1 A partir de uma narrativa cômica e infanto-juvenil, o longa-metragem “Se
2enlouquecer, não se apaixone” traz consigo a denúncia de uma estrutura social
3baseada na marginalização dos indivíduos acometidos com problemas 4psicossociais. Nesse sentido, faz-se necessário correlacionar, assim como 5proposto pela obra cinematográfica, os paradigmas contemporâneos de 6potencialização de tais doenças com a negligência governamental em amparar 7o grupo citado.
8 Convém analisar, em primeiro plano, os fatores de intensificação dos
9sintomas de anormalidades mentais. Sob esse viés, conforme apresenta o 10filósofo Byung-Chul Han, percebe-se que, em nome de prerrogativas 11falsamente emancipatórias (como automotivação e desempenho), o homem 12moderno passa a se submeter a jornadas de trabalho e de produção 13ininterruptas, de maneira a obter, ao alcançar o limite físico, uma postura de 14autoacusação destrutiva, acompanhada de agressão mental. Dessa forma, o 15supracitado contexto corrobora com concretização do prognóstico da 16sociedade – tanto brasileira, quanto mundial: o crescimento contínuo de 17patologias psicológicas, tais como depressão, ansiedade e distúrbio do pânico.
18 Vale, em segundo plano, discutir as debilidades estatais em oferecer
19tratamento adequado aos acometidos pelas referidas doenças. A partir de 20dados apresentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se 21que 85% daqueles afetados por transtornos mentias não possuem acesso a 22uma rede hospitalar de amparo psicológico e psicanalítico, a fim de terem 23atenção profissional desde o diagnóstico à possível cura. Tal fato apresenta, 24pois, a descontinuidade do compromisso por parte do poder público em 25garantir, segundo prescreve a Lei nº 10.216, acompanhamento terapêutico no 26Sistema Único de Saúde (SUS), consentâneo às necessidades do paciente.
27 Torna-se evidente, portanto, a essencialidade de medidas para associar
28os quadros de psicopatologias à saudabilidade por eles requerida. Para tanto, a 29comunidade escolar, com o apoio técnico-informacional de psicólogos, tem de 30promover discussões acerca da problemática, por meio de eventos 31extracurriculares abertos a comunidade externa, a fim de a conscientizar sobre 32os efeitos potenciadores das doenças mentais. Cabe, ainda, ao Poder 33Legislativo, por intermédio de Emendas Parlamentares, expandir o complexo 34hospitalar de psiquiatria do SUS, de modo a assegurar, a esse grupo, 35acompanhamento médico especializado. Com essas medidas, pode-se 36descontruir a estrutura de marginalização apresentada em “Se enlouquecer, 37não se apaixone”.
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