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A partir de uma narrativa cômica e infanto-juvenil, o longa-metragem

“Up: Altas Aventuras” traz consigo a denúncia de uma construção social


baseada na marginalização e incompreensão da velhice. Sob esse viés,
correlacionar, a partir da problematização apresentada pela obra
cinematográfica, o fenômeno do envelhecimento populacional no Brasil com os
seus possíveis impactos, seja de ordem social, seja da perspectiva político-
econômica, trata-se do melhor caminho para discutir a referida problemática.
Convém analisar, antes de tudo, as especificidades de tratamento
requeridas pelos idosos. Nesse contexto, na medida em que o indivíduo
avança em idade, devido ao desgaste progressivo do telômero (estrutura
periférica do cromossomo celular), o organismo e, consequentemente, seu
metabolismo, passam a estar mais propensos a desenvolver instabilidades
genéticas, as quais, por sua vez, direcionam-se a diversas outras doenças, ora
reumáticas, ora fisiológicas. Contudo, apesar da supracitada necessidade
constante do acesso à saúde por tais pessoas, o contínuo aumento
populacional desse grupo não foi acompanhado pela expansão da rede de
assistência médica, como fruto de um sistema governamental alheio às
exigências da terceira idade. Assim, tal fato se apresenta, pois, contrastante às
garantias jurídico-sociais apresentadas pelo Art. 15 do Estatuto do Idoso.
Vale ainda analisar a ambiência das considerações político-econômicas
acerca do Direito Previdenciário, a qual, aos mais velhos, influenciará
diretamente. Desse modo, dados apresentados pelo Relatório da CPI da
Previdência demonstram a Seguridade Social como superavitária,
contrapondo-se às justificativas proferidas pelos defensores da Reforma.
Destarte, as medidas reformadoras em questão são resultadas, de fato, da
instrumentalização do aparelho burocrático da república, por parte da inciativa
privada, com o objetivo de se beneficiarem a partir do alongamento no tempo
de contribuição ao Fundo de Aposentadoria. Percebe-se, novamente, a
descontinuidade do compromisso do Poder Público em atender aos anseios
dessa parcela da população.
Torna-se evidente, portanto, a necessidade de medidas para associar o
envelhecimento contínuo aos cuidados por ele requeridos. Para tanto, o Poder
Legislativo, por meio de Emendas Parlamentares, tem de fortificar, nos estados
e municípios, os complexos hospitalares, do Sistema Único de Saúde,
direcionados aos Idosos, principalmente na área da geriatria e da reumatologia.
Cabe, ainda, à sociedade civil, com o apoio técnico-informacional de ONGs,
exigir, por meio da prática cidadã e de movimentos sociais, a execução, pelo
Estado, do sistema jurídico de proteção ao idoso. Com essas medidas, pode-se
minorar a problemática social, como a apresentada em “Up: Altas Aventuras”.

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