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Joinville
2019
MONIQUE ELLEN BRUNER
Joinville
2019
MONIQUE ELLEN BRUNER
Banca Examinadora:
Primeiro devo dizer que há tanto o que agradecer que não cabe em uma só página.
Agradeço e dedico esse trabalho primeiramente à minha mãe Elizandra, que sempre
será minha inspiração, e que me apoiou em minhas decisões. Me faltam palavras
também minha avó e segunda mãe, que sempre ajudou a cuidar de mim, Maria e meu
avô, que sempre cumpriu o papel tanto de pai, quanto o de avô em toda minha vida.
Também sou grata a meu orientador, Prof. Thiago Pontin, que além de me apoiar e
dedicar-se junto a mim para a produção deste trabalho, me deu lições valorosas durante
a graduação, as quais vou me lembrar para sempre.
Agradeço ao professor Fujarra, meu orientador de pesquisa e supervisor de estágio,
sempre paciente e dedicado, que me inspirou a querer seguir carreira acadêmica. A
graduação é apenas o primeiro passo de uma outra jornada.
Também é um agradecimento a todos os professores que se fizeram presentes em
minha formação, desde o fundamental até agora. Nas palavras de Malala Yousafzai,
"uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo".
Sou grata a todas as amigas e amigos que me ajudaram até agora. Os que caminharam
comigo na UFSC: Kamila, Laura, Leticia, Leonardo, Aline, Rayza, Lucas, Bruna e todo
o pessoal do LAV, Iara, Amanda, Giovanna . E as que me apoiavam de longe, Rafa,
Camila, Nathália, Misaki,Lari Xavier, Marcelle, Bruna Godinho, Natali, Lari Estolano,
Beatriz, Bruna Lima e Amanda. Tudo teria sido muito mais difícil sem o apoio de todos
vocês, fosse com um café, com um abraço ou com uma mensagem "Monique, vai dar
tudo certo, pode ir dormir".
"A ship in port is safe, but that is
not what ships are for. Sail out
to sea and do new things."
Grace Hopper
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
DWT deadweight
A Área
A Área
B Boca
c Coeficiente de contorno
CB Coeficiente de bloco
d Calado moldado
D Pontal
Ds Pontal moldado
DW T Deadweight
hm Calado médio
` Comprimento do vão-livre
L Comprimento do navio
Mt Momento total
Ms Momento em águas calmas
n1 Coeficiente de navegação
Q Força cortante
SM Módulo de seção
t Espessura de chapa
T Calado de projeto
WL Linha d’água
φ Ângulo de trim
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.1 OBJETIVO GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1 ESTRUTURA PRIMÁRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1.1 Tosamento e Alquebramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1.2 Curva de Pesos e Curva de Flutuação . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1.3 Equilíbrio da Viga-navio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.1.4 Carregamento da Viga-navio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1.4.1 Curva de carga q(x) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1.4.2 Curva de força cortante Q(x) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.1.4.3 Curva de momento fletor M(x) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2 PROJETO ESTRUTURAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.2.1 Reforçadores e Cavernamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.2.2 Variáveis de projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.2.3 Resistência da Viga-navio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.2.4 Dimensionamento de chapeamento e reforçadores . . . . . . . . 35
2.2.5 Propriedades de seção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.2.5.1 Cálculo do SM projetado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.2.5.2 Linha neutra e inércia da seção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.3 TENSÕES GLOBAIS NA ESTRUTURA . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.3.1 Tensão normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.3.2 Tensão cisalhante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.4 MÉTODO DA BISSECÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3 MÉTODO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4 CONSTRUÇÃO DA FERRAMENTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.1 DADOS DE ENTRADA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.1.1 Tabela de cotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.1.2 Curva de área seccional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2 CONDIÇÕES DE CARGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.3 EQUILÍBRIO DA VIGA NAVIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.3.1 Curva de flutuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.3.2 Agrupamento de pesos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.3.3 Algoritmo de equilíbrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.3.3.1 Curva de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.3.3.2 Curva de força cortante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.3.3.3 Curva de momento fletor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.3.4 Fórmulas empíricas da norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.3.4.1 Força cortante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.3.4.2 Momento fletor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.4 PROJETO ESTRUTURAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.4.1 SM requerido pela norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.4.2 Variáveis de projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.4.3 Chapeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.4.4 Reforçadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.5 MÓDULO DE SEÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.5.1 Adição do chapeamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.5.2 Adição dos reforçadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
4.5.3 Cálculo das propriedades de seção . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
4.6 TENSÕES NA SEÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.6.1 Tensão normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.6.2 Momento estático na seção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.6.3 Tensão cisalhante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA FERRAMENTA . . . . . . . . 74
5.1 VERIFICAÇÃO DA INTERPOLAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5.2 VERIFICAÇÃO DE EQUILÍBRIO DA VIGA-NAVIO . . . . . . . . . . . 75
6 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
APÊNDICE A – ESTUDO DE OCUPAÇÃO DO TANQUE . . . . . . . 82
APÊNDICE B – ESTUDO DO GRAU DE POLINÔMIO UTILIZADO
PARA A GERAÇÃO DAS SAC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
APÊNDICE C – ESTUDO DE ÂNGULOS DE TRIM . . . . . . . . . . 89
APÊNDICE C – CASO SÉRIE 60 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
.1 ESTUDOS DE PESO E ARRANJO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
.2 CONDIÇÃO DE CARREGAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
ANEXO A - NAVIO SAO DOMINGOS SAVIO . . . . . . . . . . . . . 95
15
1 INTRODUÇÃO
Neste trabalho será abordado o projeto baseado em normas, uma vez que só
18
precisam ser definidas distâncias entre reforços para que o projeto possa ser feito. As
variáveis de projeto serão melhor discutidas no capítulo seguinte. A Classificadora ABS
também menciona que caso o navio a ser classificado não tenha sido projetado com
base no livro de regras, o mesmo deve ser analisado separadamente.
As normas das Sociedades Classificadoras se tratam de "uma compilação de
fórmulas empíricas em função das dimensões principais do navio fundamentadas pela
experiência passada"(HUGHES; PAIK, 2010) – ou seja, nos sinistros de embarcações
ocorridos anteriormente –, teoria estrutural e no desempenho dos navios existentes. A
cada ano, as regras são revisadas, de forma a incluir novos sinistros e novas exigências
da International Marine Organization, a agência das Nações Unidas responsável por
manter a segurança das embarcações e prevenir a poluição marinha e atmosférica
causada pelos navios. Neste trabalho, a norma utilizada será a da American Bureau of
Shipping, ABS e sua publicação Rules for Building and Classing Steel Vessels. Todos
os equacionamentos adotados para a construção da ferramenta estão presentes na
terceira parte do documento da classificadora, denominada Hull Construction and
Equipment.
Este trabalho apresentará o desenvolvimento de uma ferramenta computacional
que assista o Projeto Baseado em Norma para cascos deslocantes com comprimento
superior a cem metros. Para tanto, é necessário apresentar os fundamentos da
abordagem adotada e suas respectivas hipóteses.
A Estrutura Primária da embarcação é a denominação da análise global da
estrutura naval, segundo Tancredi (2004). Como embarcações geralmente possuem
comprimento muito maior do que sua boca e pontal, pode-se aproximar o navio como
uma viga de comprimento igual ao da embarcação. Em geral, pode-se adotar a Teoria
de Vigas sempre que o navio a ser projetado possuir proporção comprimento-boca ou
comprimento-pontal maior que cinco (TANCREDI, 2004). O vínculo a ser considerado
para a abordagem de viga-navio é do tipo em que ambas as extremidades são livres de
apoios, sendo que o ponto mais importante da análise é o equilíbrio da viga na presença
de ondas. Este só ocorre se o empuxo e o peso do navio assumem valores iguais, assim
como os centros longitudinais de gravidade e de empuxo devem pertencer ao mesmo
eixo vertical. Caso uma das duas condições de equilíbrio não for satisfeita, deve-se
modificar o calado na primeira condição de equilíbrio e o ângulo de trim na segunda.
Devido à dependência de ambas as condições entre si, o processo de equilíbrio da
viga-navio é interativo e de rápida convergência.
Já as tensões locais, são as que ocorrem na Estrutura Secundária – cujas
tensões são oriundas das deformações longitudinais dos reforçadores – e Terciária da
embarcação – cujas tensões se dão devido a pressão do fluido no casco –. A Estrutura
Secundária se trata de um chapeamento reforçado por perfis estruturais que colaboram
com a rigidez da estrutura a esforços longutudinais e a Estrutura Terciária apenas
19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
x L
h(x) = hm + Aonda cos(2π ∗ ) + ( − x) ∗ tan(φ) (1)
L 2
x L
h(x) = hm − Aonda cos(2π ∗ ) + ( − x) ∗ tan(φ) (2)
L 2
A amplitude de onda adotada é tal que esta permita uma análise de linearidade
da onda, logo a relação entre o valor de amplitude e o comprimento da onda é de
2,5% (FUJARRA, 2016). Como o comprimento da onda é adotado como igual ao
comprimento do navio, a amplitude que serve como dado de entrada dos cálculos é
igual a 2,5% do comprimento da embarcação de projeto.
23
Uma vez que são computadas ambas as curvas é possível equilibrar a viga-
navio.
Uma vez que o navio está devidamente equilibrado, pode-se seguir para as
próximas etapas de determinação da curva de carga, força cortante e momento fletor.
Espaçamentos
Localização
Longitudinais leves Longitudinais pesados Transversais leves Transversais pesados
Convés Entre perfis leves Entre perfis pesados Entre vaus
Costado Entre perfis leves Entre perfis pesados Entre cavernas
Entre anteparas
Fundo Entre perfis leves Entre perfis pesados Entre hastilhas
Duplo fundo Entre perfis leves Entre perfis pesados Entre hastilhas
Altura do duplo fundo
Espaçamento entre costados
Fonte: A autora (2019).
B
hdb = (5)
15
DW T
wss = 0, 5 + (6)
20000
A distância entre anteparas é definida com base na estabilidade da embarcação
em avaria, porém uma primeira aproximação pode ser obtida fazendo um estudo de
34
Mt = Ms + Mw (7)
M
σ= (8)
SM
A tensão obtida pela Equação 8 deve ser menor do que o valor máximo
estipulado pela norma das Sociedades Classificadoras. De um modo geral, se a tensão
de projeto for maior do que o limite, deve-se aumentar o módulo de seção do navio até
que este atenda o requisito.
SM = 7, 8chsb `2 (9)
ILN
SM = (11)
Zponto − ZLN
Caso o módulo de seção projetado for menor do que o estipulado pela
classificadora, o projetista deve tomar a decisão de rever as variáveis de projeto,
ou então trocar reforçadores ou adicionar elementos que levem a um aumento da
relação entre inércia da seção e a posição da linha neutra.
da linha neutra é admitida como no plano diametral desta, uma vez que existe simetria
neste mesmo plano.
Pn
(A · Z )
ZLN Pn i qi
= i=1 (12)
i=1 Ai
Como em qualquer viga carregada por forças verticais à sua seção transversal,
existe uma força cortante atuante na seção do navio. É necessário conhecer como a
tensão resultante desta força se distribui pela geometria para assim dimensionar com
segurança os elementos que lhe vão constituir.
A tensão cisalhante é função da força cortante, que varia ao longo do
comprimento do navio, assim como o momento fletor. A partir da diferença entre
a tensão normal tomada nas duas faces de um segmento diferencial dx, de acordo
a Figura 20. A tensão de cisalhamento aparece de forma a equilibrar as tensões na
seção, segundo Hughes e Paik (2010). De forma a não ocorrer o caso de seções
multicelulares, mais difíceis de serem calculadas, calcula-se as tensões equivalentes a
metade da seção para navios mercantes.
40
Q(x) · mssecao
τxy (x) = (16)
ILN · teq
O momento estático da seção, mssecao é calculado de forma cumulativa, do
ponto mais inferior até um ponto s qualquer, pela Equação 17. No caso da seção de
um navio, este desde o início da seção aberta, no convés, sendo este o ponto s, para o
ponto final de abertura, na quilha (HUGHES; PAIK, 2010).
Z s
mssecao (s) = z · tds (17)
0
fletor e força cortante, porém para navios, isto significa transportar menos carga e
consequentemente diminuir os lucros do armador, o que não é vantajoso, uma vez
que embarcações são construídas especialmente encomendadas para fazer frete. A
segunda forma, seria alterar a topologia estrutural para aumentar o momento de inércia
da geometria e diminuir os valores de tensão.
3 MÉTODO
4 CONSTRUÇÃO DA FERRAMENTA
A primeira aba a ser preenchida pelo usuário contém caixas onde podem
ser inseridos o comprimento da embarcação, boca, pontal, calado de projeto, calado
mínimo, DWT em toneladas e também o coeficiente de bloco do navio. A seguir,
deve-se informar os dados de geometria da embarcação.
44
O software fornece ao usuário opções da forma com que deseja fazer o projeto,
por meio de duas caixas de seleção. A superior, refere-se a utilizar o equilíbrio da
viga-navio para realizar todos os cálculos de momento fletor e força cisalhante. Já a
segunda utiliza diretamente equações empíricas dadas pelo livro de regras para a
obtenção de ambos. A formulação adotada para esta será demonstrada adiante. Ao se
checar "Momento ABS" o usuário não precisa carregar para o programa nenhuma
informação de geometria.
Neste tipo de inserção de dados, o arquivo texto deve possuir suas informações
elencadas em quatro colunas espaçadas, sendo a primeira referente às posições no
comprimento da embarcação onde são avaliadas as áreas seccionais e as demais
devem conter os valores das áreas seccionais em cada uma destas posições, sendo a
segunda coluna referente ao pontal, a terceira o calado mínimo e a quarta o calado de
projeto. Neste caso, nenhum dos campos é preenchido automaticamente.
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deve possuir cinco colunas espaçadas, sendo a primeira referente ao nome do peso, a
segunda o grupo a qual pertence, a terceira e quarta, respectivamente correspondem
ao início e fim da carga e a última se trata do peso da carga por metro de extensão.
A seleção dos grupos da segunda coluna do arquivo texto devem ser
enumerados de 0 a 5, conforme a ordem elencada a seguir.
Todos os resultados que possuem forma vetorial que são obtidos nesta etapa
podem ser verificados pelo projetista na forma de uma tabela. Esta é localizada na
parte inferior esquerda da tela, e possui os vetores de peso, flutuações, calado,
força cortante e momento fletor para as diferentes condições de mar analisadas.
Alguns outros resultados são informados na forma de gráficos, onde as linhas da
cor preta correspondem a condição de mar calmo, a azul de tosamento e vermelha de
alquebramento.
W L − Z0
incremento = (18)
999
53
O calado onde serão tomadas as SAC são os obtidos metro a metro por meio
das Equações 2 e 1, descontando a parcela de ondas para a condição de águas
calmas. Calados negativos recebem valor nulo e o calado máximo que uma posição
pode atingir é o pontal da embarcação.
54
Figura 33 – Curva de flutuação para a condição de mar calmo (preto), tosamento (azul)
e alquebramento (vermelho).
Figura 35 – Curvas de carga, para a condição de mar calmo (preto), tosamento (azul)
e alquebramento (vermelho).
Os vetores de carga também podem ser conferidos por meio da tabela. Estes
dados são mostrada ao projetista na forma de curvas de carga para os estados de mar
analisados.
57
A partir do vetor que dá origem à curva de carga, é criado um vetor que contém
os valores de força cortante da embarcação. Estas forças cortantes são resultado de
uma soma acumulada a cada posição do navio. O uso do somatório simples, se deve a
cada parcela computada no vetor possuir correspondência de um metro da embarcação
de análise.
Cada condição de mar analisada possui um respectivo vetor de força cortante,
também apresentado ao usuário na tabela de resultados.
58
Da mesma forma que ocorre com as curvas de carga, o usuário pode verificar
no gráfico o resultado dos cálculos obtidos.
Figura 38 – Curva de força cortante, para a condição de mar calmo (preto), tosamento
(azul) e alquebramento (vermelho).
Assim como ocorre com a força cortante, para cada uma das três condições
de mar consideradas, é obtido um vetor de momento fletor a partir da soma acumulada
59
A Figura 39 mostra a tabela que é exibida para o usuário, onde este pode
averiguar os vetores obtidos.
Figura 40 – Curva de momento fletor, para a condição de mar calmo (preto), tosamento
(azul) e alquebramento (vermelho).
equações empíricas para a estimativa do momento fletor tanto em águas calmas quanto
na vigência de ondas. No caso específico da ABS, esta não fornece o de águas calmas,
deixando claro que esta é uma tarefa do projetista e que deve submeter seus cálculos
e resultados quando for solicitar a classificação do navio. Já o RINA apresenta alguns
equacionamentos em sua documentação e esta foi adotada no programa. Ressalta-se
que esta equação deve ser revista em trabalhos futuros e se trata de uma estimativa
inicial para fases de projeto onde ainda não se dispõe de dados de geometria do navio.
Uma relação matemática para a força cortante máxima na seção mestra, sob
a vigência de ondas, é dada pela norma. Esta depende das dimensões principais do
navio, constantes e coeficiente de bloco desta. Seu resultado é dado em kN , utilizando
as Equações 19 e 20, sendo que a primeira se trata de uma equação para cortante
positiva e a segunda para a força negativa. O coeficiente C1 é dado na Tabela 7.
da norma ABS, tal como nas Equações 23 e 24, também dadas em kN · m. Na Tabela
7 constam os valores adotados dos coeficientes, segundo a normativa.
Nesta aba, o usuário define as variáveis de projeto com que se deseja trabalhar
no projeto estrutural. O equacionamento do livro de regras lhe retorna a espessura
do chapeamento e também o módulo de seção mínimos dos reforçadores a serem
utilizados. O programa permite o projeto de embarcações de casco singelo e de duplo
casco, como é o caso de petroleiros, em que o uso de um casco interno é obrigatório.
SM = C1 · 0, 01 · L2 · B · (CB + 0, 7) (25)
4.4.3 Chapeamento
p
(sb /671) (L − 18, 3)(d/Ds ) + 2, 5mm, para L ≤ 122m
p
tf undo (L) = (sb /508) (L − 62, 5)(d/Ds ) + 2, 5mm, para 122 < L ≤ 305m (27)
(s /661)p(L + 105)(d/D ) + 2, 5mm, para 305 < L ≤ 427m
b s
(s /645)p(L − 15, 2)(d/D ) + 2, 5mm, para L ≤ 305m
b s
tcostado (L) = p (29)
(s /828) (L + 175)(d/D ) + 2, 5mm, para 305 < L ≤ 427m
b s
4.4.4 Reforçadores
Para o duplo fundo, a ABS estipula que seu módulo de seção não seja menor
que 85% do módulo de seção dos reforçadores longitudinais de fundo, o que é
obedecido pela ferramenta.
Buscar reforçadores que se adequem ao projeto não é uma tarefa trivial, sendo
necessário recorrer a um banco de dados de perfis laminados e selecionar os que
se adequam ao projeto. Para facilitar o trabalho do usuário da ferramenta de projeto,
decidiu-se implementar no código um banco de dados próprio de perfis, valendo-se
como base, os dados constantes no programa Banco de Dados de Perfis, desenvolvido
por Thiago Pontin Tancredi. Este separa seu banco de dados por tipo de perfil –
bulbo, formato T e L, ambos podendo ser laminados ou fabricados – e por padrão de
dimensão, como ISO, padrão japonês, escandinavo, coreano, entre outros. Como o
programa desenvolvido é apenas para fins educacionais, e o navio a ser projetado pelo
usuário pouco provavelmente será construído, decidiu-se não separar os perfis pela
normativa a qual obedece, uma vez que esta possui maior importância no aspecto
construtivo do estaleiro, o que foge do escopo desse trabalho. Porém manteve-se a
divisão por formato, pois entende-se como sendo mais importante para um estudante
de estruturas navais que fará uso do software.
67
base · altura3
Ichapa = (31)
12
Para reforçadores, a inércia própria é calculada utilizando a Equação 14, do
Banco de Dados, desconsiderando qualquer valor de inércia adicional das chapas
colaborantes. Todos os resultados são salvos em um vetor de inércias próprias. Este
resultado é multiplicado pela quantidade presente em meia seção e somado à parcela
de inércia de transferência.
73
6 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
EVANS, J. H. Basic design concepts. Journal of the American Society for Naval
Engineers, Wiley Online Library, v. 71, n. 4, p. 671–678, 1959.
HIBBELER, R. C. Estática: mecânica para engenharia. 12. ed. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2005.
HUGHES, O. F.; PAIK, J. K. Ship Structural Analysis and Design. 1. ed. Nova Jersey:
The Society of Naval Architects and Marine Engineers, 2010.
REGISTRO ITALIANO NAVALE. Rules for the Classification of Ships: Part b: Hull
and stability. Genova, 2012.
SAFETY OF LIFE AT SEA. International Convention for the Safety of Life at Sea.
[S.l.], 1965.
WEAVER, P.; ASHBY, M. The optimal selection of material and section-shape. Journal
of Engeering Design, Taylor & Francis, v. 7, n. 2, p. 129–150, 1996.
Figura 51 – Tabela de CM
AX
CM = (32)
B·T
A partir dos dados de boca e calado, foi calculada a área do retângulo descrito
por ambas as dimensões e multiplicada pelo valor de CM . Em seguida, foram estimados
os valores de altura do duplo fundo e distância entre cascos para cada um dos navios,
utilizando das Equações 5 e 6 para tal. Logo, descontou-se os valores de duplo fundo
do pontal e duas vezes a distância entre costados da boca, e calculou-se esta área
interna. A partir da razão, em porcentagem, entre a área interna e externa, calculou-se
uma porcentagem média entre as vinte embarcações, e sendo assumido este valor
médio como uma constante a ser multiplicada pelo volume de qualquer tanque que foi
calculado por meio do software.
Nota-se que o valor médio de ocupação da área é próximo de 79% e também
que o desvio padrão relativo foi pouco acima de 5%, o que foi julgado aceitável para
uma ferramenta computacional e tendo em vista que algumas informações, como o
caso do coeficiente da seção mestra, foram assumidas a partir de valores típicos. O
programa irá contabilizar uma constante de 0, 79 para multiplicar o volume final de cada
tanque.
Figura 52 – Estimativa de ocupação do tanque em relação ao casco do navio.
O ajuste de uma curva que defina a SAC inserida pelo usuário ou obtida por
meio da tabela de cotas é de suma importância para a o cálculo da curva de flutuação.
Porém é preciso escolher a ordem deste polinômio de tal sorte a ser capaz de melhor
representar a curva com uma precisão de dispersão desejada. Neste caso foi utilizado
o coeficiente de determinação, chamado também de R2 , como medida de adequação
da regressão realizada. Montgomery e Runger (2013) define que quanto mais próximo
R2 é de 1, em teoria, melhor se consegue prever os valores dependentes em função
da mudança da variável independente, ou seja, melhor esta curva descreve os dados
que lhe geraram. Para este trabalho, valor de coeficiente de determinação maior que
0,9999 foi estabelecido como o mínimo a ser obtido pelas curvas a serem ajustadas,
utilizando a Equação 33.
Pn
2 (yireal − yicurva )2
R = 1 − Pi=1
n 2
(33)
i=1 (yireal − yireal )
Para fins de validação, foram selecionados seis curvas de área seccional, sendo
um destes pertencente ao casco-mãe 4214W-B4 da Série 60, e os outros provenientes
de navios default do software Free!Ship, de modelagem tridimensional de embarcações.
Os navios variam em tipo, comprimento e possuem áreas seccionais de valores diversos,
de forma a englobar todos os possíveis tipos de navio a serem inseridos no programa
de projeto estrutural. A Figura 53 mostra as curvas SAC avaliadas para verificação do
grau do polinômio.
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A partir destas análises, foi decidido utilizar um polinômio de ordem dez para
as regressões. Sendo assim, o usuário necessita ter pelo menos onze valores de área
seccional para que a ferramenta ajuste a curva de forma adequada.
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A partir dos mesmos vinte navios onde foi efetuada a avaliação de ocupação
dos tanques de carga na geometria, apresentada no Apêndice A, foram avaliados
ângulos de trim de 1, 5 a 10 e 15 graus e observou-se a submersão da popa t em
metros de cada um dos navios, para cada ângulo. O valor t é resultado das relações
geométricas entre o ângulo de trim e o comprimento da embarcação. Foi considerado
que o centro de empuxo, sob o qual o navio gira em trim, está localizado na metade do
comprimento total, conforme mostrado na Figura 56.
L/2 · sin(φ)
t= (34)
cos(φ)
Os resultados obtidos foram tais como expostos na Figura 57, a partir de 10
graus, começa a ocorrer submersão quase total da popa da embarcação, o que pode
ocasionar em o propulsor estar para fora da água.
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N1
X N2
X
EN = L · (B + T ) + 0, 8 · L · (D − T ) + 0, 85 h1i · l1i + 0, 75 h2i · l2i (35)
i=1 i=1
onde: N 1, h1i , l1i são o número, altura e comprimento de casarias e N 2, h2i , l2i são
o número, altura e comprimento de superestruturas. Para este cálculo, o mesmo foi
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1,36
(WST ∗) = KEN (36)
onde o valor de K é dado conforme a Figura 58. Não foi corrigido o valor com base no
ponto flutuante.
A correção para o coeficiente de bloco é tal qual dada pela equação a seguir.
˙ 8 · D − T )/3T ) − 0, 7))
(WST ) = (WST ∗) · (1 + 0, 05 · ((Cb + (1 − Cb )(0, (37)
Por sua vez, o peso do maquinário foi estimado com base na Figura 59,
utilizando o coeficiente de 0,022 para a estimativa, o que corresponde ao fim da
faixa de obtenção dos dados. A potência do motor considerada foi a mesma do navio
semelhante de 4500kW .
O peso de maquinário obtido foi igual a 99 toneladas e este será aplicado no
carregamento do navio.
O arranjo dos pesos no navio foi dado com base na geometria da embarcação
semelhante, o Sao Domingos Savio e foi adotado conforme a Figura 60. A
superestrutura e o maquinário estão posicionados de 8 a 28 metros, contando da
popa do navio. Os tanques de carga são distribuídos no restante do comrimento,
totalizando seis tanques de carga.
Figura 60 – Arranjo do navio de projeto.
.2 CONDIÇÃO DE CARREGAMENTO
Para esta análise de carregamento foi dada com base nos limites de ocupação
dos tanques do navio, calculados com base na geometria submersa do navio, pelo
programa. Este carregamento é o dado pela Figura fig:load60 Os carregamentos mais
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a vante foram optados como menores de forma a não gerar grandes ângulos de trim.
Figura 61 – Condição de carga do navio de projeto.