada na Figura 23. Como era esperado, o

constante elástica ( aumenta (Figura 23). A relação entre momentos fletores, para as
momento fletor aumenta nas extremidades e diminui no centro do vão, à medida que a

condições de extremos ^ˆ⁄@A^F@ no centro do vão é de 2,67. Quanto aos esforços


normais e de cisalhamento não houve alteração, pois, a constante elástica neste caso

apoio $‰ e $Š (ó 1 e ó 5), não há alteração de valores, e possuem valor em módulo igual
está relacionada apenas a rotação nas extremidades da viga. Assim, para as reações de

a $‰ = 1500 M e $Š = 0,00 M.

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Figura 21 – Autovetores, ( = ‹^]á@.

Os resultados para todos os valores da constante elástica rotacional (, tanto para


esforços quanto para reações dos apoios, são exatamente os mesmos encontrados
utilizando o software Ftool e SAP2000. Com esta afirmação mostra-se que o script possui
confiabilidade para uma utilização segura e didática.

Figura 22 – Resposta Estática: Deslocamentos.

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Figura 23 – Resposta Estática: Momento Fletor.

6 Conclusões
A importância da análise dinâmica já está bastante divulgada no meio acadêmico.
Contudo, muitos estudantes e profissionais não estão familiarizados com este tipo de
análise. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi ressaltar os benefícios trazidos pela
programação em MatLab para atender as necessidades de alunos de engenharia. O script
apresenta-se como uma ferramenta computacional, que pode auxiliar no aprendizado e
ensino de disciplinas como análise matricial e dinâmica das estruturas.

Estudos envolvendo ligações semi-rígidas e apoios elásticos geralmente tratam apenas


da análise estática. Porém, sabe-se que o valor frequência de vibração é muito importante
em análises de vento e verificações de conforto (BUENO e LORIGGIO, 2013).

Estes resultados evidenciam a importância da consideração da flexibilidade do sistema, e


do valor da constante elástica rotacional na resposta estática (deslocamentos e
momentos fletores) e dinâmica (frequência fundamental e modos de vibração). Quanto
aos autovetores, conclui-se que existe uma relação entre a flexibilidade da ligação de
engastamento com a representação da configuração deformada da viga. No entanto, aos
valores em módulo não possuem grandes diferenças.

O uso da matriz de massa consistente é mostrado como sendo mais eficiente, por gerar
resultados mais próximos do real, sem necessitar de um refinamento maior da estrutura.
Ressalta-se que o uso da matriz de massa discreta (diagonal) também possui vantagens,
principalmente quando há amortecimento, e este é considerado proporcional a matriz de

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massa. Sendo utilizados neste caso métodos explícitos de integração direta das equações
de movimento, para solução de problemas dinâmicos (JUNIOR et al., 2009).
Para novos estudos, pretende-se incrementar o uso de amortecimento e a análise em
vibração forçada.

Referências

BUENO, J. R. e LORIGGIO, D. D. Influência da flexibilidade de vigas de apoio no


comportamento estático e dinâmico de lajes maciças de concreto armado. In: 55°
CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO. Anais... Gramado: IBRACON, 2013.

CHAPRA, S. C. e CANALE, R. P. Métodos Numéricos para Engenharia. 5. ed. São


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CLOUGH, R. W. e PENZIEN, J. Dynamics of Structures. 3. ed. New York: McGraw-Hill,


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HATCH, M. R. Vibration simulation using MATLAB and ANSYS. New York: Chapman
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JUNIOR, J. K. et al. Rotina computacional para análise dinâmica de estruturas de Linhas


de transmissão. In: XIII ERIAC: DÉCIMO TERCER ENCUENTRO REGIONAL
IBEROAMERICANO DE CIGRÉ. Anais... Puerto Iguazú: [s.n.], 2009.

KWON, Y. W. e BANG, H. The Finite Element Method using MATLAB. New York: The
Mechanical Engineering Series, 1996. p. 519

LIMA, S. de S. e SANTOS, S. H. de C. Análise Dinâmica das Estruturas. 1. ed. Rio de


Janeiro: Ciência Moderna Ltda, 2008. p. 280

MOREIRA, D. F. Analise Matricial das Estruturas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e


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SORIANO, H. L. Elementos Finitos: Formulação e Aplicação na Estática e Dinâmica


das Estruturas. 1. ed. Rio de Janeiro: Ciência Moderna Ltda, 2009.

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ZIENKIEWICZ, O. C. e TAYLOR, R. L. The Finite Element Method Vol 1: The Basis. 5.


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