Você está na página 1de 6

Produção do Conhecimento - Direito Processual Civil - Oferta Julho de 2009

Aluno: Tirmiano Elias


RU: 418378
Unidade: Campo Grande-MS

PARECER

O presente parecer tem por objeto, a análise dos embargos


à execução, referentes ao caso concreto retro, em resposta ao honroso
convite proposto pelo Srº João:

- João é autor de ação de execução por quantia


certa, fundada em título extrajudicial, contra Pedro, o
qual é devedor solvente, proprietário de dois bens
imóveis.

- Foram opostos embargos à execução pelo


executado.

- Depois do regular trâmite do processo, os


embargos opostos pelo executado foram julgados
improcedentes por não ter havido a penhora de bens
do devedor, dando-se continuidade à execução.

A análise versará sobre os seguintes quesitos:

1. Quais são os requisitos para a oposição de


embargos à execução? 

2. A decisão proferida pelo juiz em embargos de


execução tem natureza de sentença? Qual o recurso
cabível?  

3. Quais são os requisitos para a atribuição de efeito


suspensivo ao recurso interposto da sentença que
julga improcedentes os embargos do executado? 
4. Possibilidade, ou não, da continuidade da
execução na pendência do julgamento desse
recurso.  

Passo a análise.

Para melhor entendimento contextual, adotar-se-á, a


nomenclatura:

Exequente: João

Executado: Pedro

A partir da edição da Lei 11.382/2006, estabeleceu-


se mudanças significativas nos chamados Embargos à Execução,
oportunizando às partes espectro amplo de atuação no processo, conferindo
agilidade à execução de título extrajudicial.

A lei em comento inovou ao estabelecer no art. 745-


A, do Código de Processo Civil, parcelamento da dívida, aos processos
pendentes, desde que os embargos à execução não tenham sido oferecidos.

Para tanto, o pedido de parcelamento, deve ser


precedido do reconhecimento do crédito do exeqüente. Sendo que, para
efetivação desse parcelamento, é necessário o depósito de 30% (trinta por
cento) do valor exeqüendo, englobando neste percentual as custas e os
honorários advocatícios, além da proposta de pagamento do saldo que poderá
ser feito em até seis parcelas.

Atendidos esses requisitos, o executado tem direito


ao deferimento do seu pedido que, se acolhido, permitirá de pronto o
levantamento, pelo exeqüente, da quantia depositada.

Se, deferido ou indeferido a solicitação de


parcelamento, a decisão, de natureza interlocutória, desafiará o recurso de
agravo de instrumento.

Não sendo cabível, o agravo retido, em razão da sua


inutilidade, faltaria ao apelante interesse recursal, uma vez que sua apreciação
é feita em eventual apelação (art. 523, parágrafo 1º, do Código de Processo
Civil), contra sentença extintiva da execução (art. 795, do Código de Processo
Civil).

Na ausência de pagamento de qualquer uma das


parcelas, incorrerá a antecipação do vencimento das demais, somadas de
multa de 10%, com o imediato prosseguimento do processo, iniciando-se os
atos executivos, nos termos do parágrafo 2º, do art.745 - A, do Código de
Processo Civil.

Sendo imposta ainda, sanção de multa de 10%, no


caso de inadimplência, ficando o executado impedido de oferecer os embargos
à execução, pois, já reconheceu o crédito do exeqüente, ao depositar 30% do
valor, além de requerer parcelamento que, no entanto, veio a não cumprir.

Entretanto, pode o executado oferecer embargos


relacionados à expropriação (adjudicação, alienação ou arrematação), com
fundamento no art. 746, do Código de Processo Civil, fundados em nulidade da
execução, ou ainda relacionados à causa extintiva da obrigação, desde que
supervenientes à penhora.

Nota-se, que o legislador conferiu tratamento


diferenciado aos executados, de acordo com a natureza do título, sendo muito
mais rigoroso com o devedor de título judicial, visto que ocorrendo o trânsito
em julgado, tem 15 dias para pagar, sob pena de multa de 10% sobre o valor
da dívida, além de penhora seguida de avaliação.

O legislador privilegiou o princípio de que a


execução deve ser feita da maneira menos gravosa para o devedor (art. 620,
do Código de Processo Civil). Sendo, o parcelamento do débito o melhor modo,
para a extinção da execução.

Para executados, por dívida decorrente de título


judicial, poder-se-à oferecer impugnação de acordo com o art. 475-l, do
Código de Processo Civil, que corresponde, salvo restrições relacionadas à
matéria, aos embargos do devedor.

O legislador estabeleceu também a possibilidade de


penhora de numerário, por meio eletrônico, (art. 655-A c/c art. 659 parágrafo
6º, ambos do Código de Processo Civil), tendo como objetivo principal a
concretização da prestação jurisdicional.

Quanto a contagem do prazo para os embargos à


execução, está prevista no caput do art. 738 do Código de Processo Civil, in
verbis:

“Os embargos serão oferecidos no prazo de


15 (quinze) dias, contados da data da juntada
aos autos do mandado de citação.”

Contados da juntada aos autos do mandado de


citação cumprido, o executado poderá efetuar o pagamento da dívida no prazo
de 03 (três) dias, nos termos do art. 652 do Código de Processo Civil, ou
poderá oferecer embargos à execução no prazo de quinze (15) dias, na forma
dos arts. 736 e 738 do Código de Processo Civil.
Devendo ser observados, os arts. 184 e seus §§ 1º e
2º, e o art. 241, inc. II, do Código de Processo Civil, de forma que o prazo para
os embargos será contado excluindo o dia do começo, isto é, o da juntada aos
autos do mandado de citação cumprido, e incluindo o do vencimento”.

Se tratar-se de Litisconsórcio de Executados o prazo


para opor os Embargos á Execução, de acordo com o Código de Processo Civil
são:

“art. 738 - Quando houver mais de um


executado, o prazo para cada um deles
embargar conta-se a partir da juntada do
respectivo mandado citatório, salvo tratando-
se de cônjuges”.

Na contagem de prazo para embargos nas


execuções por carta precatória, rege o disposto no art. 747, in verbis:

“Na execução por carta, os embargos serão


oferecidos no juízo deprecante ou no juízo
deprecado, mas a competência para julgá-los
é do juízo deprecante, salvo se versarem
unicamente vícios ou defeitos da penhora,
avaliação ou alienação de bens”.

Quanto ao prazo em dobro, existindo co-executados,


e esses tiverem procuradores diferentes, não lhes será contado em dobro o
prazo para opor embargos à execução.

CONCLUSÃO

Por todo o exposto, passo a opinar sobre os


quesitos indagados, da seguinte forma:

1. Quais são os requisitos para a oposição de embargos à execução? 

R:

- Atacar os pressupostos e condições da execução;


- Ou o mérito (existência do crédito do exeqüente)

2. A decisão proferida pelo juiz em embargos de execução tem natureza


de sentença? Qual o recurso cabível?  

R:

- Quando oferecidos os embargos, ação de conhecimento, incidental ao


processo de execução, o juiz pode recebê-los ou rejeitá-los
liminarmente, que encontrando-se em termos a petição inicial, deferirá. A
decisão que deferi a petição inicial dos embargos à execução, é uma
decisão interlocutória, podendo ser atacada por Agravo de Instrumento.
Todavia se o juiz indeferir liminarmente os embargos, cujo ato tem
caráter de sentença ou se foram recebidos e julgados improcedentes, o
recurso cabível é a apelação, recebida apenas no efeito devolutivo,
segundo expõe o artigo 520, inciso V do Código de Processo Civil. Caso
os embargos à execução sejam recebidos e julgados procedentes,
contra a sentença também caberá o recurso da apelação, recebida em
ambos os efeitos, artigo 520 do CPC. E uma vez transitada em julgado a
decisão judicial, em virtude do fim da controvérsia nos embargos à
execução, quanto à falta ou redução da eficácia do título executivo,
definirá o processo de execução na medida do que os embargos foram
aceitos.

3. Quais são os requisitos para a atribuição de efeito suspensivo ao


recurso interposto da sentença que julga improcedentes os embargos do
executado? 

R:

De acordo com o Código de Processo Civil:

- Art. 739-A - (...)

1º. O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito


suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos,
o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao
executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a
execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução
suficientes.

Assim, em caráter de excepcionalidade, o § 1º do art. 739-A, possibilitou ao


juiz conferir efeito suspensivo aos embargos, desde que presentes os
seguintes requisitos:
a) requerimento da parte embargante;

b) relevância dos fundamentos;

c) risco de grave dano de incerta ou difícil reparação em caso de


prosseguimento da execução;

d) garantia da execução por penhora, depósito ou caução suficientes.

4. Possibilidade, ou não, da continuidade da execução na pendência do


julgamento desse recurso.  

R:

- Pendente a apelação contra a sentença que julga improcedentes, ou


parcialmente procedentes, embargos do devedor, a execução não é
definitiva, mas provisória, não podendo chegar, portanto, a atos que
importem alienação. A alienação de bens penhorados antes do
julgamento da apelação proposta poderá acarretar dano de difícil
reparação, uma vez que, caso provido o recurso, não poderá obter de
volta os bens alienados, tendo em vista os direitos assegurados ao
adquirente de boa-fé.

É o parecer.

Campo Grande , 10 de Setembro de 2009.

Tirmiano Elias
advogado/OAB.

Você também pode gostar